[Lars-Gaehlia] Centro

Centro

Hellen Moritz

Era o quarto-sexto do mês, e como todo sexto, era dia de feira. Como era a última feira do mês, aquela era a mais importante e mais cheia de novidades, e claro, a que trazia mais pessoas. Hellen saira de Lars-Verumdor com o intuito de se aproveitar disso. Mais gente quer dizer mais distrações e gente distraída não é capaz de prestar atenção nos próprios bolsos. Nos meses que estava mais apertada, ou quando precisava de roupas e utensílios novos, Hellen fazia a viagem de aproximadamente um dia para ganhar uns trocados a mais em Gaehlia.

Ela estava na praça maior, onde a feira acontecia. Por lá, muitas pessoas transitavam entre as barracas montadas naquela madrugada. Estava sentada na mureta de uma pequena jardineira que dava lugar para um jacarandá jovem, que pintava a praça com sua cor arroxeada. À sua esquerda, um obelisco de aproximadamente quinze metros demarcava o marco zero da praça. Há uns  quarenta metros a sua frente, a rua larga que dava acesso a Universidade. Era difícil ignorá-la, pois ao seu fim estava a enorme torre da mesma.

Estava correndo os olhos pela torre quando notou que o céu se fechava sobre ela. Viu com clareza quando o raio atingiu a torre e derrubou algumas pedras e acompanhou a queda delas, no Bairro Velho. Naquele segundo, as pessoas pararam o que faziam e começaram a gritar. A balbúrdia começou ali. Pessoas correndo e empurrando umas as outras. Crianças chorando, barracas caindo. Tudo piorou quando o chão começou a tremer. O tremor começou leve e quase imperceptível, mas logo as mercadorias começaram a cair pelo chão e os animais que estavam por ali se agitaram e correram. A praça virava um pandemônio. 

Essa narração acontece no exato momento que foi descrito no tópico de apresentação desse jogo. @shamps, verifique os equipamentos que c tem no tópico de fichas dos jogadores. Note que você tem um pergaminho com uma magia, ela está descrita lá. Espero proporcionar um bom jogo!

Centro

Hellen Moritz

Hellen aproveitava a balbúrdia e a confusão para afanar alguns bolsos. Certo que era uma situação complicada, mas ela estava ali procurando o pão de cada dia também. Cada um com sua profissão.

Na sua última tentativa, estava com a mão na bolsa de moedas de um velho, quando o chão tremeu com mais força. Ela caiu e a bolsa voou, espalhando pelo chão as moedas. O velho xingou, catou algumas e se afastou, sem perceber que a bolsa caíra por causa das mãos habilidosas da moça ao seu lado. Junto com as moedas, um barulho de algo desmoronando invadiu o ar.

Hellen limpou o pó que havia caído sobre ela com a queda e o desmoronamento em algum lugar. Colocando-se de pé, viu que há cinco metros de onde estava, uma cratera havia se aberto no chão. O chão parou de tremer. A cratera estava justamente entre ela e a entrada da rua larga que seguia para Universidade. Aproximou-se para ver e notou que havia um túnel ali, que parecia seguir o mesmo caminho da rua, embora uns dois metros mais abaixo. Havia muito entulho, quase obstruindo a entrada para o túnel, mas ela certamente poderia se esgueirar ali. Pensou nisso porque conhecia os boatos sobre o subterrâneo da Universidade. Talvez o que ela encontrasse ali valesse muito mais que as moedas que conseguira arranjar.

Rola um teste de Agilidade com 2 dádivas, para ver quanto você conseguiu roubar nos bolsos. Você rola 1d20 e 2d6 e soma o resultado do d20 com o resultado mais alto dos d6, como está explicado no tópico Quando é preciso tentar a sorte. Faz a rolagem nesse tópico citado.

E no link da narração, redireciona para uma outra narração que já citei os boatos do subterrâneo. É possível ter itens valiosos lá.

Praça Maior

Yaha Sooth e Nadyne Creenbottle

Os dois decidiram ir até a feira. Ela ficava na Praça Maior. Nadyne os levou por ruas mais estreitas e menos cheias de pessoas. Logo estavam chegando na entrada sul da praça. Para surpresa de ambos, a feira havia se dissipado completamente. Nenhum dos dois se recordava de alguma vez alguma coisa ter desfeito a feira do quarto-sexto do mês. Nem mesmo as chuvas mais torrenciais acabavam com a empolgação de feirantes e compradores.

No entanto, naquele dia a Praça Maior estava esvaziada. Eles chegaram a ver uma cratera próxima ao marco zero. A feira em si, havia se esvaziado. Porém, havia ainda pessoas transitando, algumas levando materiais, outras passando ainda feridas, sendo atendidas por alguém. Notaram que as lojas ao redor da praça ainda estavam abertas. Mais sólidas e sem tantas perdas por causa dos tremores ou raios, elas continuavam vendendo e negociando.

Praça Maior

Yaha Sooth e Nadyne Creenbottle

Aproximaram-se de uma das lojas que estava abertas. Ela tinha uma bancada na frente, com diversas roupas sendo expostas, e um janelão que permitia ver lá dentro. Era uma loja de roupas de todos os tipos, de reforçadas à roupas nobres. O vendedor se aproximou para ouvir os prováveis clientes e ficou um tanto quanto surpreso com a pergunta. - Como não sabem o que aconteceu? Por onde vocês estiveram? - Ele então olhou melhor para aquela dupla e os viu maltrapilhos e feridos. Imediatamente sua face se cobriu com uma desconfiança. Deu um leve pigarro e se recompôs, fingindo que estava tudo bem.

- Trabalhamos somente com roupas aqui, senhorita. Talvez possa oferecer algo de couro ou de couro batido, mais reforçado. Armas você encontrará na loja ao lado. Um arco eu diria que você compraria por uns cinco xelins. - Virou-se para o estudante, arqueou as sobrancelhas quase que se desculpando pelo estado lastimável que ele estava. - Há um boticário cinco lojas mais à direita. Creio que vocês deveriam passar lá primeiro. Com dois xelins vocês devem comprar algo para curar essas feridas...

O vendedor então se aproximou, saindo de dentro da loja e indicando exatamente onde estavam aquelas outras duas lojas citadas. - Quanto a feira... O raio e o tremor de terra depois afugentou todas as pessoas. Muitas foram ajudar nos estragos do desmoronamento no Bairro Velho.

Loja de Roupas Bons Panos

Nadyne Creenbottle

Nadyne e Yaha se separaram por algum tempo. Nadyne aproveitou para tentar vender seus tecidos feitos por ágeis mãos halflings para tentar lucrar algo naquela loja. Quando ela lançou a proposta, o lojista pareceu um tanto quanto desconfiado. Mas a vitalidade e a prática da halfling com vendas terminou por convencê-lo. - Bem... Por que não? Entre, por favor. Vou buscar algo para bebericarmos enquanto conversamos. - Ele a introduziu na loja, que era bastante grande. Nadyne pôde observar que eles de fato trabalhavam com muitos tipos de roupa e que, embor não houvesse armaduras, havia até mesmo roupas reforçadas. Depois de passarem alguns mostradores, o vendedor a indicou uma mesa redonda, com três cadeiras confortáveis. Era uma mesa onde se avaliava as peças e se fechava negócio, muitas lojas maiores tinham esse tipo de mobília.

- Fique à vontade. - Indicou a cadeira para ela e entrou por uma portinha, quase escondida entre outros mostradores. Dois minutos depois voltou com duas xícaras e alguns biscoitos finos. Trazia também um bule com água quente. - Chá? Vejamos o que você tem a oferecer.

Boticário da Praça Maior

Yaha Sooth

Ficou constrangido quando notara que não havia pensado nos inúmeros meios de cuidar de seus ferimentos. Talvez o grande número de eventos que lhe machucaram e lhe estressaram naquele dia havia tirado um pouco do raciocínio afiado que costumava ter. Decidiu ir só até o boticário enquanto Nadyne negociava qualquer coisa com o vendedor da loja de roupas. Cinco estabelecimentos mais a direita, chegou ao local referido. Antes mesmo de chegar bem em frente, vira a enorme prateleira cheia de frascos que havia logo na entrada. Johas era uma ilha de alquimistas. Aquilo praticamente havia sido inventado ali. As grandes descobertas da alquimia vieram todas daquela ilha. Então o comércio de poções e derivados era abundante e especializado.

Empurrou a porta e um pequeno sino anunciou a presença dele dentro da loja. Uma senhora pequena e rechonchuda ergueu os olhos pequenos, sentada detrás do balcão, e quando o viu fez uma cara de horror. - Pelo Novo Deus, o que lhe aconteceu, rapaz?! Ela saltou da banqueta onde estava sentada e com passos curtos e rápidos chegou próximo a ele. - Algum destroço caiu em você? Você caiu numa fenda? Fale de uma vez!

Loja de Roupas Bons Panos

Nadyne Creenbottle

A halfling usou toda sua persuasão física e verborrágica, bem como suas mercadorias de boa qualidade para conseguir alguma coisa naquela loja. Sua experiência com vendas desarmou por completo o vendedor que, de início, estava reticente. Ela também aproveitara do bom lanche que foi servido. Tinha tido uma tarde muito agitada e desde de cedo não havia comido nada. Dispôs todas as roupas, na ordem mais favorável. Havia deixado por primeiro, uma roupa levemente desinteressante - era uma forma de baixar a expectativa e depois fisgar o cliente - seguida de um vestido roxo de bom corte e uma camisa bem trabalhada.

- Você tem peças interessantíssimas... - Disse o vendedor enquanto examinava o vestido. Dava para notar que ele também sabia reconhecer uma boa peça e um bom material. - Perdão... Como devo chamá-la? Aguarde mais dois minutos. Ficarei com essas duas peças.

O vendedor entrou pela mesma porta de antes e voltou de lá com um saquinho de moedas. Catou com os dedos rápidos e magros e entregou para Nadyne 6 xelins de prata, referentes ao vestido e à camisa. - Foi um prazer negociar convosco. Passe aqui sempre quando estiver por Lars-Gaehlia. Se sempre tiver esse tipo de material, poderemos fazer bons negócios.

Boticário da Praça Maior

Yaha Sooth

A senhora roliça olhava a extensão das feridas de Yaha com preocupação e cuidado. Ela parecia até mesmo ignorar o que ele estava falando. Em dado momento, ela abriu um pequena bolsa que levava na cintura, quase como uma pochete, tirou dali umas gases e um álcool e começou a limpar as escoriações do estudante.

- Você vai precisar de pelo menos duas poções de cura e um dia inteiro de descanso para estar novamente bem. Olhou-o com olhinhos pequenos esperando que ele dissesse algo. - Serão quatro xelins, esses curativos não vão bastar.

Loja de Roupas Bons Panos

Nadyne Creenbottle

Logo Nadyne estava na loja ao lado. Já tinha em mente como usar aquele dinheiro conseguido. Entrou perguntando sobre os arcos. Deparou-se com inúmeras espadas e lanças colocadas ordenadamente na parede. Com diferentes empunhaduras e níveis de detalhes. Do outro lado viu uma série de arcos longos,
todos grandes demais para ela utilizar. Eles porém eram feitos com uma madeira enegrecida muito bonita e polida com algum verniz que arrematava o item de forma espetacular. Os olhos de comerciante de Nadyne notaram que tinham boa qualidade. Isso era o que significava estar em Lars-Gaehlia. Não era lugar de produtos mequetrefes.

- Milady está interessada em um arco...? - A pergunta fora um tanto quanto interrogativa. O vendedor parecia não entender porque uma moça quereria um arco. No entanto, vendedor que era, não deixaria de mostrar o produto.- Por diverso que isso pareça, temos sim algo para seu tamanho.

Saiu de detrás do balcão e com gentileza dirigiu Nadyne para o canto da loja à sua esquerda. Havia um manequim empunhando um arco, este feito em madeira castanho claríssimo, quase branca. - Parece perfeito para vós.

Boticário da Praça Maior

Yaha Sooth

A senhora muito expressiva deixou sair uma expressão de alarde quando Yaha dissera que tinha apenas um xelim.

- Mas isso não paga nem sequer uma poção, quem dirá duas... Ela pareceu estar verdadeiramente perturbada com aquele situação e olhou para os lados uma ou duas vezes. - Vou falar com meu marido, talvez você possa trabalhar aqui uns dias para compensar isso, não sei! Aguarde aqui, eu... eu já volto! - Nisso se levantou e passando por detrás do balcão, sumiu detrás de uma cortina vermelho sangue. Yaha ficou sozinho na botica. Olhou as poções bem arrumadas nas prateleiras. Seus olhos correram e viram as poções de cura. Fazia silêncio. Ele precisava daquelas poções. Um relógio na parede marcava cada segundo. A senhora não dava sem sinais de estar voltando.

O Velho Armeiro

Nadyne Creenbottle

Nadyne repara que o vendedor a olha com ar exasperado. Ele solta até mesmo uma pequena bufada diante do disparate da oferta de 1 xelim por aquele arco.

- Milady, está certo que esse arco está em demonstração, mas isso não quer dizer que não seja uma arma de boa qualidade.   - Explicou. De fato, Nadyne não sabia, mas estava numa das lojas de armas mais conceituadas de Lars-Gaehlia. O Velho Armeiro se instalara ali há pelo menos 3 gerações. No início, era uma oficina onde, numa pequena forja, um anão trabalhava. Ele era o velho armeiro. Com o passar dos anos ganhou alguma fama e montou uma loja contígua à sua oficina. Infelizmente seus filhos não tiveram tino para continuar o negócio que pouco tempo depois foi vendido a um humano. Este humano, habilidoso no negociar e administrar, tornou o Velho Armeiro no que é hoje, e seus filhos, obviamente, mantiveram a reputação da loja, que atualmente não tem mais uma oficina e compra as peças de armeiros de outras localidades.- A madeira clara desse arco deve-se ao senso estético do armeiro que o fez, pois ele pensava em fazer um arco delicado visualmente. Por isso ofereci à senhorita. Na compra do arco você ganha 5 flechas.

Praça Maior

Yaha Sooth

Yaha justificou-se abundantemente consigo mesmo enquanto decidia roubar a poção da senhora da botica. Chegou mesmo a deixar um centavo de cobre simbolizando algum tipo de pagamento. Em sua cabeça estava ajudando mais à senhora se a roubasse que se ficasse ali e talvez conseguisse um trabalho. Além de surrupiar a poção da loja, decidiu por fim abandonar Nadyne e buscar a sorte sozinho.

Quando saía da botica, viu a halfling saindo da loja de roupas. Ela estava vestida com outras roupas. Decerto tivera alguma sorte engabelando o vendedor. Yaha parou estático frente a porta, hesitante. Não sabia se ela o tinha visto. Ela, porém, entrou na loja de arma logo ao lado, sem nem sequer levantar os olhos para ele. Imediatamente começou a caminhar para o lado oposto ao da Universidade. No caminho, abriu a poção e tomou-a. Não havia nem sequer terminado de atravessar a praça e já se sentia melhor. As coisas poderiam melhorar dali pra frente.

Fim da Primeira Aventura para Yaha Sooth