Chegamos finalmente. Estamos em um vilarejo minúsculo no meio de um planalto cheio de madeira boa, pinheirais gigantes e o dinheiro da mineração ao norte descendo assim como o gado do sul subindo. Um monte de pessoas passa pela vilinha diariamente e muita gente poderia sumir sem deixar rastros.
Preparei para mim e para Viktor um lugar em um porão abaixo de uma venda de secos e molhados, tendo comprado uma estalagem e também um posto de trocas de mulas estou pronta para assumir a liderança de algo neste lado do mundo, longe da política velha e pronto para dominar um território que os antigos lordes do clã dos patrícios não sonhariam. A riqueza dos humanos pronta para ser multiplicada e depois colhida.
Os negócios prosperavam com nossa ajuda, o vilarejinho foi se tornando rico e próspero, porém os índios eram fonte de grandes prejuízos, homens incivilizados com suas vergonhas à mostra e sua vaidade exposta na forma de joias e de enfeites de ossos e plumas.
Precisávamos apenas nos reunir com o chefe deles e discutir a rendição de suas tribos, assim um tradutor foi contratado.
Na noite do encontro fomos levados a uma grande clareira e depois a um buraco cavado abaixo do solo, coberto por uma construção repugnante de barro e capim seco. Nosso tradutor (um garoto miscigenado) tremia de medo, lembro-me do cheiro do suor dele exalando o pânico puro e dos finos braços dele tremendo conforme descíamos. Ele sabia que nos dois estávamos armados e que um grupo grande de homens cercava o local guardando nossa segurança.
Ossos humanos enfeitavam as paredes do buraco cavado para o ancião deles, um homem velho com a pele escura toda marcada como a lombada de uma Bíblia de copista. Cabelos brancos em pequenos chumaços oleosos não cobriam toda a careca marcada de cicatrizes e desciam até o meio da barriga flácida do índio. Algo parecia errado.
O índio nos encarava com os olhos de pupilas brancas e falava rápido algumas palavras em tupi que eram traduzidas com dificuldade pelo nosso jovem tradutor. Pela cara amarrada de Viktor sabia que ele estava se esforçando para dominar os pensamentos do índio, coisa que ele fazia há mais de 500 anos sem nunca ter encontrado resistência. Viktor começou a gritar em um dialeto alemão arcaico de difícil compreensão para mim que sou mais nova. E nosso tradutor fugiu. Tudo acontecia rápido demais.
Viktor dispara um tiro no rosto do índio, em cujo projétil se amassa sem penetrar na pele da maçã do rosto. Durante um tempo insuficiente para que eu piscasse, Viktor desaba no chão e seu coração sangrento está nas mãos do velho índio que me encara mostrando suas presas.
As palavras do índio, compreendidas em claro alemão, reverberam em minha cabeça até hoje:
-Esse território é meu, não irei aceitar que nenhum recém-transformado me desonre.
Preparei para mim e para Viktor um lugar em um porão abaixo de uma venda de secos e molhados, tendo comprado uma estalagem e também um posto de trocas de mulas estou pronta para assumir a liderança de algo neste lado do mundo, longe da política velha e pronto para dominar um território que os antigos lordes do clã dos patrícios não sonhariam. A riqueza dos humanos pronta para ser multiplicada e depois colhida.
Os negócios prosperavam com nossa ajuda, o vilarejinho foi se tornando rico e próspero, porém os índios eram fonte de grandes prejuízos, homens incivilizados com suas vergonhas à mostra e sua vaidade exposta na forma de joias e de enfeites de ossos e plumas.
Precisávamos apenas nos reunir com o chefe deles e discutir a rendição de suas tribos, assim um tradutor foi contratado.
Na noite do encontro fomos levados a uma grande clareira e depois a um buraco cavado abaixo do solo, coberto por uma construção repugnante de barro e capim seco. Nosso tradutor (um garoto miscigenado) tremia de medo, lembro-me do cheiro do suor dele exalando o pânico puro e dos finos braços dele tremendo conforme descíamos. Ele sabia que nos dois estávamos armados e que um grupo grande de homens cercava o local guardando nossa segurança.
Ossos humanos enfeitavam as paredes do buraco cavado para o ancião deles, um homem velho com a pele escura toda marcada como a lombada de uma Bíblia de copista. Cabelos brancos em pequenos chumaços oleosos não cobriam toda a careca marcada de cicatrizes e desciam até o meio da barriga flácida do índio. Algo parecia errado.
O índio nos encarava com os olhos de pupilas brancas e falava rápido algumas palavras em tupi que eram traduzidas com dificuldade pelo nosso jovem tradutor. Pela cara amarrada de Viktor sabia que ele estava se esforçando para dominar os pensamentos do índio, coisa que ele fazia há mais de 500 anos sem nunca ter encontrado resistência. Viktor começou a gritar em um dialeto alemão arcaico de difícil compreensão para mim que sou mais nova. E nosso tradutor fugiu. Tudo acontecia rápido demais.
Viktor dispara um tiro no rosto do índio, em cujo projétil se amassa sem penetrar na pele da maçã do rosto. Durante um tempo insuficiente para que eu piscasse, Viktor desaba no chão e seu coração sangrento está nas mãos do velho índio que me encara mostrando suas presas.
As palavras do índio, compreendidas em claro alemão, reverberam em minha cabeça até hoje:
-Esse território é meu, não irei aceitar que nenhum recém-transformado me desonre.