Ano terrestre 2213
Nave espacial Argo 2
Destino: Marte, planeta vermelho
Duração da viagem até o momento: 252 dias
Tripulação preparada para acordar após 187 dias de hibernação criogênica
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Anne caminhava distraída pelos setores da Argo enquanto relia suas últimas anotações.
Havia acabado de participar do processo de despertar de alguns tripulantes e como a hibernação criogênica era algo ainda novo, cujos efeitos a médio e longo prazo ainda não estavam muito bem descritos no meio científico-acadêmico, ela estava aproveitando a oportunidade para acompanhar de perto as reações dos tripulantes, anotando suas impressões ao vê-los despertar e assim melhor poder acompanhar a evolução deles no decorrer dos dias. Usaria essa experiência com a Argo para estruturar sua tese de doutorado.
Ela abre uma porta e finalmente acessa o corredor dos alojamentos.
Era um corredor bem extenso, mal conseguia enxergar a porta da cabine que ficava na outra extremidade.
Ela observa o local que está silencioso. Somente ela andava pelos corredores, seus passos ecoando no piso metálico. Sempre se sentia incomodada ao passar ali e se esforçava para desviara a atenção do local.
Estava na cabine de número treze, o que não era distante, mas quando estava a poucos passos de chegar a ela as luzes do corredor se apagam.
- O que está acontecendo? – Ela para e arregala os olhos, como se isso fosse ajudá-la a enxergar algo.
Ainda na escuridão total ela ouve o som distante de passos.
- Olá! Quem está aí? – Inquieta ela vira o corpo de um lado para o outro. Ela larga seus papeis que caem ao chão e estica os braços tentando encontrar a parede. - Athena! Athena! O que está acontecendo? – Ela chama pela inteligência artificial da nave ao mesmo tempo que um pequeno conjunto de lâmpadas no meio do corredor se acendem.
As lâmpadas acesas lançam uma penumbra sobre as pontas extremas do corredor e olhando para sua frente, do outro lado, um vulto totalmente encoberto pela escuridão parecia observá-la.
Assustada, olhos arregalados, respiração ofegante, coração batendo rápido demais. Ela se apoia na parede próxima e finalmente localiza sua cabine. Anne olha da porta para o vulto parado do outro lado do corredor. Seu instinto gritando para que fugisse.
Respirando fundo, ela se lança em direção a porta de sua cabine e as luzes se apagam novamente ao mesmo tempo que os passos retornam, desta vez mais rápidos e vindo em sua direção.
Anne alcança a porta. Sua mão treme e ela tem dificuldades para destravar a tranca. Os passos estão atrás dela. Ela pode sentir uma respiração na sua nuca, achando que não tem mais tempo para fugir, ela simplesmente fecha os olhos, se encolhe e grita. – NÃO!
“Dra Anne? Algum problema no setor dos alojamentos?”
Ela tem um sobressalto ao ouvir a voz levemente metálica e melodiosa de Athena.
Levando a mão ao peito e com muito receito ela lentamente abre os olhos, se sentindo aliviada por perceber que o local estava iluminado.
Realmente estava em frente a porta de seu alojamento. Ela se vira para trás esperando ver quem estava ali com ela, mas não havia ninguém, nem ali nem em toda a extensão do corredor.
- Está tudo bem, Athena. Não foi nada. Obrigada! – Ela responde a inteligência artificial da nave.
“Entendido!”
Passando a mão pelos cabelos, ela respira fundo tentando se acalmar e se abaixa para pegar seus papeis espalhados pelo chão. Sem dúvida estava vendo coisas, provavelmente o cansaço dos últimos dias a estava afetando.
Uma última olhada no corredor e Anne finalmente entra em sua cabine. O dia havia sido longo, precisava descansar.
Do outro lado do corredor as luzes piscam. Um vulto aparece pela escotilha da porta atravessando de um lado para outro.
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Câmara criogênica
Ela ouve distante o som abafado de batidas.
Seus olhos abrem lentamente e ela vê uma mão batendo no vidro que estava em frente ao seu rosto.
Sem entender o que acontecia ela apenas olha a mão que logo é substituída por um rosto sorridente de alguém que naquele momento não fazia ideia de quem era.
Não consegue se mover. Seu corpo está pesado e sua cabeça dói como o inferno.
Algo se abre e uma luz branca ofusca sua vista no mesmo instante que sente mãos agarrarem seu braço e a puxarem de onde estava.
- Dra Samanta, vamos. Hora de acordar, querida! – Uma voz abafada entra por seus ouvidos.
O estomago embrulha automaticamente e sem ter tempo de mais nada ela curva seu corpo para frente e acaba vomitando no chão.
- Ei, cuidado! – Novas vozes e mãos a tocavam. Tinha a leve impressão de ser examinada e em seguida carregada para algum lugar.
Não sabe quanto tempo levou, mas logo sentiu algo macio sob suas costas. E algo extremamente fofo foi colocado sobre ela a esquentando.
Aquele calor sutil era como estar novamente nos braços de sua mãe, como quando era criança.
Samanta abre os olhos e ela realmente está lá, acariciando seus cabelos enquanto cantarola uma canção de ninar.
- Durma, filha. Durma... Quando você acordar estaremos aqui. Nunca vamos te deixar – Samanta vê a mãe esboçar um sorriso estranho, mostrando todos os dentes, mas ela estava com muito sono para se importar com isso.
Acabou dormindo novamente.
- OFF:
Tudo começa com o despertar da Samanta.
Ela acorda na cabine dela. A útima vez que ela viu a sua cabine foi a seis meses, antes da hibernação.
A cabine é simples, com cama, armário, pia e espelho. Vc pode descrever melhor o ambiente e objetos pessoais dela, caso deseje.
Também pode permanecer na cabine ou sair para explorar outros lugares da nave. Fique a vontade ^^