No deserto

Ka,

       Segurar a mão de Kate e de Azriel parecia confirmar as perspectivas de que fisicamente estava tudo bem. Porém Kate estava magicamente distante, muito distante. Enquanto Ka escutava as palavras de Azriel e balançava a cabeça negando e afirmando algumas coisas sua mente estava em busca das memórias sobre as aulas de ensinamentos místicos. Alguns dos rituais místicos são relembrados por Ka. O que será que Kate estava fazendo?
       A pergunta reverbera na mente de Ka enquanto busca com os olhos indícios sobre o que ela fez, porém lembra que ela foi encontrada no chão, não ali. Então ela deitou em algum lugar de forma intencional para investigar alguma coisa, talvez algo em outro plano. Isso, ela não teria deitado se não precisasse, sabia que iria deixar seu corpo sem consciência. Os detalhes então indicavam que ela tentou um tipo de projeção astral. Isso sim era algo possível de rastrear, poderia tentar seguir seu fio de prata até algum destino. Talvez possa ser um tipo de ponto para a atrair, chamar seu nome no outro plano.
       Ka olha para Azriel pensativo. Será que Azriel poderia ajudar? Ela tinha poder e conhecimento, duas das ferramentas para ajudar nos feitos.
       - Azriel, eu acho que Kate está com problemas mágicos. Pensei em tentar fazer uma projeção astral e seguir ela, mas não muito, visto que ela se afastou demais. Acha que consegue tentar também? Ou que talvez seja melhor apenas um de nós fazer isso? Ka olha para a cama que colocaram Kate e pensa se cabe mais um. Vou deitar rente nela, quem sabe isso ajuda. Segure nossas mão formando um elo. Ka não fazia a menor ideia se isso poderia funcionar, mas queria tentar.

       Ka então estava deitado ao lado de Kate segurando sua mão e a de Azriel. Em sua mente Ka pensa nos mantras que aprendeu sobre o misticismo e agora era a hora de praticar algo mais ousado. Precisava encontrar Kate pois aquele não era o jeito adequado de uma guerreira morrer. Deveria morrer em batalha, não por se afastar de seu corpo. No entanto, ciente de que a distância pode ser um problema, Ka também não deveria se afastar demais do seu ponto de referência. Tinha que manter a proximidade, saber o caminho de volta e não deixar o fio de prata se partir.
       - Se achar que algo errado está acontecendo, tenta me chamar. Não quero largar sua mão para não separar-me do mundo real. Ka tenta então novamente fechar os olhos e se concentrar em Kate. Precisa esvaziar a mente à procura de onde ela está. Queria sentir o contato com o corpo físico, achar onde estava o ponto de partida. Depois tenta usar a mente para procurar o fio de prata preso ao corpo de Kate, ele poderia estar levando para algum lugar, uma direção, qualquer coisa. Em sua mente Ka repete de vez em quando: "Kate, siga minha voz. Estamos com você Kate. Siga minha voz. Aqui é o Ka, o seu amigo. Siga minha voz Kate." As palavras eram importantes para serem repetidas com seriedade e serenidade, visto que precisam ser audíveis no outro plano. Uma mensagem distorcida não seria boa para Kate.
      Por outro lado a magia era o outro segredo do misticismo e isso era importante de ser aplicado. A magia de Kate era vermelha e Ka também tinha mana vermelha, será que poderiam combinar algo para se encontrar? Ka tenta usar sua magia para encontrar Kate, sentir seus poderes de mana vermelha em seu fio de prata ao longo da viagem. Se é que Ka conseguiria viajar.

Retornava a cidade miseravelmente abatida segurando o Cusco, entregava o camelo e os mapas ao jovem que teve a boa vontade de emprestar, no mais seguiu caminho até onde estaria o resto do grupo. Seria mais uma noite, dia, semana eternamente inútil reunida com os demais, mas não tinha escolha pelo pouco que viu no deserto não a deixava contente em saber que não conseguiria andar sozinha, não era boa em lutas, na verdade nem sabia lutar, o máximo que conseguiria era jogar seus livros nos demônios ou matar algum de tedio com explicações sem um real valor.



OFF: seguir até o bando, não se preocupe em narrar minha chegada ou algo do tipo vou demorar para chegar, quero pegar o grupo reunido com a loca já acordada e feliz perto dos demais.

Enquanto Ka estava em transe, ia conversando baixo, num primeiro momento falando mantras (provavelmente da igreja dele) num segundo momento parecia dar instruções para Kate, até que ele começa balbuciar:

- Azriel, achei Kate. Tentarei segurar ela para a trazer de volta. Segura a minha mão. Kate, vem logo, vamos partir deste lugar.

Pelo menos agora sabiam que a projeção astral tinha funcionado. Azriel percebe o rosto de Kate ficar um pouco menos pálido do que estava, provavelmente as energias mágicas canalizadas chegavam a ela de alguma forma.

Mortalha chega na casa, vê o incenso de Arnzug queimando, deduz que sacerdotes humanos estiveram ali, e não conseguiram recobrar a consciência da criatura, então agora Ka e a anjo estavam, pateticamente tentando fazer o que os sacerdotes não conseguiram.

Talvez a ligação pessoal ajudasse, mas será que Ka teria uma alma mais forte que os sacerdotes? De qualquer forma, deveriam ser sacerdotes humanos com capacidades limitadas.

- Por que diabos este tolo está deitado do lado da Kate?

Azriel só percebe que a "amiga" estava ali agora.

- Oh! Oi! Nós...

- Não importa! Vocês estão fazendo tudo errado! - Mortalha joga Ka pro lado, retira o lençol de siga de Kate, coloca uma mão na sua garganta, e a outra no estômago. - É nestes pontos que consegue transmitir energia com mais força. O estômago é um ponto de armazenamento, e o Quinto Chacra controla a energia para a cabeça dela não explodir.

- Maaaas...

Azriel não consegue concluir o raciocínio, Kate acorda gritando e ofegando, se debatendo como se tivesse com a cabeça enfiada em água, sendo afogada.

Assim que fez o que tinha que ser feito, e com Kate bem apenas saiu da sala e foi para perto do Cusco a espera do restante do grupo. Decidir o que iriam fazer naquele momento ou qual "missão" pegar.

As coisas estavam complicando para Kate, e quando pareciam que iam ficar piores, um lorde demônio das trevas apareceu reivindicando a alma de Kate.

Logo Kate pensou em ser algum demônio que tinha contato com algum demônio de sua antiga cidade prisão.. Mas já era livre a tanto tempo, duvido que ainda lembravam dela..

Mas ser pega pela procissão ou pelo lorde demônio não eram escolhas que Kate queria fazer, então continuou correndo para perto de Ka. De repente, num piscar de olhos, Kate se vê num quarto, com Ka caído da cama ao seu lado, ainda em "transe". Azriel era quem estava para lhe acolher. Kate apenas seguiu as ordens de Azriel e a abraçou. Estava viva novamente.

A história de Kate, a siriema, não tinha acabado.

Ka,

       Ao ver Kate deixando o plano espiritual Ka já sabe que deve voltar. Com concentração Ka começa a ver o retorno acontecer com a representação da passagem de um plano para o outro. A mudança parece demorada pois os tempos são diferentes entre um local e o outro. A situação no plano espiritual parecia muito complexa quando as criaturas apareceram para fazer o que era necessário para com os mortos. Acolher e manter todos presos ali.
       No plano normal a chegada parece estranha, Ka estava afastado do local em que estava quando foi para o plano espiritual. Ao que parece todos estavam ali, todos a salvo. Ka tenta perceber o retorno nos detalhes para poder acompanhar o poder que usou para fazer tudo aquilo. O aprendizado constante com tudo isso é muito importante para fazer os eventos correspondentes. Ao ver Azriel, Ka diz:
       - Obrigado Azriel! Ka olha para Azriel para ver suas reações.
       Ka olha para Kate e diz para ela:
       - Kate, você está bem? Estar ali vivo já é uma boa, mas como será que ela está?
       Mortalha passou por ali mas parecia que já estava de saída. O que será que ela fez?

       Ka após se recuperar, fala com seus colegas:
       - Vamos embora?

Nadhull vendo que os espíritos, não mais estavam ali, se abstrai do seu entorno e começa a pensar no seu corpo e na casa da sua amiga onde ele devia estar em meditação e após alguns segundos, sente um extremo cansaço e consegue com um pouco de dificuldade levantar as pálpebras um tanto pesadas e esta no colo da dona da casa, mas sua "amiga" com o dom da terra parece estar zangada e gesticulando muito e quase o amassa com seus seios ao se beijar e abraçar com a herborista e sai batendo os cascos...

Sua "amiga lhe dá uma beberagem de gosto ruim e em meia hora o Incubo está de pé e já sente um pouco de mana branca percorrer o seu corpo e diz que precisa ir atrás dos seus companheiros para saber notícias. Sobem ao quarto para uma despedida mais intima, e após, satisfeita, reabastece o alforje do "amigo" e Nadhull decide não perguntar da raíva da outra "amiga", mas a sua hospedeira lhe relata que ela o acusou de consumir toda a droga sozinho e Nadhull promete que lhe contará como é o plano astral com tempo e pegando as suas coisas se dirige ao forte.

Ao de aproximar, na frente de uma casa vê a montaria de Kate, e desconfia que lá encontrará os seus amigos e com um pouco de dificuldade acelera o passo, confiante.