O Jogo dos Tronos - Felinight

Apesar de apreensiva, minha empreitada demonstrou-se satisfatória. Fiquei feliz ao conseguir a atenção de alguns dos nobres e não pude deixar de abrir um sorriso, por mais discreto que fosse, ao ouvir os comentários do jovem à mesa.

- Maehra, milorde! - Apresentei-me reverenciando o jovem. - Ficarei honrada em poder agracia-los com minha arte. - Exultante, retornei para meu lugar.

O banquete prosseguia e em determinado momento começava a me entediar. Não queria mais uma vez ter que aproveitar de uma pausa da orquestra para conseguir ter um pouco de atenção. Sem falar que por mais que os nobres ali presentes tenham apreciado, não poderia falar o mesmo de meus companheiros. Afinal, alguns já brigavam por exclusividade durante a apresentação. Contudo, um novo show tinha inicio na mesma mesa na qual havia apresentado-me.

Fora uma cena interessante de presenciar. A proposta do lorde da casa dos felinos parecia plausível e colocaria um fim a desavença. Até mesmo o lorde que mediava achava tal ato de bom grado. Mas, o jovem insistia em querer atenção. E assim, a conseguiu. Jon Arryn não foi o único a suspirar custosamente ao ouvir a deliberação do Rei Robert.

Segui observando o salão enquanto o baile acontecia. Em determinado momento, deixei a orquestra de lado e percorri pelo salão até um jovem que não parecia estar tendo uma noite muito promissora.

- Acredito que aquela desavença tenha afugentado suas pretendentes, milorde. - Dirijo-me à Esdres. - Mas, se o que milorde procura é uma parceira de dança, eu ficaria lisonjeada se milorde proporcionasse-me tal honra. - Sorrio gentilmente para Esdres. - A propósito, milorde. Qual a sua graça? - Aguardo atenciosa pela resposta do jovem.

O jovem Felinight se mostrava mais receptivo do que eu esperava. Creio até mesmo que minha face alva tingiu-se de vermelha ao ruborizar quando o mesmo beijou minha mão. Ainda que estivesse embaraçada, tentei manter uma postura calma e serena. Mas, certamente Esdres perceberia simplesmente ao encarar-me.

- Todos temos desavenças, Lorde Esdres. - Disse ao estender-lhe a mão para que conduzisse a dança.

Durante a dança, entre os galanteios do jovem Felinight, um súbito interesse sobre minhas origens surgia. Por um instante senti que poderia confiar nele, mas talvez fosse apenas eu me deixando levar pelo momento e pelo jeito cativante de Esdres. Contudo, considerei o ambiente em que estava e aos perigos que poderiam vir se por um acaso desse com a língua nos dentes. Não querendo mentir para Esdres, então permiti-me responder de forma ambígua. Afinal, não era mentira se desse a ele minha ultima localização.

- Venho das Cidades Livres, Lorde Esdres. De Lys para ser mais exata. - Respondi encarando-o de forma maliciosa e então aproximei-me de seu ouvido e sussurrei. - Infelizmente não aprendi o caminho dos sete suspiros e nem as dezesseis posições de prazer.

Não sabia ao certo se ele entenderia sobre o que eu estava a falar. No entanto, voltei a encara-lo para ver qual seria sua reação. Caso ruborizasse, eu consideraria que estavamos quites. No fim, pus-me a rir de minha própria brincadeira.

- Que tal, Lorde Esdres, se eu tocar em comemoração ao final da justa de amanhã? - Sorri gentilmente. - Creio que a vitória terá uma comemoração e tanta. E a propósito, seria milorde a garantir a vitória da casa Felinight? - Indaguei curiosa.

Como suspeitava, Esdres não possuía conhecimento das terras na outra margem do Mar Estreito. E as palavras contidas em seus elogio só fortaleciam minha conjectura. Por um instante, considerei contar-lhe sobre tais escravas que dominavam essas técnica. No mesmo momento, imaginei ele exigindo algumas dessas cortesão como presente ou algo do tipo.

- Eu não diria que tenho confiança em sua vitória. É que, de alguma forma, eu simplesmente sinto que você vencerá. - Fico sem jeito com meus dizeres. - Como se fosse uma premonição. - Fico em silencio por um instante antes de sorrir sem graça e prosseguir. - Devo estar importunando milorde com bobagens. Como se fosse possível prever o futuro. E em todo caso, a escolha para o duelo devera ser seu irmão mais velho. - Encarei Esdres de forma confiante. - Contudo, vou torcer para que seu pai o escolha para que você possa comemorar como disse há pouco.

Depois de um tempo na agradável companhia de Esdres, resolvo retornar para o meu posto. Afinal, estava sendo paga para trazer divertimento aos convidados e não estava a cumprir com o estipulado.

- Lorde Esdres, peço desculpas, mas tenho que retornar para meu violino. - Sorrio gentilmente. - Contudo, quero que saibas que fiquei muito honrada em ter sua companhia. Sinto que poderia passar horas ao seu lado, porém, tenho um trabalho a fazer. - Faço uma reverencia. - Espero que minha musica possa trazer-lhe felicidade, assim como sua companhia trouxe a mim. - Aceno em despedida. - Tenha uma boa noite, Lorde Esdres. Espero poder encontrar-lhe em breve.

Ao retornar ao meu lugar, mais uma vez empunho meu violino e retomo o concerto em conjunto com os demais músicos.

Ao fim da noite, Vickon nos apresentava uma figura um tanto quanto peculiar. Um homem um homem baixo e esguio que nem mesmo tive o prazer de seu nome. Fato que não considerei importante. Afinal de contas, meu pagamento estava em mãos e para mim, isso já me bastava.

Seguimos de carruagem para a hospedaria. Mas, o que o que chamou minha atenção foi a companhia do próprio Vintner. Questionei-me qual o interesse dele sobre nosso grupo. Talvez alguma de minhas companheiras tenha encantado o homem. Contive o riso, já que no máximo não seria mais que uma noite. Desafortunada a moça que acabasse por se envolver acreditando em promessas banais de um pobre homem rico.

Diante a hospedaria, eu mais uma vez eu ficava receosa. Além de não ter uma placa com o nome do local. Ainda havia dois homens armados na entrada. Olhei a minha volta procurando alguma expressão de estranheza na face de minhas companheiras. Contudo, adentrei a hospedaria logo atrás dos demais.

Confesso que logo que pus meus olhos do lado de dentro, vi que minha definição de casa de diversão era diferente daquele homem miúdo. No entanto, não surpreendi-me ao ver Vintner ser reconhecido e logo abordado pelas duas mulheres de pele escura.

- Obrigada! - Respondi ao reverenciar Chataya.

Ouvi as palavras de Vintner e antes que ele deixasse o recinto o puxei para um canto para que pudesse criar uma abertura, já que minha intuição dizia-me para desconfiar daquela situação.

- Senhor Vintner! O jovem lorde Esdres contratou-me para tocar durante a justa da casa Felinight contra seus acusadores. O senhor poderia providenciar uma carruagem para levar-me até tal evento? - Ajeito meu cabelo enquanto converso com Vickon. - Seria possível? - Aguardo a resposta do homem.

[...]

Por fim, segui até meus aposentos para me refrescar e entrajar meus trajes artísticos. Sem mais delongas, desci para uma ultima apresentação naquela noite.