A Guerreira

Após ter passado várias semanas treinando um grupo de lacaios que não tinham nada a perder, finalmente era chegada a hora de viajar para as Terras do Leste. Juntamente com seus dois companheiros de crime vindos da cidade de Argos, Mewghoah roubou uma pequena embarcação e atravessou o estreito que separavam a vila suja de Bradenville das florestas das Terras do Leste.

Todos sabiam que aquela viagem seria perigosa, mas Mewghoah parecia não se importar em adentrar em terras comandadas pelos exilados Orcs e goblinóides. Levava consigo algumas das armas roubadas do ferreiro, em especial um espada longa recém forjada a qual mantinha ao alcance da mão o tempo todo.

Após viajarem e atravessarem as matas sem maiores problemas, fora um lobo sorrateiro que matou um dos lacaios dos criminosos na viagem. Após 3 dias de viagem, Mewghoah e seu grupo finalmente tinham atravessado as densas florestas que beiravam a região mais à oeste daquelas terras... Podiam ver ao longe o céu aberto e a brisa quente que soprava de uma região mais árida... Sabendo assim que estavam indo na direção correta, o deserto estaria mais alguns dias de caminha dali...

Porém... O plano não seguiu como o planejado. Após terminarem o dia de caminhada, durante o acampamento noturno, foram surpreendidos com flechas negras que mataram os vigias do grupo mas ainda assim alertaram os demais, inclusive Mewghoah. Um grupo de Orcs montados em Worgs, juntamente com um punhado de Goblins armados com javelins e pequenas clavas atacaram de surpresa Mewghoah e seus companheiros.

A batalha foi intensa mas a pouca luminosidade e ter pego o grupo enquanto descansavam deu vantagem de mais para o grupo de Orcs que venceu, após alguns minutos, o grupo de Mewghoah e seus companheiros. Apesar de uma brava guerreira e ainda conseguir executar alguns goblins durante a batalha, Mewghoah foi acertada por um dos Orcs encima dos Wargs com uma forte tacada por trás da cabeça, perder os sentidos e desmaiar caindo ao chão.


Os sentidos de Mewghoah começavam a retornar aos poucos, sentia um balançado e a paisagem parecia estar se movendo... Sua visão turva logo foi se adaptando novamente começou a enxergar. A brava guerreira tinha seu movimento extremamente restrito, conseguindo mover apenas a cabeça para os lados e ciscar um pouco suas pernas, percebia que estava deitada perpendicular a o corpo de um animal forte e de pelos escuros e podia ver que quem o guiava era um forte orc vestindo armaduras constituídas de algumas poucas placas rudimentares de metal presas ao seu corpo por tiras de couro e que portava um grande machado preso a suas costas.

A mulher notava que alguns outros orcs montados estavam viajando junto com o orc que a carregava junto, mas não conseguia ver nenhum de seus parceiros sendo levados em nos outros Wargs... Talvez todos tivessem morrido... Mas no fim, ela havia sido capturada pelos orcs e agora seu destino era incerto, porém, se ainda não a mataram provavelmente a usariam para outra coisa...

Pouco tempo depois que a mulher acordou e começou a analisar seus arredores, o Orc que comandava o Warg em que estava percebia seus movimentos e virava um pouco para a mesma falando em uma voz grave e rouca:


Orc: -- Hunf, você acordou? Hunf... Pancada foi forte, você dormiu quase dois dias... Mas precisava de uma dessa pra que você parasse... Não sabia que humanas podiam nascer com tanta força. Zigzags vai pagar uma boa quantia por você, he he he! --

O sol estava ardendo quente no céu, deveriam ser por volta de meio dia, Mewghoah começava a sentir sua boca seca e fome e enjoo derivados do balançar e da posição em que se encontrava na fera que a carregava.

~ O Assentamento orc ~

Quando percebeu que o orc já não olhava mais para a mesma, tentou forçar as cordas para se libertar... Porém, talvez por estar com fome e com sede, Mewghoah não conseguiu nem se quer descolar os pulsos um do outro. Na verdade, o nó foi feito de forma que apertasse ainda mais seu pulso caso tentasse se movimentar.

Após abdicar de sua primeira tentativa, Mewghoah, tenta convencer o orc a dar-lhe um pouco d'água e afrouxar suas cordas. Ao ouvir aquilo o orc olha para trás e com uma expressão de questionamento se mantém por alguns segundos olhando para a mulher por cima do ombro.

Até que, ronsava consigo mesmo e parava abruptamente o Worg, puxando as rédeas do animal para trás. O corpulento orc descina da sela num salto e ia até a traseira do animal, onde se encontrava deitada a mulher. O orc pegava em um cantil que tinha preso do outro lado do animal e abria, despejando de forma bruta a água no rosto da humana, que conseguia beber apenas parte do que fora jogado nela.

Orc: -- Urg... Fique parada... -- O orc falava ainda aborrecido com aquilo

O humanóide a virava de lado e começava a afrouxar suas cordas, porém isso apenas retornou as mesmas para a situação em que se encontravam antes de Mewghoah tentar se libertar. O orc então empurrava a humana para que caisse de novo com a barriga por cima do animal e dizia com ríspidez:

Orc: -- Agora cale-se! Já estamos chegando... --

O orc então voltava a sua sela e o animal voltava a se mover... A guerreira começava aos poucos ouvir sons de outros orcs e goblins conversando a distância, parece que realmente estavam se aproximando de algum lugar.

Alguns instantes depois conseguia ver ao erguer sua cabeça com algum esforço que estava em uma espécie de assentamento onde perambulavam vários Orcs, Goblins e alguns Ogros e outras criaturas desta laia. Vários deles olhavam para ela, até que um orc qualquer que estava terminando de comer uma maçã gritava olhando para Mewghoah:

Orc: -- Por que esta mulher ainda está vestida!? Eu quero ver essa bundinha! --

O orc falava isto em tom de zombaria, e quando terminava sua frase lançava a maçã semi-comida na direção de Mewghoah, acertando-a em seu ombro.

Enfurecida com a atitude do orc zombeteiro que lançara uma maçã em sua direção, Mewghoah tenta libertar-se utilizando novamente sua força. Porém a posição e a fome contribuiam para que a guerreira não conseguisse se libertar das amarras que a prendiam. Caindo-se sobre o worg em suspiros após não conseguir torar as cordas que a envolviam, Mewghoah começou a notar que seu captor começava a se dirigir para uma área com aparentemente menos criaturas e um pouco mais afastada do centro do assentamento.

Ao erguer a cabeça, a guerreira via uma construção de muros altos e circulares feitos em uma pedra amarronzada com uma grande entrada em arco... Não precisava pensar muito para saber para onde estava sendo levada: Uma arena.

Adentraram na construção por um corredor largo, virando até uma ala em que alguns orcs estavam de pé ao lado de uma porta. O orc que guiava sem worg desceu da sela e falou em sua língua materna com os outros orcs. Mewghoah não compreendia o que aqueles sons guturais queriam dizer, mas logo após pouco tempo de conversa um dos orcs que estava próximo da parede se aproximou da mulher e a analisou como quem observa carne num açougue.

Finalmente, após alguns segundos o orc que a observava pega uma pequena sacola com o que pareciam ser moedas e lança na direção do captor, que sorri com o canto da boca mostrando suas presas afiadas. Nesta hora o orc da arena, que acabara de pagar por sua cabeça, derruba Mewghoah do worg sem dó alguma, empurrando-a para o lado. O baque seco tira o ar da mulher que cai de lado no chão, sujando o lado direito do seu corpo e rosto com a terra daquele local.

O orc da arena então a levanta bruscamente pelo braço, deixando-a de pé e começa a empurrar com a ajuda do outro orc local que estava disposto do lado da porta inicialmente. Um dos orcs abre a porta, revelando um local escuro e fétido, onde algumas jaulas de barras de ferro negro continham alguns prisioneiros.

Mewghoah era empurrada para dentro da sala e logo após tinha suas amarras cortas e era jogada em uma das celas sozinha, caindo ao chão com o empurrão do orc. A mulher podia ver a expressão apática dos outros prisioneiros ao vê-la ser presa.. A maioria ali parecia abatido e tinham vários ferimentos que pareciam cortes e pancadas de batalha. Humanos, elfos e um par de anões, totalizando quase nove prisioneiros estavam no local. O orc que negociou seu preço trancou a jaula à chave e saiu do recinto, fechando também a porta para a sala.

Existiam duas saídas da sala, uma a esquerda, por onde entraram, e outra a direita que parecia dar direto na arena. Algumas armas estavam dispostas no canto da sala, longe das jaulas, juntamente com o que parecia ser a mochila e equipamentos entulhados de Mewghoah.

Mewghoah fazia todo seu ritual de relaxamento, mas ao perceber que estava relaxando de mais voltava-se a sua presente situação, voltando-se para um dos prisioneiros ao seu lado e o questionando sobre como vieram parar naquele chiqueiro e se já haviam tentado fugir. O homem sentado ao seu lado tinha um corpo definido que revelava algumas cicatrizes de batalha, venstindo-se apenas com uma espécie de saia que mal cobria suas cuecas e uma ombreira.


Gladiador: -- Fugir? O que você pretende, senhorita, pegar uma espada e cortar a cabeça de trezentos orcs!? Somos todos viajantes que passaram perto de mais das terras dos orcs... Mercadores, viajantes, exploradores... Todos tolos que chegaram perto de mais do perigo, como você. E como você, os orcs viram em nós habilidades com espadas e nos jogaram aqui... Apesar de eu achar que eles confundiram o tipo de "espada" que você sabe usar, ha ha ha! -- Ria o homem após fazer sua piada infame.

Os outros do local se mantinham calados e quietos, apenas alguns poucos suspiros de tristeza podiam ser ouvidos. Finalmente Mewghoah erguia-se e tentava forçar as barras, pedindo ajuda até mesmo a Tymora para que a abençoasse. Porém, parece que sua conexão com a Deusa não era tão forte e não conseguira se quer mover as barras um pouco.

Gladiador: -- Ha! Você não vai conseguir mover isso, homens mais fortes que a senhorita já tentaram, por favor dama... É melhor que volte ao seus serviços de relaxamento, estava começando a achar interessante, ha ha ha! -- Continuava o gladiador ao seu lado.

O som de vários passos podiam ser ouvidos do local, o teto começava a vibrar de leve e fios de poeira caiam do mesmo. Aparentemente uma multidão estava se organizando para assistir aos espetáculos da arena... A festa começaria em breve.

Mewghoah não se sentia nada confortável com as piadas de seu vizinho de jaula, então respondia em tom irônico, tentando devolver na mesma moeda. A mesma então notava toda a vibração no teto, as lutas estariam para começar mas não queria lutar naquele dia... A não ser que fosse contra o homem que a insultou.

O gladiador apenas se mantinha calado sobre as indiretas quanto a sua vestimenta, apenas cospindo de lado e resmungando. Quando a mulher perguntou sobre se ela iria ter um dia para descansar o homem voltou-se a ela em risadas:

Gladiador: -- Ha ha ha! É exatamente o contrário! Quem chega por último... Vai primeiro... É bom que você vai poder se tocar bastante no outro mundo! -- Zombava novamente o gladiador ao seu lado

Pouco tempo depois da resposta infâme do homem a porta por onde Mewghoah chegou se abre violentamente, revelando um goblin gordo de cartola em roupas arrumadas e cheio de anéis com jóias acompanhado por dois quatro orcs grandes e em armadura.

Goblin de Cartola:

No momento que o goblin entrou, rindo e olhando para todos ali presentes podia-se sentir a tensão dos outros prisioneiros, até mesmo do zombeteiro ao seu lado. Todos os enjaulados olhavam para o chão e mantinham-se calados, como quem tenta não chamar a mínima atenção. O goblin ia caminhando no corredor olhando de jaula em jaula, até que finalmente chega na de Mewghoah.

Goblin: -- Então é você a novata, hã!? Disseram que você luta como uma tigresa, hunf, eu preciso ver para crer docinho... -- Dizia o goblin com um sorriso maligno na boca -- Então você será a primeira atração hoje! E como és uma dama, nada mais justo que eu, como um cavalheiro, lhe ofereça a oportunidade de escolher seu inimigo... -- Falava aquilo ao fazer uma pequena reverência tirando sua cartola. -- Vamos! Escolha tigresa! Qualquer um desses miseráveis pode ser seu adversário hoje! --

O goblin se mantinha de frente para sua jaula, envolto com seus guardas armados, esperando a resposta de Mewghoah.