Janus Cenwyr - Introdução

Covil de Esseanthalyx
Janus passou os últimos anos na caverna de Esseanthalyx, aprendendo os segredos do dragão e servindo-o como um devoto leal. O dragão por várias vezes saía para sobrevoar os desertos de Anauroch e ficava fora de seu covil por longos períodos.

Recentemente Janus descobriu sobre o grande torneio que aconteceria nos vales e isto o interessou. O prêmio de 25.000 peças de ouro poderá ajudá-lo na aquisição de alguns itens mágicos que certamente facilitariam uma provável ida até Myth Drannor, com o intuito de descobrir os segredos da Alta Magia Élfica. Porém fazia mais de dois meses que Esseanthalyx estava ausente, e Janus aguardava-o ansiosamente para comunicar de sua intenções de ir até a Terra dos Vales. Neste meio-tempo, suas únicas companhias eram o seu gato e os seus livros.

Até que com um barulho inigualável, num determinado dia, Janus soube que o dragão retornara ao covil. As paredes da caverna tremiam com os seus passos firmes, pedras caíam do teto e o cheiro de enxofre aumentava. O mago estava habituado a presença do dragão vermelho, mas mesmo assim sempre que o via se maravilhava com a imponência de tal criatura, seu olhar levando a crer que não existiria nenhum outro ser capaz de subjugá-lo, o que era provável. Suas garras poderosas servindo como um aviso aos pretensos inimigos e a mera cor rubra de suas escamas já era capaz de botar um povoado inteiro fugindo amedrontado.

Esseanthalyx estava novamente ao seu lar.

Janus já estava a algum tempo impaciente e angustiado. O que mais o deixava angustiado era que Esseanthalyx já ficou fora quase quatro meses, e Janus não tinha todo esse tempo. Deixar o covil sem avisar o dragão o deixaria furioso e isso traria problemas enormes para o mago. A última dezena tinham sido um dos dias mais angustiantes de Janus. Estudava algumas horas, depois se levantava e ía até o lugar que encontrara nas montanhas. De lá conseguia ver boa parte do Anarouch e todo o sul dos Vales. Mas não viu Esseanthalyx uma única vez. Janus então voltava para seus estudos, para algumas horas depois voltar até o ponto de vigia para procurar seu tutor, em vão.

Até que Esseanthalyx finalmente retornou. Janus sabia que o dragão não gostava de ser perturbado antes de se acomodar, guardar alguma caça ou tesouro que havia trazido consigo. Algumas vezes dragões pareciam crianças ricas e egoístas, mas com milênios de existência e um poder terrível, então era preciso saber conviver com essas manias. Quando Janus viu uma oportunidade, caminhou até o dragão, que destroçava a carcaça de um rothé. Esseanthalyx tinha ido longe dessa vez.

[dracônico]- "Um rothé, Esseanthalyx? Você foi até o outro lado do Anarouch dessa vez? Lá não está mais perigoso agora, com a tal Liga das Fronteiras?" - Janus faz uma pequena pausa.

[dracônico]- "Bem, preciso lhe dizer uma coisa. Preciso ir até os Vales e não sei quanto tempo ficarei por lá; duas dezenas, talvez um mês. Você precisará de mim durante esse tempo?"

Janus falava de forma decidida com o dragão. Aprendeu ao longo dos anos que não era preciso ter medo ou fazer mesuras demais para tratar de determinados assuntos com Esseanthalyx. Mas respeito nunca era demais.

O dragão não dirige sequer uma vez o olhar a Janus quando este adentra a câmara principal. Era evidente que a carcaça do rothé estava mais interessante para o dragão no momento do que o que o humano tinha a dizer.

- Você sabe que não tenho interesse nestes assuntos mundanos de vocês, bípedes - diz Esseanthalyx em relação a Liga das Fronteiras, com a sua voz retumbante ecoando pela montanha. - Nenhuma força neste mundo é capaz de me derrotar, seja bípede ou quadrúpede.

Janus fala sobre a sua partida e o dragão lhe dirige um rápido olhar.

- Vá, mas só retorne se tiver algo útil para me mostrar.

Muitos poderiam pensar que Esseanthalyx estava sendo rude, mas o mago sabia que ele na verdade estava com o seu humor no grau mais elevado. Era muito pior quando o dragão estava sem comer.

Janus não se incomoda com o tom ou o desdém de Esseanthalyx. Na verdade o mago se incomodaria se ele estivesse diferente.

- Eu sei que não se importa com nossos assuntos, mas você deveria se preocupar com a Senhora Alustriel. O poder dela é grande e muito bem conhecido.

Janus não tinha simpatia ou antipatia pelas terras do outro lado do Anarouch. Conhecia pouco sobre aquele lugar, só que os invernos eram rigoros e que a magia em Lua Argêntea era usada de forma fascinante. A fama do poder de Alustriel era grande e, é claro, existe o mythal que protege a cidade. Uma das poucas manifestações de magia élfica que ainda existem em Faerun. Janus decide mudar o foco do assunto antes que o humor do dragão piore.

- É claro que só lhe trarei itens interessantes, não farei com que perca o seu tempo. - Janus para por um momento pensando se fazia ou não a pergunta. Deixar Esseanthalyx saber que ele se interessa por isso pode ser arriscado.

"Ah, que seja!" Já que finalmente retomaria sua busca, precisava iniciá-la em algum momento, e talvez isso não importasse mais ao dragão do que o rothé em sua boca. Limpando a garganta para a voz soar limpa, Janus se dirige ao dragão.

- Esseanthalyx, o que você conhece sobre a Alta Magia Élfica?

O dragão faz um "CRAC" ao despedaçar alguns ossos do rothé e parece nem ter notado a fala de Janus em relação à Senhora Alustriel.

Esseanthalyx só volta a dar atenção ao mago quando este fala da Alta Magia Élfica.

- Arselu'Tel'Quess (nome na língua élfica) é uma das poucas criações que os bípedes-de-orelhas-pontudas criaram de valioso poder - entre uma mordida e outra, ele continua seu relato - O seu poder ultrapassa qualquer limite da conjuração, e se mal usado, é capaz de destruir não só você como todos que estiverem envolta. - O dragão não era de falar muito, mas às vezes gostava de esbanjar o seu vasto conhecimento. - É necessário décadas de estudo para aprender Arselu'Tel'Quess e você ainda precisará de um círculo de altos magos bípedes para realizar os rituais necessários.

Janus imaginava que Esseanthalayx pelo menos conhecesse a magia élfica. Agora que o dragão tinha se interessado pelo assunto, Janus pensou em aproveitar.

- Arselu'Tell'Quess... Você já viu a magia élfica sendo usada?

- Sim - ele responde solenemente. O dragão demora pra voltar a falar, deixando a expectativa passear pela cabeça do mago. Só quando ele termina de roer o rothé, Esseanthalyx retorna a falar, desta vez encarando Janus. - Foi há muitos séculos atrás. O céu se encheu de uma névoa negra, e quando fui chegar mais próximo, começou a chover ácido. Não estava entendendo o que estava causando aquilo, e foi numa época em que minha curiosidade estava aguçada. Chegando perto, comecei a ouvir um cântico no idioma dos seres bípedes-de-orelhas-pontudas, "mormhaor sykerlor, mormhaor sykerlor". Vários deles estavam em círculo e cantaram por longos minutos. Por onde passava, a névoa transformava pedras em brasas, madeiras em resto e destruía tudo. A tempestade durou meses, e o que antes era uma floresta e um reino bípede, virou uma terra desolada e envenenada. Os Charcos Elevados é o nome que os bípedes apelidaram para esta terra, e só fui descobri que o fenômeno o qual tinha presenciado se tratava de Arselu'Tell'Quess décadas depois.

O dragão poucas vezes entrava em tantos detalhes em seus relatos como desta vez. Era evidente que aquela demonstração de poder marcara Esseanthalyx de tal modo que ele nunca se esqueceria, e mesmo tratando-se de uma magia feita por um ser que o dragão considerava inferior, aquilo o enchia de fascínio.

Janus ficou suspreso e feliz em finalmente encontrar um assunto que interessasse Esseanthalyx. Deveria ter falado sobre Alta Magia com ele há muito tempo. Pensando sobre o que o dragão acabara de contar, o mago se lembra da palavra mormhaor; ela e muito usada em textos élficos quando é feita alguma referência a mortos-vivos ou outras formas de corrupção da vida ou da morte, mas sykerlor é uma palavra nova para ele. Uma palavra usada somente em cânticos arcanos, talvez? Janus também tenta se lembrar de qualquer outro fato que conheça sobre os Charcos Elevados que tenham relação com o que acabou de ouvir.

conhecimento (história) +10
Este dado não existe.

É mesmo um poder incrível... Me responda uma coisa, Esseanthalyx, se você tivesse um tomo de Alta Magia nas suas mãos, o que você faria?

eu esqueço de colocar o 'd' na frente...

conhecimento (história) +10
Soviet efetuou 1 lançamento(s) de dados (d20.) :

10

Janus, conhecedor do idioma élfico, sabe que a expressão "mormhaor sykerlor" traduzida ficaria como "tempestade letal". Porém ele não recorda de nenhuma história semelhante a esta referente aos Charcos Elevados.

Sobre a pergunta do tomo, Esseanthalyx responde:
- Eu o colocaria num lugar de destaque aqui nesta câmara, em cima de um pedestal, e deixaria-o aí por séculos, abrilhantando ainda mais meus tesouros.

Neste o momento o dragão dirige-se à sua enorme pilha de moedas, deitando-se em cima. Janus sabia que a conversa por hoje estava encerrada.

Ainda que Janus soubesse que a conversa estava encerrada, ele faz mais uma pergunta. O mago não tinha se contentado com a resposta de Esseanthalyx, ele não via nenhum sentido nela.

- Você simplesmente o deixaria à mostra, como o maior de seus tesouros? Séculos de conhecimento arcano rebaixados até o nível dessas moedas em que você está deitado?!

Rebaixar o grande acúmulo de tesouros do dragão milenar certamente foi um erro crasso cometido pelo mago. Mesmo porque o seu tesouro não envolve apenas pilhas de moedas, e sim todos os itens mágicos possíveis e imagináveis, além de artefatos de valioso poder.

Esseanthalyx fica realmente enfurecido e se levanta com surpreendente rapidez para alguém de seu tamanho, espalhando montes de moedas. Sabendo que Janus de nada faria (ou faria?) o dragão com um de seus poderosos membros dianteiros agarra o mago, levando-o perto de sua mandíbula feroz.

- Como ousa me ofender com tais palavras ultrajantes? - A centímetros do rosto do dragão, Janus podia sentir mais fortemente o cheiro de enxofre, sabendo muito bem o que poderia sair de sua bocarra a qualquer momento.

Janus nunca vira o dragão tão enfurecido, e sabia que um passo em falso, ele seria incinerado vivo.

Janus sentiu seu coração parar. Antes mesmo que o mago pudesse falar qualquer outra coisa, não, antes mesmo que ele pudesse sequer pensar em dizer outra coisa, Esseanthalyx já tinha agarrado o mago com uma velocidade incrível. O sangue de Janus sumia em suas veias e seu corpo ia ficando cada vez mais pesado. Sentiu por um momento sua visão sumir, mas respirou fundo e se recuperou. Suava frio. Nunca antes na vida sentira tanto medo.

Janus sabia que tinha sido petulante - e alguns diriam que o mago foi simplesmente estúpido - mas ouvir Esseanthalyx falar daquela forma de um item tão precioso quanto um tomo de Alta Magia fez o mago esquecer por um momento com quem ele falava. Um momento que pode lhe custar a vida.

- Me... - A voz de Janus soou estranha. Sua garganta estava seca. O cheiro de enxofre e a visão da morte atrapalhavam o raciocínio de Janus. Ele sabe que uma palavra em falso é um convite para conhecer Kelemvor pessoalmente, e o mago deseja adiar esse encontro pelo maior tempo possível.

- Me desculpe, Esseanthalyx. Em nenhum momento passou pela minha cabeça ofendê-lo, mas um tomo de Alta Magia não deve ser tratado da mesma forma que ouro ou qualquer outra coisa mundana. Um tomo desses deve ser igualado somente aos grandes artefatos, e mesmo os deuses deveriam ter respeito ao folheá-los e ler suas páginas.

Janus queria secar o suor que escorria por sua testa, mas seus braços estavam presos pela mão poderosa do dragão. Na realidade o mago mal conseguia se mover.

- Acredito que você me entende e pode perdoar as palavras tolas ditas por um homem que não tem a sabedoria de um ser milenar como você, Esseanthalyx.

Esseanthalyx parecia estar pesando as palavras do mago diante da sua fúria impetuosa. Se fosse qualquer outro a proferir tal ofensa, seus restos já estariam morando na barriga do dragão. Mas Janus viveu por intensos cinco anos no covil, servindo Esseanthalyx.

- Seu bípede tolo! - pronuncia o dragão em forma de rugido, estremecendo a estrutura da caverna. Ele joga o mago da altura em que ele se encontrava. - Suma daqui!

Janus sabia que perdera um valioso aliado e uma inesgotável fonte de conhecimento. Mas ainda não perdera sua vida, o que era mais importante. O dragão caminha de um lado a outro esperando o mago desaparecer da sua frente antes que ele mudasse de ideia.


Dano de contusão pela queda:
Elminster Aumar efetuou 3 lançamento(s) de dados (d6.) :

2 , 6 , 4

Alfador estava numa missão complexa: ele precisava fazer um pequeno roedor sair de uma fenda na parede, mas o animal sabia que o familiar estava esperando por ele. O gato tinha fome e sabia que quando Janus estava inquieto como ele está, era sinal de que Alfador teria que se virar e conseguir seu alimento: o roedor escondido na parede. O gato gostava de Janus e o mago o tratava muito bem; era claro que Janus tinha carinho por ele, mas o mago era um tanto egoísta algumas vezes. Janus se levantou mais uma vez e caminhou para fora do covil; ele deve estar esperando Esseanthalyx. O lagartão assustava Alfador.

Foi então que o bichano teve uma idéia. Foi até a pilha de coisas brilhantes de Esseanthalyx e pegou uma delas com a boca, uma dourada muito brilhante, e a colocou na frente da fenda para atrair o jantar mas distante o suficiente para o roedor não ter para onde fugir. Alfador subiu numa pedra e ficou ali, esperando. Janus ainda foi e voltou mais duas vezes antes de Esseanthalyx chegar. Janus perecia um filhote querendo atenção. Um nariz!

Alfador se agachou, preparando o bote. Janus então passou e assustou o roedor. Maldição! Já não bastava o lagartão fazendo a montanha toda tremer? Alfador se levantou e ficou novamente esperando que o seu jantar saísse da fenda. A coisa brilhante ainda ainda estava lá, o gato sabia que aquilo o atrairia para fora. Janus e Esseanthalyx começaram a conversar. Um nariz! Em posição, Alfador! Uma cabeça! Sim... Saia logo, vamos! Alfador estava impaciente. Sim! Sim! Aos poucos o roedor saiu da fenda, farejando o chão e o ar à procura do familiar. Janus e o lagartão ainda conversavam.

Vamos! Mais um pouco e Alfador terá um salto perfeito sobre sua presa. Mais dois pequenos passos e... Alfador ouviu um rugido e sentiu a montanha tremer! Olhando ao redor, o gato viu que Esseanthalyx segurava Janus com a mão e urrava para ele. De repente Alfador sentiu um medo intensn que o arrepiou da cauda ao focinho. Esse sentimento não era dele, mas de seu mestre. O roedor! Alfador o procurou mas ele já tinha sumido. O gato saltou e procurou na fenda, ao redor... Ele não estava em nenhum lugar. A coisa brilhante tinha sumido. Não!

Janus foi largado no chão e se levantou aos tropeços. Alfador ainda sentia o medo, e tinha outra coisa, arrependimento. Um gato não tem esse tipo de sentimento, mas Alfador sabia o que significava. Sim, Janus fez algo errado! Por culpa dele o jantar fugiu! Não... Parecia que tinha sido outra coisa. Janus juntava suas coisas de qualquer forma e estava todo suado. Isso era estranho, não fazia calor. Alfador decidiu confortá-lo e começou a se esfregar nas pernas de seu mestre, miando amigavelmente.

- Agora não, estou ocupado.

Mas que ingrato! Espanta o jantar e agora desdenha a atenção! Alfador subiu na mesa apenas para ser empurrado por Janus de volta ao chão.

- Vamos, Alfador.

O familiar sentiu que seu mestre estava muito apreensivo, parecia até que ele temia pela própria vida. Alfador olhou para trás e viu Esseanthalyx andando de um lado para o outro, olhando fixamente para Janus enquanto eles deixavam o covil. O gato sentiu um arrepio - dessa vez era dele - e teve certeza sobre quais eram as preocupações de seu mestre. O lagartão assustava mesmo Alfador. Talvez não tenha sido Janus quem espantou o jantar... No caminho de volta o familiar teve dificuldade em acompanhar Janus; eles nunca tinham descido essa montanha tão rápido.