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    Coroa de Lama

    kaiosilveira89
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    Coroa de Lama Empty Coroa de Lama

    Mensagem por kaiosilveira89 Qui Set 13, 2018 10:07 am

    He's walking like a small child
    But watch his eyes burn you away
    Black holes in his golden stare
    God knows he wants to go home

    Ele está andando como uma pequena criança
    Mas encarar seus olhos queima você
    Manchas negras em seu olhar dourado
    Deus sabe que ele quer ir para casa

    Children of The Damned, Iron Maiden




    Filho do Amaldiçoado

    Oymyakon, Leste da Sibéria



    (...) Os olhos do garoto se abriam com dificuldade. Sua cabeça parecia girar, ele sentia sua garganta queimar como se tivesse acabado de tomar sopa quente, ou vomitado muito mais do que poderia imaginar. A sua frente, um velho o olhava calmamente. Assim que Nikolayev pode perguntar a respeito, Sussurro-da-Neve explicou tudo o que havia acontecido naquela noite, o quão próximo o ritual chegou de ser concluído e o destino que o garoto havia dado a seu pai. O velho também explicou como os Siberakh haviam tomado conhecimento da cabana, uma construção extremamente incomum em terras tão desoladoras para os humanos, e como o garoto havia dado sorte da Tribo ter tomado partido naquela noite e se comprometido em salvá-lo. Ainda assim, o Ritual havia sido iniciado e, mesmo que inacabado, Nikolayev estava marcado pela Wyrm. Wyrm? Aquele nome lhe era familiar. Muitas de suas noites de pesadelos foram regidas após histórias sobre ela, contadas por sua mãe.

    O Conselho de adoção de Nikolayev foi calorosa. O garoto mal havia se convencido de que tudo o que estava a sua volta era real e ainda assim via-se diante de acusações de sangue impuro e coisas ainda mais bizarras. Ele ainda não podia acreditar que havia sido responsável pela morte de seu próprio pai, mas após conseguir transformar-se espontaneamente, a ideia parecia cada vez mais plausível. Alheio a isso, o Conselho seguia, até Sussuro-da-Neve tomar partido. O Ancião da Seita deu sua palavra final: o garoto seria submetido ao Ritual de Passagem -isso trouxe memórias desconfortáveis ao menino- e então, caso provasse ser merecedor, seria integrado a Tribo. No entanto, sua Mácula era um assunto muito mais profundo. Diante disso, em qualquer matilha que fosse integrado, Nikolayev seria tido como Ômega , e suas ações deveriam provar se ele era merecedor ou não de ser aceito pela Tribo. Sendo assim, nos próximos quatro anos Nikolayev deveria mostrar um temperamento impecável e, acima de tudo, respeito absoluto à Litania para receber a absolvição de sua Mácula e, consequentemente, o aceitamento definitivo da Tribo. Seus feitos, no entanto, haveriam de ser reconhecidos, pois Nikolayev seria um Siberakh, apesar de tudo.

    O menino sentia falta de casa. Mas como voltar? Como encarar o olhar de sua mãe após contá-la sobre tudo o que havia acontecido? Ela provavelmente saberia da existência dos Garou por todas aquelas histórias, uma Parente, certamente, mas dai a matar seu próprio pai? Um crime imperdoável. Era demais para uma criança suportar. Nikolayev decidiu ficar, e agarrar com todas as forças seu novo, denso e frio mundo. Era apenas o segundo dia largado ao relento, seu Ritual de Passagem exigia mais vinte e oito até que ele, finalmente, pudesse voltar à Tribo, se conseguisse. Ele imaginava se não haveriam instrutores ou qualquer coisa assim o vigiando, esperando que ele demonstrasse fraqueza e trouxessem-no de volta ao conforto, ou ao menos ao calor, das cabanas, mas aquele não era o jeito Garou, se Niko falhasse, aquele seria seu túmulo. Ele lembrou de seu pai, imaginou quantos mais como ele se escondiam pelo mundo afora, se levantou, assumiu sua forma Lupina e partiu em busca de alimento.

    Nikolayev logo descobriu que a neve era nada menos que água fora de seu estado líquido, sendo assim, sede não lhe foi um problema. No entanto alimentar-se era outra história. Acostumado com os pratos de sua casa rica, comer carne selvagem parecia aterrador... Ou deveria parecer. O cheiro das presas parecia muitíssimo atrativo, suas formas alteravam seus sentidos e percepção de mundo, e logo ele concluiu que poderia suportar sem maiores problemas uma dieta fora do que estava habituado. Contudo, achar animais naquele clima parecia impossível. Achar cheiros perdidos já era complicado, encontrar comida fresca era uma tarefa árdua. Até seu quinto dia Nikolayev viveu de pequenos roedores os quais conseguiu desenterrar a muito custo por pouco resultado, parecia que seu gasto em energia para capturá-los não compensava a nutrição que recebia em troca. Seu fim parecia inevitável, até encontrar uma matilha de lobos. O Alfa havia vindo reclamar o território que lhe era de direito e dar cabo do invasor com seus companheiros. Niko raramente largava sua forma Lupina, ela era apropriada para caçar, resistir ao frio e, caso fosse necessário, se defender. No entanto eles eram bem mais que um lobo, toda uma matilha estava reunida, e não pareciam amigáveis. Nikolayev normalmente teria fugido, mas ele sabia que os Garou governavam sobre os lobos, e fez valer sua autoridade.

    Um desafio limpo, ainda que injusto. Nikolayev era pequeno em sua forma de lobo para afrontar todos eles, mas o mesmo não podia se dizer estando em Hispo. A batalha não demorou muito, logo Niko estava com a mandíbula ameaçadoramente presa ao pescoço do Alfa, mais alguns centímetros e sua vida seria retirada. Os lobos cederam. Nikolayev era o novo líder. Estranhamente sua maior fonte de problemas até então, além do próprio lugar, fora o que, muito provavelmente, o salvou da morte. A matilha conhecia os territórios de caça viáveis, mesmo naquela época do ano. Nikolayev sempre caçava em Lupino, era difícil conseguir acessar outras formas além dessa e da hominídea, e isso fazia com que o garoto pudesse se sentir mais próximo dos lobos da matilha a qual agora liderava. Um mês se passou e o pequeno Ahroun voltou pra casa. Ao menos era o lugar o qual ele tinha para atribuir esse nome agora, seu lar era ali, dentre os Puros. Naquela noite, um Bardo contou a história de seu Ritual de Passagem: como o garoto havia resistido as privações naquele Ritual que muitos consideravam impossível para um forasteiro, e de como seu ímpeto havia lhe levado a liderar uma alcateia de Parentes durante um mês do inverno siberiano. Alguém estava olhando, afinal.

    Mesmo que realizado por ter sobrevivido e aprendido tanto naquele mês, Nikolayev ainda se perguntava sobre o mal que se escondia lá fora. Até onde estava entendendo, os Siberakh não se envolviam com o mundo externo além do que fosse criticamente necessário, a Tribo era composta por uma larga maioria de Lupinos, e alegava que para se manter pura precisava manter distância das tramas da  auto-intitulada Nação Garou e, consequentemente, de suas batalhas. No entanto haviam assuntos mais urgentes à serem tratados: Nikolayev precisava se integrar em uma matilha. Isso parecia algo bem complexo e imprevisível para ele, mas todos os integrantes da Seita, inclusive seus futuros companheiros, tinham conhecimento de seu futuro. Uma matilha com quatro Garous, carecendo de um Ahroun, denominada Os Renegados. Tudo parecia ter sido até mesmo orquestrado, mas Nikolayev não era nenhum exemplo de genialidade para se dar conta de uma possível trama sob tudo isso, ele nem mesmo conseguia se lembrar do nome dos outros Augúrios que não fossem o seu.

    Língua de Cobra: Ragabash dos Siberakh. Um dos poucos hominídeos na Seita do Lobo Invernal. Em outros tempos ele detinha outro nome Garou, mas certa vez sua ações arrogantes o levaram a cair em desgraça. Confiante de que o raciocínio humano lhe conferia vantagem sobre a maioria de seus irmãos lupinos, tentou usar de mentiras para conseguir benefícios na Seita, pagou com a bifurcação de sua própria língua e seu nome em desgraça. Lágrimas de Sangue: Theurge dos Siberakh. A única Impura viva na Seita havia recebido esse nome por seus pais, que concordaram em serem punidos com a morte pela vida da filha, essa é a única história permitida na Seita sobre eles desde então, e lidar com ela foi parte do Ritual de Passagem dela, que após saber disso foi batizada, protagonizando um horripilante espetáculo de drama. Suporta a Vergonha: Philodox dos Siberakh. Um lupino que já não vivia seus melhores dias, o Alfa da matilha havia fracassado em um número consecutivo de missões com sua antiga matilha, até ser expulso dela. Passou anos sob o Harano, e por pouco não foi sacrificado pela Seita. Foi posto em sua nova matilha para viver seus últimos dias inglórios. Filho do Vento Sul: Galliard renegado dos Presas de Prata. A loucura deste hominídeo o acometeu de forma incomum, mesmo entre os Presas de Prata, com uma força descomunal e de forma incrivelmente desconfortável. Após mostrar, por algumas vezes, que não tinha controle sobre sua Fúria e causar problemas para a Tribo, foi exilado e partiu para o norte, onde foi aceito pelos Siberakh, que lhe curaram de seu mal. Mas sua cura era recente demais para ele ao menos pensar em outra matilha além daquela. Eram histórias trágicas, mas o mundo está repleto delas, e poderiam ter sido ainda piores. O Caern das Presas Renovadas, situado nos domínios da Seita, era um Caern de Cura, e não por muito além disso essa estranha matilha havia sido formada, aparentemente, os Siberakh não costumam ser tão benevolentes, em nenhum dos casos que figurava no grupo, sendo assim, por pior que pudesse parecer, aquela matilha dava uma chance à todos de se provarem, e de provarem seu valor à Tribo. Com a integração de Nikolayev a matilha, ela se encontrava finalmente completa, o que significava poder ir em busca de seu Totem. Aquela seria a primeira missão de Niko e antes mesmo das buscas começarem, o pesado fardo de seu nome já o acometia: Sangue-do-Dragão. Sua mácula seria seu legado, enquanto ele não a superasse (...)

      Data/hora atual: Seg Nov 18, 2024 3:26 pm