"- Muito bom, né? Cansativo lembrar de tanta coisa..." "- Dá tanta saudade de ser criança..." - Suspirou.
— Verdade!
"- Você era mais fofinha e comportada!"
Amanda sorri um pouco tímida.
"- Humm... Podíamos ir conhecer a cidade... ou talvez procurar uma praia?" - Questiona. "- Quero um lugar bem bonito, pra te levar de modelo e tirar um monte de fotos nesse sol." - Intima Amanda.
— Parece bom. Responde.
— Bom, vamos dormir, estou bem cansada já!
As irmãs compartilham mais um tempo juntas, enquanto o sono não vem, no quarto escuro, e enfim caem no sono. Para Alice aquele estava sendo um dia bem intenso, a começar pelos atrasos no embarque do avião, depois o desabafo perturbador de Amanda, e após desembarcarem, um dia repleto de alegria e contato com seus avós que não via há muitos anos, um dia delicioso, mas definitivamente cansativo. Após alguns minutos viajando na maionese, também cai no sono.
E agora, escuridão e relaxamento total. Mas então Alice abre os olhos e percebe que está no banco de uma praça. Há pessoas dançando, usando roupas coloridas, outras tocando instrumentos artesanais, e em volta várias outras pessoas de pé batendo palmas, todos parecem estar felizes e festejando. As dançarinas seguram faixas coloridas, e com movimentos rítmicos fazem com que elas ondulem harmoniosamente. Alice busca sua câmera e à encontra, começa a tirar fotos. Por bastante tempo Alice se diverte, não está preocupada com nada, mas de repente questiona: — Cade a Amanda? Ela veio comigo, deveria estar por aqui. E olha em volta, vai passando seus olhos pela praça e agora parece ter muito mais gente, há barracas de lanches, e de vários produtos artesanais, nem sinal da irmã. Preocupada, Alice guarda a câmera e se levanta, olha brevemente para um lado e para outro até que finalmente escolhe uma direção para ir, mas quando vai dar o primeiro passo, sente que não consegue. Ela continua tentando e nada, seu coração começa a palpitar. Olha e vê uma pessoa dançando perto, tenta chamar mas também não sai voz! Fica tensa. E no meio de seu desespero crescente em busca de se mover, uma pessoa, a que dançava no meio pára! Vagarosamente ela vai se virando, na direção de Alice, e quando se vira completamente, Alice não vê nada a não ser uma sombra que esconde sua face. No mesmo instante, Alice sente aquele frio na boca do estômago, e um medo começa a surgir. Enquanto todas dançam, aquela figura sinistra ainda está parada no meio, virada em sua direção, e ninguém, absolutamente ninguém se importa. O desespero vai aumentando, mas ela não consegue se mover nem gritar ... Não encontrando nenhuma maneira de se proteger, fecha os olhos tentando fugir, e os mantém fechados. Alguns minutos depois, ainda de olhos fechadas, ela não quer abri-los, pois está com a sensação terrível de que está sendo vigiada de perto! Consegue sentir seus pelos arrepiando, como se algo energético chegasse perto, a curiosidade, o medo, a apreensão, tudo vai aumentando, até atingir um nível tão alto que ela não aguenta, e abre. A imagem que se vê agora é difícil de explicar, Alice está totalmente em choque, não há mais ninguém, a não ser ela e a tal garota sem face, e a sombra que cobre seu rosto está espalhada, irradiando do corpo para fora em disposição radial, como se fossem tentáculos, e no meio da região onde estaria a face, quatro terríveis olhos amarelos à observando. Alice acorda finalmente, toda suada e ofegante, mal pode se conter e leva vários minutos para se acalmar.
Vários minutos depois Alice está de pé olhando pela janela que dá para o quintal da casa, os raios solares esquentam a pele do seu rosto a ponto de doer, e o calor é intenso. "Acho que dormi demais" pensa, ainda se acalmando. Amanda não está no quarto.