por Leomar Ter Fev 09, 2021 6:51 am
Toda alma perdida reage hostilmente a qualquer um que entre no Plano Infernal, mesmo que (ou talvez principalmente) como projeção astral, pois consideram invasão de terreno e também trapaça (e também almas perdidas são invejosas). Porém Ka não se abala com as vozes ou com a energia pesada destas almas. Ele tinha um objetivo, e estava focado.
À medida que o corpo de Kate recebia magia de seus amigos, ele ia filtrando a mana para melhor adaptar-se a seu corpo. O frio que sentia na alma diminui. Até do outro lado Azriel percebe a palidez cadavérica dela diminuindo.
- Vocês estão nos atrapalhando, e apenas querendo adiar o inevitável. Você não pertence mais a outro plano, deixe-nos desembaraça-la dos Fios Prateados, é o natural, e será indolor!
Nadhull presta atenção quando a mórbida fila de alma fala "vocês". Já tinham eles percebido sua presença? Ou Kate estaria sendo ajudada por terceiros? Ele teria que fazer algo de alguma forma.
Como ainda tinha um pouco de mana branca, ele pense se poderia usar para influenciar as mentes para que ninguém atacasse. Usar magia mental é mais difícil que criar um efeito mágico físico, e Nadhull nunca tinha conseguido algo assim, mas a mana branca era guiada por sentimentos de paz, calma e similares, então na teoria poderia funcionar.
Ele se concentra, tenta acumular o máximo de mana em seus braços, direcionando as mãos na altura das cabeças dos vultos que estavam mais perto, tenta ver se conseguia sentir a mente deles (o que não consegue), então escuta um chiado, como se fosse a ponta de um ferro quente sendo mergulhada em água fria.
E sua magia branca se esvai. Aparentemente os vultos não tinham sequer sentido a presença de Nadhull.
- Mas eu estou mais forte! - diz Kate, no limite do desespero. - Meus Fios de Prata já estão mais fortes!
De fato, as estranhas cordas pareciam maiores, arrastando no chão, e até mais elásticas, talvez poderiam até dizer que pareciam mais brilhantes.
As funestas figuras dão mais um passo em direção a ela, Kate se aproxima mais de Ka também.
- Não é o bastante! Não seja teimosa, é para o seu bem! Seu ciclo acabou.
Ka empunha sua marreta. Será que funcionaria? Afinal sua arma verdadeira está no Plano Material, e aquela deveria ser apenas uma projeção criada pelo seu inconsciente. Ele lembra quando tentou, em Dafodil, acertar criaturas canídeas com a marreta e elas apenas viravam fumaça, voltando em outro lugar.
Como se adivinhassem, ou fosse a questão óbvia, a Procissão fala:
- Suas armas não tem poder mágico suficiente neste Plano. É o último aviso: só estamos aqui pela ordem, não somos sequer seus juízes, mas se vão resistir à ordem, seremos os algozes.
Ka tenta sentir todo e qualquer traço de energia mágica que ainda tinha, guiar o que dava para a arma, até uma pequena impressão de calor sente de seu bolso, se fosse preciso, usaria o que tinha.
Nadhull pensa que, já que sua magia branca foi broxante naquele Plano, tinha que pensar em algo diferente, e rápido!
Concentrando a mana negra abundante em torno de si mesmo, ele a adensa, para criar uma ilusão de volume. Então Nadhull fica parecendo um demônio tauroide (quatro pernas, dois braços) de três metros de altura.
- PAREM! Eu sou um Lorde dos demônios! E irei cuidar pessoalmente desta alma!
A Procissão Fantasma para, e se vira, ficam alguns segundos em silêncio e imobilidade. Teria dado certo? Aparentemente sim, mas era difícil não conseguir ver os rosto e expressões por baixo daqueles capuzes. Pelo menos tinham tirado a atenção de Kate.
- É sério? O "Universo" resolveu tirar o dia para vir atrapalhar a ordem hoje?
Apesar de tudo, aqueles demônios estavam sendo educados até então, mas será que estavam perdendo a paciência?
- Eu sou Hemutzá (Nadhull usa um nome que sabia ser terrível em outro idioma demoníaco, pensando se isto daria impressão de terror) Arquilorde do Sexto Círculo Infernal (será que ele exagerou no blefe? Não seria melhor ter dito Quinto Círculo? Agora já era) E estou há séculos elaborando um plano para chegar ao Plano Material, e elas alma irá me ajudar no último passo!
Se Nadhull enganava a mortiça procissão, ainda era mistério, mas Kate ficava ainda mais amedrontada pois só via aquela ilusão.
- Você também não faz parte deste lugar.
Nadhull se foca em buscar parecer o mais arrogante possível:
- Claro que não! Como eu disse sou um Arquilorde, um rei eterno, infinitamente poderoso do Sexto Círculo Infernal. Meu desejo é lei, e agora estou prestes a dominar o mundo material, este lugarzinho é a última etapa para a minha Glória eterna!
Ele consegue que a fila de vultos dê um passo em sua direção, afastando da alma de Kate.
- Você pode ser rei no seu mundo, mas se está se preparando há séculos, então seu poder é quase nenhum agora, pois tal é a lei que garante a Ordem, e para nós, tudo que importa é a Ordem. Sendo assim, é hora de levar o rei de volta para seu reinado!
Nesta hora Nadhull deve estar pensando: "Us maluco são bravu mesmo! Vaza logo guria".
Enquanto isto, Kate sente sendo puxada aos poucos para outro lugar.
- E-Eu acho que ainda consigo sentir o meu corpo!
KA: - Que bom, mas importa de sentir um pouco mais rápido?
- Des-culpe estar dando traaaaaaaaahhh!
Ka e Nadhull veem ela sumindo no espaço.
- O que aconteceu? Funcionou? Azriel, você taí?
- Estou, a Mortalha apareceu aqui, e disse que você não estava fazendo as coisas direito... Então resolveu puxar a alma da Kate de volta.
- Então ela está bem?
- Bem não sei, pelo menos está viva, se não morrer sufocada...