Downtown Los Angeles

Jade desceu do carrro já fechando a cara e entrando em seu humor de serviço, atenta. Afinal, não é porque estava à paisana que o crime deixava de acontecer. Usava uma jaqueta por cima da camiseta cinza que cobria o colete à prova de balas e uma calça jeans com botas. Não que não achasse que seu rosto meio branco não seria conhecido após a entrevista, mas...

Olhou cada detalhe do lugar, julgando aqueles dois homens pelo ambiente onde estavam. Pareciam ser boas fontes.

- Sem dúvida - respondeu à brinadeira de Ray, sem sorrir.

Sentiu uma pequena pontada de orgulho de ouvir que o padrasto não tinha amigos. Era o que falavam dela, afinal, e isso significava que não tinha interrupções.

- Milton. Barry. - repetiu os nomes deles, cumprimentando-os de leve com o rosto. Não eram covardões, então não tinham nem mudado de comportamento por causa de seu status. Pelo contrário, continuavam com suas caras fechadas. Era ideal, pois poderiam ir direto ao ponto em breve. - Bem. Agora que já fomos apresentados, já devem saber que eu não vim por causa da música.... - comentou um tanto impaciente, mas deixou que Ray seguisse. Não queria estragar a relação dele com os contatos, mas também não estava a fim de fingir que não estavam a trabalho.

Jade cruzou os braços e não respondeu à primeira reação de Milton. Então seria do jeito "difícil"... Aproximou-se com a caracteristica cara de poucos amigos e analisava o comportamento dos dois.

Sentou-se sem cerimônia, mas estava longe de ficar relaxada. Estava a trabalho. Por isso mesmo fez um sinal com a mão de que passava o copo. Se esivesse sozinha, talvez se forçasse a beber para que eles fizessem o mesmo até estarem "soltos" o bastante para falar o que precisavam. A capitã ainda preferia algemá-los à cadeira e dar uns tapinhas de incentivo no rosto para dizerem logo... mas é claro que não era o caso.

- Depois - disse sobre a bebida.

Não era como se fosse completamente contra bebidas alcoólicas (exceto venda para menores e a propaganda em cima disso), mas naquela ocasião precisava manter os sentidos bem alertas. Deixou o social para seu padrasto.

Colocou o cotovelo na mesa, encostando o rosto na mão sem muita paciência, mas sabia que fazia parte do jogo.

Os olhos da capitã se estreitaram ao ouvir aquele nome. A costumeira adrenalina que sentia deu lugar a outro sentimento, algo mais nebuloso. Envolver-se naquele assunto seria muito diferente de cuidar de casos isolados mutantes com um certo abuso de autoridade de sua parte. Naquele caso, qualquer ação sua poderia arruinar anos de investigação do FBI, além de colocar sua carreira pelo ralo. A primeira parte a incomodava mais.

Ao ouvir a recusa de mais informações, Jade se irritou. Não tinha faltado ao trabalho para sair sem respostas. Arrancar informação daqueles dois era inifinitamente mais simples do que daquela mulher, então precisava tentar.

- Os caras do FBI estão loucos por informação do Mr. K muito mais do que eu e seu velho amigo Ray. Uma pena que os métodos deles não envolvem uma conversa amigável com bebidas, senhor Barry, então acho saudável que vocês colaborem nesse papo de velhos amigos.

A expressão dela não mudou muito quando os outros dois não se importaram com a ameaça. Já estava de mau humor desde o começo, afinal. Não custava nada para aqueles dois inúteis falarem logo o que o amiguinho estava fazendo com o maior bandido que a polícia conhecia. Nem o talento com pessoas de Ray parecia ter funcionado.

Jade suspirou e revirou os olhos. Ficar naquele lenga-lenga não seria produtivo e já tinham servido pelo menos para indicar alguns nomes. Ela afastou-se, fazendo menção de levantar.

- Muito bem, vocês não querem colaborar. Compreensível. Vou me lembrar disso quando precisarem de proteção contra o pessoal do K. Vamos embora, Ray.

Apesar de ter se irritado inicialmente, a capitã admitia para si mesma que tinha sido muito melhor do que nada. Tinham um nome e uma pista. O restante era sempre lucro. Ameaçar e ser a desagradável do dia era quase um hobby.

Assim, ela os cumprimentou com o rosto, como se brindasse com a própria face e isso magicamente zerasse a interação social entre eles. Se precisassem conversar novamente, agiria como se nunca os tivesse ameaçado.

Como uma boa paranóica, olhou bem quem estava em volta antes de voltarem ao carro. Nada parecia preocupante. Assim que entrou no carro, pensou um pouco.

- É o jeito. O "não" nós já temos mesmo... não acho que vamos conseguir arrancar nada dela, e nem quero tentar forçar nada com aquela mulher, mas talvez ela não se importe de soltar uma ou outra informação menos importante sobre o trabalho do Kevin. Isso já seria melhor do que o nada.

Carl Lucas navegava entre os carros naquele trânsito de pessoas que iam, como ele, resolver seus problemas.

O sol já alto no céu resplandecia nos seus óculos escuros, avisando aos possíveis incautos que ele era problema.

No bolso de seu casaco de couro sentia o celular vibrando e, verificando que era Kessie, ele busca um local para parar a moto e atender.

Lucas tinha bom senso.

Mesmo sendo, praticamente, impenetrável, uma queda poderia lhe trazer empecilhos que atrasariam seu dia. E ele nao era um cara acostumado a atrasos.

Parado, enquanto sua moto roncava pela última vez, ele ligava e ouvia o que Kessie tinha a dizer.

- Estou ouvindo.

Seus olhos rubros se estreitaram. Suas narinas se dilataram

Lucas teve que se controlar para nao estilhaçar o celular que estava em sua mão ao ouvir aquele nome.

Sabia que Striker tinha uma estrutura bem ampla, mas nao imaginava que esbarraria nela tao cedo.

Sua mente ja coordenava toda a cadeia de ações. Se a Diva estava atras de alguem era por que Mr. K teria interesse nele.

Isso era o.mais lhe intrigava, mas motivava-o a caçar e achar aquele rapaz o quanto antes.

- Kessie, muito obrigado por essa informação.

Ele agora parecia estar até feliz

- Vou apurar melhor isso e manteremos contato

Ele percebe que deveria ter sido um pouco mais agradável com Kessie, mas aquela informação era deverás perturbadora, em vários sentidos.

Ele emenda a conversa antes que ela pensasse em desligar.

-Kessie, muito obrigado mesmo. Te devo uma.