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    Mensagem por Lalalady Ter Nov 13, 2018 9:16 pm

    ATENÇÃO: Esta é uma obra meramente ficcional. Não existe nesta crônica qualquer intenção em ferir o decoro de qualquer pessoa ou ser um relato fiel de qualquer momento histórico. QUALQUER SEMELHANÇA COM A REALIDADE É MERA COINCIDÊNCIA.

    Crônicas de Tupã

    Capítulo I

    Campo Grande, MS, 23 de maio de 2018.

    Mesmo em pleno outono, fazia 28 graus na capital matogrossense. Ventava forte naquele início de manhã, aliado à altíssima umidade relativa do ar, que conferia uma sensação abafada mesmo com o vento no rosto. Era o que se podia definir como vento quente opressor.

    Apesar do clima, a cidade estava entrando na sua melhor época de turismo e dezenas de pessoas se apinhavam para pegar o Trem do Pantanal que sairia em alguns minutos do Centro Industrial. O céu estava ausente de nuvens e o sol resplandecia no azul celeste.

    Olhos-de-Trovão galgou os degraus do elegante trem e seguiu para sua cabine reservada. Seria uma longa viagem só de ida até Miranda, MS. Acomodou-se na poltrona acolchoada e pôs-se a olhar a paisagem verde pela janela à medida que o trem se distanciava da estação. Aos poucos, se descortinavam belas paisagens, pontes sobre rios, lindas cachoeiras, serras a perder de vista, aves nativas embelezando tudo com suas cores sobre o verde incessante de todo o caminho. “Que belas criações de Gaia”, pensou.

    Pelo caminho, o trem parou apenas para comer. Ali, naquela região, comia-se a melhor galinhada, preparada com pequi, fruta característico do local. Olhos-de-Trovão salivou, mas não degustou muito seu prato, dada a apreensão pela chegada na cidade de Miranda. Tinha que chegar logo, mas sua viagem ainda tardaria até o dia seguinte. Outra parada do trem para os turistas comprarem artesanato. O Garou olhou pela janela. Todos tão alegres, satisfeitos, conduzindo suas vidas pacatas, se divertindo. Enquanto isso, a Wyrm destruía e corrompia. Era uma fina ironia.

    O país estava um caos. O governo acabava de passar por uma intervenção militar e, apesar de uma aparente normalidade na vida das pessoas, à noite, nas janelas, era possível ver seus olhares lúgubres lamentando a perda de entes queridos para ninguém sabe o que, ninguém sabe porquê. Centenas de pessoas já tinham desaparecido, muitas das quais com opiniões contrárias ao chamado “Movimento Intervencionista”.

    Enquanto isso, os jornais e TVs tratavam de manter o status quo. Notícias de celebridades emergentes, reportagens sobre adestramento de cães, só material de utilidade pública. Desde a intervenção, quase nada se falava no noticiário sobre política que não fosse meramente relato factual.

    Em diversos locais do país, enquanto muitos acumulavam riqueza, outros seguiam rumo à miséria extrema. A região Nordeste vivia uma terrível seca, enquanto a maior metrópole do país, São Paulo, vivia sua maior crise hídrica. A Wyld estava em desequilíbrio e aquela região onde Olhos-de-Trovão se encontrava era ainda a mais intocada pelas mãos do ser humano. Por enquanto.

    Após o Movimento Intervencionista tomar o poder, seus primeiros anúncios foram civilizar os indígenas, promover o avanço da pecuária, estabelecer novas cidades no Norte do país. Era a Weaver se expandindo através do Ordem e Progresso.

    Enquanto isso, um contramovimento tomava terras improdutivas, manifestava-se nas ruas, denunciava aos organismos internacionais as violações de direitos humanos. Era uma dura luta na qual muitos Garou dedicados também se incorriam. Outros lobisomens iam e vinham nas articulações políticas da sociedade humana. E outros viviam nas terras selvagens protegendo Gaia e seus parentes.

    Enquanto devaneava sobre a situação do país, tomado por uma realidade cruel e insensível, Olhos-de-Trovão mal percebeu que já era fim de tarde e que finalmente chegara à cidade de Miranda. Na estação, avistou Ama-de-Jaci, que acenava para sua janela com um largo sorriso no rosto.
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    Mensagem por Lalalady Qua Nov 14, 2018 5:04 pm

    ATENÇÃO: Esta é uma obra meramente ficcional. Não existe nesta crônica qualquer intenção em ferir o decoro de qualquer pessoa ou ser um relato fiel de qualquer momento histórico. QUALQUER SEMELHANÇA COM A REALIDADE É MERA COINCIDÊNCIA.

    Capítulo II

    Miranda, MS, 23 de maio de 2018.

    A temperatura já estava mais agradável no fim de dia, ao chegar na cidade de Miranda, nos rincões do Mato Grosso do Sul. Olhos-de-Trovão desceu do trem e foi logo recebido com um abraço fraterno de Ama-de-Jaci, que parecia muito alegre para um momento tão delicado. Aliás, desde o acontecimento, ela parecia muito alegre.

    Eles não eram o que se poderia chamar de irmãos de tribo. Mas na seita Oca-de-Jaci, Senhores das Sombras como Olhos-de-Trovão conviviam em harmonia com os Uktena, como Ama-de-Jaci. Havia Garou de outras tribos também, mas essas eram as mais predominantes.

    A viagem ainda perduraria até o dia seguinte, mas por hora, ambos parariam para comer em algum mosqueiro de beira de esquina antes de seguir. A parte mais longa ainda estava por vir. Ali, no boteco, cada um tomou um caldo de peixe piranha. A cada gole, Olhos-de-Trovão parecia mais pensativo.

    - O que houve? Você parece entristecido... - Ama-de-Jaci interrompeu o silêncio.
    - Não é nada. Estou pensativo sobre as últimas missões.
    - Anime-se, a lenda se cumpriu. Ganhamos reforços na luta contra a Wyrm. Nossos parentes terão proteção.

    Ele sorriu. O otimismo dela era admirável, com Antélios brilhando no céu umbral. Levantou-se e pagou a conta. Seguiram viagem no velho Kadett de Ama-de-Jaci até Corumbá, MS. Claro, poderiam fazer a viagem em Crinos, percorrendo a longa distância entre as duas cidades, mas depois de chegar em Corumbá ainda teriam muito chão pela frente. O Caern Vivenda de Tupã era ainda mais distante.

    Nas quase três horas de viagem que se seguiram pela BR-262, nada muito diferente, exceto um acidente envolvendo um ciclista atropelado nas margens da rodovia. No entanto, no caminho, era possível ter a impressão de que algo ou alguém os observava enquanto seguiam viagem. A noite caiu estrelada, pelas curvas da estrada que serpenteavam em meio ao verde da paisagem, encoberto pelo manto noturno.

    Deixaram o carro no estacionamento do parque de exposições local. Saíram do carro caminhando por alguns metros sob a lua crescente. Dali já era possível ver a cidade enveredando pela vegetação pantaneira. Olhos-de-Trovão olhou para Ama-de-Jaci animado. Era a parte mais divertida do caminho para ele.

    Ali, tarde da noite, adentraram na floresta, correndo em Crinos para o Caern. Podiam chegar antes dos primeiros raios de sol, seguindo com o vento nos pêlos negros dele e castanhos dela. Era um belo conjunto de paisagens noturnas seguindo pelas margens do Rio Pantanal. No trajeto, as demais criaturas abriam caminho para ambos, que seguiam selvagens pelo caminho.

    Em um ou outro trecho do caminho, surgia novamente a sensação de estarem sendo observados, mas nenhuma ameaça aparente foi vista pelos dois Garou, que seguiram livremente. Após horas de corrida, alcançaram a Serra do Amolar, o único conjunto escarpado de montanhas de toda aquela região pantaneira. No alto de uma das montanhas, estava o Caern Vivenda de Tupã, dos Senhores das Sombras.

    Ali, viviam alguns dos últimos remanescentes da etnia Guató, dentre os Parentes Uktena e Senhores das Sombras que há cerca de setenta anos haviam sido reunidos naquela região, após a expansão da pecuária e do comércio de peles os expulsarem para regiões cada vez mais ermas. Esse povo corajoso se isolou, fazendo daquela serra seu lar, um lugar para pescar e viver em paz com a natureza.
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    Mensagem por Lalalady Qui Nov 29, 2018 6:24 pm

    ATENÇÃO: Esta é uma obra meramente ficcional. Não existe nesta crônica qualquer intenção em ferir o decoro de qualquer pessoa ou ser um relato fiel de qualquer momento histórico. QUALQUER SEMELHANÇA COM A REALIDADE É MERA COINCIDÊNCIA.

    Capítulo III

    Serra do Amolar, 4 de novembro de 2017.

    Chovia torrencialmente, com direito a grandes trovoadas. Mesmo naquela região da Serra do Amolar, era um volume de chuvas incomum. A lua cheia se mostrava no céu entre uma pancada de chuva e outra, que alternava entre momentos de calmaria e horas de aguaceiro. Era noite e, apesar da chuva, fazia cerca de 30ºC, tornando os ambientes incrivelmente quentes e cheios de pernilongos naquela noite de verão.

    Há vários anos, Júbilo-de-Luna, Senhor das Sombras, ancião Theurge, havia se mudado para aquela região para, junto a alguns Uktena e um punhado de integrantes de algumas outras tribos, proteger seus últimos parentes remanescentes naquela área. E tinha também aquela lenda que os Guató passaram de pai para filho por gerações, de que nas proximidades do Apocalipse, um poderoso espírito do trovão iria aparecer para proteger e ajudar seu povo no momento de mais dificuldade. A história passava de um xamã para outro e, embora a Serra do Amolar tivesse uma profusa quantidade de espíritos que iam e vinham, nunca um espírito realmente poderoso havia falado com os xamãs. Até aquele dia.

    Para o povo Guató, a Ilha Ínsua, localizada não muito distante dali, era o centro do mundo, o local de onde provinha toda a criação primordial de Gaia. Era onde os primeiros habitantes daquele povo se reconheceram e se estabeleceram, há mais de cem anos, até serem expulsos do local por pecuaristas, caçadores e comerciantes. Muitos juraram vingança pela expulsão de suas terras. Foi quando espíritos primordiais e um grupo de Garou preservaram a tribo, guiando-a para regiões cada vez mais ermas. Nesse êxodo, Flor-de-Pequi, a primeira anciã theurge Uktena a habitar com seus parentes, recebeu a visão que deu origem à lenda de que um poderoso espírito iria pairar sobre eles quando Antélios se estabelecesse no céu umbral, protegendo-os. Assim, se estabeleceram na Serra do Amolar.

    A noite continuava em trovoadas retumbantes. Já era madrugada alta, umas 3h30, quando um relâmpago iluminou todo o pátio da habitação dos guató na Serra do Amolar, revelando uma forma de mais de dois metros de altura, imponente, poderosa, cabelos negros que contrastavam com a luz ao seu redor, um grande cocar de penas vermelhas. Em seu corpo, pinturas de guerra reluziam e seus olhos eram como raios resplandecentes. Ele segurava em sua mão um relâmpago.

    Todos saíram de suas movír, como eram chamadas as casas de troncos de aroeira construídas pelos Guató. Por entre os troncos, a luz daquele poderoso ser foi vista por todos que ali habitavam e assim, Jubileu-de-Luna soube que a lenda havia se cumprido. Tupã aparecera para proteger seu povo nos dias definitivos da luta contra a Wyrm.

    O xamã da tribo apressou-se até o local, levando consigo tudo o que conseguira encontrar de oferendas, entre frutas e instrumentos de guerra ricamente ornados, além de vasos e outros utensílios artesanais. Enquanto isso, Júbilo-de-Luna logo apressou-se em preparar um chiminage em favor do espírito totêmico, reunindo os demais anciões que ali protegiam seus parentes, entre Senhores das Sombras e Uktena, para conjurar o que seria um ritual de criação de Caern.

    A chuva ofereceu uma breve trégua, mas o pátio permanecia iluminado mesmo em meio à madrugada, graças à presença de Tupã. Júbilo-de-Luna pediu que todos se reunissem na área do pátio, onde com uma tocha desenhou um círculo fumegante ao redor dos presentes, com o que ainda havia restado de palha seca dentro da movír do xamã. Os Garou ali presentes assumiram então a forma Crinos, uivando em alto e grave som, para expurgar qualquer influência corruptora.

    Em seguida, alguns ficaram em vigília contra espíritos e criaturas da Wyrm que viessem tentar drenar a poderosa energia espiritual que emanava do local. Enquanto isso, os anciões ali presentes alinharam suas energias espirituais. Júbilo-de-Luna começou a recitar o cântico de criação do Caern. Durante um dia inteiro, os anciões conduziram a criação do Caern, alocando a poderosa energia que estava presente ali e oferecendo seus préstimos a Tupã através de oferendas e ritos especiais. Dos guerreiros que patrulhavam a área, muitos morreram para impedir influências da Wyrm que tentaram macular o ritual. Os que sobreviveram ainda têm pesadelos com as ameaças e vários adquiriram profundas cicatrizes. Mas ao final daquele dia, Tupã ali se estabeleceu como totem. O Caern foi nomeado Vivenda de Tupã.

    Jubileu-de-Luna formou um conselho com os demais anciões, integrado em sua maioria por Senhores das Sombras, o qual presidia. Sete eram Senhores das Sombras, dois Uktena. As demais representações de tribo, em menor número, não quiseram participar do Conselho.
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