R.Oc.
Vencer esta batalha não deixou um gosto de vitória ao exército e ao grupo; Estrategicamente foi uma boa vitória, de um ponto importante, mas todos sabiam que aquilo ainda era apenas um adiamento.
Azriel sente esta vitória sem gosto de vitória, e fica um pouco baqueada. Assim como Nadhull, no momento ela prefere manter-se no grupo e portanto vai seguindo, mesmo com as "cortadas" de Mortalha. Pensa que, se não tivesse gasto seu poder na batalha, poderia ter ajudado mais o Ka, já que tinha mais experiência com magia de cura no grupo.
Mas apesar disto, Azriel sabe (no fundo) que existe um limite para magia. A magia branca era com certeza a melhor para cura, seguida da magia azul, os elementos femininos. O curacistas alvos mais poderosos conseguiam até mesmo restaurar a visão de cegos (Haĉoŭri era famosa por este tipo de cura), mas apesar disto, para curar ossos quebrados, o melhor era mesmo a magia verde da terra.
Azriel poderia, assim que recuperasse um pouco sua mana, acelerar o processo de cura de Ka, diminuir-lhe a dor, etc. Ainda assim ainda demoraria um pouco para ele estar 100% novamente, provavelmente uns 3-4 dias. Mas o mago verde conseguia arrumar o braço de Ka em poucos minutos, e depois de concertar-lhe, ainda usa uma técnica para expulsar resíduos de energia densa, deixando ele novo em folha. O processo parece um tanto desconfortável, embora Ka resista bem.
A anjo escuta a filosofia do mago "nada é de graça, tudo tem um preço" e acha um tanto materialista demais; As magias de curas brancas não causavam tais tipos de dor (embora que casos graves gerasse enjoo ou sintomas menores). Ela também tenta digerir "Tirando os deuses, ninguém cria algo do nada", tecnicamente isto poderia ser verdade, mas ainda soava estranho...
***
A cada tração Ka fazia uma careta. A dor era suportável, mas bem incômoda. Ele sente os pedacinhos de osso irem se movendo por meio de uma força invisível, e imagina que a dor é menos intensa pois sua energia própria interagia com a do mago, facilitando o processo. O procedimento é relativamente lento, então dá para ele prestar atenção nos gestos e fluxos, que poderia ser bem útil pra si no futuro.
"Ossos quebrados se colam mais fortes do que eram antes, mesmo quando a cura é através de magia". Isto era interessante. Ka já tinha alguns "pequenos calombos" por fraturas anteriores, desta vez o processo parecia ter sido mais "liso", ainda assim sente mesmo que o ossos estava mais forte na "emenda"; poderia ser apenas impressão, claro, mas parecia levemente diferente na hora.
Mortalha também ia prestando atenção. Mesmo não sendo o elemento que ela domina, era interessante ver como um mago trabalhava, e vai que um dia ela desperta outro dom, pois se até um humano como Ka tinha mais de um dom e o Nadhull conseguiu a aberração de dominar magia negra e branca, quem sabe ela não despertava mais um. Ia dando uma olhada também no numeroso tipo de plantas que o mago guardava ali, várias prateleiras com os mais diversos tipos de ervas, portanto além de mago era alquimista também.
Depois de concertar o braço de Ka ele ainda tinha que eliminar o resíduo de energia densa (por isto Mortalha preferia trabalhar com cadáveres, eles não tinham tanta frescura), como "namorada" de Ka ela manda o mago agilizar o processo.
Novamente o processo é desconfortável, mas nada que Ka não resista. Por fim o braço de Ka estava realmente 0km, dava até pra jogar bola-em-base (um jogo popular em Ĵevurá). O mago lhe oferece três poções. A primeira não era mistério, era o tradicional chá de Hugo, mistura de boldo com carqueja selvagem e outras coisinhas, era só tomar e Huuuuuuuggooo... mas se precisasse Ka faria seu próprio chá de Hugo mais tarde. A laxante também não era muito apropriada pra quem estava na estrada, então ele toma a poção diurética, afinal, como macho era fácil mijar em qualquer canto se precisasse.
Ka agradece, o grupo já se prepara pra "levantar acampamento", mas Lober (o soldado) cobra mais do "amigo".
- Você precisa ir junto para ajudar resgatar Kassian!
- Cê tá de sacanagem! Já fiz minha parte. Não sou combatente. O máximo que posso fazer é curar outro na volta depois que você se quebrarem novamente. - Diz Cezan
Os dois começam a discutir sobre até onde deveria ir a gratidão do mago pela ajuda que teve do cara que foi preso, vocês não entendem a discussão toda pois o mago fala em outra língua. No fim ele aceita seguir até perto do problema, mas falando que não ia se envolver em nenhum combate por ninguém.
Mortalha já começava perder o interesse, pois a parte de magia já tinha terminado, então resolve que era hora de procurar o outro mago, aquele indicado pela inútil do exército que diz que fazia trabalhos quando a Cour Des Miracles precisava. Mais uma vez Lober, que conhecia as ruas da cidade, leva vocês.
Chegando no endereço, procura aqui e ali, algumas pessoas não queriam dar informações, Mortalha ia mostrando a insígnia que lhe deram pelo trabalho, até acharem um fulano que poderia ser o que procuravam, cabelos desgrenhados, barba de oito dias, ele usava no pescoço uma cruz invertida e uma estrela de sete pontas, símbolos típicos da magia negra, tentava desconversar:
- Vocês? Procurando um mago negro? Têm certeza que não têm nada melhor pra fazer não? (olhava com descrença especialmente na direção de Azriel)
Mortalha perde a paciência:
- Escuta aqui seu druzu! O pessoal da Corte dos Milagres disse que ia me dar acesso a livros de magia negra e que os magos deles iam me ensinar o que eu quisesse!
O cara dá uma bela risada.
- Hahaha! Sério mesmo que você acreditou em alguém da Corte dos Milagres? Que coisinha catita! Mas me diga, porque acham que alguém como eu é um mago importante que trabalha para a Corte, ou quem, precisamente disse para me procurar? Eu nunca fui professor ou coisa do tipo... - Mortalha mostra a insígnia - Ah não! Aquela puta??!!
Nadhull: - Então se conhece a puta, trabalha mesmo para a Corte.
Revira os olhos, faz cara de enfado, suspira: - Vocês deveriam se esclarecer melhor na próxima vez que lhes falarem sobre alguém que trabalha para a Corte dos Milagres. Sabiam que trabalho pode ser algo bem subjetivo? - Faz cara de paisagem por um tempo, esperando que vocês desistam, depois de uma pausa relativamente longa diz - Não sou professor para ensinar ninguém, mas se não for tão lesa quanto é ingênua, talvez, quem sabe, se quiser alguma "dica" ou "instrução" de algo específico que "eventualmente" eu hipoteticamente possa vir a conhecer, eu poderia eventualmente dizer algo que "se pá" te ajude em alguma situação hipotética futura. Coisinha catita!
Ele mostra a porta da casa, a percepção mágica de Mortalha dispara algum gatilho, ela nota duas esculturas feitas em madeira, de forma cilíndrica, não muito grandes mas relativamente altas.
- Isto é algum tipo de mecanismo de obliteração?
- O que!!! (faz cara de surpreso) Mas eu nem vi que alguém pôs isto ai! Tem certeza que é pra obliteração? Nem é de obsidiana nem nada... - Mortalha e Nadhull não se sentem muito bem quando aproximam, ela tenta um contra-feitiço, tirando as esculturas do lugar, falando algumas palavras mágicas... - Quem faria algo assim? Bom, ninguém deveria confiar em pessoas meche com magia proibida né?! Ou em pessoas que procuram este tipo de pessoa...
Mortalha aparentemente termina o mini-ritual, vai com a mão até a maçaneta, mas se sente queimar, o cara ficava só observando.
- Que tipo de mecanismo é este? Termine logo com esta palhaçada!
- Um mecanismo de proteção, você imagina que tipo de pessoa vem por aqui? (pausa dramática) Que seja... Alguém tem fogo ai?
Azriel faz uma pequena chama entre os dedos.
- Vejam só! Outra coisinha catita! Que fofo! - Ele aponta uma linha de sal no chão - Pode fazer o favor de queimar ali? - Chegando a chama próxima do sal este queima num pequeno estouro, causando uma fumaça preta, Azriel é pega de surpresa e pula pra trás, mas é só uma queima de material comum, nada que causa dano, algumas palavras e gestos mágicos e então ele abre a porta, entrando na frente.
A casa dele era mal iluminada, pois as janelas eram estreitas e ficavam perto do teto, havia um pilar de madeira no meio da sala; Alguns cogumelos com aparência de orelha cresciam no pilar. Um piolho de pau (um inseto que, como diz o nome, parece um piolho, mas tem o tamanho de um caranguejo) andava no pilar.
Havia uma mesa num canto e algumas prateleiras, vários livros e pergaminhos nas prateleiras, e também alguns na mesa, outros no chão, alguns em cima das cadeiras.
As cadeiras eram três, duas de madeira (sendo que uma estava escorada num canto com uma das pernas quebrada) e uma de bambu. Uma das cadeiras tinha uma coisa marrom em cima (por coisa entenda algo que não era líquido, mas tão pouco parecia muito sólido), algumas roupas jogadas nos apoios das cadeiras, e algumas jogadas no chão.
Tinha no chão um tapete de pele de onça, e nas paredes, rabiscadas com carvão, algumas palavras: "anarquia, pulsão, elever, pata de ovelha, pata de águia, o número do anjo é 270 e o número da besta é 325"; vários tocos de velas (alguns coloridos) nos mais diversos cantos.
Nas prateleiras havia alguns vidros com sapos e salamandras preservados em líquido, e também um vidro com um verme fino, mas comprido o bastante para matar um boi. Na mesa uma bandeja com órgãos de algum animal e alguns utensílios cortantes, poderia ser algum material de estudo ou o resto de alguma refeição (vai saber!), Também havia uma travessa de madeira que tinha uma maçã inteira, uma maçã pela metade e uma manga, além de um sutiã.
No canto tinha um baú empoeirado, em cima dele um gato que provavelmente estava empalhado. Um espelho oval trincado na parede. Havia também uma pia de mármore, em volta e dentro dela dois copos e uns seis frascos com alguns rótulos.
O lugar cheirava a formol e álcool (havia algumas garrafas espalhadas aqui e alí). Azriel conseguia até ver alguns pontos pretos de miasmas no ar.
A madeira do chão rangia enquanto andavam por cima dela.
- Podem puxar alguma cadeira e sentar. - dizia ele se sentando na mesa (na, não à) - Então, Catita, o que exatamente você quer que eu faça por vocês?
A Corrente termina sua seção com Kate, então os demais alunos vão fazendo suas anotações, cutucando os chacras de Kate, buscando "puxar e empurrar" seus fluxos internos, depois que todos terminam de examinar a cobaia, Kate pode finalmente sair da banheira e trocar de roupa.
- Caoilain, está ocupada agora? Preciso passear com meu semëk, será que você não poderia vir junto pra conversarmos?
- Não muito. Já fez sua refeição?
- Ainda não. Vai me arrumar outro copo de leite? (brinca tentando não parecer irônica demais) Tenho que tomar também uns "bagulhos" que comprei com o raizeiro.
- Espero que não tenha nos envergonhado pedindo algo abaixo do nível "pra macho"! - Kito era um dos que ainda estava no barracão e se intromete, a maioria não tinha se dispersado ainda.
- Pois saiba que comprei do nível "peido de fogo"! - Estes povos de Fajr-Regno e suas manias de colocar nomes irônicos nas coisas...
- Imaginei que não ia ter coragem de pegar da mais forte de cara, é uma neófita mesmo...
Caoilain puxa Kate pra outro canto: - Não perca tempo com este cabeça de tocha. - depois em voz mais baixa e jocosa - Nós mulheres sabemos que Jara é a deusa mais inteligente mesmo! Não vale perder tempo com os menos inteligentes.
Antes de saírem, um menino de recados aparecia, Caoilain resolve esperar pra ver, podia ser importante.
- Uma prata, senhora? - O moleque diz à Corrente. - Mensagem do Q2.
- Uma prata? O padrão não era duas moedas de bronze?
- É uma mensagem importante! Eu vim bem rápido, garanto!
Kito arranca a mensagem do garoto e lhe dá um empurrão: - Quem tudo quer, tudo perde, pivete!
- EEI, druzu! Me dá minha prata, eu mereço!
Kito ri debochado, tira uma moedas do bolso: - Se quiser peque uns cobres, se não quiser azar o seu.
O menino olha com ódio: - Malditos! Até os invasores são mais generosos. Tomara que os deuses beneficiem os gajanos e eles acabem de pôr abaixo a igrejinha maldita de vocês.
Antes de ir embora, o menino ainda olha rancoroso pro lado de Kate: - Você é a ruiva que chamam de Kate?
Ela fica surpresa, apesar de ter saído do Q2, praticamente só seu grupo sabia que ela estava ali, pra receber uma carta de fora, só se fosse da Apis.
- Sim, sou eu, tem mensagem pra mim?
- Se for uma miserável como a cadela velha e seu cão de guarda, não.
A Corrente lê sua mensagem a avisa aos demais que o exército teve uma importante vitória no planalto que fica no centro da cidade. Pelas descrições, o grupo de Kate estava nesta batalha. Todos alí se alegram, pois cada vitória contra Gaja era um passo para uma Heséd mais livre.
***
Kate vai tomar suas garrafadas, e já sente o estômago reclamar. Depois procura Caoilain novamente pra ver se ela já tive se desocupado. Ela estava em uma das três construções do núcleo, sentada com um menino que ela tratava de alguns pontos no braço; um homem, provavelmente pai do menino estava escorado na parede, um rapaz (15-16) que Kate ainda não tinha visto por ali estava ao lado de Caoilain, ajudando-a. Este rapaz ia, com uma pinça, puxando e arrancando os pontos no braço da criança, enquanto Caoilain ia aplicando magia curativa com os dedos.
Na sala havia também uma mulher negra, ela estava de pé em frente a uma mesa, onde tinha uma tábua de barro, a mulher passava um pincel com água (tipo dos que os homens usavam pra barbear) na tábua, depois com uma vareta de bambu escrevia algo no barro, terminando de escrever ela se vira pra Caoilain e despede dela. Provavelmente tinha sido atendida antes.
O trabalho com o menino é rápido e logo ele e o pai vão embora também, Caoilain despede também do rapaz.
- Então? Quer dar uma volta né? Tomou tudo que precisava? Ah, já que tinha pedido, tem outro copo de leite prontinho para você na mesa.
Kate imagina se a fonte de Caolain era a negra que saiu a pouco. Não tinha prestado muita atenção, mas parecia ter as mamas inchadas e com veias aparentes, típica de quem pariu o pouco.
- Sim, preciso levar o Vent'Kapo pra dar uma volta, porque ele está agitado, e se não te incomoda queria conversar mais contigo.
R.Oc.
Kate toma o leite, Caoilain pergunta como ela se sente, Kate comenta das outras coisas que estava tomando, Caoilain comenta se ela lembrou de comprar uma pomada especial, Kate diz que ganhou uma de graça Caoilain comenta algo tipo "vocês, mulheres bonitas, sempre recebendo agrados...", Kate comenta como já sentia seu fluxo energético melhorando, Caoilain diz pra ela tentar uma pequena chama, Kate tenta e consegue, mas Caoilain diz para não gastar energia ainda etc. etc. por fim ela sugere levar o Bræno junto para segurar as rédeas do semëk, dando até algumas insinuações muito sutis de que se fosse bonita como Kate, ia querer andar perto de rapazes atraentes, etc. etc.
Vent'Kapo não liga muito pra vocês, mesmo Bræno sendo um homem relativamente forte, o semëk tem muito mais força e vai puxando as rédeas levando vocês até o criador de semëks, "cantando" para a fêmea dele. Caoilain ia montada, Kate queria agradar a colega.
- É a primeira vez que ando num lagarto!
- Provavelmente vai ser a última. - Diz Bræno. - Enquanto aquela fêmea estiver no cio, não vão conseguir tirar ele daqui.
Vent'Kapo novamente quase quebrando a cerca. O criador diz que vende uma fêmea por 80Ж ou aluga por 1Ж/h
- 80??? Isto é o preço de um cavalo!
- Se tivê um cavalo pra vendê a 80Ж, pô trazê, muié, que eu compro!
- Eu também compraria se você tivesse um cavalo neste preço. - Diz Bræno, baixinho, mas sem ajudar muito.
- Como vou cuidar de dois semëks?
- Dispois que ela saí do cio, vende a carne pro assogui que ocê tira quais o dinher di vorta. Fêmeas não são tão boas pra munta. Só parí e carga. A não ser qui tenha pacença prá vendê ôvo, mas não rende muito pelo tan qui côme.
- A'r'r'r'r'r'r'rUUUUUUUUUKK!! - reclama o Vent'Kapo