Como não tem muita coisa realmente importante para acontecer (a menos que alguém tenha insight), e para ser sincero estou com um pouquinho de preguiça agora, vou fechar esta parte semi on semi off, ok?
A água da chuva não chega estragar a carne, mas teria de ser toda salgada novamente e a parte mais exposta ficava mais mole e sujeita a estragar mais rápido. Para resolver, Ka vai cortando os pedaços que não estão ruins mas provavelmente ficarão mais rápido e fazer um grande ensopado. Era menos grana para o fim da tarefa, mas era também menos despesa no meio do caminho, e pelo menos vocês ficariam muito bem alimentados.
O peso total tinha ficado no tópico que sumiu, então vou ter que calcular o que sobrar (se sobrar) no final mesmo, de qualquer forma Ka tem sido eficiente em não deixá-la estragar.
O ensopadão dele fica coisa de primeira, até os centauros comem com vontade (aliás vocês percebem que eles comem com MUITA vontade. O preço do trabalho dele como guias estava até barato, mas como a alimentação estará incluída no pagamento vocês percebem que não era tão barato assim, e talvez seja até melhor contratar só um mesmo), só Azriel fica no cantinho da tenda com seus palitinhos de cenoura e comida seca pra viagem, enquanto os carnívoros comem com aquela boca mais boa.
A chuva cai por algumas horas, o que dá um tempo para tirarem um cochilo, beber um pouco, etc. A chuva não era muito forte nem muito fraca, embora para aquela região era como uma tempestade e um verdadeiro milagre.
Quanto aos centauros, Mortalha conversa um pouco com eles. Enalæki explica que não era médico, mas tinha "certo" conhecimento de anatomia. Aquilo desperta "certo" interesse em Mortalha, ela pergunta bastante sobre particularidades da raça dele, Enalæki responde bastante coisa, sem se preocupar no começo, mas enquanto Mortalha toma notas ele pergunta:
- Vou precisar me preocupar se vai ou não querer me abrir enquanto durmo?
Embora ele tenha falado bastante sobre sua anatomia, é possível que não tenha dado todos os detalhes que sabia. Sua raça se destacava pelos órgão duplos: dois corações, quatro rins, um fígado que devia pesar uns 15 quilos ou mais, etc. Enalæki comenta que um centauro poderia sobreviver mesmo se levasse uma flechada no coração, claro que não era sempre. Ao mesmo tempo ele deixa escapar que já tinha percebido a ilusão de Mortalha. A magia era boa, mas não perfeita, e durante a cirurgia era difícil ela esconder completamente o volume das asas, portanto ou era uma humana muito corcunda, ou estava escondendo algo. Eles não se importam de trabalhar com uma demônio no grupo, mas não deixam de achar estranho ver uma demônio e uma anjo no mesmo grupo. Eles também não parecem diferenciar ou importar entre uma súcubo e uma diaba, pra eles demônios eram uma coisa só.
Quem for dividir a outra cama no quarto do Ka pode tirar algumas poucas horas de sono, pois pelo menos Mortalha já disse que queria ir embora assim que a chuva passasse. Os que tiraram tempo para meditar se acalmam um pouco, se a ação teve algum impacto na região, não parece ter sido visivelmente significativo. Quem não foi pra estalagem pode ficar dentro da tenda dos centauros, agora estaria meio apertado lá, mas tá de boa, pelo menos não chove e venta lá dentro, com sorte dá até pra um cochilo.
Vou tirar algumas moedinhas de cada para os gastos básicos. Quando Mortalha sai para comprar zirve, acaba tento um ataque de tosse. A vendedora diz:
- Oh! Você teve alergia ao pó de zirve? É só ficar um pouco mais longe, dê um passo pra esquerda... Não se preocupe, apesar do zirve não fazer mal para humanos, o pó dele pode dar alergia a algumas poucas pessoas, mas não é sério, agora, para demônios isto pode realmente fuder com os pulmões dele hehe.
Ela diz a última parte com um leve tom de satisfação, provavelmente imaginando um demônio engasgando até a morte. Claro que ela não desconfiaria de uma humana com aparência tão meiga, usando um manto tão branco, ainda mais uma que tivesse comprando zirve, nenhum demônio seria burro de comprar zirve. Mortalha aproveita para perguntar sutilmente "o que mais eu deveria saber sobre isto?"
Algumas informações coletadas, algumas eram bem comuns e talvez Mortalha já soubesse de muitas, como o pão de zirve, mas a vendedora responde prestativa sobre o que sabia:
O zirve era quase uma trepadeira, embora tivesse o caule mais grosso que as trepadeiras, com certo cuidado alguém poderia fazer uma cerca de zirve, amarrando seus galhos enquanto crescem, formando assim uma barreira anti-demônio. Ele não era um veneno muito forte, tanto que dificilmente um demônio morria apenas por causa do zirve, mas causava dor, poderia bloquear a capacidade mágica por horas ou até dias, e outros efeitinhos legais. Além disto era prático pois podia ser manuseado a vontade por humanos ou outras raças, já que só era tóxico para demônios.
A forma mais eficiente de fazer toxina era socando as raízes ou caules num pilão (as folhas eram inúteis e podiam ser simplesmente jogadas no chão), mas poderia ser também fervido com água para uma toxina mais diluída, ou secado e ralado. O pó de zirve era inofensivo para humanos, mas como ela disse, um ou outro poderia ter reações alérgicas leves. Se você fizesse um demônio comer o zirve inteiro isto também o envenenaria, mas era difícil um demônio ser enganado a este ponto, pois o zirve deixava gosto e cheiro nas coisas.
Depois de preparada, a toxina poderia ser esfregada em lâminas, coisas de madeira podiam ficar de molho na solução para serem embebidas, poderia ser usada em incenso (aliás um do mais prático, tanto que o incenso de zirve era o mais vendido, e por outro lado proibido em alguns lugares), misturado em bebida forte, ou amarrados com tecido bem fino em forma de bolinhas que podiam ser jogadas em demônios, e elas abriam quando batiam neles, espalhando o pó em volta, se acertasse o rosto a ação podia ser devastadora. Poderia até ser misturada na farinha, e usado para fazer o pão de zirve, este pão tem gosto e cheiro levemente ruim, mas ainda bastante comível para humanos, então às vezes era oferecido a estranhos para ver se eles não tinham sangue demoníaco.
No caso de híbridos o zirve ainda funcionava, embora os efeitos fossem mais brandos. Um demônio não suportaria ficar num lugar onde estivessem queimando incenso de zirve por muito tempo (dor de cabeça, dor nos olhos, fraqueza, efeito laxante e diurético em poucos segundos respirando, podendo levar a cegueira temporária, alucinações, etc.), um meio-demônio já aguentaria meia hora ou uma hora, apenas manifestando dor de cabeça e alguma tosse, mas ainda ficaria mal. Um que fosse só 1/4 demônio se sentiria irritado num lugar assim, poderia sentir ânsia de vômito, mas aguentaria por algumas horas. Humanos, centauros e outros poderiam ficar o dia inteiro respirando incenso de zirve sem problema, neste caso o cheiro contínuo ainda enjoaria, mas qualquer incenso queimado o dia todo daria enjoo.
Não havia antídoto para envenenamento por zirve, a não ser esperar a toxina ser eliminada pelo próprio corpo, pois como disse, era raramente letal. O zirve poderia causar cegueira temporária, e em alguns casos permanente caso fosse aplicado por tempo prolongado, sendo assim ele também era eficiente para torturar demônios.
Aparentemente o zirve servia contra qualquer tipo de demônio: súcubos, íncubos, diabos, harpias, mequetrefes, bestas demoníacas de toda espécie e até mortos-vivos. Embora não fosse tóxico para outras raças, também não se sabia de nenhuma aplicação "medicinal" para o zirve, ainda assim sempre havia que comece ou bebesse da planta, acreditando que isto poderia deixar mais forte, ou abrir chacras, algo assim, mas pelo menos a vendedora diz que não acredita nisto, e que pra ela o zirve é só para afastar ou envenenar demônios mesmo.
Ka, depois de comer o puxar um ronco, também dá uma andada entre os comerciantes quando a chuva afina. Ele puxava papo aqui e ali, tinha apenas informações superficiais, e a maioria ali também só oferecia informações superficiais, mas acaba que nem era difícil fazer aquele pessoal falar. Pelo contrário, a maioria se mostra receptiva.
De básico ele poderia ficar sabendo de muito sobre rotas comerciais por ali, quem levava o que de Heséd para Ĵevurá e vice-versa. Aquela rota era basicamente só para isto, embora eventualmente algum comerciante mais importante poderia levar ou buscar algo nas terras centáuricas mais ao norte. A vila também recebia aventureiros interessados em caçar no Desfiladeiro Selvagem, mas não era a melhor vila para isto, pois estava muito ao norte do Desfiladeiro Selvagem, mesmo assim, no verão, quando é mais fácil caçar as "coisas" que saíam de lá, apareciam mais aventureiros. A vila atraía também alguns na primavera, pois era quando as "coisas" aproveitavam a noite para dar o troco e caçar humanos.
Mas vocês estão no inverno, então não era tempo de caça para nenhum dos lados. Ainda assim três harpias tinham sido abatidas no deserto, não muito longe dali, era um evento atípico, e os morados esperavam que fosse único.
As pessoas acham um tanto engraçado quando ele aparece a primeira vez, com a ponta da barba azul, alguém comenta que ele é um "lobo de fadas", sem entender a referência eles explicam que as fadas não matam ou prejudicam outros seres intencionalmente (ou é o que se acredita), mas que às vezes uma matilha de lobos está dormindo (elas também quase nunca se revelam, a menos que sejam ocasiões muito especiais) e elas resolvem deixar um lobo todo roxo, ou rosa e ir embora. Aquilo não faz mal para o lobo, mas quando a matilha acorda, não gostam de ver um membro com aquela cor roxa e o atacam, podendo até matar. Então as pessoas usam a expressão "lobo de fadas" para algo que dá merda mais sem intenção ou com boa intenção que deu errado, ou no caso de alguém ter sido mesmo vítima de uma das brincadeiras delas.
Caso Ka diga que chegou falar com elas, aquilo vai atrair a atenção das pessoas ao redor, muitos vão perguntar como elas são, como falam, se parecem mesmo bolinhas de luz ou parecem mulheres em miniatura, se são feias de dar medo ou lindas de deixar um homem atordoado, se são mesmo minúsculas ou podem ficar do tamanho humano, se tinham muitas ou só uma e tudo que puderem saber (as pessoas ali tem muitas teorias, mas ninguém viu nenhuma de verdade). Alguém vai perguntar se Ka fez um pedido a elas, e quando disser que não fez, vão olhar com cara de "que cara tonto, ele não sabe que se alguém tem a chance maravilhosa de ver uma fada ao vivo, tem que fazer um pedido!"
Caso não diga nada, as pessoas só falaram "Como eu queria ver uma fada de verdade!" e provavelmente falarão sobre teorias e boatos mil. No fim Ka vai raspar aquela barba para deixar de ter problemas com ela.
Perguntando sobre caça ou perigos no deserto, a maioria diz que os inimigos são mesmo o calor e a sede, andar em círculos, etc. Animais naquela área são só pequenos, pequenas cobras, pequenos lagartos (inclusive é bom ficar esperto com os lagartos, pois alguns são venenosos), insetos, etc. Estes pequenos lagartos atraem grandes lagartos, os semëks, que são os únicos (?) animais grandes na região. Os kodos ficam mais ao norte, não é difícil chegar até a área deles, mas eles mesmo raramente chegam até os limites da vila, e claro, quanto mais ao norte se vai, mais animais diferentes começam aparecer. Com esta chuva miraculoso, provavelmente nos próximos dias alguns animais cheguem mais perto do limite da vila. Como kodos e semëks podem, com alguma dedicação, ser domados, às vezes aparece por ali viajantes que os usam como animais domésticos, como sua amiga do cabelo estranho.
A maioria do solo de Fajr-Regno não é infértil, mas precisa de irrigação. Aquela vila sobrevive de pequenos poços, e Ka ouve o boato que na estalagem alguém deve ter dom de magia azul, pois eles tem uma horta bem cuidada, bonita demais para os padrões da região, mesmo não sendo os únicos que usam água do poço para aguar plantas ali.
Receitas de chá também é fácil de trocar ali, raizeiros diversos não teriam problema em falar de graça para Ka sobre um milhão de chá e finalidades diferentes. Outros ferreiros também teriam interesse em ver suas provas de metais e mostrar as deles, é comum este tipo de curiosidade entre ferreiros. Caso algum tenha uma prova muito superior, segredos podem ser vendidos. Mas a primeira vista eles não tinham muita coisa interessante. Haviam provas boas de aço e alumirita, mas não chegavam ser muito melhores que as suas. Talvez um deles até interesse pagar algumas moedas para saber alguma técnica de temperar metal sua (mas seriam moedas mesmo, se cobrar caro ninguém vai ter como pagar).
Pode ouvir boatos sobre lugares no deserto bons para se obter pedras (não fica claro se seria algo como mármore, basalto ou o que seja) mas dirão que não compensa o trabalho, a menos que se tenha muitos mercenários ou nelíberas trabalhando pra pessoa. Nelíberas são os "quase escravos", pessoas presas, seja por serem inimigos de guerra ou julgados por vários tipos de crimes que são usadas para trabalhos "semi" forçados. Em Fajr-Regno a escravidão é proibida, portanto os nelíberas só podem ser usados por cinco anos, e tem direitos mínimos que escravos não tem, como horário fixo de trabalho e de descanso, os responsáveis por eles não podem deixá-los passar fome, são proibidos de punir fisicamente (recusou trabalhar, volta pra prisão), etc.
No mais você não deixou claro sobre o que Ka perguntaria, mas ele acaba saindo com um pouco mais de conhecimento sobre a história e geografia daquele lugar, e se pensar em algo mais específico talvez eles respondam, o pessoal pareceu de boa.
Nadhull vai tentar ajudar com a carne, Ka acha melhor cortar um pedaço e dar pra ele testar, Nadhull vai então relembrar (ou descobrir) uma das lições básicas de alquimia: Não se usa alquimia em carne morta, a menos que sua intenção seja realmente fazer algo que não presta (necromancia), no fim ele vai acabar só mesmo estragando o pedaço de carne que Ka deu pra ele brincar.
Kate diz que vai beber algo na estalagem, lá tem cerveja, cachaça, um ou outro licor e conhaque, mas o preço é um pouco salgado, mas dá pra beber assim mesmo (ou pode tentar achar algo mais barato nas carroças dos comerciantes). Porém para dançar o clima não é convidativo. Aproveitando a chuva, um cara tocava e cantava para ver se ganhava algumas moedas, mas Kate estava quase pagando para ele calar:
Somossake maaaadadag Akaŝa cunê tirô mosssag...
Bamagasse taaaatoi barê mo-o-ossag...
Canterô buri nutug Ades firô
Combadif moturrar eigut tibrô...
suncimis cuteria bôra gagudim
Cuteria bôra simassag gá
simassag
sigassam samage
simassag...
Tradução aproximada para quem fala Moloke:
Akaŝa é uma terra ruim para se viver, onde só tem sofrimento. Vou esperar Ades me levar/matar logo, porque que diferença faz estar vivo ou morto. Eu poderia casar, mas as morenas são ingratas, morenas ingratas e interesseiras, elas não interessam (pela gente?) são ingratas...
Faltou alguma coisa? É basicamente isto, até a chuva afinar. Quando tiver já fina, o guia, Enalæki, pergunta se pretendem fazer um trajeto mais seguro ou se têm muita pressa. Avisa que, daqui umas... (R.Oc. para Astr. Nav. dele) seis horas aquilo estaria uma bênção, mas que agora, devido a terra ser muito dura, a água vai demorar infiltrar e terão que andar devagar se não quiserem esperar. Podem fazer um pequeno desvio ao norte onde tem um pouco de vegetação rasteira e é mais seguro pisar, gastariam três horas para não esperar a chuva por três horas, acabaria elas por elas.
Podem ir em linha reta, mas terão que andar devagar, economizarão algumas horas, mas se um dos camelos virar a pata, vocês se ferram.
Tem uma terceira via pouco ao sul que é "quase" como linha reta, e o chão é um pouco mais arenoso, fica pesado para andar, mas não escorrega. Os três caminhos levam onde querem, embora o segundo seja o mais arriscado, a menos que esperem mais algumas horas, ele porém pergunta se vocês tem instruções específicas de como querem viajar (evitar perigos, procurar caça, ver se algum boato sobre alguma coisa em algum lugar no deserto pode ser verdadeira, etc.)