[Lars-Gaehlia] Aihoa

Aihoa

Aventura 2 - Primeiro dia

Yaha Sooth

O expediente passou lento. Cheio de entregas e de verificações. Parecia que o tempo se arrastava por conta da ansiedade. Várias vezes enquanto Yaha trabalhava sentia seu pensamento migrando para a casa que nem sequer conhecia e para a caixa que nunca vira. Aquele era o preço da curiosidade. Durante o almoço, pensou várias vezes em ir conversar com Cephas e buscar mais detalhes, tentou, porém, se controlar. Era melhor não dar tanta bandeira. Comeu sozinho, sendo eventualmente vigiado por Strirt que passeava constantemente entre os carregadores enquanto eles almoçavam. Os carregadores pareciam não se importar com a presença do goblin.

Quando finalmente o sol estava perto de se por, Yaha já mal conseguia pensar em outra coisa que não fosse uma caixinha de quarenta por quarenta com uma carga misteriosa. Ele já havia se desocupado, mas os carregadores ainda levavam as últimas caixas de um barco que havia chegado já tarde. O sol já estava pela metade dentro do mar quando Cephas ficou livre. Ele se despediu de todos e logo os dois começaram a caminhar em direção do bairro mais abastardo de Lars-Gaehlia. - O que você acha que tinha naquela caixa? - O carregador puxava conversa sem muitos arrodeios. Eles tinham pelo menos uns quinze minutos caminhando até chegarem no bairro e provavelmente mais alguns até chegarem na casa exata. - Coisa de magia, né?

Aihoa

Aventura 2 - Primeiro dia

Yaha Sooth

Depois de algum tempo andando e de passarem pela Praça Maior, adentraram no espaço físico de Aihoa. As ruas eram iluminadas com lanternas alquímicas decorativas - e quando digo iluminadas, quero dizer bem iluminadas - e o chão era bem aplainado com pedras de cantaria. Mesmo as ruas eram mais largas e podiam passar veículos e pessoas ao mesmo tempo. Os casarões e palacetes daquele bairro eram de encher os olhos. Todo tipo de arquitetura existente em Johas tinha ali seu exemplar mais bem executado e formoso. Não dava para deixar de maravilhar-se com aquele ambiente. Eventualmente se podia ouvir um piano ou um violino sendo tocado ao fundo, bem como ocasionais aplausos e risadas abafadas.

- Eu acho legal, mas não é para mim não. É preciso muito raciocínio. - Eles foram caminhando na rua principal, aquela que atravessava Lars-Gaehlia desde a entrada sudeste até a Universidade.   - Não tenho família ainda não... Mas querendo sobreviver sim... - Ele fez uma pausa que parecia um tanto quanto constrangida. Olhou o chão um momento, logo, porém, levantou a cabeça. - Acho que aquela caixa tem algo valioso, seja o que for. Pretendia pegá-la e vendê-la, mas se você quiser ficar com o que tem dentro, pode me pagar a metade fica sendo seu. O que me diz?

Aihoa

Aventura 2 - Primeiro dia

Yaha Sooth

Enquanto vagava por Aihoa, lembrou do pai. Ele poderia morar ali afinal de contas. Talvez morasse em Lars-Verumdor, mas com certeza deveria ter uma casa ali. Um sentimento contraditório que querer saber e de não querer se importar inundou brevemente sua alma. Mas logo a realidade e o presente o trouxeram de volta, quando o carregador falou da possibilidade do roubo.

- Você esperava o que? Pedir para o dono para dar uma olhada? - Ele sorriu com um certo ar sarcástico. - Nem sequer abririam a porta para nós, cara. Ainda assim, seria um empregado que viria atender.- Deu de ombros. No fundo, Yaha entendeu que aquilo era verdade. Em Aihoa não se abria a porta para gente comum e vulgar. Só os bem nascidos, ou os célebres intelectuais, ou os abastados do comércio tinham passe livre ali. - Os casarões aqui tem muitas portas e janelas, eventualmente poderíamos forçar uma delas com cuidado, logo estaríamos dentro da casa. Como são casas grandes, dificilmente elas estão o tempo todo com todos os cômodos habitados. Aí é uma questão de se mover pelos locais certos até achar o objeto. Como é algo de magia, deve estar numa biblioteca ou num escritório. - Não era um plano elaborado, mas era verossímil. Se fossem suficientemente discretos talvez conseguissem entrar e sair sem que ninguém notasse e só dariam falta pelo objeto no dia seguinte, na pior das hipóteses. Era possível que não dessem conta por alguns dias e aí, seria tarde demais. - O que me diz?

Aihoa

Aventura 2 - Primeiro dia

Yaha Sooth

Quando finalmente Yaha cedeu à proposta de Cephas, ele o viu sorrindo maliciosamente. Parecia ter ficando bastante satisfeito com seu novo colega de crime. - Não, inclusive estamos chegando.

Continuaram caminhando por uma das ruas largas do bairro por mais alguns metros, até que dobrassem à direita numa rua um pouco menor, ainda que bastante larga em comparação a outras. Logo que dobraram na esquina, Cephas o parou com um gesto. - Ali, a terceira casa. Ela tem essas grades, intervaladas a cada três metros por pilares. E é toda rodeada por um jardim, não muito largo, mas nada estreito também. Podemos dar uma volta completa na casa e escolher por onde entrar.

Era uma casa grande, embora houvesse maiores ainda em Aihoa. O fato de ela não ser parede com parede com outras casas, tendo um jardim que a entornava, mostrava que ela era mais recente. Não só mais recente, como possivelmente bem abastada, mesmo em relação aos padrões aihoenses. Ter um jardim próprio é sinal de bonança e prestígio ali em Lars-Gaehlia. Normalmente, mesmo os nobres só tem jardins em suas propriedades fora da capital. - Eventualmente haverá um cão de guarda. Mas eu vim prevenido para o caso. - Mostrou-lhe uma espada curta que trazia na cintura, bem dissimulada por entre as roupas largas de carregador. - Fora isso não creio que teremos mais problemas. Basta escolhermos bem a hora de entrar para que ninguém nos veja. - O bairro de Aihoa era bem movimentado pelos seus moradores que constantemente faziam visitas uns aos outros. O fato de estarem numa rua menos importante não queria dizer que ela era propriamente deserta. Ainda era cedo e havia pelo menos dois pares de pedestres passando ao longo do quarteirão.

@Linkcronus poste dizendo o que fará e a partir disso digo quais serão as jogadas de desafio que por acaso sejam precisas.

Praça do Crescente

Aventura 2 - Segundo dia

Nadyne Creenbottle e Rax

Decidiram-se por ir para Aihoa. Saindo o Bairro Velho, chegaram a passar por Faleen, embora a entrada mapeada fosse muito mais ao sul. Faleen era um bairro estranhamente residencial e acadêmico ao mesmo tempo. Muitos universitários moravam ali e havia muitos comércios relacionados à Universidade ali. Mesmo alguns acadêmicos mais tradicionalistas moravam em Faleen mesmo podendo morar em Aihoa. Era um bairro curioso e sempre movimentado. Atravessando suas ruelas estreitas e tortuosas, cerca de vinte minutos mais tarde, entravam em Aihoa na sua maior praça: a Praça do Crescente.

Entrar em Aihoa saindo de Faleen só não era mais impactante que entrar tendo vindo pelo Dédalo Mendicante. As ruelas apertadas de Faleen davam lugar a ruas realmente largas e bem calçadas. E, se em Faleen as construções pareciam se debruçar umas sobre as outras, em Aihoa elas tinham todo seu espaço majestoso respeitado. Quando se entrava em Aihoa se entendia porque Johas era uma ilha próspera e rica. As belezas da arquitetura estavam todas ali materializadas em pedra, madeira, argamassa e gesso. A Praça do Crescente dava uma escala ainda mais fenomenal. Depois da Praça Maior, aquela era a maior praça de Lars-Gaehlia. Cheia de bancos e de jardineiras com vegetações bem cuidadas e vistosas, aquele lugar pulsava vida. Estava, evidentemente, cheio dos próprios moradores, que sentados ou conversavam educadamente, ou tomavam um gelado, alguns um café. Ali a sociedade parecia claramente um passo a frente do resto da sociedade comum. Havia uma politesse que parecia muito distante da certa brutalidade lugar-comum.

Eles permitiram-se admirar com aquele cenário por algum tempo. Chegaram até a andar um pouco na praça sem nem falar um com o outro, apenas permitindo que os olhos se maravilhassem. Mas logo voltaram a si. Estavam ali para buscar a entrada do túnel. Ao correr os olhos não viram nenhum lugar claro de onde seria a entrada. Obviamente não a deixariam às vistas. Seria preciso procurar com mais cuidado.

@Akugam e @zignon a narração continua aqui. Façam uma jogada de desafio de Percepção com 1 dádiva por causa do mapa. Aviso Importante vocês estão na mesma localidade (bairro) que Yaha está. Porém não estão nem no mesmo lugar nem no mesmo dia. Então muito cuidado com meta-jogo. Vocês não sabem, em absoluto, que Yaha sequer passou por ali. Idem para @Linkcronus.

Aihoa

Aventura 2 - Primeiro dia

Yaha Sooth

Resolveram observar por mais algum tempo. A casa tinha movimentação principalmente nos cômodos mais próximos da rua. Imaginaram que ali estavam a sala de estar e de jantar e possivelmente a cozinha. No andar de cima, porém, somente um cômodo estava iluminado. Durante a observação, as luzes desse cômodo se apagaram. Yaha notou que aquela deveria ser a biblioteca, ou sala de leitura, pois havia estantes e livros. Ela era especialmente grande em relação ao espaço da casa, o que reforçava que deveria ser a casa de um estudioso, talvez até acadêmico.

As janelas não tinham numa proteção especial. As da frente eram envidraçadas com molduras em madeira e as laterais eram praticamente todas de venezianas, apenar com um pequeno visor de vidro na parte superior. - No andar de cima deve ter só os quartos, além da biblioteca, a essa hora ninguém deve estar lá. - O comentário de Cephas fazia sentido. Pela movimentação, estavam todos na sala de estar possivelmente esperando pelo jantar.

O sol enfim se punha. Agora só as luzes alquímicas iluminavam a rua e se aproximava o horário padrão de jantar. Era engraçado como o costume movia as coisas. Nas hospedarias e tavernas, nas casas, nos refeitórios da Universidade, na mesma hora, a comida era posta na mesa. Isso esvaziara um pouco a rua e abria as possibilidades para a dupla. Cephas o acotovelou. - Vamos! Subimos pelo canto, nos apoiando na pilastra e saltamos a grade. Vamos tentar uma janela lateral no primeiro andar. - E olhou-o esperando a confirmação para colocarem o plano adiante.

Praça do Crescente

Aventura 2 - Segundo dia

Nadyne Creenbottle e Rax

Aihoa era fascinante e os dois haviam se permitido maravilhar diante dela. Logo porém a urgência da tarefa que tinham os trouxe de volta à realidade. Era preciso encontrar a entrada do túnel. Rax procurava encontrar correndo o olhos por toda a praça, entretanto ela parecia uma praça comum, apesar de toda sua beleza e exuberância. Talvez a vegetação ali existente, os bancos e tudo mais, ajudassem a dissimular ainda mais a entrada do túnel. Nadyne por sua vez se apoiava no mapa que desenhara. Usara um costume antigo de sua mãe para tentar mentalizar o espaço e se localizar melhor e ao fazê-lo notou o cerne do enigma.

No fim da praça, dividindo uma edificação no meio, havia uma estátua. Retratava duas mulheres. Uma, de pé, gesticulava como se discutisse exaltada com a outra, que por sua vez, estava sentada com o olhar perdido. A escultura era grande, talvez uma vez e meia ou duas vezes o tamanho natural. Um jardim florido e com folhagens vistosas entornavam as peças, numa jardineira que terminava em um banco. Pelo desenho no mapa e pela colocação na praça, ao mesmo tempo discreta e evidentemente visível, aquele lugar deveria ser o escolhido.

A halfling puxou o orc pela mão e o conduziu até a tal escultura. De perto ela adquiria um ar majestoso, sobretudo pelo seu tamanho. No lado direito e esquerdo havia um café, com as mesas postas na praça. Era o mesmo café, dividido externamente pela escultura, mas detrás dela, dentro do edifício, constituía-se de um único espaço. Era preciso, contudo, achar o túnel. Nadyne olhou na jardineira e apertando os olhos conseguiu notar que havia um alçapão entre as duas estátuas, que estavam separadas entre si por cerca de oitenta centímetros. O alçapão estava bem dentro da jardineira. Num lugar como aqueles, entrar dentro de uma jardineira seria algo olhado torto por todos. A boa educação e a discrição eram tudo ali.

Deixando claro, o alçapão está longe, é preciso entrar na jardineira para tentar abrir. Se alguém vir um dos dois entrando na jardineira é possível que chamem até a guarda para cuidar dessa 'desordem pública'. Decidam o que e como irão fazer para continuar averiguando. Podem fazer isso em on mesmo.

Aihoa

Aventura 2 - Primeiro dia

Yaha Sooth

Yaha tentava predizer as ações do seu "anfitrião". Talvez a melhor forma fosse entrar de modo natural, a fim de não se expor com o uso de magia. Para ter certeza que não havia nenhuma armadilha mágica contra ladrõezinhos, ele concentrou-se. Sua sensibilidade estendeu-se, porém, para sua frustração, não havia nenhuma armadilha ali. Ou alívio, talvez. Yaha era um jovem que vivera em situações-limites durante muito tempo e talvez fosse mais desconfiado que os nobres e ricos de Aihoa.

Cephas estava ao seu lado, olhando para ele. Esperava somente um indício para que começasse a invasão. - Nada? Vamos lá, é agora ou nunca. - Antes que Yaha pudesse contestar, ele estava escalando a pilastra, com auxílio das grades e pouco tempo depois, estava do lado de dentro do jardim. Com um gesto, chamou Yaha para que o seguisse. Não havia como tomar mais precauções, a aventura havia começado.

Praça do Crescente

Aventura 2 - Segundo dia

Nadyne Creenbottle e Rax

Encontraram enfim a entrada do túnel. Porém, acessá-la era mais difícil do que esperavam. Precisavam ser bastante discretos, mas isso parecia quase impossível naquela praça cheia. Preferiram, por fim, serem prudentes e evitarem um contratempo com a lei de Lars-Gaehlia e com os bons modos dos aihoenses. Nadyne chegou a dar uma última olhada no alçapão, porém não encontrou nada demais. O orc e a halfling tomaram o caminho em direção aO Porto. Iriam encontrar Yaha.

@zignon e @Akugam o jogo de vocês ficará pausado até que a cena de Yaha na noite anterior acabe. Senão vai ficar uma bagunça temporal hahaha aguentem um pouco então

Aihoa

Aventura 2 - Primeiro dia

Yaha Sooth

Hesitou por um momento quando o ato do crime havia começado. Mas logo estava também saltando a pilastra como o carregador havia feito. Ambos se esgueiraram pela lateral da casa, apertando seus corpos contra o muro e abaixando ao passar pelas janelas. Até agora não havia sinal algum de cão de guarda. Talvez tivessem dado sorte e o cachorro estava dormindo, ou simplesmente não havia um. Não sabiam e na verdade nem pensavam nesse assunto. Quando se está com a adrenalina pulsando pelas veias há pouco espaço para planos elaborados, tudo se resume a reações imediatas.

Passaram então pela sala de jantar e estar, onde a maioria dos moradores deveriam estar aglomerados no momento, e era o trecho mais perigoso de serem notados. Pararam num canto mais escuro, ainda encostados na parede da casa. - Pronto, aqui atrás dessa parede deve ser a escada. Ela também tem janelas no andar superior. Subimos, entramos pela janela e deveremos estar logo ao lado da biblioteca. Aí é só entrar e pegar. - Aparentemente a suposição arquitetônica que Cephas havia feito fazia sentido. Subindo para o andar superior dificilmente chamariam atenção. Ele pôs as mãos juntas, enquanto encostava-se na parede, preparado para impulsionar Yaha para alcançar a janela. - Você põe o pé na minha mão e eu te jogo para cima. Anda!