Manhattan - Ruas Zona Leste

Elizabeth Nolland

Aquela hora os homens de bem já haviam se esgueirado para suas mulheres de bem, em suas casas de bem, para viver sua hipócrita vidinha do bem.

A saída do esgoto deixara Betty na saída de um beco, dando passagem para rua.

A Nosferatu caminhava a esmo, mas sabia que não tardaria chegar ao Clube de Jazz. Mulheres suspeitas começavam a brotar dos becos... Uma nova vida habitava as ruas de Manhattan

Prostitutas e malandros... Cafetões e batedores de carteira... Apesar de Manhattan ser um local rico, Betty estava na Baixa Manhattan e ali proliferava todo tipo de coisa... E todo tipo de coisa reparava na Nosferatu...

Mas não se metiam com ela... Apesar da Ofuscação ela ainda era feia o bastante para evitar qualquer tipo de contato.

O relatório de Calebros era completo até a saída dos esgotos.

Após isso um endereço constava.

Não deveria ser dificil de encontrar

OFF:

Betty olhava rapidamente para cada uma dessas mulheres. Talvez achassem que ela tinha algum tipo de interesse nelas, já que seus olhos invejosos se focavam de lábios a coxas, mas depois desistia, voltava a olhar para frente. Sabia que era esse o melhor jeito de lidar com gente para não arrumar confusão, tinha ela mesma como exemplo.

Estava infeliz, apesar da missão. O mundo lá fora era um grande teatro feito para mostrar a ela a desgraçada pós-vida que Deus a castigou. Sim, porque sua família era bem religiosa e se tinha uma coisa que estava vivendo era um tipo de inferno...

Aí se sentia ingrata de novo e decidia não olhar para mais ninguém. Sentia o peso do julgamento dos outros por sua cara feia e se tivesse a opção, não falaria com ninguém, mas talvez um lado que gostava do sofrimento pedisse para que ela falasse com alguém.

Chegou perto de uma mulher que julgou ser prostituta e, com uma expressão de coitada, perguntou de uma vez:

- Conhece uma casa de Jazz aqui perto, o Cocobongo? Onde fica?

A Prostituta se compadecera de Betty.

Quem não sentiria pena de uma pessoa com tão poucos atributos?

- O Cocobongo, minha querida? O que uma pessoa como você faria num lugar como aquele?

Ela não espera e continua

-Bem, que seja... O Clube fica...

Ela dá as coordenadas à Nosferatu.

Seu dia até que nçao estava perdido, tanto assim.

Sem responder nada, a mulher feia que habitava lhe agradeceu e seguiu seu rumo à boate.
Parecia gostar daquele sentimento de humilhação que surgia quando lhe diziam coisas do tipo "Uau. Uma boate com gente bonita. O que vai fazer lá?". Esse tipo de coisa a fazia continuar na linha. Agora, precisava encontrar a mulher conforme a descrição do relatório. Permitiriam que ela entrasse na festa com aquela aparência? Descobriria em breve.

A prostituta sequer se deu conta do afastamento da Nosferatu.

O clube não ficava longe dali, afinal.

Após alguns minutos de caminhada, o Cocobongo se assomava à distância.

Luzes e sons contrastavam com a melancolia e desespero daquele dia. O JazzClub era um farol que atraia as mariposas.

Nenhum leão de chácara estava à porta.

Betty entraria sem problema nenhum.

OFF::

McCallum seguiu pelo caminho desembocando na rua e por um lado estava mais tranquilo por sair do parque e aborrecido pelo desvio que teve que tomar, mas ao menos estava agora a caminho...

Acendeu um cigarro e seguiu caminhando esperando que dessa forma finalmente conseguisse chegar a seu destino sem interrupções.

O Pistoleiro agora estava próximo.

Se tivesse pego um carro desde o inicio de sua viagem, teria chegado, razoavelmente cedo, ao Elisio. Mas preferiu encarar os perigos da Cidade.

De qualquer forma, o New York City Hall, a Prefeitura, estava próxima.

O Centro Cívico se abria diante dos seu olhos e MacCallum já podia vê-la de longe.


Enfim chegara ao seu destino.

OFF::