O Labirinto Infernal

Em seu próprio universo interior, a luta de Anemona seguia difícil, porém, ela conseguiu enfrentar a dor e localizar a esfera de energia que deveria ser domada pela jovem. Todo o poder emanado por ela só foi notado pelos que estavam de fora.


Anemona despertou aos poucos, se espreguiçou e bocejou. Ela era dorminhoca, mas a vida no circo a obrigava a acordar cedo, então ela apenas abraçou os lençóis sem nem perceber que estava em uma confortável cama. Foi só alguns minutos depois que se deu conta do acontecido ao ouvir a voz de Nathu. Sim, seu amigo estava vivo e... ela também!

- Nathu! – ela apenas se apoiou no cotovelo para encara-lo – sim, eu estou e você?

Ela viu o gato azul no colo do rapaz e piscou espantada, suas últimas lembranças eram de um monstro tentando mata-los seguido de outro monstro.

- É o Meow? Mas como... – ela olhou em volta e por fim sentou-se na cama – quem é ele? – apontou para o homem na outra cama. Em sua própria incursão, ela não tinha visto o ninja e o samurai – onde estamos? E como viemos parar aqui?

Sentiu o cheiro de café e logo começou a salivar faminta. As vozes no corredor eram outra atração para a moça e ela arrastou as pernas para fora dos lençóis para pôr-se em pé. Viu seus braços enfaixados e pensou no que aconteceu.

- Nathu, o que aconteceu? O Gama estava por trás de tudo, do nosso rapto e da tripulação... Meu deus... eles... – lembrou de sua missão – nós os salvamos? – tinha súplica em seu olhar.

Um pouco mais aliviada com as palavras do amigo, Anemona apenas suspirou.

- Fico feliz em saber.

Ela olhou o Meow dormindo e manteve o sorriso enquanto o jovem explicava a situação de sua batalha.

- Eu posso? – ela apontou para o gato, desejando se aproximar. Ela gostava do gatinho azul e queria lhe acariciar os pelos, mas não quis incomoda-lo em seu soninho, ainda mais se ele tinha ajudado Nathu na batalha.

Ele narrou mais alguns acontecimentos e Anemona fechou os olhos tentando organizar as ideias em sua cabeça. Quando os abriu, se deparou com o olhar curioso de Nathu, algo perfeitamente compreensível naquela situação.

- Eu... não sei bem o que aconteceu – ela respirou fundo e prosseguiu – eu só lembro de enfrentar o homúnculo de fogo e seu redemoinho de chamas. Minha arma também se incendiou, fogo contra fogo, mas eu me saí mal no combate – ela baixou a cabeça envergonhada – depois... acho que desmaiei. Minha mente se tornou um breu e... acho que algo aconteceu em minha mente... com uma voz... luzes... dor... eu não sei bem... Mas, como assim eu brilhei e aparecemos aqui?

As palavras de dúvida de Nathu deixaram a moça mais preocupada ainda e uma lágrima escorreu por seu rosto. Ela tinha falhado.

- Tomara, Nathu. Tomara. Eu não me perdoaria por perde-los. Estávamos tão perto... Isso não é justo! – ela socou o colchão, aborrecida.

Saber que tudo era culpa do Gama abalou o mago tanto quanto a ela e ela se compadeceu do amigo.

- Também foi um choque para mim, Nathu. Esperava qualquer um, menos o senhor Gama. Ele se mostrou um cientista maluco e estava fazendo uma experiência horrível com os sequestrados. Ele estava roubando suas essências e criando homúnculos capazes de usar esses poderes.

O jovem mago expos os seus anseios e a dançarina entendia perfeitamente o que ele sentia.

- Nós temos uma aliança, Nathu. Salvaremos nossos pais e nossos povos.

Ela tentou passar confiança, mas ela mesma sabia que tinha que lutar mais do que conseguia, pois, perder a batalha a deixou um pouco descrente.
Ela falaria mais coisas, mas seu estomago roncou e ela morreu de vergonha. Era fato que fazia tempo que eles não se alimentavam direito.

- Desculpa... eu tô com fome... e também quero tomar banho e roupas limpas... ah... – ela suspirou e encarou o chão, depois olhou em volta, preocupada – mas você tem razão. Temos que tomar cuidado, ainda mais que não sabemos onde estamos – ela olhou para a porta, receosa. O cheiro de café era uma tortura – mas... Nathu... você acha mesmo que corremos perigo?

Entre muitas conversas com Nathu, Anemona estava decidida a sair do quarto e o mago tomou a dianteira rumando até a porta. Nem ele e nem ela tinha notado que havia alguém na porta.
Os olhos da jovem se arregalaram e brilharam ao ver quem era a pessoa do outro lado. A fome e a dor até tinham sumido naquele momento. Ele adentrou o recinto e logo se dirigiu a ela.

- Conheço sim -  disse em modo automático para Nathu – é o seu Cid.

Ela também caminhou até ele e retribuiu o abraço, visivelmente emocionada.

- Seu Cid! O senhor está bem! – mesmo com dores, ela não teve medo de demonstrar a felicidade em revê-lo – estou tão feliz! – ela secou as lágrimas de seus olhos e se afastou dele – o que aconteceu? Como vocês se salvaram?

Logo o outro homem desperta de seu sono e estranha tudo.

- É o que queremos saber – responde ao recém desperto.

E assim que desviou sua atenção de Cid para responder ao estranho, a fome provocou a moça e logo ela se voltou para a bandeja e pegou a bebida quente e a comida, e sentou-se na cama.

- Folgo em saber que estamos seguros – olhou para Nathu.

Enquanto se alimentava, Anemona ouvia o que Cid tinha a contar e se surpreendia a cada reviravolta que a história dava.

- Coitadinho do capitão. Deve ter sido horrível ser aprisionado dessa forma - ela deu gole no café.

Cid tinha resumido a história e ela mal acreditava que tinha feito parte daquilo tudo.

- Ainda é difícil de acreditar que o senhor Gama era um traidor - a menção de Charlote entristeceu e ela olhou para Nathu brevemente. 

O que a deixou mais confusa foi a menção à luz misteriosa, o próprio mago já tinha falado sobre isso.

- O que não entendo é essa luz... o Nathu também a viu - ela coçou a cabeça - Jaci? Nunca ouvi falar... bom, deve ser uma deusa bem local mesmo...

A menina ficou super animada com ouviu que o banho estava pronto e terminou de beber o café e comer o pão.

- Banho? Eu vou sim... Não vejo a hora de me lavar... -  e sem demora seguiu a serviçal.