As fadas veem Ka e Kate chorando.
- Credo, estes humanos são uns ingratos.
- Parecem os demônios.
- Não tem o mínimo gosto pelo Belo!
- Ainda são lagartas que não sabem que devem ser borboletas.Kate é mais histriônica, dá o maior show. Várias bolinhas de luz ficam circulando em volta da cabeça dela.
- Você vai fazer ficar vermelho de novo?
- Eu não, faz você, ela não merece.
- Eu só sei deixar mais claro.
- Faz assim olha!
- Assim ficou rosa
- Rosa é vermelho claro.
- Então deixa mais escuro.
- Agora ficou preto.
- Põe rosa com azul que fica vermelho.
- Mm, ficou roxo.
- Roxo é vermelho escuro.
- Então clareia.
- Aí fica loira de novo.Enquanto isto, Ka sente seu rosto coçar, sua barba ia crescendo de forma cerrada, ele tinha costume de barbear com frequência, acha estranho ela grande e cheia. A cor tinha voltado ao normal, mas as pontas ainda estavam azuis.
Em meio ao pití de Kate, quando ela ouve falar da mãe, fica mais interessada e esquece um pouco o problema dos cabelos.
- Sim, Por favor! Diz a ela que eu estou bem, e que consegui vencer na vida, diz a ela que eu a amo muito, e se ela gostou do meu nome Kate.
- Está bom. - A Florzinha vira uma bola de luz, depois some como se fosse uma bolha de sabão estourando, passado alguns segundos volta aparecer como bola de luz, e toma forma de fadinha novamente.
- É, ela gostou do nome. E ficou feliz por lembrar dela, disse que onde está ninguém vai visitá-la. Que não está mais com frio ou fome, mas sente sozinha. Ela não sabia que você estava grande, se bem que isto é besteira, se você está do tamanho dela, como pode estar grande? Mas sua mãe parece meio lerdinha, tipo você, deve ter puxado dela, mas ela é mais lerdinha, parecia com sono. Ah, falei que estava loira também e ela gostou, eu já sabia que tinha gostado.Kate quase sofre um troço.
- Mas como ela tá? Como ela chama? Ela lembra de mim?- Arre! Pensa que é fácil de mudar de plano assim? Por que não perguntou antes? E que raio de filha desnaturada é esta que não sabe o nome da mãe?
- Para eles é difícil mudar de plano.
- Tudo é difícil para este pessoal, que adianta ser tão grande? Deve ser por isto que estão sempre infelizes e ingratos.
- Mas não dá para ficar indo para outros planos a preço de nada. Tudo tem um custo.Kate fica mais centrada, precisava ser mais específica, ou nunca ia conseguir o que queria com aquelas fadas. Mas o que perguntar?
- Por favor, se vocês puderem, veja se ela tem algo a falar pra mim, seria muito bom ouvir o que uma mãe tem a falar pra filha. Se precisar... eu posso usar minha mana azul para regar as plantas de vocês? Seria uma oferta aceitável?
- Mm, tá bom, vou ver! - Ela desaparece novamente, voltando poucos segundos depois.
- Olha, sua mãe pediu para orar por ela às noites, pois há alguns anos atrás ela saiu do sono e diz ter sentido seu perfume e te visto pela primeira vez. Você ficou anos sem falar com sua mãe? Não é possível! Se bem que parece que ela não pode te ouvir muito, deve ser mais quando está rezando pra ela. Ela também mal lembrava de ter uma filha, tive que explicar que você era você mesma, pois ela só lembrava de uma bebezinha. Ela diz que o lugar que está não é tão ruim quanto o de antes, mas ela sente sozinha e com muito sono. Aliás acho que fiquei com sono também, de ir lá. Ela diz que se a mulher que viu for você mesma, no sonho dela, você parece muito bonita. Claro, eu falei que você está MAIS bonita agora, ela riu a agradeceu a mim e minhas irmãs. Falei pra ela que você me deu o nome de Florzinha, ela disse para você continuar sendo boazinha e principalmente se afastar de Ades. Ah, disse também que sentiu um pouco de magia aquela vez, ela nem sabia o que era isto, claro que ela sentiu muito mais agora, mas você não tem culpa de ter uma magia tão fraquinha, pelo menos ainda é maior que da sua mãe, ela não tem quase nenhuma, tadinha. Eu deixei ela mais quente, mas ela falou que quando você lembrar dela, pensar num lugar quentinho, que ela pode sentir um pouquinho. Agora toma aqui suas sementes, cuida delas, temos mais coisa que fazer!Florzinha coloca um punhado de sementes nas mãos de Kate, depois volta pra árvore. As outras luzinhas acompanham ela, a árvore começa ficar mais cheia de folhas e as luzes vão sumindo. Kate ainda fala alguma coisa, mas as fadas tinham ido embora.
O cabelo de Kate estava ainda pior, pois agora além de loira, uma parte tinha ficado rosa, outra azul.
- Spoiler:
Quando enfim se viram para partir, escutam uma última voz:
- Ela disse que chamavam ela de Kesha.Nadhull voa baixo, vendo se alcançava Mortalha, mas ela já estava bem a frente, e vocês demoraram uma eternidade falando com aquelas fadas.
O tempo estava nublado e vai se fechando cada vez mais, vocês então começam sentir os primeiros pingos de água. Provavelmente era a primeira vez que veem chuva caindo no deserto. O tempo fica frio e venta um bocado. Dá para andar um tempo bom ainda antes da chuva engrossar, mas pelo jeito iam mesmo ter que chegar molhados. Por sorte a chuva estava fina, e parece que ia ficar assim um tempo.
Mortalha deixa os animais para o centauro vigiar e vai tomar um banho. Depois disto as duas começam falar sobre as harpias. Não é difícil encontrar os humanos que tinham matado elas.
Estes comentam que perderam dois homens para matar aqueles monstros (uns consideram harpias como monstros, outros como demônios, elas eram de baixa casta, então eram desprezadas até por outros demônios), aquela vila onde estavam raramente era atacada por monstros, pois ficava muito longe do Desfiladeiro Selvagem, e a época também não era propícia para verem algo assim tão ao norte, mas por alguma razão aquelas coisas tinham se aproximado da vila. Talvez não tivessem tido tanta audácia se a anjo tivesse aparecido antes.
Não tinha mais nenhuma inteira, eles tinham cortado as três, pretendiam vender os pedaços, sempre tinha algum "doido" que ia atrás destas coisas. Eles fazem cara de nojo quando a anjo pergunta se alguém comia aquilo, e dizem que humanos com cabeça certamente não, mas deveria haver demônios capaz de tal nojeira.
Apesar de terem matado três harpias, os humanos em questão não pareciam saber muito mais, eram apenas aventureiros básicos que nem chegavam a ser guerreiros, viviam para defender vilas como aquelas, caçar, fazer um troco aqui e ali, trabalhar de mercenários, etc.
Comentando com Enalæki (não lembro se falaram que iam perguntar sobre, mas tem tempo de jogar conversa fora) ele comenta que centauros são acostumados a fazer pequenas, e às vezes médias e grandes cirurgias, eles têm que treinar muita imobilização também, pois centauros são muito resistentes a venenos, isto porém faz com que quase nenhuma anestesia funcione muito bem neles, e então eles tem que aguentar os cortes "a seco". Por isto não demonstrava muita emoção ao segurar a senhora humana, mesmo com seus choros e súplicas. Ele não era nenhum médico do grupo, mas tinha "várias horas de linha e agulha" consertando outros, de sua raça e até alguns humanos.
Começa cair uma chuva fina na vila, todos ficam espantados, ali deveria ser um lugar que, se muito, chovia duas vezes no ano. As pessoas levantavam as mãos, pegando as gotas como se fossem dádivas, e para a maioria era mesmo.
- É... confesso que duvidei um pouco de seu otimismo, Lady Azriel, mas de fato a chuva veio. Será que sua amiga também tem graças com Jara?Se as duas quiserem se abrigar na tenda dos centauros, como irão usá-los de guia depois, tá disponível, se bem que o tempo ficou um pouco frio, talvez seja melhor procurar a estalagem, para variar eles só tem um quarto livre.