Suhee (Lucrezia)- Classe: Nobre 5.
- Atributo: P8, H5, R7; Dano 20, PV 40/40, PM 16/16.
- Elemento: Luz.
|
Suhee é tomado por uma sensação horrível de culpa enquanto mentia para Sabrina, ciente de que nunca havia tentado seduzir o rei. O sentimento era desagradável e parecia uma coisa em sua consciência, como um grilo falante que ficava apontando seus pecados.
Alheia às emoções de sua rainha, Sabrina prepara seu banho enquanto sua refeição chega. Como o rei havia dito, uma das cozinheiras comparece e prova de cada prato servido, assim como do vinho.
O banho era relaxante, a água era tépida, agradável. A espuma era como uma carícia agradável. Sozinha na banheira, a reencarnada tinha um tempo para pensar em sua situação. Após algum tempo seu corpo foi tomado pela agradável sensação de vigília que precede o sono.
. . .
Lucrezia movia-se pelo túnel escuro formado pelas sebes do jardim, rumo ao labirinto nos fundos do palácio real de sua família. Tinha doze anos e aquele lugar havia sido palco de muitas brincadeiras em sua infância feliz.
Uma menina de cabelos castanhos puxava-a pela mão. Bonita, ao seu modo, uma beleza campesina que atraía poetas, mas dificilmente um grande senhor. Não, Lucrezia tinha a beleza que cativava reis, que fazia o povo suspirar como se estivessem diante da própria Virgem Sagrada. Mas Sabrina – pois aquela menina era ela – era só bonita. E era sua melhor amiga. Provavelmente a única que já teve, na verdade. Lucrezia só poderia ser amiga de alguém que não representasse ameaça a si mesma.
Era noite alta, a lua estava alta no céu, as estrelas brilhavam em um céu sem nuvens. Sabrina fez um sinal de silêncio com o dedo enquanto a guiava por um buraco no muro do labirinto. Não passariam por ali se fossem adultas. Chegaram a um nicho escondido que era seu objetivo e dali podiam observar o que ocorria no centro exato do labirinto – um coreto convidativo para encontros românticos. Não deveriam estar ali, era algo proibido. E um tanto assustador.
E excitante. Muito excitante.
Havia uma pessoa no coreto. Vestia um manto escuro que tornava difícil perceber se era homem ou mulher. Era uma figura alta, mas um tanto recurvada, como se o peso dos anos cobrasse seu preço. Os cabelos brancos que emergiam do capuz reforçavam a ideia de ser uma pessoa idosa. Desenhava um símbolo estranho no chão com algo vermelho. Colocava velas. Mas o que chamou a atenção era um espelho próximo. Sua moldura era de madeira de lei e possuía detalhes em ouro. Lucrezia sabia avaliar o valor das coisas, era parte de sua formação, então percebia que era um espelho caro, principalmente um tão grande, de corpo inteiro, como aquele.
A figura solitária terminou o que fazia. Era um círculo e um pentagrama, bem grande, com elas nas extremidades da estrela, onde tocavam o círculo.
"Bruxaria!", pensou. Aquilo era contra tudo o que a Igreja ensinava. Uma pessoa santa podia pedir favores aos espíritos da Luz, mas nunca comandá-los ou a quaisquer outros daquela forma, obriga-los a cumprir sua vontade. Era pecado. Mas ela não se importava com aquilo, detestava a Igreja e a forma como o Padre Toretto olhava para ela quando o pai não estava vendo. A Igreja era indigna, a Virgem estava morta e nenhuma outra havia surgido para substitui-la. Ela sabia que seu pai não confiava nos sacerdotes e intimamente os desprezava, embora nunca dissesse isso abertamente.
Ela virou-se para Sabrina, que sorria, empolgada, incapaz de desviar o olhar, e fez outro sinal para que Lucrezia não falasse nada. Então a princesa de Verdi voltou a observar o ritual.
Duas outras figuras aproximaram-se, ambas também com capas negras e capuzes escondendo seus rostos. Uma delas era alta e forte, não tinha como não ser um homem. Carregava um saco preto. A outra era menor e mais magra. O homem abaixou o capuz, um pouco impaciente revelando um homem de mais de quarenta anos, os cabelos loiros já escassos, a barba e cavanhaque dourados e bem cuidados. Lucrezia conteve um espanto – "papai!". Gian Donati, rei de Verdi, observou o círculo ritual com uma expressão de desagrado, mas quando a figura próxima ao círculo o chamou com o gesto, ele avançou e tirou um osso do saco. Depois outro e mais outro. Por fim um crânio. Eles montaram o esqueleto – humano, ela podia ver – dentro do círculo. A outra pessoa parecia tímida e não queria chegar perto, mas quando eles terminaram o trabalho ela não pode deixar de atender ao chamado da primeira. Esta abaixou o capuz... "Vó Olga! Espera, então a outra é..." ela viu os cachos loiros que deixavam o capuz e teve uma percepção súbita: "Tia Giovanna!"
Era a irmã mais nova de Gian e todos diziam que Lucrezia parecia com ela quando mais nova, então tinha confiança de que seria linda, assim como a tia. Giovanna havia perdido o marido há dois meses e mergulhado em um luto profundo. "Nunca vou amar tanto um homem a ponto de sofrer tanto por ele", Lucrezia dizia a si mesma.
Os três deram-se as mãos e aquela que devia ser Vó Olga começou a entoar algo – e Lucrezia teve certeza que era a avó de Sabrina, pois Olga era das Ânglias Orientais e as palavras que pronunciava eram daquele idioma, embora ela não pudesse entender o que diziam. Os ânglios eram bárbaros pagãos e de Olga dizia-se que havia sido capturada pelo avô de Sabrina quando ainda era jovem – o falecido marido de Olga era um mercenário lutando no norte de Alba contra aquele povo que constantemente atacava a costa setentrional de Volgia para saquear.
Algo acontecia. Uma fumaça começou a emergir dos ossos. Lucrezia pegou a mão de Sabrina, que respondeu apertando com força. Não sabia como a amiga se sentia, mas ela estava tensa e... animada, de algum modo. O medo se combinava com a excitação para criar um sentimento novo, empolgante.
Os ossos desapareceram enquanto a fumaça tomou forma humana. Um homem nu. Corpo de músculos bem definidos, sem excessos. Jovem. Cabelos vermelhos. Bonito.
"Tio Jean". Jean-Luc Picard, o falecido Marquês de La Barre e marido de Giovanna. Lucrezia lembrava daquilo das preleções do Padre Toretto. Necromancia, a invocação dos mortos.
Tia Giovanna baixou o capuz, chocada. Levou a mão ao rosto do marido, emocionada.
Giovanna PicardJean-Luc! Ó... Mas ele não respondia, seus olhos estavam fixos à frente e ele não se movia. Olga a afastou de um modo um tanto rude e deu uma ordem ao marquês, que se deitou no chão de forma mecânica, como um autômato.
Lucrezia sabia muito bem como crianças nasciam, mas nunca havia visto um homem nu. O marido de sua tia era um homem atraente, isso era evidente. Ela sentiu um calor que se misturava com todas as outras emoções. Ela temia encarar Sabrina, com medo de que a amiga descobrisse o que estava passando consigo.
Gian e Olga conversaram com Giovanna rapidamente e saíram. A jovem esperou que saíssem e encarou o marido deitado por alguns momentos, em dúvida. Então começou a tirar a roupa...
. . .
SabrinaLUCREZIA! Suhee abriu os olhos subitamente, escorregou da posição em que estava e mergulhou a cabeça na água, bebendo um pouco dela inadvertidamente. Não era Lucrezia, não tinha doze anos. Era uma mulher de outro mundo ocupando um corpo que não era seu. Sabrina tinha uma mão em seu ombro e olhava para ela um pouco preocupada.
SabrinaQue susto. Você não respondeu quando chamei, não sabia o que pensar... devia estar mesmo cansada. Mas deve sair e se vestir, a pirralha está aí e quer vê-la. A Princesa Blanche. - Spoiler:
Rondas: quartas e sábados. |