Carmesim (Ragna)

Levantei a cabeça e encarei o guardião da muralha com uma mistura de nervosismo e determinação. Meu coração batia acelerado, as palmas das minhas mãos estavam úmidas e sentia um frio percorrer minha espinha. A imponente estrutura de gelo e a presença dos guardas me intimidavam, mas sabia que não podia permitir que o medo me dominasse. Estava determinada a encontrar alguém na tribo do leste que pudesse me ajudar a entender e desenvolver a dobra de sangue.

Respirei fundo, buscando coragem, e, com uma voz que tentava manter firme, respondi ao guarda:

- Sou Ragna, uma viajante em busca de conhecimento. Venho de muito longe, do meu vilarejo no norte, em uma jornada árdua e solitária. Trago comigo o peso de uma responsabilidade e a necessidade de compreender a dobra de sangue. Acredito que aqui na Armada dos Lobos eu possa encontrar as respostas que tanto busco.

Enquanto minhas palavras ecoavam no ar, meu coração martelava dentro do peito, quase como um tambor frenético. Meus olhos permaneciam fixos nos do guarda, transmitindo minha determinação e a chama que ardia dentro de mim. Acreditava que, se demonstrasse minha sede de conhecimento e minha vontade inabalável de superar qualquer desafio, eles reconheceriam a importância dessa busca e permitiriam minha entrada.

Em meio à tensão do momento, uma centelha de esperança me acompanha. Sabia que a estrada até aqui havia sido árdua e solitária, mas também sabia que estava disposta a enfrentar qualquer obstáculo para alcançar meu objetivo. Não importava o que estivesse por vir, estava pronta para encarar o desconhecido e descobrir o meu verdadeiro potencial.

Ao ouvir as palavras da guardiã, senti um misto de esperança e curiosidade. A ideia de encontrar respostas sobre a dobra de sangue e possivelmente encontrar outros dobradores era tentadora, mas também reconhecia a gravidade e os perigos envolvidos nesse tipo de domínio. No entanto, a menção aos anciões despertava minha curiosidade, pois eles poderiam ser fontes de conhecimento valiosas.

- Agradeço vossa hospitalidade e compreensão, guardiã. - Faço uma breve mesura. - Prometo não trazer qualquer problema para a Armada do Lobo. Assim, como me disponibilizo para qualquer tipo de ajuda que eu possa prestar. -  Com um sorriso no rosto, segui em direção à entrada da cidade. Sentia a temperatura gelada cortando minha pele descoberta, mas isso não me desencoraja, pois estava acostumada ao clima frio da minha terra natal.

Enquanto me aproximava das fogueiras que aqueciam os pontos de passagem, observei os guerreiros com seus bumerangues de ferro, impressionada com a destreza necessária para manejar aquelas armas. Admirei por um instante a força e a habilidade desses guerreiros, percebendo que a vida na Armada do Lobo exigia coragem e determinação.

Atravessei as fogueiras e avancei em direção à construção de madeira e gelo, que parecia ser o coração da cidade. Mantive os olhos atentos, procurando por alguém que pudesse me guiar até os anciões. Se algum dos moradores estiver disposto a me ajudar, abordei-os respeitosamente, explicando meu objetivo de falar com os anciões e pedindo sua orientação.

Aguardei então por uma resposta ou alguma indicação, minha mente estava repleta de perguntas e expectativas. Estava ansiosa para descobrir mais sobre a dobra de sangue, conhecer outros dobradores e talvez até encontrar respostas sobre a forma de subjugar um Avatar através desse poder.

Fiquei intrigada e um pouco surpresa quando o homem ergueu a mão para me chamar e abriu espaço para mim no círculo dos anciões. Aquela tribo de guerreiros tinha despertado minha curiosidade desde o momento em que cheguei, e agora parecia que finalmente teria a oportunidade de descobrir mais sobre eles e sobre a tranquilidade aparente que reinava ali.

Com passos firmes, caminhei em direção ao círculo, sentindo o olhar de todos sobre mim. Enquanto me aproximava, mantive uma expressão séria e respeitosa, mas também curiosa. Eu estava pronta para ouvir o que eles tinham a dizer e entender melhor a dinâmica daquela tribo.

Ao me juntar ao círculo, sentei-me com cuidado, tomando cuidado para não interromper a conversa animada que os anciões pareciam estar tendo. Tentei captar trechos da conversa enquanto aguardava que eles me dirigissem a palavra. Da janela Narok me observava atentamente.

Enquanto isso, meu olhar percorreu o círculo dos anciões e pude sentir a energia e a determinação que emanavam de cada um deles. Havia algo especial naquela tribo, uma força que os unia e os fazia parecerem prontos para qualquer desafio que surgisse.

Enquanto aguardava pacientemente, minha mente estava cheia de questionamentos. Quais segredos eles guardavam? Qual era a causa da aparente tranquilidade em meio a um mundo conturbado? Eu estava ansiosa para descobrir as respostas e, quem sabe, encontrar um caminho para ajudar na luta contra Kamai e proteger nosso mundo.

Respirei fundo, preparada para absorver cada palavra e cada ensinamento que os anciões compartilhassem comigo. Sabia que aquele encontro poderia ser um ponto de virada em minha jornada e estava pronta para enfrentar qualquer desafio que se apresentasse.

Enquanto as palavras do ancião ecoavam em minha mente, senti um misto de gratidão e responsabilidade. A serenidade do ambiente e a presença dos anciões despertaram em mim um profundo respeito pela tradição e pela sabedoria acumulada ao longo dos anos. Respirei fundo, buscando clareza em meus pensamentos antes de responder ao ancião. Com humildade e sinceridade, encontrei as palavras certas para expressar meus verdadeiros motivos.

- Respeitado ancião, agradeço pela oportunidade de estar aqui e compartilhar meus anseios. Meu interesse na dobra de sangue é impulsionado por um desejo genuíno de proteger e preservar a harmonia da minha tribo e de nosso mundo. Reconheço a imensa responsabilidade que essa habilidade traz consigo, e é justamente por isso que busco compreendê-la e dominá-la.

Enquanto olhava para os outros anciões, tentei transmitir minha determinação e comprometimento através do olhar. Sabia que minhas palavras não podiam ser apenas vazias promessas, mas sim demonstrar a conexão profunda que eu sentia com a grandeza e a importância dessa jornada.

- Além disso, respeitados anciões, há um motivo pessoal profundo que me impulsiona nessa busca. Durante uma noite de lua cheia, quando o véu entre os mundos parecia mais tênue, algo despertou dentro de mim. Senti o fluxo intenso e incontrolável da dobra de sangue correndo em minhas veias, e o medo se apoderou de meu coração. - Nesse momento, minhas mãos instintivamente se moveram em direção ao peito, como se buscasse acalmar a agonia que sentia. Prossegui, compartilhando minha preocupação sincera.

- Eu temo que, se não aprender a dominar esse poder, possa vir a causar danos irreparáveis às pessoas que amo. Acredito que, ao enfrentar essa jornada e buscar compreender a dobra de sangue em sua essência, poderei encontrar um caminho para controlá-la e utilizá-la com sabedoria.

Concluí minhas palavras, sentindo-me humilde diante dos anciões, aguardando com serenidade a reação deles. Reconhecia que minhas intenções seriam avaliadas e minha determinação posta à prova. No entanto, confiava em meu propósito e na convicção de que minha jornada em busca da dobra de sangue era verdadeira e alinhada com os valores daquela comunidade.

E assim, unindo minha busca pela proteção e preservação da harmonia, juntamente com a expressão de meus medos e a necessidade de controle, me colocava diante dos anciões, pronta para embarcar nessa jornada de aprendizado e autocontrole. Mantinha a esperança de me tornar uma guardiã da harmonia e da vida, honrando a tradição e os ensinamentos transmitidos ao longo das gerações.