"Meu dever não é nada mais, nada menos do que lutar e morrer pelos ideais de Haqim"
O barulho da tempestade e da televisão camuflava os gemidos de prazer que saiam de um dos quartos do pequeno, mas luxuoso apartamento. O celular vibrava na cômoda, mostrando que era 7 horas da manhã, enquanto um rapaz de no máximo 23 anos revira os olhos de prazer, aproveitando as carícias da pequena garota que estava sentada em seu colo. Ele começou a observar ela, sem entender direito o como tinha parado ali, naquele apartamento quase que domado pela escuridão se não fosse por algumas poucas velas iluminando o quarto. A garota em si era extremamente pequena, não aparentava ter mais do que seus 16 anos com os seus meros um metro e sessenta. Ela tinha uma beleza que misturava o macabro ao belo, uma vez que sua face esquerda até a base do seu pescoço tinha uma queimadura feia, mas algo nela parecia a deixar completamente inofensiva. Talvez fosse seus grandes olhos azuis, ou a maneira como seus longos cabelos louros platinados brilhavam. Ele não sabia dizer, o que ele sabia era que ela era muito habilidosa no que fazia, apenas incomodava com a maneira como ela sempre parece estar gelada. Talvez seja esse motivo pelas velas e o aquecedor.
"Selvagem, assim vai deixar cicatriz" Ele comentou, quando ela mordeu novamente o pescoço dele, tomando lentamente o sangue dele, fazendo com que ele suspire novamente. A garota lambe a última gota de sangue que seus lábios carregavam, antes de olhar para ele. "Isso não é nada perto do que eu já vivi meu querido." Ela diz acariciando o peito nu do jovem. "Da maneira que fala, parece ser mais velha do que aparenta ser" Ele comenta rindo, tentando avançar para conseguir mais prazer do que estava conseguindo agora, sentindo falta dos lábios dela em seu corpo.
"Você nunca acreditaria se eu falasse minha verdadeira história" Ela comentou de uma maneira rápida, fazendo com que o rapaz desse uma rizada por não ter entendido nada do que ela tinha falado. "Me ilumine mais com essa história então" Ela suspira pesadamente "Terei de te matar depois, então não fique tão feliz por escutar minha história"
"Me mate de prazer" Ele comentou, ainda esperando a história dela. Os olhos frios dela vagaram pelo corpo nu do rapaz antes de suspirar novamente e começar a contar a história.
"Odile Strauss Orstein, órfã da primeira guerra mundial, nascida de um estupro entre um oficial inglês e uma refugiada alemã em paris. Espólio de guerra, parecia o correto a fazer com tal povo não? Odette Strauss morreu no meu parto, e eu fui parar em um orfanato hitlerista, aprendendo tudo o que era necessário para me tornar uma oficial. Ou o termo bucha de canhão, já que eu não tinha renome ou qualquer coisa do estilo que me fizesse ficar em uma posição confortável, ou conseguisse um emprego. Mas eu sempre aprendi rápido, e tinha um fascínio com lâminas. Cheguei até impressionar um dos generais que estavam selecionando pessoas para treinar em seu próprio batalhão. Maxwell Orstein, um general considerado herói de guerra. Ele tomou um carinho por mim e me adotou como sua filha protegida" Ela disse com um raro sorriso aparecendo em seu rosto, com a memória de seu pai adotivo a abraçando.
"Ele me treinou até meus 16 anos, procurando sempre me ensinar como me virar sozinha, mas ele teve de voltar para os campos de batalha. Ele e todo o seu batalhão, me deixando sozinha em sua casa. Fomos invadidos por um exército inglês. Eles acreditavam que eles conseguiriam informações, mas não contavam que os empregados da casa Orstein sabem lutar. Mas a quantidade superou a qualidade. Resolveram me torturar com óleo quente, derramando em meu rosto" Ela disse tocando a cicatriz de queimadura em sua bochecha. "Parecia impossível escapar até que eles abaixaram a guarda deles, e deixaram uma faca a minha frente. Eu consegui matar o filho da puta que me desfigurou, mas não iria conseguir lidar com todos" Odile olhou para cima, estalando o pescoço com raiva.
"Foi quando eu o conheci. O maldito do meu mestre. Alistair Fiqar. Um árabe extremamente forte que silenciou o local e assassinou todos os demais em um mero piscar de olhos. Ele disse que eu tinha habilidade, e que por muitos anos ele vinha me observando. Ele abraçou, e me levou do meu lar, queimando o que havia sobrado. Havia algo que eu não conseguia entender, apenas sabia que tinha que seguir ele. E por anos nós treinamos, melhorando minhas habilidades até ele voltar preocupado um dia. Ele não falava coisa com coisa, apenas que eu teria que procurar por ele em algum momento, mas que naquela época eu teria que dormir. Foi quando eu senti uma pequena farpa me marcar no peito" Ela disse com a mão sobre a altura do coração, por cima do cetim que cobria os firmes seios dela.
"Acordei novamente após alguns muitos anos. Um dos meus antigos colegas, Shi, retirou aquela porcaria de farpa de mim, e me deu uma pista aqui para o Brasil. Fui parar em São Paulo por alguns momentos, resolvendo algumas encomendas do poder de lá, nada demais, mas todas as pistas lá me indicavam um rastro do meu mestre me traziam aqui, e qual estou, me alimentando de um universitário mimado, que vai ter uma péssima ideia de se suicidar por não conseguir acompanhar a faculdade como queria. Seus pais o forçavam a ter uma nota muito alta, então ele cedeu a pressão" Ela disse cortando a garganta do rapaz com uma adaga escondida pelos lençóis. Ela bebia da cascata de sangue que escorria do corte no pescoço.
"Que bagunça, terei trabalho na próxima noite, mas por enquanto...O dia está tomando conta do lado de fora" Odile disse, deitando do lado do corpo, empurrando ele para fora da cama king size, para dormir até a noite seguinte, da qual sua primeira tarefa era terminar com esse corpo antes de encontrar algum trabalho naquela cidade.