| Nome do Personagem: Raito Yami
Idade: 18 anos
Personalidade: Inteligente, ingênuo, doce e gentil. Não aceita a injustiça
Hobby: Desenhar e ouvir música
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-“
Pra qual faculdade você vai, Raito?”
Finalmente havia chegado o momento que Raito tentava evitar de pensar. Amava os amigos e queria estar com eles. Queria ir pra mesma faculdade que eles. Mas sabia que não tinha chance. Todos seus amigos iriam pra famosa UA. A mais cobiçada universidade de Heróis. E eles tinham razão: seus amigos tinham peculiaridades chamativas e extremamente úteis. Eles seriam heróis magníficos e ajudariam muitas pessoas.
Mas Raito não. Fora amaldiçoado com uma peculiaridade inútil. Não tinha a menor chance de passar no difícil exame de admissão da UA. Seria um herói, sem dúvida. Faria o melhor que pudesse pra ajudar as pessoas ao seu redor. Mas Raito era obrigado a admitir, pra si mesmo, que jamais seria um herói como All Might, Endeavor, Hawks e tantos outros que são todos tão incríveis. Não merecia a UA. Não importa o quanto quisesse merecer.
-“Eu ainda não decidi”- Raito respondia, com um sorriso no rosto, mas com os cabelos em um tom de profundo azul que denunciava sua tristeza aqueles que bem o conheciam.
***
Os dias passavam, e a cada dia o exame de admissão ficava mais próximo. Todos os dias, Raito encarava o formulário de inscrição por horas. Desejava ardentemente preenchê-lo e se inscrever. Fantasiava em ter poderes incríveis, passar no exame impressionando os amigos, as festas, viagens em turma, estágios e todos aqueles momentos deliciosos da faculdade, junto de seus companheiros. E então, seriam um time de heróis. Inseparáveis, destruiriam o mal com o poder da amizade.
Ha ha ha
A vida é uma piada de mal gosto. Raito sempre acabava deixando o formulário em branco sobre a mesa, no fim das contas.
***
-“Hey, Ryuchi! Bora fazer uns arremessos? Aprendi uns truques novos! Dessa vez eu vou te esmagar!”- Raito girava a bola no dedo, provocando o amigo que estava passando na rua em frente a quadra.
-“Tá maluco? A prova de admissão já é semana que vem? Estou indo pra casa da Nana estudar, como nós combinamos a semana inteira. Esqueceu?”- Ryuchi suspirou. Raito vinha lidando com a prova de admissão com uma irresponsabilidade que ele nunca tinha visto no amigo.
-“Oh... Esqueci sim”- Disse Raito. Precisou de todas as suas forças pra não mudar de cor na frente do amigo, e acabou deixando a bola de basquete cair no chão.
-“Bom, vamos? Já estamos atrasados.”- Ryuchi estava impaciente. A proximidade da prova estava deixando todos nervosos.
-“Eu tenho que fazer algumas coisas... vai na frente, eu te encontro lá.”- Raito pegou a bola com as duas mãos, levantando-a do chão lentamente. Não viu quando Ryuchi deu de ombros e seguiu seu caminho para a casa de Nana para o grupo de estudos.
Arremessou a bola novamente para o aro acima de si. O aro nunca pareceu tão longe, tão distante, tão possível de acertar.
-“Raito, já chega.”- a voz familiar Katsu disse atrás do rapaz. Hoje Katsu não parecia adotar a aparência de ninguém em especial. Aquela era a forma verdadeira dele. A pele branca como uma folha de papel e uma cabeça absolutamente sem pelos. Olhos muito redondos e uma boca inexpressiva. Mas, mesmo naquele rosto sem expressão era possível identificar a preocupação com Raito e muita afeição.
-“Eu estou bem, tio.”- Raito disse com um sorriso no rosto. –“É só uma universidade. Existem outras.”
Ele não conseguiu terminar a frase. Katsu envolveu seu protegido com os braços, em um abraço apertado. A afeição daquele que era a coisa mais próxima que Raito tinha de uma figura paterna invadiu o peito do garoto e Raito não pôde mais conter as lágrimas. Abraçou seu tio, e chorou. Amaldiçoou seu destino injusto. Praguejou. Xingou. Até as lágrimas secarem e o peito esvaziar de toda emoção. Katsu não o soltou em nenhum momento.
-“Raito, a única forma completamente certa de falhar em alguma coisa é nunca tentar. Acredite em si mesmo.”--“M-mas tio... Minha peculiaridade...”- Raito soluçava. Katsu sorriu gentilmente e afagou a cabeça do menino.
-“É um dom muito bonito. Muito honesto, como você. Mas você é muito mais do que apenas a sua peculiaridade, Raito. Ser herói é ter coração. E ninguém neste mundo tem mais coração do que você. Se existe um caminho, você vai encontrá-lo. Basta não desistir. Persevere, rapaz.”- Katsu era um homem duro, mas mesmo ele não pôde evitar encarar aquela criança sem sentir os olhos marejarem.
-“Mas eu não fiz a inscrição. Já é tarde demais.”- As mãos de Raito fecharam-se em um punho de arrependimento. O rapaz baixou os olhos, e não queria enfrentar Katsu.
-“Eu fiz a inscrição por você. Seu desastrado.”- Katsu sorriu. Sentia novamente a determinação de seu afilhado. A mesma determinação que admirava na mãe dele.
Raito abraçou novamente seu padrinho. Ainda chorava, mas dessa vez era de alívio. Tinha a determinação renovada. Iria encontrar os amigos na UA. Seria um Herói. Não importa o que acontecesse, daria um jeito.
Quando Raito saiu em disparada pela rua pra tentar alcançar Ryuchi antes do amigo chegar na estação, Katsu cerrou o punho.
-“Perdão, Iris. Ele é mais parecido com você do que eu posso suportar.”***
Todos estavam ansiosos pelo Teste de Admissão. A parte teórica até que não tinha sido difícil. Raito era um garoto brilhante e não viu dificuldade na prova. O verdadeiro desafio viria agora, ao enfrentar o temido teste prático. Raito passara noites em claro pensando, procurando um jeito. Tentando visualizar uma estratégia.
Quando os robôs começaram a se mover pelo campo acidentado, Raito não teve dúvidas. Despiu todas as suas roupas, ficando apenas com a cueca. Estava morto de vergonha, tinha muitas pessoas olhando, mas aquilo era tudo o que podia fazer. Com toda a concentração que tinha, observou as mil cores e tonalidades da paisagem ao seu redor. Todas as texturas, incidência de luz, sombras, movimento. Com toda a sua concentração, mudou suas cores de forma a mimetizar o ambiente.
Os robôs passaram a ter dificuldade de encontrar Raito. Ele conseguia se esgueirar e desativá-los antes que pudessem enxergá-lo. Quando falhava e os robôs conseguiam distingui-lo do fundo, Raito contava com seus reflexos apurados e sua velocidade para se esquivar e sair de vista, até que pudesse se mimetizar novamente e sumir outra vez da vista dos adversários.
Quando o teste acabou, e Raito percebeu que sua pontuação era o suficiente para a aprovação na UA, o rapaz explodiu em um grito.
Um grito de felicidade, claro. Mas também um grito de alívio. De exaltação. De resignação. De fúria. De determinação. Um grito primal de triunfo, que veio do fundo de seu coração, com todas as emoções que estavam guardadas lá.
Um grito com todas as cores.
Nana, Ryuchi e Yukio estavam lá. E Raito também. Juntos. Comemoravam abraçados e gritando. Quando Raito ouviu uma voz falando com ele.
-“Muito interessante a sua forma de lutar. Muito parecida com a minha! Seu nome é Yami, não é?”-“Oh, muito prazer! Meu nome é Rai.... nani?”- Quando Raito se virou, se deparou com uma garota nua. E não qualquer garota. A garota mais linda na qual ele já tinha posto os olhos. A menina tinha a pele translúcida, mas perfeitamente visível. Tons iridescentes deslizavam pela superfície do corpo curvilíneo e jovem da moça, que estava completa e totalmente nua.
-“EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEHHH?????????”- Raito nunca, em toda sua vida, ficara tão vermelho. Talvez até suas roupas tenham ficado vermelhas junto com ele. Tão vermelho que ninguém notaria seu nariz sangrando.
A moça ficou sem entender o que estava acontecendo, enquanto Raito apontava para ela boquiaberto e mais vermelho do que a bandeira da china. Até que ela finalmente compreendeu o que estava acontecendo.
-“V-você... você pode me ver? KYAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!!!!!!”- a moça gritou, cobrindo seus seios e partes íntimas com suas mãos invisíveis. Sem saída apenas deu um soco com toda a força na cara de Raito, que agora sangrava pelo nariz por dois motivos distintos.
***
A aula de literatura tinha sido ótima. Raito era apaixonado por artes e ficava muito feliz nas aulas que tinham esse tema. O menino era um excelente aluno nas matérias mais teóricas, mas artes eram o que ele mais gostava.
Mineta havia feito uma piada, e Raito riu junto com os amigos. Mineta era um cara particularmente engraçado, e todos precisavam de alívio cômico com as difíceis aulas da UA.
-“Eu não acho que seja assim seja uma boa forma de tomar anotações, Tokuma...”- respondeu Raito quando Tokuma disse que pretendia fazer uma marionete para anotar tudo para ele.
E então veio o convite para o cinema. Raito ficou muito feliz. Procurou Tooru, e se aproximou dela, tentando se controlar para não ficar vermelho.
-“O-o pessoal está querendo ir no cinema. V-você vai também?”- perguntou, encabulado, coçando atrás da cabeça.