☆A FORASTEIRA☆ | Mi'larhys ☆VÊNUS☆ Mila Rhys |
Mi'larhys está irritada, insegura e culpada.
Eu tinha ido até aquele ginásio e subido naquele ringue disposta a me bater com Kyon até que ele colocasse todo o sentimento contido para fora e pudéssemos finalmente conversar sobre aquelas coisas e nos resolver. Eu sabia que haveria dor envolvida — tanto emocional quanto física. Eu sabia que não seria fácil fazê-lo falar sobre rejeição e que ele reagiria de modo violento até que se acalmasse o suficiente para chorar.
Então, quando ele começou a cuspir veneno contra John Pablo e contra o fato de que eu estava evidentemente apaixonada por ele, apenas ergui a guarda, esperando o próximo golpe — que eu pretendia revidar, é claro (só não tinha feito até o momento porque ele se movia rápido demais!).
Mas quando Kyon falou em duelar até a morte contra John Pablo, a energia cósmica subiu dos meus punhos até o cotovelo, como manoplas plasmáticas dourado-iridescente. E as coisas saíram de controle muito rápido. Ele bateu palmas e, quando pisquei, estávamos em outro lugar. O ringue havia sumido, o ginásico, a escola. Nova Aeternia e Mi'wan haviam sumido. A neve branca de K'nasha estava ao nosso redor, oprimida pelos limites de um bolsão dimensional.
Kyon escreveu:— Bem vinda ao cemitério dos guerreiros, aqui estão todos os inimigos que eu já matei ou que lutaram comigo, cada espada que você vê é a fonte do meu poder...
O cheiro de morte e estagnação chegou até mim, o visual aterrorizante das centenas de espadas cravadas no gelo. Mas nada disso me afetou tanto quanto perceber qual era aquele lugar. Eu o reconheci imediatamente: era um mimetismo do vale onde eu havia visto a neve pela primeira vez.
Era culpa minha.
Eu fui desatenta e não vi que as sementes no peito do Kyon cresciam flores muito diferentes das minhas. Eu não me sabia feminina, enquanto ele assim me percebia. E, mesmo depois de tudo revelado, jamais poderia vê-lo como homem: ele era meu irmão e ao lado dele eu nunca seria mulher — apenas lynnish. Para sempre.
Kyon escreveu:— Sabe, em K'nasha, não tem apenas neve, eles tambem são ótimos em fabricar essas belezinhas... Em K'nasha eu me apaixonei por você dançando pra mim, e em K'nasha você encontrará seu fim.
Levei a mão ao ferimento da lâmina de gelo, meu corpo se curvando com a dor. Fim. Fim? Kyon pretendia me matar ali? Por quê? Por que eu não queria me casar com ele?
Kyon escreveu:— Agora escolha uma espada.
Eu deveria estar assustada. Olhei ao redor, apenas cumprindo o comando. Meio anestesiada, demorei para entender o que era aquele buraco nas nuvens que limitavam a dimensão do Cemitério dos Guerreiros. Por um instante, pensei que não era possível que eu estivesse vendo John Pablo — e que a visão dele tivesse me vindo porque aquele era o lugar da minha morte.
Então, vi a garota.
Quando cruzou o portal que a ruiva mantinha aberto, John Pablo tinha a morte nos olhos. Fantasma. Eu o vi se mover entre as espadas, mas a queda da garota ao chão, do outro lado do rasgo dimensional, atraiu meus olhos e partiu meu estupor. A voz do Fantasma reverberou pelas espadas e o gelo no mesmo instante em que arranquei meu último brinco e atirei pelo portal dimensional, atingindo a garota mi'wanish no peito.
Fantasma escreveu:— EI Cabrón Hijo de una puta vieja! Vai ganhar o que lutando com uma menina desse tamanho?
— Base Providência. Autorização: Mi'larhys-dena. — uma luz roxa piscou e os olhos da garota, quase fechados, sumiram da minha visão quando o teleporte a levou e a fenda dimensional fechou-se na parede branca e gélida do Cemitério dos Guerreiros.
Mi'larhys gasta 1 Controle para ativar a Habilidade: Teleporte, do Delinquente.
Fantasma tinha sacado uma das espadas num movimento acrobático e acertado um golpe vertical em Kyon no exato instante em que eu alcei voo, levitando a quase dois metros do chão gelado.
Fantasma escreveu:— Te chingarei depois de caído seu perrito de bosta!
Era por isso que eu não estava assustada.
Porque tinha a sorte de partilhar de um universo em que ele surgia para me proteger.
Meu herói. Sempre.
"Como você ousa TENTAR me aterrorizar!?"
A energia cósmica explodiu em mim, cobrindo todo meu corpo e vazando pelos meus olhos e cabelos, que se agitavam mesmo sem vento.
"Como você OUSA ameaçar me matar!? EU SOU A TEMPESTADE QUE DEVORA MUNDOS!"
A energia cósmica varria a neve e fazia ranger o aço das espadas, que gritavam de seus túmulos de gelo e pedra.
"KAYTNA!"
Eu ergui o braço à frente do corpo e aparei pelo cabo a espada de empunhadura dourada e lâmina de metal negro. Aquele era o metal sagrado do meu povo, extraído das entranhas de Crna Gora. Aquela era a espada de uma lynnish. E meus olhos se encheram de lágrimas quando desci para o golpe contra meu irmão assassino.
Movimento: Tomar um Golpe Poderoso
Escolho ceder terreno e dar uma oportunidade à oposição.