Na quinta e mais distante torre de Imabari, Shounen ouviu os cascos de um Serow batendo ainda distantes - como Satoro lhe ensinou, diminuiu seus batimentos cardíacos e ouviu com clareza de onde vinham - era rápido, mas batiam em pontos precisos, um animal treinado e que conhecia o terreno, não falhava em nenhum dos passos e tomava velocidade a medida que se aproximava da torre, com mais alguns segundos conseguiu até mesmo reconhecer aquele padrão. Era o Serow de Satoro e quando estava próximo o bastante, conseguiu ver até mesmo o próprio montado. Ele tinha um sorriso no rosto, um machado médio preso em suas costas e por fim, uma caixa de metal presa a cintura. Suspirou assim que estava próximo o suficiente e desmontou do Serow com um rápido salto.
- Haaah.
Visivelmente cansado. Assim que saiu do Serow, apoiou a palma das mãos nos joelhos, ergueu uma delas e fez um sinal para que aguardasse um pouco. Balançou a mesma mão algumas vezes no ar e ergueu o corpo mais uma vez.
- Certo, certo.
Vendo-o por completo, haviam marcas em seus braços - feridas recém-abertas e suas roupas tinham rasgos e sujeira. Tirou o machado das costas e a caixa de metal que estava presa na cintura, se aproximou de Shounen com o sorriso largo, quase ameaçador.
- Certo. Me dá o seu braço. - Falou rápido, ansioso e então se explicou melhor, logo em seguida. - Não tenho mais nada para ensinar com relação às espadas, agora é uma questão de você afinar um pouco melhor sua perícia. Mas você pode amplificar o armamento. Sei que a prótese não é tão boa nos movimentos mais finos e é por isso que compensaremos. Falei com alguns armeiros e veja só!
O machado que estava em sua mão parecia completamente normal, mas com um movimento rápido de baixo para cima, a lâmina retraiu ao mesmo tempo, em que o cabo dobrou. Ficando exatamente do tamanho… Da prótese de Shounen. Com mais um movimento de sua mão livre, puxou o braço de Shounen e colocou o machado completamente retraído ali, bateu algumas vezes até que se encaixasse perfeitamente, foi possível sentir uma dor inicial nos nervos que finalizavam o cotovelo, onde a prótese encaixava.
- Não, não... Ainda não está pronto.
Ainda segurando o braço de protético de Shounen, abriu a caixa de metal e uma luz fraca irradiou de um pequeno cristal.
- Esse caixa é um filactério. E esse cristal... Bom, esse cristal é o motivo disso. - Abriu os braços, mostrando um pouco das feridas. - Um enorme Katakiriuwa. Mas alma dele está aqui e agora... - Bateu o cristal na prótese, com força, partindo o cristal em alguns pedaços, um fio prateado percorreu a extensão do braço de Shounen e pareceu terminar no fio do machado. - Está aqui!
Só então, Satoro parou um pouco e recostou-se na torre, tomando fôlego e respirando com mais calma.
- Bom, veja se funciona.