[!ON!] Anaya

@bastet  

Montada na velha égua tranquila, com os bolsos cheios sementes, folhas e raizes além de algumas moedas, uma grande mochila pendurada no arção da sela com todos os seus pertences (além de cartas de J.P.) e um cajado na qual Anaya amarrou uma bandeira branca com uma cobra verde em espiral, símbolo de que ela é uma herbalista e curandeira e com a esperança de que não encontre problemas na estrada. Você sai de sua cidade por uma estrada silenciosa percorrendo os campos altos de Caithness lentamente. O horizonte é bonito e embora a estrada faça algumas curvas seguindo o relevo local não existem muitos locais onde alguém possa se esconder.

Logo uma pequena caravana composta de 2 grandes carroções e 5 ou 6 cavalos começa a aparecer no horizonte, eles viajam lentamente e Anaya, mesmo sem forçar a égua, começa a se aproximar.
Crianças brincam nas proximidades dos veículos e algumas pessoas seguem a pé conversando tranquilamente, aquilo não parece ser uma caravana mercante e nem estar levando algo precioso pois não existem batedores e nenhuma arma está a mostra

Anaya

Anaya estava dividida entre dois sentimentos contrastantes: o medo de enfrentar algo novo e sozinha e a excitação de viver coisas novas, sem as amarras de sua escravidão.  Ao sair da casa, sentiu o rosto molhado por lágrimas inesperadas...  O senhor West havia sido a primeira pessoa que, em anos, a havia cuidado como uma filha e não como alguém que o pertencia. Aquele homem não merecia a morte dolorosa que estava tendo... A jovem curandeira queria saber mais, para ter tido tempo de ajudá-lo.



Ela cavalgou em ritmo calmo, olhando a estrada que já conhecia tão bem com outros olhos. Não estava indo comprar ou vender algo para sua ama... Estava em busca de uma nova vida. Será que encontraria? Ainda estava em dúvida se devia seguir para a floresta onde J.P havia descrito em sua última carta... Mas pensaria nisso quando fosse a hora certa.

Quando viu a caravana se aproximando, cuidou para ficar do lado esquerdo da estrada, de modo que a bandeira ficasse bem visível. Pareciam pessoas tranquilas, mães, crianças, homens... Um grupo seguro para, talvez, seguir mais alguns quilômetros sem se preocupar em estar na estrada, sozinha, durante a noite.

Se aproxima com calma, baixando o gorro do manto que usava, para não parecer suspeita.  Observa se tem algum rosto conhecido ou alguém precisando de ajuda... Por fim,  enquanto passa entre as pessoas, se aproxima do homem que parece liderar a caravana.

- Boa tarde, senhor...  – diz, sem olhá-lo nos olhos, um tanto envergonhada com a situação - Vejo que seguimos na mesma direção. Poderia cavalgar próxima a vocês durante esta noite? Ofereço meus serviços em troca dessa gentileza...

Anaya

A jovem fica aliviada ao ser recebida bem pelo homem.  Havia dado sorte de não serem comerciantes ou ladrões, pois ambos costumavam querer tirar proveito das pessoas. Sorriu para todas as pessoas que lhe eram apresentadas, ficando levemente desconfortável com o olhar fixo de Dolnis, mas tenta não deixar isso transparecer.

- Sou Anaya e venho de Oakwood, recém liberta da casa West – não tinha um grande histórico para se apresentar, como o homem tinha – E esse é o Orion –  acariciou  a crina negra do cavalo e deu uma risada, sendo toda a história que interessava ali.

- O senhor tem uma família grande e bonita, agradeço por deixar que eu fique com vocês. Estou indo pra um pequeno vilarejo entre Photius e Denton,  então estamos indo na mesma direção – disse e logo assentiu – Sou, sim senhor. Estudei com o senhor West, antigo Curandeiro de Oakwood, talvez o senhor já tenha tido o prazer de conhecê-lo – Quando senhor West era novo, Anaya soube que ele viajava bastante e tinha a fama de um curandeiro um tanto... Exótico.

Anaya

-Então ficará com a gente muito pouco tempo, acredito que a noite você ja estará no vilarejo, logo logo pararemos para a refeição e ficarei feliz se você se juntar a nós (ele fala tranquilamente) Aproveitaremos para deixar os cavalos pastarem e serem escovados

Vocês param em uma área aberta onde a estrada é visível por um bom espaço tanto para frente como atrás de vocês, em uma área onde a vegetação rasteira é mais densa, o nobre Franklin ordena que seu cavalo seja esfregado, um dos garotos pega uma escova após desencilhar todos os cavalos e trata todos, mantendo-os presos juntos com uma corda grande e fina apenas para que eles não se percam pelo planalto

uma fogueira é acesa onde se é torrado alguns pães na banha e pedaços de carne são esquentados. Um grande cantil de vinho é passado entre os mais velhos e um barril de água é aberto

Durante o almoço vocês conversam amenidades, é óbvio para todos que você tem um nascimento não nobre embora seja elogiada o tempo inteiro pelo teu estudo.

A única coisa que você nota de diferente é que uma das jovens paga um tanto de comida e leva para dentro de uma das carruagens que se encontra com as cortinas fechadas. E parece que nenhuma das pessoas menciona aquilo

-Então Anaya, sua próxima residência será em um pequeno vilarejo? eles estão pagando pelos teus serviços ou é um trabalho temporário?

Anaya

- Nenhum tempo é pouco quando estamos em boa companhia, senhor – a jovem diz e agradece quando ele a convida para jantar e manda escovar o cavalo.  

Anaya ajuda como pode, quando o grupo começa a se estabelecer no descampado. Vai para perto das mulheres, conversando com elas, tentando descobrir se estavam bem. Sabia que muitas mulheres costumavam dar tudo de si pelos maridos e acabavam não se cuidando...  E que jovens bonitas, vez ou outra, não eram tratadas com o cavalheirismo que os “nobres” diziam ter.

Se serve depois que todos o fazem e pega um pouco de água, olhando em volta enquanto come e observando a jovem levando a comida. Acha estranho, será que havia algum doente lá? Procuraria saber após comerem.

- A princípio é apenas uma ajuda a um amigo que estuda as mesmas artes da cura. – disse, não mentindo completamente. De fato tinha a intenção de ver o “amigo” que lhe escrevia... Mas achava mais seguro afirmar ter alguém a esperando, afinal, a estrada podia se tornar perigosa para quem não tem quem lhe espere. – Depois... Eu descubro. É bom ter a possibilidade de escolher, sabe? – ergueu o punho. Por baixo de uma pulseira de couro preto, com um pingente de madeira, era possível ver marcas, possivelmente de cordas ou algo pior. Já não eram tão evidentes, devido ao tratamento paternal de seu antigo mestre, mas as pessoas que raptaram sua família para vender não foram tão boas.

- Senhor, está tudo bem ali? – perguntou, indicando a carruagem. Falou baixo, não querendo parecer indelicada, preocupada.

Anaya

- Nenhum tempo é pouco quando estamos em boa companhia, senhor –
-Um brinde a isso senhorita Anaya de Oakwood!

As conversas durante a janta são leves, ele conversa muito sobre as estradas, como se tivesse viajado por tudo, ele tem um linguajar simples para um nobre ou talvez o force para manter você a vontade. Os seus acompanhantes falam pouco porém ele ocupa o ambiente falando amenidades

Quando você pergunta sobre a carruagem ele da de ombros e diz
-minha esposa não gosta de viajar, não gosta de companhia e quer ficar dormindo, somente isso, não se preocupe

e o resto do jantar ocorre meio que sem maiores eventos, e vocês se preparam para dormir, guardas são colocados em posição, grandes fogueiras são acesas e os cavalos são rebanhados novamente e amarrados frouxamente em suas carroças

Anaya

Anaya brindou com o homem e manteve a conversa tranquila, até que falaram da esposa dele. Franklin não parecia preocupado com o fato de a esposa não querer sair da carroça, mas aquilo não parecia normal aos ouvidos da jovem curandeira. Sabia que quando as pessoas se isolavam daquela forma, algo as acometia... Seja algo físico ou mental.

- Se o senhor permitir, gostaria de vê-la ao acordarmos. Só por garantia, muitas mulheres preferem não dizer suas próprias dores para não preocupar ou atrapalhar seus companheiros... Talvez eu possa a ajudar de alguma forma – disse, antes de começarem a se recolher para dormir.

Caso a resposta fosse positiva, Anaya ficaria tranquila para ajudar eles a montarem acampamento... Caso fosse negativa, ficaria com uma pulga atrás da orelha.

De qualquer forma, iria para junto das mulheres e crianças, se apresentando e conversando com elas enquanto colocavam as crianças para dormir.

Anaya

- Não se preocupe com ela, está tudo certo, ela se sente enjoada de viajar, mas está comendo e pedi para que façam um chá para ela. Ela gosta de se mostrar reticiente com relação as viagens, ela gosta é do barulho da corte e das pessoas ao redor dela puxando o saco dela. Que é a minha função também

ele faz uma mesura e se recolhe na carruagem da esposa.

Você acampa com as crianças e mulheres que cochicham ao redor da fogueira enquanto o cansaço faz com que as crianças durmam rapidamente.

Anaya

Anaya apenas assentiu, não querendo insistir no assunto. Era uma convidada, não devia ficar se metendo nos assuntos deles.

Quando o homem se recolheu, ela foi para perto das mulheres na fogueira. Tentava ouvir um pouco do que falavam e conversar de forma branda com elas. Antes de dormir, sentiu um pouco de sede, indo pegar água.  Os reservatórios estavam em uma carroça perto da do senhor da caravana...

Ela passou em silêncio, mais perto do que necessário, ao lado da carruagem, sem se mostrar na fenda da borda. Enquanto andava, tentava ouvir algo... Ia pegar a água e voltava da mesma forma.

Apesar de não estar andando muito rápido, não era um movimento muito suspeito, ao seu ver.

Anaya

As mulheres e crianças dormem tranquilamente e rapidamente no terreno, como se ja estivessem acostumadas à viajar

Os homens que ainda mantém-se acordados estão sentados e olhando para o horizonte procurando movimentos e não parecem perceber o que você está fazendo.

Anaya

Quando Anaya percebeu que todos estavam distraídos demais para percebê-la ali, respirou fundo, se arriscando um pouco mais perto da carruagem.  Os anos precisando arrumar as coisas da casa, pela madrugada, sem acordar sua antiga dona estavam ajudando naquele momento.

Era silenciosa e cuidava para não fazer sua sombra pairar sobre o pano da carruagem.

Sentia que algo estava errado ali. Tentou ouvir algo.

Anaya

Vozes masculinas, pelo menos o homem que te recebeu ali e mais 2 ou 3, falando baixo e é difícil perceber exatamente o teor da conversa
Mas alguém está fugindo, eles falam em esconder e identidade algumas vezes

até que você ouve despedidas, Franklin manda os ficarem em silêncio e está saindo da carruagem, você percebe a movimentação da estrutura

Anaya

Anaya não consegue entender bem o que está acontecendo, mas percebe que talvez o senhor Franklin não tinha sido tão sincero.

Quando a jovem ouviu a movimentação, saiu de perto da carroça, continuando a andar como faria no trajeto de volta dos reservatórios de  água. Bebeu um pouco enquanto andava, fingindo não perceber o homem que saia da carroça e nem a movimentação estranha.

Anaya

Ele sai, comprimenta você com um aceno de cabeça e da uma circulada pelo acampamento, antes de se deitar junto à fogueira de seus homens

[se vc quiser interromper fique a vontade - se não continuamos a viagem]

O resto do percurso ocorre sem intercorrências e na metade da manhã você chega ao vilarejo sem nome que seria o seu destino.

as mulheres e crianças do grupo se despedem de você, os homens mais formalmente de longe e Fanklin se aproxima estendendo a mão para te cumprimentar

-Espero não precisar de teus poderes curativos senhora Anaya, mas sei onde te encontrar se precisar. Boa estadia e espero que seu amigo esteja bem.

Anaya

Anaya não comentou sobre o ocorrido pela manhã. Não queria arrumar problemas... sabia que viajar com o grupo era mais seguro que sozinha. Há muito tempo havia aprendido que nem sempre a moral vem acima de tudo.

Se eles estavam fugindo ou se iam fugir de alguém, a princípio, não era da conta dela. Talvez algum dia isso fosse relevante, mas naquela manhã não era.

Tratou do cavalo, conferindo os cascos dele e seus pertences na bolsa de couro que ficava na cela, acompanhando eles quando o acampamento foi desmontado e as carroças voltaram a andar. Quando chegaram no vilarejo, ela desceu do cavalo, apertando a mão de Franklin.

- Agradeço por me acolher, senhor. Desejo uma viagem sem contratempos para o senhor – pegou um pequeno embrulho da bolsa e entregou para ele – Faça um chá com essas ervas para sua esposa, senhor. Elas abrem o apetite e melhoram o bem-estar – disse e fez uma mesura, pegando a guia do cavalo na mão e o guiando para dentro do vilarejo.

Não era uma completa desconhecida ali, já havia feito negócios... E seu amigo das cartas não estava tão longe, na floresta que rodeava o local.

Foi andando até a casa do curandeiro do local, na esperança de conseguir um emprego. O aprendiz dele já devia estar em idade de se formar, da última vez que Anaya o vira era quase um homem feito... Talvez o curandeiro precisasse de ajuda.

Anaya

Você circula pelo pequeno vilarejo passeando na direção da casa do curandeiro. Onde é recebida com carinho e a história do falecimento de seu antigo mestre é tomada com pesar.
Ele disse que o aprendiz dele foi para oeste que o movimento está muito fraco e que você pode se hospedar ali a vontade em sua viagem, como se não passasse pela cabeça dele que você possa estar supondo ficar ali em um pequeno vilarejo fazendo concorrência para ele.

Ele te oferece o quarto de visitas que servia como hospedagem para doentes mais graves ou para quem está se recuperando de fraturas, e diz que está com uma panela de carne ensopada no fogo desde cedo e que o caldo vai estar grosso e as carnes macias na hora do almoço, e que se vc quiser está convidada a comer e contar o que houve com seu mestre

Anaya

Anaya agradece pelo abrigo e vai até o quarto, colocando as suas poucas coisas lá. Aguardou até a hora do almoço, como o curandeiro havia sugerido,  não querendo atrapalhar a rotina da manhã dele.

Quando dá o horário, oferece ajuda para levar a refeição dos poucos doentes no local e logo se senta com ele, agradecendo novamente pela refeição quente. Contou que seu mestre havia falecido e que estava em viagem há cerca de um dia.

- Eu vim na esperança de encontrar trabalho com o senhor aqui. Meu mestre tinha muita estima pelos seus estudos – disse, após limpar os lábios sujos de sopa – Mas eu entendo que o movimento seria muito escasso para duas pessoas com nossas habilidades. Se o senhor não se importar, ficarei mais um dia ou dois,  para me organizar para retomar a viagem...

Aguardaria a resposta e comeria em silêncio, voltando a falar quando ambos estivessem  apenas aproveitando o calor das brasas  da cozinha.

- O senhor sabe se a floresta é segura? Estava pensando em passar por lá para encurtar um dia ou dois de viagem até a próxima cidade...

Não queria só passar, queria procurar o povo de J.P. e finalmente descobrir se tudo o que ele dizia era verdade.