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    Prólogo – Rivalidade Fraterna

    Count Zero
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    Mensagem por Count Zero Sex Dez 16, 2022 3:29 am

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    “Pode subir agora. A senhora disse que precisa muito falar com você”.

    A coisa toda tinha acabado em merda, como era de se esperar, e alguém tinha de dar as notícias. Yutaka só não queria que fosse ele o escolhido – quem ia querer, afinal? Com respiração ofegante e suando demais em seu terno novo, ele tomou o elevador como se estivesse indo para uma câmara de execução. “Merda”, pensou. “Talvez eu tome mesmo um tiro… Ou talvez algo pior aconteça?”.

    A adrenalina pulsava pelo seu corpo conforme caminhava pelo corredor – que agora parecia muito mais comprido do que realmente era. Quando parou diante da porta, observou o ideograma da facção hato na porta como um sinal de mau agouro. O cromo em seu sistema auditivo não detectava nenhum som diferente atrás da porta, o que não significava necessariamente algo bom. Ele ajeitou o terno, respirou fundo e expirou pela boca, tentando aliviar a tensão e, quando estava prestes a se anunciar, a porta se abriu. “Ah que ótimo”, pensou. “Ele está aqui também, é claro”. Kenichi Zaburo o encarava friamente. “Pode entrar, Yutaka”, a voz de Michiko soou por de trás do seu guarda-costas, que liberou a passagem para ele.

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    Sob a noite escarlate, Michiko, a senhora Arasaka estava olhando as luzes da cidade pela grande janela do escritório, parecendo estar em uma espécie de transe reconfortante. A baixa iluminação em tom azulado dava um toque etéreo ao lugar. Isso seria um tanto calmante se Kenichi não estivesse bem atrás dele, como um assassino tirando vantagem dos cantos cobertos de sombra.

    “E então?”, a voz dela soa calma. O software de análise de voz não detectou nenhuma raiva ou preocupação em sua voz. “Que atualizações seus relatórios me trazem, caro Yutaka?”. Ele engoliu em seco. Não havia volta agora.

    “Tivemos noventa e três por cento de baixas. Dos vinte e três locais analisados, nossos esquadrões foram totalmente eliminados em dezenove deles”.

    Michiko se virou para ele. Estava controlada, mas havia algo soturno em seus olhos. Um silêncio longo e desconfortável tomou conta do escritório. Yutaka já estava esperando um tiro ou golpe de lâmina de Kenichi, mas nada aconteceu. “Ao menos tivemos alguma confirmação?”, ela pergunta, ainda mantendo a calma. “As equipes tiveram chance de analisar o local antes de terem sido neutralizadas?”.

    “Sim”, ele agora diz um pouco mais calmo, vendo uma oportunidade de amenizar a situação. “Todos os setores investigados foram reportados como falsos, exceto os setores sete, doze e dezesseis. As equipes foram exterminadas antes que pudessem confirmar se…”, e então ele parou, quando viu Michiko andar rapidamente até o computador. Ela digitou suas credenciais, emitiu um comando complexo, e então um mapa de Night City surge no monitor. Ela emite um comando de filtragem, e então apenas os setores mencionados são exibidos. Todos eles estavam em zonas de alto risco, mas ainda assim Michiko sorriu.

    “Não foi em vão, apesar de tudo. Conseguimos definir os alvos certos”. O sorriso de Michiko permitiu Yutaka reunir uma porção de coragem. “Senhora, tem mesmo certeza que deseja continuar investindo recursos nisso? Até onde sabemos, tudo isso pode ser apenas um boato, ou mesmo um trote de mau gosto. Tivemos muito prejuízo analisando esses setores”. Michiko o encarou – dessa vez com raiva, o que fez ele calar a boca imediatamente.

    “É por isso que estamos fazendo isso em segredo, Yutaka”, ela usou um tom debochado, como se explicasse algo extremamente óbvio a um estúpido. “Se isso for mentira, esse fracasso ficará entre nós. O autor do boato jamais saberá que nos fez de bobos. Mas se isso for verdade… Pode imaginar o que isso significa? Imagina quanto poder isso representa?”. Ela esperava uma resposta, mas Yutaka já não tinha mais coragem para dizer nada, então ela continuou. “Imagine se esse conhecimento cair nas mãos do meu irmão ou outro dos meus parentes, ou mesmo nas mãos da Militech ou outros de nossos rivais… Tudo vai ser pior se tivermos que fazer uma corrida. Não quero uma competição entre corporações por isso. A última coisa que precisamos é de outra guerra”.

    “A senhora deseja que eu reúna mais esquadrões?”, perguntou em um tom de derrota, conformado.

    “Não. Está claro que não vamos conseguir nada com grandes operações. Por mais que seja arriscado, terei que tornar isso público de maneira controlada. Em outras palavras, precisaremos de ajuda de fora; ninguém relacionado a nós diretamente”. Essas palavras pegaram Yutaka de surpresa.

    “A senhora está sugerindo…”.

    “Sim. Cyberpunks. Me envie todos os dados que tiver dos grupos ativos na cidade. Vou ter muito o que analisar, ponderar e planejar”.

    Quando ele deixou o escritório, ainda estava chocado pela decisão de Michiko. Algo tão importante, feito até então em segredo absoluto camuflado com outras operações de fachada, e agora ela simplesmente quer contratar Cyberpunks para cuidar disso?

    “Quer saber? Foda-se”, pensou. “Não é problema meu, e agora ela está de bom humor. Vou aproveitar enquanto estou na vantagem”.

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