- Background:
Ele nem sequer se lembrava de quanto tempo fazia que não via aquele quarto. Seu antigo quarto...
Sua mãe tão zelosa e amorosa mantivera tudo do jeito que ele havia deixado na esperança de que o filho viesse visita-la nos momentos de folga ou de férias. Mas isso nunca aconteceu.
-“Douglas, quando você virá me ver?” – Era a frase que mais ouvia da mãe nos, segundo ele achava, muitas vezes insistentes e inconvenientes telefonemas excessivos que a mulher costumava fazer.
O fato é que desde de que saíra de casa para cursar a faculdade, Douglas nunca havia retornado àquela casa, e, se não fossem as circunstâncias atuais, certamente ele não estaria ali.
Ele fecha a porta e caminha até a cama, onde se senta. Respirando fundo, ergue os olhos observando cada detalhe daquilo que ele não via fazia pelo menos 10 anos até que seus olhos param em uma das prateleiras na parede, sua preferida, onde se via algumas imagens de deuses da antiguidade. As primeiras que havia adquirido na vida.
As lembranças daquela época invadem sua mente. Douglas apoia os cotovelos nos joelhos e esconde o rosto nas mãos.
Os pensamentos o atormentavam. Não exatamente do que havia feito, mas do que poderia ter feito e não fez.
Douglas era filho único e seu pai havia falecido em um acidente quando sua mãe ainda estava grávida, o que fez dele o grande alento e sua segurança e bem estar o único objetivo da vida da mulher.
Não é que ele não amasse a mãe, mas ela, super protetora, o sufocava na infância e adolescência, com o apego e cuidados excessivos, o que contrastava totalmente com a forma livre que ele tinha de ver a vida.
Isso sempre gerou vários atritos entre os dois, mesmo nos últimos anos em que não moravam mais juntos, pois se ele não ia até a mãe, a mãe vinha até ele.
As mesmas cobranças, críticas e a mulher sempre tentando opinar e se envolver com coisas das quais ele não queria a opinião dela. Por diversas vezes ele chegou a desejar em silêncio que ela não existisse.
E esse era um dos pensamentos que mais o atormentavam nos últimos dias.
Em sua última visita a Douglas, após mais uma discussão, pela primeira vez ele verbalizou aquilo que pensara algumas vezes – “Sabe o que eu queria mesmo? Que a senhora parasse de se meter na minha vida. Mas a senhora não resiste, não é mesmo... Talvez eu só consiga paz quando a senhora morrer... E eu quero muito ter paz”
Embora não tivesse dito com todas as letras, a intenção por trás daquelas palavras o consumia. Sentia-se culpado.
A mãe, magoada, havia ido embora e praticamente não se falaram desde então.
Dois meses se passaram até que ele recebeu uma ligação dela para dizer que estava muito doente e que tinha poucos dias de vida.
Havia descoberto um câncer super agressivo em seu ouvido que mesmo iniciando o tratamento já havia alcançado o cérebro. Os médicos já haviam informado que o tratamento seria apenas para lhe proporcionar conforto porque a doença não respondia ao tratamento e não havia mais nada a ser feito.
A mulher não avisara antes porque após a briga não queria incomodar o filho, mas as coisas estavam ficando difíceis e ela precisava ser internada, dessa forma não tendo mais como evitar das a notícia a Douglas.
Ele tirou uma licença do trabalho na Universidade onde era professor de história antiga e do doutorado em mitologia egípcia e foi para o hospital cuidar de sua mãe.
Em menos de uma semana o estado da mulher piorou muito e os médicos tiveram que coloca-la em coma induzido para evitar a dor que a consumia... Seria questão de dias, que sabe horas até a morte dela.
Douglas ergue os olhos e mais uma vez olha para a prateleira. Divindade por divindade, ele olha para cada uma até se deter em Anúbis.
Ele não era religioso, mas se atrevera a rezar algumas vezes no hospital nos momentos de maior desespero. A verdade é que não se sentia a vontade ao fazer isso, pois nunca foi de frequentar igrejas e era como se estivesse pedindo um favor a quem não conhecia.
Mas Anubis...
Como professor de história e se especializando em mitologia egípcia, ele se sentia próximo o suficiente, a vontade o suficiente... O que não o deixava de incomodar.
Com certeza se o juiz do Karma colocasse seu coração na balança ele seria devorado por Ammit. Nunca que o coração de um filho que chegou um dia a querer a morte da mãe seria mais leve que a suave pena de Maat.
Mas da mesma forma que um dia chegou a pensar dessa forma horrível, agora a dor da perda e a constatação de um amor profundo pela mulher que sempre fez tudo por ele, fazia Douglas ter a certeza que se precisasse iria até o inferno para ter uma chance de mudar o destino da mãe.
Ele se levanta da cama e se aproxima da prateleira, parando em frente a estatua do antigo deus egípcio da morte.
- Se houvesse algo que eu pudesse fazer... Me ajude, por favor.
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Re: [!Fichas!] Palma dos Deuses
- Background:
- Adora é uma mulher com seus trinta e poucos anos que vive na dualidade entre o trabalho e a diversão.
Trabalha como curadora de arte no principal museu da cidade, cargo que não conseguiu sem sacrifícios. Boa parte da equipe lá era masculina e ela sabia que, mesmo com todo esforço e conhecimento que tinha adquirido durante o tempo, não subiria na hierarquia simplesmente por ser mulher e não ser filha de alguma família influente. Sendo assim, após anos estagnada como assistente, trabalhando mais que todos e ganhando bem menos, usou de seus “artifícios femininos” para ganhar a promoção. Detesta como os homens a olham, mas tem certeza que fez o certo: como diria sua mãe “É preciso fazer o que for preciso”.
Quando está de folga é raro alguém ver Adora sóbria. Ela não gosta do que é, de quem se tornou e das sombras que acompanham sua alma. Prefere se divertir, dançar e curtir. É a única alegria que Adora conhece em sua vida.
---
Ela se lembra até hoje do dia que teve sua filha. Tinha 15 anos e nenhum preparo para ser mãe. Sua família era pobre e insistiram para que ela vendesse a criança para uma família rica. Nova demais, aceitou.
Quase morreu no parto, a criança estava numa posição toda errada pra nascer. Apesar disso, ela lutou. Uma força que nunca pensou ter, a força de trazer uma vida ao mundo. Uma vida que aprendeu a amar durante os 9 meses que carregou... E que não pôde nem segurar.
Sua mãe pegou a criança assim que nasceu, mesmo com os protestos de Adora. Ela não queria mais, não queria deixar sua filha. Mas sua mãe já tinha planos com o dinheiro. Saiu do quarto antes mesmo que a filha tivesse parado de sangrar.
E isso assombra Adora até hoje.
Como estaria sua filha hoje?
Como devia ser o rostinho dela quando nasceu? E agora?
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Acordou ao sentir algo estranho em seu nariz. Tinha dormido em sua mesa novamente. E um gato tava ali e brincava com o rabo em seu rosto. Como um animal daquele tinha entrado ali?
Adora esfregou os olhos, ficando desesperada ao perceber que o gato carregava na boca uma das peças da coleção que estava preparando para a exposição egípcia do museu: um colar de ouro com a cruz de Ankh.
- Gatinho... Espera, me dá isso aqui – tentou pegar, mas o gato pulou da mesa, correndo por entre os corredores vazios do museu.
Adora foi atrás, preocupada. Era sua primeira exposição, com múmias e objetos originais, não podia dar nada errado. Suspirou quando o gato entrou na sala onde estavam os objetos, passando perigosamente entre os vasos de cerâmica antiga, com as imagens da deusa Bastet.
Parou apenas no altar da Deusa, que continha vários símbolos de fertilidade, alegria, música... E também de ferocidade e da guerra (a dualidade associada à deusa gata/leoa). Tinha também um espelho, no qual Adora viu seu rosto cansado e sóbrio demais refletido.
Uma sombra atrás de si, grande e sedutora. A cabeça não parecia humana... Era de um gato?
- Nossa, será que eu bebi? Gatinho, me dá aqui – tentou pegar e dessa vez o gato deixou. O colar estava quente em sua mão. Convidativo.
- Você devia usar. Experimenta... – mãos com garras passaram sobre os ombros de Adora. Ela estava com tanto medo que nem impediu quando a Deusa colocou o colar em seu pescoço.
E Adora foi invadida com tantos sentimentos que não entendia. Alegria pura e verdadeira. Calor confortante... Ira interminável... Altruísmo... Vontade de ter uma família e de ajudar as mulheres a terem seus filhos.
Sentimentos errados demais pra alguém como ela.
A imagem sem rosto da filha vindo em sua mente.
Por que uma Deusa como aquela estava procurando um receptáculo como Adora?
Ela não sabia... Nem percebeu quando caiu desmaiada no chão.
- einherji
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Re: [!Fichas!] Palma dos Deuses
- Background:
- A mulher diante da sala cheia de alunos interessados sobre os textos que relatam a descida de Inanna ao submundo estavam ansiosos para ouvir a explanação de Seva Tilki.
-Hoje, hoje mesmo a porta do destino vai se abrir diante de seus olhos .- Fez uma pausa dramática antes de prosseguir captando atenção de todos ali. - A Descida de Inanna começa com as seguintes linhas: “Do grande céu, ela se concentrou no grande abaixo. Do grande céu, a deusa fixou sua mente no grande abaixo. Do grande céu, Inanna fixou sua mente no grande abaixo. Minha senhora abandonou o céu, abandonou a terra e desceu ao submundo. Inana abandonou o céu, abandonou a terra e desceu ao submundo. ” Uma explicação para o interesse de Inanna ao submundo é que ela espera estender seu poder para esse reino, cuja rainha é sua irmã, Ereshkigal.
Seva explicava tudo de tal maneira que poderia se dizer que aquilo é inegavelmente o trabalho de sua vida. Lembrava sempre de cada degrau que teve que subir, das inúmeras negativas, até que fez aquilo que jurou não fazer, usar da aparência para conseguir seu espaço. Foi assim que por Alp Navruz responsável pelo setor de arqueologia de uma família tradicional de Istambul. Quando decidiu seguir por esse caminho, Seva se viu em um redemoinho de emoções novas, aquilo não deveria passar de algo sem sentimentos, mas ela acabou indo mais fundo e ficou em desvantagem. Enquanto falava lembrava o quanto sempre foi fraca em relação aos homens, em uma família cheia de irmãos, um pai à moda antiga e tantas vezes teve que obedecer porque assim devia ser. Eles queriam que se tornasse enfermeira, mas quando falou que faria arqueologia seu pai que é engenheiro assim como seus irmãos julgaram que seria perder tempo, tentaram arrumar um casamento, mas ela na mesma época conseguiu a bolsa para estudar arqueologia na Koc University.
- Quando ela chega aos portões do submundo, Inanna informa o porteiro Neti, que ela testemunhou os ritos funerários de Gugalanna, o Touro do Céu, que também é marido de Ereshkigal. Quando Ereshkigal recebe essa notícia, ela não está nem um pouco satisfeita e ordenou que os sete portões do Mundo Inferior fossem trancados contra sua irmã. Inanna só pode passar por um portão de cada vez, e antes de cada portão, ela é obrigada a remover um pedaço de sua roupa real.
Tal como Inanna em uma artimanha do destino Seva fora obrigada a se despir em uma festa, ela bebeu demais ou talvez o cara com que estava tivesse planejado aquilo desde antes. Ele a gravou e foi muito difícil escapar dele depois disso, não tinha coragem de contar a família, não era forte como as divindades estudadas, Seva era fraca, assustada e submissa escondia-se nos livros. Para sua sorte ou azar o cara sofreu um estranho acidente de carro e celular dele deve ter sido destruído assim seu purgatório pessoal durou seis meses. Depois disso ele sumiu do mapa como se jamais tivesse existido. Teve outros problemas que a fazem manter uma distância segura dos homens, mas Alp acabou presa no jogo dele, ambicionava demais conseguir o patrocínio para estudar os poemas sobre Inanna além de explorar sítios arqueológicos sem precisar esperar mais de um ano pelos documentos. Tudo que queria estava acontecendo graças a ele. Estava finalizando quando viu Alp parado na última porta.
- Quando Inanna alcançou a sala do trono de Ereshkigal, ela estava despida e estava impotente. Ereshkigal dominou sua irmã, que foi “transformada em cadáver” e “pendurada em um gancho”. Antes de entrar no submundo, Inanna havia instruído sua serva Ninshubur sobre como ajudá-la caso ela não voltasse na hora prevista. Ninshubur foi pedir ajuda ao deus Enki, pai de Inanna. Enquanto Inanna foi revivida com sucesso pelos servos enviados por seu pai, ela é incapaz de deixar o submundo tão facilmente quanto entrou. Então um substituto tinha que ser encontrado, e os servos de Enki tentaram levar vários seguidores de Inanna, embora a deusa os impedisse de fazê-lo, pois todos estavam de luto por sua suposta morte. No final, Inanna encontra Dumuzi, seu marido, que claramente não está de luto, pois ele estava “vestido com uma roupa magnífica e sentado magnificamente em um trono”. Isso enfureceu Inanna, que ordenou que ele fosse apreendido. Dumuzi reza para Utu, o deus do sol, para salvá-lo e é transformado em cobra. No entanto, ele é capturado em sua tentativa de escapar e levado ao submundo. Geshtinanna, irmã de Dumuzi, é voluntária como substituta de seu irmão e, no final, foi decidido que Dumuzi e sua irmã passariam metade do ano no submundo. Como o mito grego de Perséfone e Deméter, este evento é usado para explicar a mudança das estações.
Ao terminar ela deu um sorriso enigmático aos alunos.
- Mais adiante poderemos compreender que há muito tempo, na antiga Suméria, Inanna era adorada como a deusa do amor e da guerra. Ela era onipotente, livre para percorrer as vastas regiões do céu e da Terra e, quando recebeu o dom das leis divinas do universo, pensou que nada poderia impedi-la. Uma faceta real da visão sobre o feminino sagrado que poderemos incorporar na atual posição da mulher em nossa sociedade ou talvez todas ainda estejam se despindo para chegar ao fim do caminho?
Ela solta a provocação e os dispensa. Alp aproximou-se dela, com aquele sorriso afiado e os olhos cheios de divertimento dizendo que ela seria despida em alguns instantes. Não podia fugir dele ou do que sentia. Um tempo depois a proposta de casamento foi uma surpresa, ela era apenas um caso e é evidente que como qualquer mulher ficou feliz com a possibilidade, parecia que finalmente teria sorte no amor. Quando estavam perto de casar Seva o surpreendeu Alp com outra mulher, aquilo a arrasou, era como se ele tivesse arrancado um pedaço dela, os dias se arrastaram, a família de Seve a culpou de maneira sutil, ela própria buscava em si os motivos para isso e seu coração pesou como se fosse feito de chumbo. Meses depois uma proposta de trabalho em Bodrum atuaria supervisionando uma restauração em mosaicos no palácio de St. Peter, construído entre 1402 e 1437, foi usado por muitos cavalheiros de nacionalidades diferentes como inglês, francês, e finalmente os turcos.
Também faria um serviço para o museu de Arqueologia Submarina onde seria levada a uma expedição Atlit Yam, a cidade situada no sul de Haifa, em Israel e seria nesse último ponto ao mergulhar com demais pesquisadores que a viu, o objeto parecia emitir um brilho incomum, ninguém mais parecia ver era uma estatueta de Inanna em meio a rochas, a coisa parecia pulsar como se estivesse viva, Seve acabou sentindo como se seus pulmões fossem inundados e seu coração desacelerou como se alguém tivesse decidido por ela que seu destino se entrelaçam a algo além de sua compreensão. Ficou uma semana internada, os médicos deram explicações lógicas, sua família foi até ela e Seve não sabia explicar o que houve, já fizera expedições como aquela anteriormente, mas nunca passou por nada parecido. Sua família chegou a insinuar que ela tentou pôr um fim a própria vida, embora estivesse com o coração em frangalhos queria viver a todo custo.
Nos dias que transcorreram ela tinha sonhos estranhos, um longo corredor escuro, paredes com símbolos que parecia reconhecer, mas logo sumiram e a voz intensa de uma mulher sussurrando seu nome. Os médicos relataram que isso era efeito de uma experiência de quase morte e que a maioria relata alguns delírios. As coisas pioram quando se via no espelho sempre sentia como se não fosse ela mesma ali. A tal estatueta não foi vista por mais ninguém e a expedição não retornaria ainda, foi quando recebeu um aviso que seus serviços não eram mais necessários pela Koc University. A mulher de Alp assumiria as aulas de Seve e aquilo a destruiu de vez, não acreditava que ele fez aquilo e sua pesquisa sobre Inanna seria dada a uma pessoa que jamais fez o mesmo esforço que ela tinha feito ao longo dos anos. Sentimentos conflitantes a corroíam, mas não tinha coragem de ir até lá, todos diriam ser uma mulher amargurada com um término tentando forçar sua presença ali e não sabia o que fazer. Estava cansada de se submeter, de ser covarde, de ter seu coração esmagado, das expectativas de sua família e de ter seus próprios desejos reprimidos para atender aos outros.
Uma noite saiu de casa sem destino, estava cansada de tudo, bebeu muito mais do que deveria. Debruçou-se para olhar o rio enquanto estava na ponte Kanuni Sultan Süleyman Köprüsü tinha nítida impressão que algo brilhava nas águas que eram iluminadas pelos postes e pela lua. A coisa parecia enviar uma mensagem e quando tentou ver mais sentiu como se seu corpo fosse puxado por água, coisa tão intensa que enviava uma onda elétrica através dela. Tudo escureceu ao seu redor, a água parecia um véu mortuário confortável e tudo que Seve sentiu foi como se algo quisesse que aquele momento acontecesse.
- einherji
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- Mensagem nº4
Re: [!Fichas!] Palma dos Deuses
- Background:
Professor de história? Arqueólogo?
Não... ele é um ladrão... É isso que dizem dele.
Mas como ele sempre diz, ladrões pobres são vilões, ladrões ricos são heróis patriotas.
Claro que ele leu muito sobre a magia ao longo da história, mas eram só truques para impressionar os burgueses.
Afinal, ricaços são covardes e supersticiosos. E cada frase ensinada por Cristo não difere da Serpente ou das de Hermes sobre o conhecimento.
Nada se sabe sobre a vida de Cláudio antes da década de 2000, a não ser que ele tinha estreado como um lutador e de grande nível em sua juventude no que viria a ser chamado de MMA e em uma série de corridas de racha. Praticamente viveu grande parte de sua juventude em rinhas humanas ilegais e de roubar "da casa" as apostas criminosas por essas geradas.
E sobreviver... ele é abençoado? Tem corpo fechado?
Sabe-se que possuía uma garagem abandonada no ABC Paulista, próximo da capital de São Paulo. Os registros da CIA, no entanto, afirmam que Claudio é: "Definitivamente um andarilho, ladrão e trapaceiro ardiloso, provavelmente do Porto de Santos e seu sobrenome pode ou não ser Expedito".
São Expedito, cuja avó dizia que tinha haver com o antigo culto secreto de Hermes...
Durante a infância e adolescência Cláudio é um neto de italo-espanhois nascido no Brasil, responsáveis pela greve anarquista que parou as máquinas e o campo do país todo em 1917. Seus avós e pais eram devotos cristãos católicos e alguns protestantes, que viveram próximos de outros imigrantes do começo do século, uma comunidade japonesa no bairro da Liberdade em São Paulo.
Entre seus familiares havia sua avó, uma velha sábia que era amante do espiritismo, da astronomia e que além de evangélica, frequentava o culto neo-gnóstico fundado pelo Colombiano Victor Manuel Gómez Rodríguez, que pregava que toda religião e sociedade ocidental era fruto de uma dominação de um maligno Demiurgo e seus Arcontes e que Hermes "Três Vezes Santo" era o primeiro Cristo contra as forças de Atum...
Dizem que na Liberdade lá ele salvou em uma noite a vida de uma pequena criança chamada Asuka Kasen de uma tempestade e inundação. Para descobrir que ela era a filha de um misterioso chefe da Yakuza , em troca ele ensinou os segredos dos truques mentais dos shinobi e suas habilidades mais secretas em combate marcial desarmado. O rapaz também buscou por si só saber a história de resistência de seu povo e as razões obscuras pelas quais essas raramente surgiam no Brasil e quando acontecia, não permaneciam no país muito tempo.
Vivendo sem muito dinheiro e se dedicando totalmente aos treinamentos Cláudio, no final da década de 90 era um erudito e hábil faixa preta de karatê e judô que lutava contra os jovens da família Gracie em vale-tudo para a família italiana Maroni, esse tentava gradativamente transformar São Paulo em uma nova Las Vegas tupiniquim com prostitutas e cassino, que justamente no seu auge aos poucos foram sendo proibidos com os jogos de Bingo. Por causa de insistência de sua avó ele envolveu-se com a colombiana Catléia nos anos 2000, que havia se separado recentemente do famoso cantor Seu Jorge, de quem tinha sido amante. Cláudio tinha um carro bom e fez algumas corridas com ele nos intervalos das lutas ganhando algum dinheiro.
A velocidade dos carros se mesclou à velocidade dos roubos. Ele foi para o Ceará, Fortaleza, onde eles embarcam em uma onda de crimes durante nove anos, nesse tempo todos seus pequenos golpes contra os mais ricos resultavam em dinheiro e bens que ele distribuía sem pensar. Ficando com o mínimo para sobreviver e conseguir mais livros em uma era em que a internet ainda estava se tornando uma fonte comum para pesquisa.
E isso irritava Catléia, (ou Katarina nos Estados Unidos) que odiava esse estilo "Robin Hood" do namorado e gradativamente armou um esquema para o deixar.
Cláudio estudava qualquer coisa que lhe caia à mão, mas se interessava em descobrir mais não só sobre a ciência, como também mais do que se poderia perceber. Ele se focou em empiricamente provar as teorias sobre o ki japonês e especialmente sua versão ocidental: "O Orgônio"... Um conceito espiritual e científico descrito como uma energia esotérica ou como uma hipotética força vital universal. Originalmente proposta nos anos 1930 por Wilhelm Reich e desenvolvido mais tarde por seu estudante Charles Kelley depois da morte de Reich em 1957, o orgônio foi concebido como o princípio antientrópico do universo. Um substrato criativo subjacente a tudo na natureza, comparável ao magnetismo animal descrito por Mesmer em 1779 e à força ódica de Carl Reichenbach de 1845... E ao élan vital de Henri Bergson de 1907.
O orgônio era visto como uma substância onipresente sem massa, similar ao éter luminífero, mas mais proximamente associado à energia vivente que com a matéria inerte. Supostamente este podia se acumular para criar organização em qualquer escala: desde as mais pequenas unidades microscópicas -telefonemas "bions" na teoria orgônica - até em estruturas macroscópicas como organismos viventes, nuvens ou mesmo galáxias. Através de pesquisas filosóficas ele acabou conectando as pesquisas secretas do Código da Vinci e entendendo o cálice da vida em cada ser e que ele queria alcançar a pedra filosofal... Claude compreende as falas de sua avó sobre alquimia e como a matéria consegue se moldar no universo e intervir sobre o mundo, mas apesar de tudo que já aprendeu, ele sabe que ainda tem muito a entender.
O conhecimento secreto da matéria, que é a origem e fim de todas as coisas. O alpha e o Omega... A Essência de tudo que nas tábuas de esmeralda escreveram.
Cada dia mais ele notava que os super-seres que hoje comandam o capitalismo, o estado e as religiões eram imbuídos provavelmente dessas energias e que ele precisaria entende-las plenamente para depois compartilhar esse conhecimento com toda humanidade.
A partir da meditação profunda e dos princípios presentes em livros de filosofia pré-socrática interpretada pelo iluminista Giordano Bruno e o místico , Claude conseguiu unificar esses conceitos ao longo de seu desapego com os bens materiais que os budistas falavam tanto... Apesar de tentar trazer sempre uma explicação filosófica materialista para os fenômenos que conseguiu alcançar e de tudo o que o cerca, muitas vezes suas capacidades mais secretas são vistas como sobrenaturais. Ele manteve suas reais capacidades em segredo mesmo de seus aliados... Uma verdadeira liga de ladrões que agia dentro de um sindicato...
No início de 2005, Cláudio e Catléia fizeram parte do grupo que roubaram o Banco Central em Fortaleza no Ceará. Cláudio ainda disse que a melhor coisa talvez fosse aproveitar que estavam ali para imprimir dinheiro e distribuir por toda cidade nas regiões pobres, mas obviamente foi questionado. Este foi o maior dos assaltos do casal e um dos maiores da história... Ela tinha como objetivo de minar a influência dos Maroni, seu antigo patrão e dono de um prostíbulo famoso, para fazer frente a ele, já a dele era distribuir o dinheiro entre a população pobre novamente e isso levou ao fim do relacionamento.
Obviamente em meio a várias discussões sobre o uso desse dinheiro eles se separaram. traído ele fugiu para os Estados Unidos onde foi ficou como imigrante ilegal, trabalhando para outra família italiana, a de Luigi e Mario Goterelli no Sex Club 7 até meados de 2017, onde foi preso acusado de outras acusações envolvendo o assassinato de um empresário multimilionário chamado Harman Summerfield e uma jovem amante, além de roubar-lhe uma jóia conhecida como "Diamante Florentino" com quem ele passou a noite... Ele esta aguardando ser deportado para o Brasil.
Cláudio, ou Claude como é chamado pelos gringos, teve um sonho estranho de que talvez fosse realmente ele quem matou os dois... Se via como um grande pássaro ou talvez um morcego voando até a torre...matando-os e deixando um bilhete para expor que eles não eram meramente humanos e sim Arcontes dos poderes superiores.
Sonhou várias vezes com isso, até que recebeu a visita de sua avó... Ela lhe contou sobre as tábuas de esmeralda, sobre os segredos místicos de Hermes Trimegistro e que ele precisaria passar por todas essas imposições do Demiurgo para o vencer no futuro.
Tudo aquilo lhe soou tolice. Acho que talvez o tal morcego seja um antigo aluno de alguma escola shinobi que estudou na Liberdade, mas ela insistia que as asas são o símbolo de Hermes e que Samael Aun Weor dizia que Camazotz e até Cristo eram uma de suas muitas manifestações e que o próprio Cláudio era mais uma delas.
Claudio Expedito, Claude Speed, pediu para sua avó tira-lo dali.
Era sorriu, ele sentiu que não existia prisão além de sua própria mente. Mas ela contou duas coisas mais materialistas para Cláudio...
A primeira era que Catléia virou uma chefona do tráfego com a Colômbia e a segunda é que alguns dos aprisionados estão sendo deportados para o possível agora que o atual governo esta investindo no esporte do MMA, que deram para o antigo Vale-Tudo.
Talvez seja melhor coisa para se preparar do que enfrentar morcegos e fantasmas de sábios divinos como Bruno e Samael durante o Natal passado e futuro...
...enquanto adormecia em sua cela, noite após noite ele via a imagem de seres alados com seis asas gritando que
Santo, Santo, Santo é Hermes!
Senhor dos ladrões e dos exércitos diplomatas.
- einherji
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- Mensagem nº5
Re: [!Fichas!] Palma dos Deuses
- Background:
Ann-Louise nasceu em uma família de classe media em uma vizinhança relativamente normal, mas ela não era exatamente normal aos olhos dos outros. Seu pai era professor de antropologia de uma conceituada universidade sueca e sua mãe dava aulas de psicologia na mesma instituição.
Quando criança, Ann se divertia ouvindo música e desenhando, mas deixou isso de lado para entrar para a torcida na tentativa de ser socialmente aceita para que as vagabundas ordinárias da escola parassem de zombar dela por ser "diferente".
Cansada dessa estupidez e perversidade, Ann focou em encontrar pessoas como ela. Não demorou para que fizesse bons amigos, apesar de nunca ser realmente popular na escola. Mas também não era uma otária e nem uma desordeira. Era apenas uma garota que geralmente não era notada.
Foi para a universidade mais por pressão de seus pais do que por vontade própria. Mas foi lá no curso de Design e Arte que conheceu Nicklaus Källström ou simplesmente Nick. Tudo parecia que finalmente daria certo.
Então o mundo de Ann ruiu. Era feriado de midsommardagen quando viu a casa de seus pais se invadida por um maluco armado em uma viagem de ácido. Assistiu o delinquente arremessar seu irmão pelas escadas, balear seu pai e perseguir sua mãe até a cozinha onde a esfaqueou. Ann correu, mas as raízes no jardim pareceram mãos que a seguraram e a derrubaram no chão. Ao olhar para trás, Ann viu apenas o martelo de carne atingir-lhe bem entre seus olhos.
Antes que pudesse dar por si, Ann estava acordando em uma cama de hospital. Abalada com a perda de sua família, Nick era o única coisa que restava na vida da garota.
Ela tentou retomar a vida. Mas como não há nada tão ruim, que não possa ficar pior! Após ter cãibras e fraquezas nas mãos recorrente, Ann decidiu procurar um medico. Recentemente, ela foi diagnosticada com esclerose lateral amiotrófica.
Se vendo com pouco tempo de vida e sem querer se tornar um fardo para ninguém, Ann terminou seu relacionamento com Nick, largou a universidade e partiu em uma jornada final. Consigo não leva mais que uma mochila com algumas mudas de roupas e um velho livro de magia da deusa Freiya de pai. Não que ela acredite nessas coisas, mas em momentos desesperados... E também é uma boa recordação de tempos felizes.