INTRO - SHIVA

SHIVA

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ILHA DE TOROA

O dia estava quente na taverna A Arara Caolha, e Shiva estava suando as bicas. Ela estava terminando de fazer o lamen, colocando em uma cumbuca para depois jogar o caldo por cima, adicionar umas fatias de carne de porco assada e salpicar com cebolinha cortada.

Ela bate o sinal, e o atendente já pega para servir um senhor idoso. O velho Ikeda vem todos os dias no almoço, e pede sempre o mesmo prato. Com satisfação Shiva ve o Ikeda dar a primeira mordida e fazer aquela cara de “hmm, que delicia!”

Mas é claro, ela era uma das melhores cozinheiras de Porto Real, o mais conhecido e ilegal porto do arquipélago! E tinha ralado muito para chegar a este nível, inclusive tendo que deitar em muitas camas para poder sustentar as suas viagens em busca do conhecimento.

E o que agora ela estava fazendo neste fim de mundo?

Shiva desaba sobre o balcão... Seria este seu fim, cozinheira de uma taverna em uma ilha de pescadores?

A cozinheira sente a presença de alguém. Era Toshio, o atendente, que fazia uma cara de preocupado. Ele era boa gente, um tanto desastrado, sendo que Shiva já teve que refazer alguns pratos por causa de sua falta de destreza.

“Ei, esta passando mal? Qualquer coisa eu posso passar la no curandeiro para ele te fazer uma poção... O movimento hoje esta meio fraco mesmo...”

SHIVA idade: 25 anos Profissão: Cozinheira/ Imediato Altura: 1,65m Peso: 65 kg

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E mais um dia quente na taverna. Não gosta muito dos dias muito quentes, pois a obrigavam a manter os cabelos muito em presos, sem falar de um lenço extra na testa ara que o suor não a atrapalhasse na hora de preparar com carinho e esmero cada um dos pratos. O que tinha em mãos naquele momento era a finalização de um belo ramen para um certo senhor idoso que sempre vinha ao lugar, só por conta de sua comida. Ela acenou para ele feliz com a expressão que o velho fazia enquanto comia, mas cozinhar naquela pequena taberna era exaustivo demais e sentia que suas habilidades eram desperdiçadas em coisas bem simples, ainda mais porque lutou por tanto conhecimento e agora sua vidinha se resumia aquilo. Que deprimente.

Quando desabou no balcão com uma expressão de desanimo em seu rosto, o atendente Toshio fez cara de preocupado. Grande parte do seu stress era por culpa de Toshio, quando tinha que refazer pratos correndo já que o infeliz era desastrado a ponto de dar ao mesmo tempo raiva e até dó. Desse jeito seria sempre um atendente mequetrefe para o resto da vida.

- ¬¬... vitaminas.. peça para aquele velho curandeiro mais algumas vitaminas... depressa... – Disse ela com uma cara séria parecendo bem brava com o atendente, que apesar da bagunça que fazia não era uma má pessoa mas ás vezes lhe dava nos nervos. Ela tinha aquele jeito durão de falar, mas no fundo tinha um bom coração.

Já que o movimento estava bem fraco, não seria problema ele se ausentar, então aproveitou para abrir um pouco a janela da cozinha e se debruçando sobre ela, acendeu um cigarro para espairecer...

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ILHA DE TOROA

Shiva dava suas ultimas tragadas de seu cigarro quando o som de sino tocou, indicando a chegada de um novo cliente. Ela suspira, amassa a bituca no cinzeiro e olha para quem tinha chegado... Era alguém que já tinha vindo antes, umas duas ou três vezes. Parecia com um aldeão, mas também poderia ser alguém acabado de chegar na ilha, disposto a ficar. Era do tipo comum, daqueles que se passaria desapercebido em qualquer lugar.

Como Toshio saiu para comprar suas vitaminas, Shiva mesmo foi ate ele, com um caderninho de anotações. Ele sempre pedia uma coisa diferente, e desta vez não foi diferente, sendo ate um tanto exigente na descrição do que queria e nas perguntas.

“Faça com amor e carinho, ta?”, disse ele.

O coração de Shiva gelou.

Ela volta rapidamente para a cozinha. De repente tudo aquilo fazia sentido. Aquela ultima frase era um código usado pela secreta linguagem dos cozinheiros piratas, logo tudo o que fora pedido antes fazia parte da mensagem. Ela revê o bloco de anotações, e o que significava realmente era:

“Sei quem você é. Quero conversar.”

Shiva olha por uma fresta para o misterioso homem. Ele parecia tranquilo, olhando pela janela a paisagem. A mulher pensa de onde poderia ser esta pessoa, e o que estaria fazendo ali. Na realidade Shiva tinha aprontado tanto antes, que saber quem exatamente e o que queria era algo muito difícil...

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E ela amassa a bituca em seu cinzeiro quando escuta o sino tocando, avisando que havia um novo cliente chegando ao local. Como Toshio estava fora resolvendo o que ela havia pedido, ela saiu da cozinha para poder pegar o pedido da pessoa com o bloquinho de pedidos como o jovem fazia.

Ela reconhecia o cliente por sempre querer algo diferente do cardápio do lugar e aquele dia não foi diferente mas então, depois de anotar uma série de coisas no caderninho ela se retirou do lugar e quando mal chegou na cozinha um estalo, crack... parecia que seu cérebro havia finalmente decodificado a mensagem.. “sei quem você é e quero conversar...” mas quem diabos era ele e o que sabia sobre ela? Porque sentia o frio na espinha sendo que era tão boa e tão segura de si? Seria alguém do seu passado? Se fosse, seria o de menos, apenas mais um que dormiu com ela até chegar onde chegou ou mais um que teve algum conhecido derrotado por ela.. nada demais.

Ela olhou mais uma vez pela fresta da porta da cozinha e disse:

- Por aqui senhor... – indicando que o homem deveria entrar em sua cozinha para falar com ela. Ninguém entrava na cozinha da mulher, mas algo precisava ser feito.

Na cozinha super organizada, equipada e arrumada havia uma grande mesa de cento com 2 cadeiras dispostas, uma de cada lado da mesa e uma xícara de xá em cada um dos lados.

- Sente-se e fale o que veio falar... – disse ela séria e aproveitando a situação para acender outro cigarro e puxar seu cinzeiro de volta. Ela se senta, cruza os braços e as pernas, acende o cigarro e espera com o cenho franzido sobre o que viria ali pela frente.

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A presença de alguem que conhecia o passado de Shiva era preocupante, mas ela precisava saber mais... Pela fresta da porta indica o caminho, e o homem caminha lentamente, olhando com cuidado ao seu redor.

- Sente-se e fale o que veio falar... – disse ela séria e aproveitando a situação para acender outro cigarro e puxar seu cinzeiro de volta. Ela se senta, cruza os braços e as pernas, acende o cigarro e espera com o cenho franzido sobre o que viria ali pela frente.

O estranho observa a cozinha, avaliando a posição dos talheres e panelas, assim como a composição de ingredientes. Ele se senta, cheira o ar, e depois diz:

“Então esta é a cozinha da famosa Shiva... Única discípula de Sheng-Lin, mestre da cozinha marcial de Tzu-Sun. Ouvi dizer que o Pirata-Chef Wenceslau está oferecendo uma boa recompensa pela sua cabeça, por ter roubado sua receita familiar. Mas fique tranquilo, não estou aqui por causa disso...”

O homem da um estalo com os dedos, e sua imagem parece tremeluzir, revelando seus cabelos brancos, pele escura e orelhas pontudas. Um elfo negro!

“Meu nome é Azarath, e assim como você, tenho que manter minha identidade em segredo. Foi simples sorte que me fez encontra-la, gosto de visitar tavernas e restaurantes dos locais que venho fazer o reconhecimento...”

O elfo negro pega o bule e enche as duas xicaras de chá, ao estilo do ritual oriental. Shiva podia ver que seus dedos eram bem ágeis, ele parecia também ser versado nas artes da cozinha marcial.

“Como praticante da arte culinária, vim lhe avisar que esta ilha em breve sera invadida pelas forças do pirata Konrad Stricker, e seus habitantes serão escravizados. Recomendo que parta imediatamente.”

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Ela o observava calmamente, em todos os detahes e cada um dos movimentos que fazia, desde o fato de colocar o chá para ela reparando nos dedos ágeis que possuía até mesmo quando mostrou sua real aparência.

Não era nada agradável ver aquela figura mudar de aparência na frente de si, então ela deu um bom gole no seu chá e acendeu outro cigarro e escutou atentamente o que a figura lhe dizia, desde sua apresentação até mesmo as notícias fatídicas.
Ela por alguns instantes ponderou em silêncio sobre todas aquelas informações que tinha ouvido e ainda mais, era grave e ela havia sido pega desprevenida, então sua reação não foi muito agradável e nem cheia de sorrisos como ela costumava manter pelo menos. Sua reação acabou sendo um pouco seca e um pouco mau humorada.

-Não pode vir aqui na minha taverna dizendo para que eu abandone toda essa gente e fuja… aqueles meus tempos terminavam e hoje eu gosto daqui, mas para poder defender este lugar eu preciso de ajuda… estaria disposto a isso a que preço? – pergunta ela.

Não sabia ainda a troco de que que aquele tal elfo negro estava ali e sabia que naquele mundo tais favores nunca aconteciam gratuitamente.

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Aquela situação toda deixa Shiva mal-humorada.

-Não pode vir aqui na minha taverna dizendo para que eu abandone toda essa gente e fuja… aqueles meus tempos terminavam e hoje eu gosto daqui, mas para poder defender este lugar eu preciso de ajuda… estaria disposto a isso a que preço? – pergunta ela.

Parecia que Shiva tinha passado pelas camadas superficiais e alcançado o centro da cebola. Azarath sorri de canto de boca e acena com a cabeça.

“Sim, posso te ajudar na tarefa, mas veja bem, as forças de Konrad são consideráveis, e estaria me arriscando muito ao ir contra elas... Não me leve a mal, mas certamente isto tem um preço.”

O elfo negro retira um papel, que contem um desenho onde aparecem as divindades de Novera sentadas ao redor de uma mesa, em cujo centro estava o manjar dos deuses: Ambrosia!

“Estou atrás da receita da lendária Ambrosia, e quero que va comigo nesta jornada.”

Estaria ele falando serio? Ambrosia? A comida divina, que teria alto poder de cura, podendo inclusive ressuscitar alguém? Shiva tinha acumulado algumas informações a respeito, mas nunca se tinha dado ao trabalho de verificar se eram apenas brincadeiras de algum outro Master Chef, ou se tinham alguma coisa a ver mesmo com a realidade.

“E o que planeja para salvar a vila do pirata Konrad?”

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Ela continuava o observando e  analisando da cabeça aos pés. Tudo aquilo estava cheirando suspeito demais e agora o assunto era a tão famosa ambrosia.

- Ambrosia!? Ainda existe essa lenda é.. – Continuava a fumar enquanto o ouvia falar, mas era tudo suspeito demais para ela. Em todos aqueles anos, havia aprendido muito bem como o ser humano gostava de brincar uns com os outros como peças de um tabuleiro de xadrez com reles jogos de palavras.

-E o que você está ganhando com isso vindo aqui me dar todas essas informações? Pois o que eu aprendi é que todo homem tem o seu preço, se não for dinheiro, é por família ou por prazer… qual é o seu então? – desafiava ela em seu olhar e também abrindo um botão de suas roupas, que fazia com que o belo contorno de seus seios começassem a se revelar.

- Diga seu verdadeiro preço, pois esse papo de apenas a ambrosia não dá certo comigo… ir tão longe por uma lenda não é um argumento válido… e para salva esta vila eu poderia fazer qualquer coisa, nem que velhos hábitos tenham que voltar… ou até mesmo certos contatos…

E por mais que aquilo não lhe animasse em nada, se fosse necessário ela voltaria com tudo mesmo…

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Shiva ainda estava desconfiada do verdadeiro preço daquilo tudo, e decide provocar.

- Diga seu verdadeiro preço, pois esse papo de apenas a ambrosia não dá certo comigo… ir tão longe por uma lenda não é um argumento válido… e para salva esta vila eu poderia fazer qualquer coisa, nem que velhos hábitos tenham que voltar… ou até mesmo certos contatos…

Shiva observa o olhar atento de Azarath em direção ao contorno de seu busto generoso. Conhecia bem os homens, e sabia que com aquele elfo negro não seria diferente, ainda mais com a dominação que sofriam pelas femeas de sua própria espécie. Um leve sorriso safado desponta no canto de seu lábio, e ele se levanta da cadeira e vai em direção de Shiva, com o intuito de massagear seus ombros e ter uma perspectiva melhor de observação.

“Vejo que sua mente continua afiada, mulher... Bem, eu sou um masterchef aventureiro, e adoro experimentar o que a vida tem de melhor. E isto se refere não somente ao paladar, mas como também outros sentidos. Fiquei curioso desta tal Shiva que tanto já ouvi falar, dizem que quem a experimentou, jamais esqueceu...”

Seria verdade aquilo que disse, ou apenas um galanteio barato? Os dedos do cozinheiro eram ágeis, e sua massagem provocava arrepios.

Porém o som de uma forte explosão interrompe aquele momento entre os dois!

Azarath interrompe a massagem e vai correndo ate a janela. Shiva também vai ver o que aconteceu... havia uma coluna de fumaça erguendo da vila localizada mais abaixo, e novas explosões começaram a acontecer.

O drow se vira para Shiva, e sua face estava seria.

“O ataque do pirata Konrad Stricker começou.”

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A desconfiança existia ali e não era pouca e ela tinha seus truques para conseguir as informações que queria e do jeito que queria, não importava o preço que pagaria por tal.

Percebeu que Azarath havia reparado bem em seu corpo e busto generosos então estava dando certo o que ela queria, mesmo se tratando de um elfo negro, ele não era diferente de qualquer outro homem ou macho que tenha cruzado o seu caminho.

Ele então caminha na direção dela com o intuito de lhe massagear os ombros e ela não me mexe. Ele podia simplesmente querer cortar a cabeça dela e ela ainda iria continuar ali sem se mover, afinal não tinha medo de nada então aja o que houvesse, ela estaria pronta.

-Ah é? Ficou curioso com o que? Afim de experimentar o que a melhor chef pode lhe oferecer?- e fingiu que eleestava falando de comida e não de outra coisa, só para ver a reação dele. Se tivesse que ir para outros caminhos ela iria também sem problemas, mas uma explosão ecoou no ar.

Viu o elfo correr até a janela e foi com ele. Viu a coluna de fumaça vindo debaixo e outras explosões subsequentes.

-É.. percebi… e agora? Alguma sugestão?

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-Ah é? Ficou curioso com o que? Afim de experimentar o que a melhor chef pode lhe oferecer?

“Não quero somente experimentar… eu vou querer tudo…”

Porém o inicio dos ataques muda o foco das atenções. Azarath fala que o ataque havia começado.

-É.. percebi… e agora? Alguma sugestão?

O drow permanence alguns instantes mais olhando o fogo que aumentava, e então se volta para Shiva, a mão no queixo, ponderando as alternativas.

“Bem, o mais logico seria correr daqui, mas como voce disse que deseja ajudar o povoado... Bem, lutar contra os piratas não é uma opção, estamos em menor numero, e os aldeões não são treinados. Precisamos de uma força maior.”

Azarath permanece observando Shiva, e ela sabe que o que ele iria propor não seria nada agradável...

“O Pirata-chef Wenceslau esta puto com voce, e por um bom motivo... A receita especial que voce roubou dele... Voce sabe o que faz, Shiva? Bem, pelo que ouvi dizer, ele prepara um bolo  infernal... Tão bom, que é capaz que algum ser dos planos inferiores apareça para come-lo... Se voce quiser arriscar, é só me mostrar a receita...”

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Os comentários do outro eram impertinentes apesar de ser interessante a ideia, mas os ataques haviam começado e agora ela tinha que pensar no que fazer.

Nunca era uma boa opção dividir seus conhecimentos com outros e não tinha pupilos por tal motivo. Lembrar do que com tanto custo havia conseguido de Wenceslau também não era uma boa lembrança.

-Mostrar para você a troco do que? E não roubei nada dele.. eu consegui através dos meus meios… se ele se arrepende eu não posso fazer nada…

Ela faz uma breve pausa.

-Não tenho pupilos e não sou de compartilhar meus conhecimentos sem nada em troca e o que o bolo infernal poderia fazer para nos ajudar? Seja mais claro pois parece que estamos ficando sem tempo graças a toda aquela fumaça ali.. – e aponta para o local em chamas na cidade baixa.

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-Não tenho pupilos e não sou de compartilhar meus conhecimentos sem nada em troca e o que o bolo infernal poderia fazer para nos ajudar? Seja mais claro pois parece que estamos ficando sem tempo graças a toda aquela fumaça ali.. – e aponta para o local em chamas na cidade baixa.

Azarath deixa escapar um sorriso de canto de labio. Aquela garota era esperta.

“Vejo que Shiva não se deixa enganar facilmente... Pensei que neste momento de catástrofe iria se desesperar e deixaria baixar a guarda. Muito bem, este bolo infernal, pelo que ouvi dizer, traz um ser dos planos inferiores para o local de oferenda, e desta maneira é possível tentar entrar em um acordo com ele para a execução de alguma tarefa. Não quer salvar a vila e seus moradores? Poder para tal tem seus riscos...”

O elfo negro então começa a preparar a cozinha, selecionando utensílios de cozinha que julgava necessários para a confecção do bolo infernal.

“Muito bem, voce pode não querer me dar a receita, mas talvez precise de minha ajuda... Afinal, não tem muito tempo para gastar... O pirata-mor Konrad Striker designou seu segundo-em-comando, capitão Balek, para fazer o ataque, e ele não é do tipo amigável com a população. Ou a menos que espere que realmente o pirata Blake venha oferecer sua proteção ao vilarejo...”

Shiva olha para o lado de fora, a vila em chamas causadas pelo bombardeio dos canhões do pirata. De fato não tinham muito tempo.

Azarath pega um avental e o coloca em si.

“E então? Sabe a receita de cor, ou esta escondido em algum lugar secreto?”

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A postura e os comentários daquele ser já a irritava o bastante. Era um erro pressiona-la a fazer qualquer coisa. Porque será que as pessoas não aprendiam isso?

-Com catástrofe ou não, eu tenho minhas regras e minha preocupação, acima de qualquer um e de qualquer cidade… - disse ela bem ácida.

Viu que o elfo começou a mexer nas coisas da sua cozinha. Será que ele não sabia que era incrivelmente rude e desrespeitoso invadir o espaço de outro cozinheiro e mexer nas coisas sem autorização? Isso a deixou mais irritada ainda, mas talvez o momento não fosse ideal para arrancar a cabeça daquele elfo e server em um belo prato com uma maçã na boca, mas talvez depois do prepare poderia fazer tal coisa.

Essa ideia lhe passou pela cabeça e foi o suficiente para fazer com que ela ficasse um pouco menos irritada do que já estava.

-Eu sei de cor, afinal não seria segura guardar nada disso por aí onde qualquer um pudesse encontrar. Certos segredos morrem com o próprio cozinheiro.

Viu que ele colocou o avental, então respirou fundo, bateu as duas palmas da mão juntas, arregaçou as mangas e foi até a geladeira e o armário e pegou umas coisas estranhas e sem nome algum que normalmente pouquíssimas pessoas conheciam e colocou na frente do elfo para que ele cortasse enquanto ela ia preparando outras coisas e esquentando o forno enquanto isso.

- Corte tudo em mirepoá… os ingredientes deverão ser salteados antes de fazerem parte do recheio. Seja rápido…

Se ele tentasse roubar a receita dela naquele momento seria morto ali na hora. Se tentasse de novo da em cima dela, ela iria ignorar o fato mas, se ele tentasse ataca-la, por mais que estivesse cuidando do fogão ela estava atenta aos movimentos do elfo então ele deveria seguir tudo ao pé da risca e apenas depois que tudo estivesse pronto ela decidiria seu destino…

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Desde o começo Shiva se mostrou desconfiada do elfo negro, e ainda mais quando ele invadiu sua cozinha como se fosse o dono dela. Embora suas palavras fossem amigáveis, a maneira como ele portava indicava que o mesmo não tinha respeito por ela ou por sua arte.

A receita do bolo infernal estava todo guardado na memoria de Shiva, e aos poucos ela foi preparando, contando com a ajuda de Azarath... Era fácil perceber que ele estava tomando notas dos ingredientes e dos procedimentos, com seus olhos atentos e o balbuciar silencioso, usando alguma técnica drow de memorização.

A duvida na mente de Shiva era: o que Azarath faria, depois que tivesse a receita em mãos? Sempre atenta, ela preparava a massa para colocar no forno, enquanto observava pelo reflexo na panela. O vulto dele se aproximava por suas costas... com uma faca na mão!

O golpe desce para atingi-la por tras, mas Shiva se vira e com a panela, intercepta a lamina. O elfo negro recua dois passos.

“Então quer dizer que esperava pelo meu ataque? Muito bem, Shiva não se descuidou por um instante... Uma pena, ter que acabar com voce... Eu já sabia de partes da receita, e agora que aprendi o que faltava, não preciso mais ser seu ajudante.”

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Pela forma como o outro agia, ela sabia que ia ser atacada por ele cedo ou tarde. Nunca que algo em sua vida aconteceria de uma forma melhor que aquela e nem por uma boa intensão então ela sempre tomava suas precauções, pois Shiva era assim… mas ela tinha um trunfo na manga e deixaria isso bem claro para ele:

-As coisas simplesmente não mudam… mas você se engana se acha que está tudo pronto… hauhau.. ainda falta um ingrediente… e você não saberá disso… – disse com um leve sorriso sarcástico em seu rosto.

Como ela era uma exímia praticante de lutar e sabia muito bem se defender, através dos seus movimentos de lutas e quem sabe de uma extra ajuda de uma akuma no mi, iria enxotar aquele ser dali com suas habilidades e iria terminar o que começou, para então colocar o resto do plano em ação e fazer aquele “bolo” chegar as mãos de quem deveria receber aquilo e pelas próprias mãos dela…

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-As coisas simplesmente não mudam… mas você se engana se acha que está tudo pronto… hauhau.. ainda falta um ingrediente… e você não saberá disso… – disse com um leve sorriso sarcástico em seu rosto.

A expressão de confidencia no rosto do elfo negro muda para o de furia, pois não tinha mais a certeza de que sabia todos os componentes da receita.

“É mesmo? Então voce ganhou um tempo extra neste mundo, até que voce me fale qual é este ingrediente que esta faltando!”

Shiva defende os ataques com dificuldade, sendo que a extrema habilidade de Azarath com as facas não se limitavam apenas a nobre arte de cozinhar. Com uma mão em cada panela, a cozinheira vai bloqueando e interceptando as investidas, sem chance de fazer um contra-ataque.

Ao recuar um passo, Shiva pisa em falso, deixando o flanco esquerdo indefeso. Vendo a oportunidade Azarath ataca com sua faca...

Não havia outro recurso, senão usar o poder de sua akuma-no-mi.

Uma nova panela surge do nada para protege-la, e a lamina da faca do inimigo se parte ao investir contra ela!

O elfo negro fica atônito com aquilo! Então Shiva tinha o famoso e tão procurado poder das panelas, a capacidade de criar panelas apenas pelo desejo! Mas antes que pudesse dizer algo, ele recebe um golpe duplo na cabeça, sente a cabeça zunir como um sino e cai inconsciente no chão.

Shiva limpa o suor do rosto e se recompõe. Aquilo tinha sido muito perigoso... Mas o pior ainda estava por vir.

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O suor escorria pelo seu rosto e aquilo incomodava muito, pois na cozinha aquilo não podia acontecer, já que tudo tinha que acontecer na mais pura higiene então ter o suor escorrendo do rosto era irritante.

Daquela vez havia conseguido nocautear o homem, mas precisava cuidar um pouco melhor dos seus treinos, afinal parecia que poderia estar começando a ficar destreinada com tudo aquilo, mas por agora, aproveitando que o outro estava inconsciente, era hora de simplesmente terminar com aquele bolo e continuar com o plano.

Para sua segurança, trancou o elfo negro dentro da dispensa enquanto estava desacordado, de forma que não pudesse sair de lá tão facilmente e voltou ao bolo.

Terminou de colocar o último ingrediente secreto no bolo e em poucos instantes estava tudo pronto. Agora era só sair daquela cozinha e cuidar para que o cheiro do bolo infernal atraísse quem quer que seja, para continuar o plano: conversar com quem aparecer, chegar no mandante e tentar estabelecer algum tipo de acordo.

Saindo na cozinha, foi às portas do restaurante com aquele belo bolo nas mãos e aguardou. Precisava ficar atenta ao que acontecesse, pois o elfo negro poderia conseguir sair da dispensa e aquilo levaria algum tempo e teria que esperar algum tempo para que alguém aparecesse atrás do bolo.
Por sorte, o vento estava soprando... o que faria o cheiro daquele bolo se espalhar...

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Do lado de fora de seu restaurante, usando avental e luvas, Shiva espera com seu bolo empratado nas mãos. O vento fazia o cheiro se espalhar, um cheiro esquisito, ou melhor, exotico, que poderia ser considerado delicioso, caso se acostumasse com a fragrância infernal.

As partículas magicas do bolo atravessam as fendas interplanares, chegando as narinas de uma particular criatura...

Shiva ergue a sobrancelha ao notar uma fenda se abrir no terreno a sua frente, e de um buraco avermelhado expelindo gases fedorentos surge um demônio gordo! Ele era bem feio, cheio de bocas com línguas roxas mexendo de um lado para o outro, como se estivessem querendo saborear algo. Ele usava um chapéu de cozinheiro branco alto.



Sua voz tinha um sotaque estranho, e algumas vezes era difícil de entender o que falava.

“É a pior merda que já cheirei na minha vida!”

Sim, era um demônio cozinheiro. Shiva, em suas aulas de religião cozinheira, sabia que existia um inferno dos cozinheiros, local onde provavelmente iria depois de passar desta para pior... Eternamente preparando pratos em tempos diminutos, para serem criticados por algum ou outro defeito, o pesadelo na cozinha de Infernia!

“Voce me chamou, então vai me ouvir... Pelo cheiro, não tem tompero, cade a pimenta? Se isto é cobertura, então sou padre! Non é porque é barato, tem que ser ruin! Isto esta uma bela porrrcaria!”

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E ela segurava o bolo em suas mãos enquanto esperava que aquilo realmente desse certo, quando percebeu uma fenda se abrir no terreno. Era um buraco avermelhado que expelia gases e de lá saiu o tal demônio gordo, bem feio, cheio de bocas e línguas roxas. O sotaque do tal demônio era estranho mas dava para entender o que ele dizia ás vezes.

Se aquele demônio vinha do tal famoso inferno dos cozinheiros, já iria se sentir familiarizada com o lgar ao qual sabia que iria algum dia, quando passasse para a próxima etapa da sua existência.
Os comentários que ele fazia não eram agradáveis de ouvir mas sabia que poderia tirar proveito daquilo de alguma forma.

-Sinto muito se não está bom Chef, mas não gostaria de provar antes?- esperava que ele provasse e então falasse algo melhor. Caso ele provasse e continuasse falando a mesma coisa, ela diria:

- Será que poderia me ensinar a como fazer um melhor e me acompanhar no preparo?