Nadhull começa usar o cabo da espada contra a parede, procurando algum som "oco" ou algo que o valha, enquanto Azriel prefere procurar no chão. Nadhull até percebe que, pelo som, deveria haver uma câmara atrás daquela parede, mas dando toques em vários cantos, ele não consegue encontrar nenhum ponto especificamente promissor. A parede parecia ser realmente uma parede, ou seja: inteiriça.
Já Azriel não consegue encontrar nenhum som diferente. Ela tatei o chão em busca de alçapão, alavanca ou algo assim, mas não encontra. Os dois ficam um tempo pensando.
Como Nadhull não achou nenhuma falha aparente na parede, ele deduz que o meio dela deveria ser o ponto mais fraco, já que os cantos se juntam com os cantos de outras paredes, do chão ou teto. Azriel ainda estava dando voltas no local com antigo altar, quando é surpreendida por Nadhull jogando pedras na parede.
Bem, o templo já estava mesmo em ruínas, então fazer um buraco a mais numa parede não seria muita heresia. Ou seria? De qualquer forma, será que não havia forma mais eficiente de encontrar esta câmara, que não fosse a força bruta?
O templo possuía várias linhas-guia, boa parte delas "disfarçada" junto com decoração. Porém, para qualquer um que tivesse o mínimo de noção de linhas-guia (isto eram 80% de todas as pessoas em Akaŝa) aquilo não era nenhum "grande segredo":
Linhas-guia são linhas, normalmente em baixo-relevo, mas podem ser em alto-relevo ou mesmo pintadas, que conduzem pequenos (ou não muito pequenos) fluxos de mana para um lugar específico. São normalmente gravadas em armas ou talismãs, não em prédios, mas tendo sido aquele lugar um templo, não há nada de surpreendente que ele possuísse várias linhas-guia.
- exemplos em armas:
Círculos servem para conter a energia, círculos concêntricos [como no segundo cabo da img] são então bons para acumular a magia em certos lugares. No chão perto do altar haviam vários padrões de espirais que terminavam em círculos concêntricos. Portanto, os sacerdotes que transitavam principalmente naquela área recebiam um fluxo mais forte de mana.
Padrões espirais [como no primeiro cabo] serviam para direcionar fluxo de um ponto concentrado para outro menos concentrado. No cabo de uma arma, as linhas-guia espirais levam a mana da mão do mago que a manipulava para a lâmina (se fosse um quieto usando, a linha-guia não serviria para nada, ou poderia até levar um pouco de mana da lâmina para a mão do usuário). No templo as pilastras eram cobertas de padrões espirais: o ar entrava pelas janelas, e percorria as pilastras em espiral, fazendo assim o ar circular sempre, a qualquer hora e em qualquer estação.
O ar ali estava seco, mas Azriel viu muitos espelhos d'água do lado de fora, e, no tempo que o templo funcionava, aqueles espelhos, junto com as linhas-guia, deviam manter o ar, além de circulando, mais úmido o tempo todo.
As linhas-guia podiam convergir e divergir também. Na img, a primeira lâmina pega mana de dois pontos da lâmina e espalha para toda área da lâmina, já na segunda faz o contrário, convergindo tudo para a ponta.
Havia linhas-guia na parede que Nadhull queria derrubar também, mas o fluxo não era grande ali. Devia ser um ponto divergente. Porém nem Azriel nem Nadhull eram grandes especialistas em linhas-guia para poderem "ler" aquelas ali*.
*
- Spoiler:
A não ser que queiram fazer teste de misticismo ou história, se tirarem um acerto muito bom pode ser que saibam um pouco mais do que o básico em linhas-guia, mas se quiserem testar vai ser só curiosidade mesmo, pois questão de mecanismo a Azriel já passou, ainda que tenha passado na cagada.
- Imbuir a parede? Acha que, com energia suficiente, poderia colapsar a estrutura?- É uma teoria... Não sei se funcionaria. Para dar certo, seria bom usar mana da terra, mas nenhum de nós tem este dom. Porém elementos divergentes poderiam enfraquecer a matéria, se ela não for muito pura. Na teoria... Não sinto fluxo de mana chegando a este ponto, apenas saindo, e muito fraco, então talvez, com uma carga forte, poderia funcionar. O que acha?- Mm... Mas este templo anula meu dom negro. Eu poderia usar apenas mana branca, e você vermelha. Não são elementos divergentes.- É, não são. Mas este ainda é um templo Atemense. Usar fogo e ar teria alguma lógica...De fato, havia alguma lógica na teoria de Azriel, embora também pudesse haver um erro nesta lógica: sendo um templo Atemense aquilo poderia ser especialmente feito para aguentar justamente fogo e ar. Mas o que os dois tinham a perder?
Bom, eles poderiam perder TODA a mana reserva no corpo, mas fora isto? Até o momento, os perigos ali eram cobras e escorpiões, e não era preciso muita mana para lutar contra animais.
Nadhull vai pra um lado da parede, Azriel para outro, e concentram suas manas em ondas. Por um tempo nada parece ocorrer.
- Consegue sentir o fluxo? Será que a parede está absorvendo toda a energia?- É possível, mas acho que o fluxo está indo para o chão. - Diz meio desanimada. Se a energia fosse aterrada, tudo seria inútil.
Nadhull se deita e põe o ouvido no chão.
- Parece ter uma vibração extremamente sutil. Tire as botas! - Ele também tira as dele.
- É verdade, algo parece se mover embaixo! - Talvez o mecanismo não tivesse uma chave, mas fosse mágico.
- Tentamos novamente?Eles se concentram novamente na parede, pequenas vibrações são sentidas no chão, em direção ao lugar do altar. Nadhull demorou um pouco a percebe-las no começo porque o chão estava cheio de folhas e poeira. Depois de alguns segundos, com um barulho baixo demais para algo feito na pedra, um pequeno desnível surge entre os pedestais que seguravam o altar. Se o mármore ainda estivesse lá, alguém poderia sumir pelo alçapão quase sem ser visto. Era mesmo uma maravilha arquitetônica aquilo.
Os dois têm que forçar um pouco para o mecanismo terminar de abrir, mas então se veem num corredor abaixo do chão. Logo depois do alçapão, ele alarga um pouco, mas não muito, porém era largo o bastante pra quatro pessoas andar lado-a-lado.
A primeira coisa que chama a atenção de vocês são dois pedestais de ferro cru, e em cima deles, na altura de seus peitos, tinha uma esfera de cristal em cada.
(Nota) Não achei uma imagem exata do que queria, mas visualmente não é muito impressionante, são dois pilares bem simples, e duas esferas de cristal pouco maiores que uma bola de basquete, uma branca outra vermelha.Eram
Esferas de Energia ou
Esferas de Mana, basicamente cristais de grande pureza (mais comumente quartzo, mas teoricamente poderiam ser feitas com qualquer gema) minuciosamente lapidados em forma esférica para que magos pudessem acumular mana nelas. A forma de se lapidar e canalizar uma esfera de energia não era um conhecimento incomum (Nadhull como tem alquimia deve saber como faz), porém preparar uma de verdade era bem trabalhoso e poucos conseguiam. Uma Esfera de Energia é basicamente um acumulador de energia, serve para quando um mago precisa de energia urgente ou pode também servir como parte de um mecanismo mágico. A parte mais difícil era infundir mana dentro do cristal, um mago mediano poderia demorar um ano para canalizar uma esfera do tamanho de um punho.
Aquelas ali eram maiores que uma bola de basquete, portanto precisariam de uns mil magos para terem infundido-as, mas como estavam num templo Atemense havia uma boa possibilidade de terem sido preparadas pelos próprios Piro e Anĝelina, ou no mínimo por um Gran-Elemental como Æno ou Ignos (criados respectivamente por Anĝelina e Piro). Se uma Esfera de Mana pequena já era capaz de manter a energia por mais de ano, aquelas duas poderiam durar milênios.
Talvez por isto estavam em pilares de ferro cru, e não de mármore. O mármore é isolante mágico, e normalmente usado para carregar esferas de mana, para que elas não percam o mana acumulado; O ferro cru não é um bom condutor, mas também não é um isolante, sendo assim parte da mana delas ia se perdendo o tempo todo, mas demoraria tempo demais para fazer diferença.
Vocês conseguem sentir a aura da esferas pulsando mesmo há um metro de distância. Todo chão e paredes ali irradiava energia mágica E espiritual. Azriel, sendo alvi-rubra pode até tocar as esferas, se quiser (ou se for curiosa demais pra isto). A esfera vermelha, como esperado, emana também um pouco de calor, não o suficiente para queimar a pele, mas se encostar nela vai estar bem quentinha. Já Nadhull, embora ainda sinta o calor e boa parte da aura da esfera, consegue sentir só metade do poder que Azriel sente perto dela. De qualquer forma, se ele quiser, também poderia tocá-la.
Já a esfera branca, ela não causa dano direto em Nadhull, mas à medida que se aproxima a menos de um metro e meio, sua pele vai ficando gelada; Se chegar a dez centímetros, gotículas de gelo se formarão em sua pele, e se encostar nela, seus dedos vão congelar (se a tocar com os dedos, senão é outra coisa que congela). Isto acontece pois, embora a aura dela possa fortalecer sua mana branca, ela ao mesmo tempo expulsa o restinho de mana negra de seu corpo. Mesmo se encostar nela, isto não lhe mataria, mas sabe-se-lá o que faria com seu dom negro.
Por falar em temperatura, o corredor está ainda mais frio que o templo. Para Nadhull, o frio que até então era só um incômodo leve, agora fica realmente irritante. Não é algo POR ENQUANTO que vá lhe matar, mas Nadhull começará no mínimo a ficar preocupado com o frio.
Quanto às esferas, elas EM SI não são um problema (fora o que já falei), a menos que tentem quebrá-las, mas nenhum dos dois é estúpido de sequer pensar em algo assim. Talvez um dos dois, ou até os dois, já ouviram rumores que uma esfera de mana também não poderia encostar em outra esfera de mana, principalmente de elementos diferentes, mas como já não é tão comum se encontrar uma, ainda mais duas, ainda mais duas daquele tamanho, vocês não tem nem ideia se algo de fato pode acontecer. PORÉM elas podem ser parte de um mecanismo mágico, que neste caso poderia ser qualquer coisa. Mas não é preciso gastar muita inteligência para deduzir que, se fosse uma armadilha, vocês já estariam mortos, pois a energia de apenas uma delas numa armadilha já causaria morte instantânea sem qualquer chance de defesa. Também não precisam medo de encostar nos pilares, eles também irradiam energia, mas se encostarem neles, nada além do que já falei vai acontecer.
Sendo assim, apenas Nadhull pode ter receio de continuar, mas se insistir, é só passar mais do lado da esfera vermelha que não será congelado (por enquanto), já Azriel está de boa.
O corredor é escuro, possui lugares de apoiar tochas, mas não tem nenhuma ali (se tiver é só resto de madeira podre pelo tempo). Vocês possuem visão na penumbra, mas ela não funciona no escuro total, sendo assim é o bastante para enxergarem as paredes do corredor em preto e branco, mas sem muitos detalhes. Depois de passado a curiosidade pelas esferas de mana, vocês forçam um pouco a visão, e reparam, no fundo do corredor havia algumas estátuas, uma pela silhueta das asas obviamente de um anjo, e na laterais tinham duas estátuas com armaduras; Talvez fossem estátuas esculpidas com armaduras, talvez fossem armaduras mesmo, montadas pra ficarem em pé, que nem se viam em muitos castelos. (Nota) na imagem as armaduras estão no centro, mas elas estariam na verdade uma em cada lateral, a imagem representa bem aproximado a visão de penumbra de vocês, que como veem, não é perfeita, mas dá pra se virar bem mesmo sem tocha.