Prólogo - Uma noite de inverno
!Rivendell Castelo Real @thendara_selune
Existe uma lenda famosa no reino que conta como Isleen, uma bruxa do gelo, seduziu o nobre cavalheiro Johan de Rivendell para que ele perdesse o sol que guardava todos os dias, em seu castelo no topo da montanha, quando dava a hora do poente.
Naquela noite, ela dançou para Johan e fez truques de magia para enfeitiçar seus olhos. O honrado cavalheiro, então, não percebeu o sol se aproximando da montanha e deixou ele escapar sem que fosse guardado em lugar seguro.
O cavalheiro, enraivecido, amaldiçoou Isleen e seus deuses pagãos, expulsando a magia dos três reinos unidos. Desde então, todos os dias são inverno em Rivendell e o povo do reino nem mesmo sabe o que é a luz do sol.
As pessoas mais antigas diziam que o reino de Rivendell já fora fértil, cheio de magia e com dias de verão alegres, claros e quentes... Mas, depois daquela primeira noite de inverno, tudo mudou. Os cidadãos se tornaram frios como a bruxa do gelo e a alegria fora dizimada de seus corações.
Há quem afirme que, no topo da montanha, escondida entre as árvores, ainda vaga a bruxa que fez o cavalheiro perder o Sol... E que ela adora dedos congelados de crianças para saciar a sua fome.
Estava tão frio naquela manhã, que você se lembrou dessa lenda. Em uma época diferente, sem um quarto tão aconchegante e cobertas e peles tão grossas, você se lembrou de sua mãe de criação recolhendo a lenha que virara carvão no fogão à lenha, para colocar sob sua cama. As mãos dela estavam pretas pela fuligem e, para uma jovem como você era, parecia absurdo como ela conseguia colocar a mão naquela quentura sem se machucar. Ela dizia sempre, quando você dizia para ela ter cuidado:
“Não podemos deixar o frio entrar, ou a Bruxa vai vir comer seus dedos! Vamos, vá para a cama se cobrir”
Hoje, claramente você percebia que era apenas um pretexto para as crianças não fazerem estripulias a noite, quando estava frio demais... Mas, mesmo que fosse uma besteira, aqueles tempos sem tanto luxo pareciam tão longe... E tão saudoso.
***
O dia nem tinha começado a clarear e os olhos da princesa já estavam abertos. Na verdade, você nem sabia se tinha conseguido dormir de fato. Fazia mais de uma semana que a volta de seu marido fora anunciada, mas nenhum cavalo chegara no castelo de Rivendell até então. Três anos desde a noite do casamento. Três anos em dúvida.
Algumas criadas já começavam a aquecer seu quarto, ligando a lareira, as velas, levando água para ferver na lareira para o seu banho. Como as cortinas pesadas de pele da cama de Fantine estavam fechadas... E era muito cedo, elas pensaram que a princesa dormia e fofocavam baixinho.
“Ouvi falar que a Caravana passou direto pelas fronteiras de Rivendell para ir encontrar o Imperador. Acho que ele nem quis perder tempo aqui” – uma delas disse, cochichando.
“Sim! O Imperador ofereceu a própria irmã para se casar com ele, não é? Aquela que entrou em sua linha de sucessão depois do príncipe morrer na guerra...” – outra voz cochichou
“Aham, ela é tão linda! Não tem esses cabelos de ferrugem, igual as bruxas bárbaras. Ele deve querer uma princesa de verdade... E não uma bast...” – a primeira voz tornou a falar, mas foi interrompida com o estalar de uma bengala no chão de madeira.
Todas deram um gritinho de susto.
- Vocês deviam trabalhar mais e falar menos. Não vejo os trajes de inverno da princesa prontos. Já bateram a poeira e perfumaram ele? Andem, eu cuido da princesa hoje – a voz era de Evelyne, sua dama de companhia. Com todos, ela era muito dura e rígida, mas com você, talvez a única pessoa gentil daquele castelo.
Quando as portas se fecharam, ela suspirou de forma pesada.
- Eu duvido que esteja dormindo, após a barulheira dessas criadas, minha princesa. Vou preparar o seu banho – ela disse, andando pelo quarto e abrindo uma das peles do dossel da cama de Fantine. – Forgart quer se reunir à vossa alteza. Eu disse que estava indisposta. Precisa estar bonita, sinto que seu marido chegará logo. Com certeza ele não está indo ver a irmã do Imperador – ela sorriu. Você conhecia a irmã do Imperador. Como ela se chama? Qual a aparência dela? Como é a relação entre as duas princesas? – Se lembra do dia que o conheceu?...
Forgart estava na carruagem com você e Evelyne, estavam quase chegando em Stonegates, o castelo do Imperador. Estavam em cima da hora para o baile, mas a rainha de Rivendell, atual mulher de seu pai, tinha dado um chilique antes de saírem, pois não queria dividir a carruagem com alguém que “não era da família real”, claramente se referindo a você. Apesar da marca que provava seu sangue azul, desde que chegara no castelo, sendo filha de um caso do Rei, as coisas não foram nada fáceis.
Forgart pigarreou – É muito importante que se porte bem hoje, vossa alteza. Sei de suas origens simples e pouco entendimento do nosso cenário político, mas o Sir Calypse acabou de herdar as terras de Midland. Além disso, é um dos Remdragon Knights – o homem fez uma careta – Um bando de mercenário das terras bárbaras, que nos dão trabalho com muita frequência. Quando eu te vi naquela vila, soube que você seria a solução para esse problema. Você parece o tipo de mulher que eles gostam lá, aqui ninguém ia querer casar com alguém de aparência tão... espalhafatosa – as mulheres do reino eram mais magras, com poucas curvas, cabelos lisos, geralmente pretos ou loiros. Mesmo o conselheiro falando aquilo, Fantine já o tinha pegado olhando pra ela várias vezes com malícia. – Mulheres de valor são como minha querida Evelyne. Não vejo a hora de nos casarmos também – Evelyne não parecia tão animada. Ela não tinha dito um pio naquela viagem.
- E não é só isso. Além do casamento, um inimigo em comum. Há forças fora de controle que estavam há muito adormecidas... E, agora, estão nos ameaçando. Eles são especialistas nisso, ao contrário do nosso exército. E lutarão por nós. Então não há a possibilidade dele te rejeitar, entendeu?
Ele era seco, sem empatia. Era impossível imaginar que Evelyne estava com ele por amor.
A Carruagem entrou pelo grandes portões de pedra e o conselheiro desceu na primeira parada. As damas desceriam em frente ao castelo. Evelyne pareceu relaxar os ombros.
- Vossa alteza, olha o tamanho desse castelo! – parecia encantada. Era um castelo realmente enorme, a vila abaixo dele era próspera e o clima menos gelado que Rivendell... Mas ainda era inverno e nenhum sol era avistado. A dama de companhia olhava pela janela – Você acha que sua nova casa vai ser tão grande quanto?!
Naquela noite, ela dançou para Johan e fez truques de magia para enfeitiçar seus olhos. O honrado cavalheiro, então, não percebeu o sol se aproximando da montanha e deixou ele escapar sem que fosse guardado em lugar seguro.
O cavalheiro, enraivecido, amaldiçoou Isleen e seus deuses pagãos, expulsando a magia dos três reinos unidos. Desde então, todos os dias são inverno em Rivendell e o povo do reino nem mesmo sabe o que é a luz do sol.
As pessoas mais antigas diziam que o reino de Rivendell já fora fértil, cheio de magia e com dias de verão alegres, claros e quentes... Mas, depois daquela primeira noite de inverno, tudo mudou. Os cidadãos se tornaram frios como a bruxa do gelo e a alegria fora dizimada de seus corações.
Há quem afirme que, no topo da montanha, escondida entre as árvores, ainda vaga a bruxa que fez o cavalheiro perder o Sol... E que ela adora dedos congelados de crianças para saciar a sua fome.
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Estava tão frio naquela manhã, que você se lembrou dessa lenda. Em uma época diferente, sem um quarto tão aconchegante e cobertas e peles tão grossas, você se lembrou de sua mãe de criação recolhendo a lenha que virara carvão no fogão à lenha, para colocar sob sua cama. As mãos dela estavam pretas pela fuligem e, para uma jovem como você era, parecia absurdo como ela conseguia colocar a mão naquela quentura sem se machucar. Ela dizia sempre, quando você dizia para ela ter cuidado:
“Não podemos deixar o frio entrar, ou a Bruxa vai vir comer seus dedos! Vamos, vá para a cama se cobrir”
Hoje, claramente você percebia que era apenas um pretexto para as crianças não fazerem estripulias a noite, quando estava frio demais... Mas, mesmo que fosse uma besteira, aqueles tempos sem tanto luxo pareciam tão longe... E tão saudoso.
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O dia nem tinha começado a clarear e os olhos da princesa já estavam abertos. Na verdade, você nem sabia se tinha conseguido dormir de fato. Fazia mais de uma semana que a volta de seu marido fora anunciada, mas nenhum cavalo chegara no castelo de Rivendell até então. Três anos desde a noite do casamento. Três anos em dúvida.
Algumas criadas já começavam a aquecer seu quarto, ligando a lareira, as velas, levando água para ferver na lareira para o seu banho. Como as cortinas pesadas de pele da cama de Fantine estavam fechadas... E era muito cedo, elas pensaram que a princesa dormia e fofocavam baixinho.
“Ouvi falar que a Caravana passou direto pelas fronteiras de Rivendell para ir encontrar o Imperador. Acho que ele nem quis perder tempo aqui” – uma delas disse, cochichando.
“Sim! O Imperador ofereceu a própria irmã para se casar com ele, não é? Aquela que entrou em sua linha de sucessão depois do príncipe morrer na guerra...” – outra voz cochichou
“Aham, ela é tão linda! Não tem esses cabelos de ferrugem, igual as bruxas bárbaras. Ele deve querer uma princesa de verdade... E não uma bast...” – a primeira voz tornou a falar, mas foi interrompida com o estalar de uma bengala no chão de madeira.
Todas deram um gritinho de susto.
- Vocês deviam trabalhar mais e falar menos. Não vejo os trajes de inverno da princesa prontos. Já bateram a poeira e perfumaram ele? Andem, eu cuido da princesa hoje – a voz era de Evelyne, sua dama de companhia. Com todos, ela era muito dura e rígida, mas com você, talvez a única pessoa gentil daquele castelo.
Quando as portas se fecharam, ela suspirou de forma pesada.
- Eu duvido que esteja dormindo, após a barulheira dessas criadas, minha princesa. Vou preparar o seu banho – ela disse, andando pelo quarto e abrindo uma das peles do dossel da cama de Fantine. – Forgart quer se reunir à vossa alteza. Eu disse que estava indisposta. Precisa estar bonita, sinto que seu marido chegará logo. Com certeza ele não está indo ver a irmã do Imperador – ela sorriu. Você conhecia a irmã do Imperador. Como ela se chama? Qual a aparência dela? Como é a relação entre as duas princesas? – Se lembra do dia que o conheceu?...
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Forgart estava na carruagem com você e Evelyne, estavam quase chegando em Stonegates, o castelo do Imperador. Estavam em cima da hora para o baile, mas a rainha de Rivendell, atual mulher de seu pai, tinha dado um chilique antes de saírem, pois não queria dividir a carruagem com alguém que “não era da família real”, claramente se referindo a você. Apesar da marca que provava seu sangue azul, desde que chegara no castelo, sendo filha de um caso do Rei, as coisas não foram nada fáceis.
Forgart pigarreou – É muito importante que se porte bem hoje, vossa alteza. Sei de suas origens simples e pouco entendimento do nosso cenário político, mas o Sir Calypse acabou de herdar as terras de Midland. Além disso, é um dos Remdragon Knights – o homem fez uma careta – Um bando de mercenário das terras bárbaras, que nos dão trabalho com muita frequência. Quando eu te vi naquela vila, soube que você seria a solução para esse problema. Você parece o tipo de mulher que eles gostam lá, aqui ninguém ia querer casar com alguém de aparência tão... espalhafatosa – as mulheres do reino eram mais magras, com poucas curvas, cabelos lisos, geralmente pretos ou loiros. Mesmo o conselheiro falando aquilo, Fantine já o tinha pegado olhando pra ela várias vezes com malícia. – Mulheres de valor são como minha querida Evelyne. Não vejo a hora de nos casarmos também – Evelyne não parecia tão animada. Ela não tinha dito um pio naquela viagem.
- E não é só isso. Além do casamento, um inimigo em comum. Há forças fora de controle que estavam há muito adormecidas... E, agora, estão nos ameaçando. Eles são especialistas nisso, ao contrário do nosso exército. E lutarão por nós. Então não há a possibilidade dele te rejeitar, entendeu?
Ele era seco, sem empatia. Era impossível imaginar que Evelyne estava com ele por amor.
A Carruagem entrou pelo grandes portões de pedra e o conselheiro desceu na primeira parada. As damas desceriam em frente ao castelo. Evelyne pareceu relaxar os ombros.
- Vossa alteza, olha o tamanho desse castelo! – parecia encantada. Era um castelo realmente enorme, a vila abaixo dele era próspera e o clima menos gelado que Rivendell... Mas ainda era inverno e nenhum sol era avistado. A dama de companhia olhava pela janela – Você acha que sua nova casa vai ser tão grande quanto?!
Evelyne Forgart
Dama de Companhia da princesa Fantine
Esposa de Casper Forgart
#cc6699
Casper Forgart
Conselheiro do rei de Rivendell
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