A World of Warriors

Era um ambiente pequeno mas muito bem cuidado. Um balcão de tamanho razoável que ia de uma ponta a outra do estabelecimento podia ser visto brilhando graças ao cuidado quase compulsivo que era dado pelo taverneiro. Haviam algumas mesas e bancos de madeira simples mas o lugar era decente o suficiente para ficasse sempre cheio.

E não era para menos. O vilarejo de Archbald era um ponto conhecido onde algumas rotas comerciais importantes se cruzavam. O povo era simples, sim, mas trabalhava duro e tinha orgulho do lugar e sua prosperidade modesta. Isso se refletia na organização em geral de todo o vilarejo e, principalmente, na Taverna Sonho Dourado.

Quando Holg Neega, o meio jovem meio orc entra, suas grandes narinas são preenchidas pelo maravilhoso cheiro de porco assado que preenchia o lugar. Todas as mesas já estavam ocupadas, assim como vários dos lugares próximos ao balcão. Mas com uma rápida olhada, pode ver alguns poucos lugares ainda desocupados e isso era o suficiente. Só esperava que o simples banco de madeira suportasse o seu peso…

Holg estava ali pois tinha um encontro marcado. Não precisou esperar muito, bastou alguns poucos minutos para que fosse abordado pelo homem que lhe traria uma proposta de trabalho, o motivo para qual o jovem guerreiro havia viajado até Archbald.

- Bem, não é difícil confundir você, garoto.

Um homem bem acima do peso se aproxima de Holg. Era branco, quase rosa, tinha uma careca lustrosa. Vestia roupas simples mas muito bem cuidadas. O meio orc o conhecia, havia encontrado ele algumas semanas atrás em seu vilarejo natal. Seu nome era Jonas, um mercador de matérias-primas para móveis.

- Bem, rapaz, vamos tratar de negócios primeiro. Depois beberemos. - o homem falava educadamente apesar de um tanto ríspido. Era o tipo de pessoa que não gostava de conversas moles. - Como te disse da última vez que nos vimos, minha próxima caravana sai em dois dias. Tenho um bom carregamento de madeira de qualidade que preciso entregar em Samúria e preciso ser rápido pois não quero perder meu negócio para aquele patife do Carlai. Me disseram que você sabe usar essas coisas aí, não é mesmo?

Jonas aponta para as espadas curtas de Holg

- Preciso de um bom segurança. As estradas não tão seguras como antes e eu estou com certa pressa. O que acha? Posso lhe pagar um bom dinheiro e você vai na próxima caravana para Samúria.

O gordo claramente não aprova o seu jeito rústico. Mas estava acostumado a lidar com isso. Afinal quando se anda por aí carregando coisas de valor, é natural que se procure bons guerreiros para manter sua segurança. E todos sabem como homens de armas podem ser peculiares e pouco educados. Não que isso importasse. O que importava era que soubessem usar suas armas no momento certo.

- Eu não chegaria onde cheguei se ficasse dando calotes por aí, garoto!

O homem pega do bolso um pergaminho que desenrola de uma forma desajeitada no balcão.

- Pegaremos a estrada nova. Ainda não está comletamente finalizada mas o trecho nos permite cortar um bom caminho antes de voltarmos para a estrada velha nesta intercessão aqui e seguir por ela até Samúria. Chegaremos bem rápido se a viagem for tranquila.

Um anão de barba grisalha, pouco depois de ouvir o chamado do meio orc, deixa duas grandes canecas de cerveja. O gordo pega uma delas e empurra a outra para você.

- Um brinde a um contrato de trabalho. A propósito, me chamo Aberdeen. Não beba demais, seja profissional. Pelos Deuses!

Após consumir sua bebida, o mercador Aberdeen deixa as moedas no balcão pagando pela bebida e por um pedaço do porco assado como cortesia para você.

O velho anão taverneiro retorna ao seu chamado. A pousada estava quase cheia mas ainda havia um pequeo quarto disponível.

- O Aberdeen? - responde o Anão ao ser questionado. - Ele sempre aparece por aqui com uma caravana diferente. Costuma usar as rotas comerciais conhecidas, mas desde que o Carlai começou a concorrer, ele anda meio afetado. Coisa de comerciante, eu acho.

Desajeitadamente se abriu o pergaminho. Os planos de viagem do porco rosa incluíam o caminho por uma estrada inacabada, era um atalho para chegar até a estrada principal e seguir até a cidade. Uma rota simples no papel... eu pensei. Quando o brinde foi proposto apenas virei a caneca de cerveja. Mas logo depois guardaria o pergaminho para que não acontecesse um acidente.

A comida e a bebida estavam ótimas, mas o meu contratante foi embora cedo. Tão logo ele se levantou deixando algumas moedas para pagar uma parte da refeição, eu fui ter uma conversa com o taberneiro e este me contou umas coisas interessantes sobre ele.  

Se pudesse tirar mais algumas informações úteis do taverneiro o faria, mas depois iria para meu quarto, lá eu separaria meus equipamentos e contaria as rações de viagem definindo se o que eu tinha era suficiente ou não para esta viagem, tanto para mim quanto para o Pé de Pano, meu cavalo de montaria. Dando uma olhada melhor no pergaminho, nesse momento contando com meu antecedente, memorizo a rota e sua geografia, estabelecendo uma contagem de dias de viagem se não houver imprevistos, por fim descansaria. Pela manhã sairia para explorar a cidade.

- Você não sabe quem é o Carlai, moço? -  diz o anão franzindo a testa - De onde você disse que é mesmo? Bem, deixa pra lá...já vi que não é daqui. O cara meio que está virando o dono das coisas por aqui. Tudo o que é negócio lucrativo ele está comprando. Quer virar o dono da cidade para tomar conta das rotas comerciais.

O taverneiro olha para os lados e depois diz em um tom mais baixo.

- Mas nem todo mundo aqui quer vender, tipo o Aberdeen... e o Carlai não gosta muito de concorrência. Por isso, quem pode, está contratando segurança e tentando rotas alternativas.

O taberneiro lhe da a chave e o número do quarto e promete cuidar do seu cavalo. A noite passa com tranquilidade, a cama era razoavelmente confortável.

Amanhece. Você ainda está em sseu quarto e tem o dia pela frente pois a seu trabalho com Alberdeen começa oficialmente apenas no dia seguinte. O que pretende fazer?

Depois de me espreguiçar sairia do quarto em direção ao aposento destinado às necessidades básicas. Pretendia tomar um banho e com uma adaga afiada rasparia a cabeça. Com cuidado, não vamos fazer mais uma cicatriz... pelo menos, assim eu pensava. Terminado o preparativo não usual, voltaria para o quarto e pegaria minhas coisas para me dirigir até o bar e procurar o taverneiro.

Estenderia o polegar em sinal de agradecimento qualquer que fosse a resposta e buscaria a porta ganhando o exterior. Olhando em volta dar-me-ia conta do clima da manhã, do ritmo dos cidadãos e do estilo do local, um vilarejo eu supunha, não havia de ser difícil encontrar o que eu precisava, mesmo assim, começaria a caminhar na direção de meu objetivo, se encontra-se o ferreiro, tentaria adquirir a armadura.

Desenharia no chão o tal símbolo com o qual eu sonhara certa vez, não tinha dotes artísticos evidentemente, mas se o ferreiro pudesse entender já estava valendo. Tentaria firmar um acordo ali, e se houvesse algo a pronta entrega também estaria bom, mesmo que não pudesse colocar o símbolo. Por fim, deixaria o homem trabalhar, e sairia dali para vasculhar a cidade, afinal, disse o taverneiro que tudo está sendo adquirido pelo tal Carlai, então talvez fosse interessante passar em algum de seus estabelecimentos para ver como seus empregados são tratados. Faria uma ronda pela cidade prestando atenção nas conversas dos cidadãos, ao fim do dia voltaria para a taberna para fazer uma boa refeição e fixar um entendimento sobre a situação do vilarejo Archbald.

Spoiler:

Quando você deixou seu quarto pela manhã, encontrou o velho anão já de pé e servindo dois homens no balcão com café fumegante. O velho anão, de cara muito fechada, conversava rispidamente com eles. Vestiam negro. Combatentes, você logo percebe pelos coletes de couro e as espadas curtas que carregavam. Havia um certo sorriso cínico e muita tensão no ar. Antes dessa tensão ser quebrada pela sua chegada, você ouve um trecho da conversa.

> Taverneiro: - Já disse e vou dizer de novo: não estou aceitando nenhuma proposta. Voltem e digam ao Carlai que não quero seu ouro.

> Homem 1: - Então você é um idiota, Belmon! Essa já é a terceira proposta, homem. Quanto mais você acha que ele vai aumentar a oferta antes de perder a paciência?

> Homem 2: - Anões e sua maldita teimosia! Entenda, seu louco, o chefe não está de brincadeira...uma hora ou outra ele vai conseguir, então é melhor aceitar que as coisas estão mudando.

> Taverneiro: - Como vocês aceitaram? Eu os conheço metade da minha vida, senhores e já foram homens melhores...

A conversa é interrompida pelo barulho de seus passos nos degraus finais da pequena escada de madeira que ligava o primeiro andar da taverna com os quartos no segundo.  Os dois homens de negro lhe direcionam um olhar carrancudo.

> Homem 2: - Vá cuidar de seus clientes, Belmon. E pense bastante enquanto faz isso.  -  ele diz, dando mais um gole em seu café e deixando algumas moedas de pagamento e saindo para a rua.

O anão taverneiro Belmon encara a porta com o mesmo olhar raivoso por mais alguns segundos, da um breve suspiro e volta-se finalmente para atendê-lo.

- Yo Botequeiro! Onde posso comprar uma brunea por aqui? - Ah quase me esqueci! Vou deixar o Pé de Pano mais um dia aos seus cuidados.

- Desculpe por isso, mestre Holg. Pode deixar, cuidaremos bem do seu cavalo. O vilarejo tem um bom ferreiro, só seguir pela rua principal até a pracinha do comercio, próximo a feira. - Disse o anão, lhe extendendo o bule que ainda fumegava com café. - O café da manhã é cortesia para hóspedes.

Spoiler:

As ruas estavam cheias, havia bastante movimento. Pessoas iram de um lado para o outro em Archbald, tocando seus próprios assuntos. Poucas paravam para observar você.

Não demora muito para que alcance sua presa. Os dois homens de negro caminhavam com um ar de orgulho. Assim como na taverna Sonho Dourado, os dois homens entram diversos estabelecimentos, um ferreiro ali, um feirante aqui, um armazén acolá. Como coletores de impostos. Você os acompanha durante uma meia hora tendo certeza de que não havia sido notado pelos homens.

Spoiler:

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O caminhar furtivo prossegue por mais alguns minutos pelas ruas de Archbald. Durante esse caminho, em perseguição aos dois homens de negro, você persegue a mesma rotina. Depois de mais três paradas em alguns estabelecimentos, eles desviam seu caminho para outra rota, passando pelas diversas pequenas caravanas de comerciantes que se preparavam para sair. A maioria sairia apenas daqui a uma semana, dias após o planejado pelo Aberteen.

Vocês os segue até a entrada do que parece um velho armazém. O lugar era guardado por mais dois homens de preto, que cumprimentam os que chegam com um aceno, antes de abrir a porta e permitir a entrada deles. Você não havia sido notado, mas entrar pela porta da frente sem que o guarda perceba, seria algo extremamente difícil.

Aproveitando que ainda não havia sido avistado pelas sentinelas que guardavam o armazém, você lentamenta avança e da a volta no lugar. Não havia outra porta, não era um lugar muito grande. Aparentemente, a entrada guardada era a única que existia. Mas você pode ver algumas janelas pequenas com vidros quebrados. Não seria o suficiente para que você passe por elas mas talvez consiga ver um pouco da atividade que acontece lá dentro e, quem sabe ouvir também.

Mas as janelas ficam em um lugar que você, mesmo sendo bem alto, não consegu alcançar. uma busca rápida pelo local você identifica alguns bancos velhos de madeira, para que possa se apoiar. Sendo naturalmente pesado, entretanto, talvez o banco aguente seu peso e o barulho poderia chamar a atenção dos guardas.

A estrutura balança diversas vezes e por alguns tensos segundos, você sente que talvez aquela não tenha sido uma boa idéia. Mas você alcança a janela, onde pode ter uma visão parcial do armazém, cheiop de caixas de maderia empilhadas.

Não demora muito para que encontre os dois homens de negro que vinha seguindo desde a taverna. Eles encontram´se de frente para um terceiro homem, sentado em um banco de madeira e cercado por outros dois seguranças.

Você consegue ouvir o que eles dizem, com certa dificuldade. O homem sentado no banco possuía um semblante aborrecido e brincava com uma daga em suas mãos, girando e passando de uma mão para a outra. Tinha cabelos castanhos encaracolados, pele branca, quase pálida e era esguio. Vestia uma túnica em bom estado de conservação, totalmente negra.

- E então, senhores? Qual a reposta do velho anão? - sua voz era suave e polida, como um aristocrata.

Um dos homens pigarreou antes de responder.

- Teimoso como só um anão pode ser, Senhor Carlai. Recusou sua oferta novamente...não acredito que aceitará de bom grado qualquer outra.

- Ora, isso é...incômodo. - diz Carlai, sem tirar os olhos de sua adaga. - Teremos que tomar medidas mais duras com o anão teimoso. Já não basta o velho Aberteen achando que pode me desafiar por aí...mas o dele já está guardado. O Síndicado tem planos para estas rotas e negócios e não será um anão ancião, muito menos um comerciante obeso ficará no meu caminho. Estamos prontos para amanhã?

- Sim, senhor.

Nesse momento, você sente um chacoalhar na pilha de madeira que usa como apoio. Um som de "crack" é ouvido e tudo vem abaixo com um tremendo barulho. Ser um meio-orc musculoso tinha suas desvantagens.

- Mas que diabos é isso?! - você ouve alguém dentro do armazém falar e passos chegando.

A merda já estava feita e você precisava sair dali o quanto antes! Quando a estrutura improvisada cai no chão você, com a agilidade de um felino, cai no chão tão de pé, tão suavamente quanto seu peso permitia. Passos vinham, você não tinha muito tempo.

Você alcança a rua rapidamente sem problemas. Não era necessário um grande esforço para se misturar, as ruas estavam bem caóticas devido a proximidade do dia em que as caravanas sairiam. Você respira aliviado. Não havia sido descoberto.

Mas agora sabia que o seu empregador tinha inimigos. E alguma coisa aconteceria, o gordo Aberteen estava mexendo com gente perigosa e o dele já estava no forno. Você precisava se preparar...e avisar o Aberteen.