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    Uma gota numa folha

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    Mensagem por Edu Qua 29 Nov 2023 - 17:58

    Uma gota numa folha _d581410

    O sol lentamente ia morrendo no oeste e o brilho dourado era substituido aos poucos pela cor prateada da lua. Do alto da plataforma circular ele observava sua filha lá embaixo da escadaria. De joelhos no pier Miriel olhava perdida as águas do rio Lhûn seguirem o seu curso. A tristeza parecia encher o seus olhos, mas era de se duvidar que lá de cima seu pai pudesse ver isso.

    O coração estava dolorido vendo o sofrimento da filha em meio a partida do mortal.  Não era algo que qualquer pai desejasse ver, mas dado o contexto talvez fosse necessário. Ele ainda perturbado com o que via e com a culpa lhe devorando por dentro. Comentou para outro elfo que estava ao seu lado e lhe ajudara na empreitada de mandar o mortal embora:

    - Porquê ela sofre tanto com a partida dele? Por acaso não sabe que os mortais são como gotas d'água numa folha? Seja pela queda ou pelo vento a água escorrerá e cairá no chão. Um elfo não pode desperdiçar a sua atenção com algo tão fragil e breve.

    No pier ainda de joelhos próximo a água Miriel estava parada observando em silencio o fluir do rio.

    - Me diga, Aerim, porquê minha filha sofre tanto por um destino que não pode mudar? A vida desse mortal seria arrancada dela de qualquer jeito. Diga-me Aerim o que eu não consigo enxergar nesse caso? Porquê não consigo entender minha filha?

    Aerim que ajudara o pai de Miriel a desacordar Hadreth e a bota-lo no barco, olhou para o pai de Miriel. Com uma expressão seria ele respondeu:

    - Acredito que isso talvez pertença a um daqueles mistérios que nem os sabios conseguem compreender, talvez a brevidade da vidas dos mortais tenha acentuado os sentimentos da sua filha, senhor. Existe um rio que corre no peito dela em direção a esse mortal. O que  tentamos fazer foi construir uma repressa para impedir o fluxo das águas, porém temo que isso não será o suficiente, meu senhor. Vendo-a desse jeito acredito que esse rio deve correr o seu curso ou uma tragedia maior acontecerá.

    O pai de Miriel não pareceu receber a resposta de Aerim de bom grado. Ver a sua filha envolvida com um mortal era algo perturbava ele profundamente.

    - Minha filha é uma eldar! Sua vida junto a esse mortal, esse Haldreth, é uma aberração! Tanto ele como ela vão sofrer por uma coisa que não é para ser. O mortal partirá, ela ficará e nunca poderá segui-lo. Isso não é uma coisa que desejo para minha filha. O que ela está sentido agora é temporário, logo ela irá esquece-lo e seu coração amará um do nosso povo.

    - Mas o sofrimento da perda dele ela já está vivendo, meu senhor, e o pior de tudo é baseado numa mentira criada por nós. O coração dela sabe da verdade enquanto sua mente tenta acredita no que dizemos para ela. Enquanto não dissermos a verdade esse conflito no seu ser continuará e irá para as terras imortais com ela. O senhor quer isso para sua filha? Ou quer que pela eternidade ela olhe para você como sendo aquele que a traiu? E no oeste ela ficará até o fim dos tempos com a ideia de “e se”. Eu acredito que algumas coisas devem seguir o seu curso, o mortal irá partir de qualquer forma  e ela continuará o seu destino de forma natural. O que nós fizemos foi impedir que o curso natural do destino acontecesse, devemos corrigir o nosso erro.

    O pai de Miriel ficou em silencio com a resposta de Aerim. Olhando para o fim da escadaria , observava Miriel. O seu rosto carregava uma expressão taciturna, dava para perceber que ele medía o que tinha feito internamente.

    Uma escolha se apresentava na sua frente. Deixava o rio correr o seu curso? Ou tentava conter as águas? E será que estava realmente certo sobre as vidas dos mortais? Elas eram somente uma gotas numa folha ou são algo mais?

    Já Miriel olhava as águas do rio Lhûn tentando entender o que acontecera. Seu coração dizia nada tinha acabado, Haldreth não a deixara. Já a sua mente a tentava convencer que ela devia corrigir o curso da sua vida e voltar para o destino do seu povo como era o natural. O fluir das águas no seu coração, no entanto nunca parara e o destino era certo, o mortal. Aquele que aparecia para ela seria sempre como uma chama brilhante, iluminando e aquecendo o seu coração


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