PIRATAS! AS AVENTURAS DE KRISTIN |
NAUFRAGIO
Na imensidão azul dos mares de Nindassus, Kristin sentiu que sua vida tinha chegado ao fim.
Agarrada a uma tabua, ela flutuava ao sabor das ondas. Não estava com frio, as aguas oceânicas naquela região eram cálidas, e lembravam um bom banho nas termas de sua vila natal. Não, o problema não era esse... o problema real era a sede... Ironia da vida. Morrer de sede em meio a tanta agua... Mas ela sabia que beber da agua salgada a traria mais perto da loucura e da morte. Teria ela alguma salvação? Não havia sinal nem de barcos, nem de terras, ela estava ali, sozinha, no meio do nada. Não seria melhor acabar com tudo agora mesmo?
Kristin se estapeia com força na cara. Não! Este não era o momento para desistir! Havia batalhado muito para entrar em um navio como membro da tripulação, no posto de ajudante, somente para poder ter a oportunidade de viajar e sair da monótona vida que levava numa ilhazinha de pescadores. Somente teve o azar do navio ter se desviado da rota por causa de uma tempestade, e dele ter afundado depois de um gigantesco kraken ter arrastado a embarcação para o fundo do mar. Ela tinha sido a única sobrevivente... Não seria este um sinal de que Nindassus estava cuidando de sua vida?
O tempo passa...
Imagens do passado passam rápido nos olhos cansados de Kristin. As historias de piratas contadas por seu pai. Ele indo embora, dizendo que iria voltar. Há 10 anos atrás. Mamãe doente. Seu tumulo.
O cansaço era forte, e Kristin estava em seu limite. A tabua escorrega, e ela vai descendo, ate que a agua a cubra por completo. As bolhas saindo de sua boca, subindo, são tao bonitas, parecem medusinhas...
...
“Ainda não é hora de subir para as nuvens, pequena gota de agua.”
Quem disse isso? Kristin acorda de seu torpor, e tira forças do nada para agitar seus pés, e seus braços ganham força renovada, impulsionando a agua para subir. E com os pulmões estourando ela emerge, cuspindo agua e respirando o ar em fortes tragadas. Desesperada ela procura pela tabua, e assim que a encontra ela tem tempo para se acalmar. Por pouco não sucumbiu a exaustão.
Ela da uma grande risada, e grita para o ceu.
Kristin apoia o queixo na tabua e olha para o horizonte. “Mas o que...”, começa a dizer, e se cala. Ela força a vista, e seu coração bate mais forte, com a certeza de que o ponto escuro distante que tinha enxergado era um navio que estava se aproximando.