Garra Negra - Tyler Smith

Tyler caminhava em direção ao leste, observando no horizonte uma enorme lua cheia iluminando a estrada à sua frente.

Ele estivera no oeste americano para conhecer mais sobre as tribos das nações garous. Desde que seu tio começara a instruir-lhe sobre o significado de ser garou, ele aprendera que era sua responsabilidade como galliard aprender e manter tudo que pudesse sobre a cultura garou. Diferente dos ahrouns que queriam derrotar seus inimigos, o propósito do galliard era defender toda a herança cultural de sua raça, assim lhe fora dito. E conhecer as culturas de cada tribo, aprendendo como elas se mesclavam umas nas outras e eram retratadas nos Registros Prateados, tudo isso era muito importante para ele.

Mas sua viagem não tinha sido muito bem sucedida.

As tribos da costa oeste dos Estados Unidos não tinham sido muito receptivas. Os membros de uma seita uktena tinham-no interrogado exaustivamente antes de permitir que pernoitasse em seu caern, mas não lhe revelaram nenhum de seus conhecimentos "secretos". Os andarilhos do asfalto de uma seita em São Francisco desdenharam de sua ignorância tecnológica e insinuaram que o Vale do Silício não era lugar para um garou como ele. E uma matilha de Wendigo em Montana praticamente o colocaram pra correr com ameaças violentas, cujas palavras ele entendera parcialmente apenas, mas os gestos intimidadores haviam sido claros.

Rumando de volta a Nova York para repensar seus próximos passos, Tyler caminhava a noite naquela estrada pouco movimentada, aproveitando a solidão entre as estrelas do céu e o asfalto da terra.

Em dado ponto, a estrada fazia uma curva aguda à esquerda. Guiando-se pelas estrelas, Garra-Negra sabia que estava indo na direção certa e que aquela curva era desnecessária, iria desviá-lo do caminho.

Ele estava a ponto de abandonar a estrada e embrenhar-se na mata quando um vento lúgubre flanou por seu corpo. Garra-Negra era irmão dos espíritos elementais e reconhecia um aviso espiritual quando recebia. Havia algo de errado com aquele terreno do qual a estrada se desviava. Algo macabro.

Agora Tyller precisava decidir se seguia na estrada, atrasando sua viagem e talvez esgotando seus recursos, ou se arriscava-se pelo campo tenebroso, para desvendar e talvez combater o mistério que ali jazia.

O oeste, o selvagem, a america não colonizada, terra onde os espíritos andavam, e o garous andavam de mãos dadas com os homens das tribos. O oeste que não existe mais. Os garous, como uma nação unida não existiam mais. Seculos de reclusão e brigas territoriais deixaram as tribos amargas entre si. Era triste, que mesmo próximo do apocalipse tais magoas continuassem. Era estranho, minha tribo podia não ser da america, os Peregrinos Silenciosos no caso, mas eu era americano, nunca havia pisado fora de Nova York até começar minhas viagens. Agora, andando sozinho, um lobo sem matilha, um peregrino em busca de respostas.

Aonde eu estava mesmo, sera que já cheguei ao meio oeste? Nunca fui bom em geografia e meu celular não ta pegando um sinal bom pra usar o GPS. Fico pensando se as outras tribos são tão fechadas quanto as americanas, por enquanto não tinha tido contato com todas, até mesmo com a minha própria o contato não era tão grande e se deu por intermédio de meu tio, mas agora eu tinha de dar meus próprios passos.

A estrada era longa, a terra em volta era deserta, tentei esperar alguma carona, mas carro algum passou, e os que passavam não se davam o trabalho de parar. Seguia a estrada com meu violão nas costas e meu fone de ouvidos tocando as mais clássicas, mas daqui a pouco minha bateria ia acabar. Chego a uma "encruzilhada", a estrada toma um rumo diferente do meu, talvez "desvio" faça mais sentido nesse contexto. Ainda assim iria me atrasar muito, e minha bateria ia acabar.

Começo a me preparar para seguir por onde a estrada desviava quando sinto um vento passar por mim, algo estava errado ali. Paro por alguns instantes, desligo o meu fone. Fico mais atento, mas continuo seguindo o caminho original. Um garou não devia ter medo de cruzar a mata. Alem do mais a curiosidade matou o gato, não o lobo. No pior dos casos recuaria pela umbra.

Tyler pesou suas opções e seguiu em frente, adentrando a mata.

O terreno era escuro e relvado, e até afastar-se das luzes artificiais da estrada, ele teve dificuldade em enxergar claramente no que estava pisando, mas depois de restar apenas a luz de Luna e das estrelas para guiá-lo, Tyler já conseguia navegar mais facilmente por aquela região.

O mato alto era pontuado por pequenas áreas de vegetação ligeiramente menor, sobre as quais havia restos de cruzes de madeira parcialmente destruídas.

Percepção 2 + Sobrevivência 3:

Tyler percebia estar num cemitério antigo, mas não havia qualquer trilha entrando ou saindo dele, o que era bastante suspeito.

A audição aguçada dele detectou estranhos ruídos baixos, como se mais alguém estivesse andando ali por perto. Não parecia estar vindo na direção dele, mas quem quer que fosse, parecia conhecer o terreno melhor do que ele, pois andava com desenvoltura pelo solo irregular.

Garra Negra podia escolher entre esconder-se, seguir o som ou simplesmente dar um grito de aviso ou chamado.

Spoiler:

Demorei um tempo para me acostumar a luz da lua. O mato era alto, um pouco difícil de ver onde pisava. Era bom me manter atento. Vejo cruzes meio velhas, acabadas, acho que esbarrei em uma especie de cemitério antigo, talvez abandonado. Era estranho que não possuía nem entradas nem saídas.

Ouço alguém andando por aqui, parece conhecer o terreno, talvez consiga me ajudar, mas por enquanto vale mais a pena ver o que acontece, nem todos são receptivos aos garou, ou a estranhos andando em cemitérios abandonados. Me esgueiro enquanto procuro a pessoa dos passos. Sigo ela e tento procurar o que realmente é aquele lugar.

Destreza 3 + Furtividade 2:

Tyler tentou seguir o desconhecido, mas aquele terreno era desconhecido e traiçoeiro. Ao caminhar na direção do som, um de seus passos fez um galho seco estalar sonoramente, ecoando como um trovão no relativo silêncio da noite.

O som de passos do estranho parou por um momento.

No instante seguinte, eles recomeçaram, mas a impressão de Tyler é que ele mudara de direção e agora vinha rumo à posição em que estava o peregrino silencioso.

Palavras amendrotadoras cortaram o tenso silêncio:

- O que está fazendo aqui, amiguinho? Está perdido, cachorrinho? Ou veio procurar um ossinho? Saia de onde estiver, venha brincar!

Os passos do estranho não eram rápidos nem uniformes, mas decididamente soavam cada vez mais próximos.

À luz da Lua, Tyler conseguiu divisar uma silhueta.

Spoiler:

Um galho seco acaba totalmente com minha tentativa de furtividade. Merda. Tomara que não tenha ouvido, tomara... Os passos param e mudam de direção, agora vem para mim. Com certeza ele havia notado. Sua voz assustadora confirma minhas duvidas. Sera que pensa que sou um cachorro perdido? Ou ele sabe realmente quem eu sou ?

Vejo sua silhueta, era estranha, parece que manca, ou arrasta sua perna. No pior dos casos conseguiria fugir, ainda mais que não quero chamar atenção, talvez valha a pena arriscar, ainda mais que não quero me transformar, ia ter que deixar o violão pra trás.

- Não so cachorro não, eu tava meio perdido acabei dando aqui. Não sou muito de cemitérios sabe, tava cortando caminho e dei de cara com esse aqui. Tu que é o responsável pela manutenção?- Era um tiro no escuro, tinha alguma certeza que fosse o quem fosse ali precisaria resolver como Garra Negra e não como Tyler, mas sempre valia a pena tentar. Minhas veias das mãos estavam saltando, me preparando para uma possível emboscada. Dou uma ultima checada nos arredores e tento entender se esse sentimento macabro vem dali e o que seria isso se vier.

off: Uma duvida rápida com relação a Lore de Werewolf, é considerado indigno/errado vc se transformar na frente das pessoas normais, tipo em mago/vampiro que mostrar o sobrenatural traz consequências ? Ou fica a cargo do Delirio(acho q é esse o nome né) mesmo, que vai fazer ter menso consequências?

- Não so cachorro não, eu tava meio perdido acabei dando aqui. Não sou muito de cemitérios sabe, tava cortando caminho e dei de cara com esse aqui. Tu que é o responsável pela manutenção?

Uma risada desagradável ecoou pelo ar, e a voz respondeu:

- Ah, sim! Eu sou o... responsável... pela manutenção desse lugar! Hahahahaha!

Nesse momento, um relâmpago riscou o céu, permitindo que Tyler tivesse uma breve visão da aparência de seu interlocutor.

Spoiler:

- Por que a pressa, doguinho? Acho que você ficará aqui durante um longo tempo...


OFF: O Delírio é uma reação instintiva dos humanos que bloqueia ou racionaliza a visão da forma crinos dos Garous, mas em alguns casos raros o humano pode se lembrar de tudo perfeitamente. Um dos mandamentos da Litania, a lei dos garous, é "Não erguerás o Véu", sendo o Véu o compromisso dos lobisomens de não revelarem sua existência para a humanidade, semelhante à Máscara. O modo correto de manter o Véu intacto é controverso, sendo que alguns evitam expôr suas formas crinos enquanto outros matam os que a presenciam. O conceito de Tyler sobre isso fica a seu inteiro critério.

- Eita...- Deixo escapar quando olho homem do cemitério, não parecia alguém normal, talvez estivesse sendo afetado pela Wyrm de alguma forma. Percebendo isso começo a assumir uma forma mais feroz quase que inconscientemente. Sinto meus músculos crescerem, meus pelos surgirem, uma figura assustadora, mas aidna humana, ainda algo capaz de alguém raciocinar, minha forma Glabro.

- Venho e vou como decido, ou como me é exigido pelos meus deveres, o tempo que ficarei só diz respeito a mim. Fale o que sabe corrompido. Que lugar é esse? - uma certa arrogância me toma. Eu sou descendente de heróis, não serei ordenado por seja quem ele for.

Tyler escreveu:- Venho e vou como decido, ou como me é exigido pelos meus deveres, o tempo que ficarei só diz respeito a mim. Fale o que sabe corrompido. Que lugar é esse?

A voz macabra respondeu:

- Aqui é onde enterramos os ossinhos dos vira-latas perdidos...


Ao final das palavras, o monstruoso ser desapareceu em plena vista de Tyler, com as sombras borrando sua imagem até desaparecer por completo. Garra Negra não viu para onde seu interlocutor fôra, nem ouvia nada que pudesse indicar sua localização.

Tyler sentiu um leve toque em seu braço e sentiu subitamente uma sensação horrível: começou como um formigamento, subiu pelo seu braço como uma câimbra e sua pele começou a explodir em bolhas e cistos como fungos. Tyler notou com horror que sua carne começava a se decompôr e sua pele e até seu cabelo caíam.

- Está pronto para pôr o rabinho entre as pernas, Lulu?