Hotel Delmonico
18h30min
Carlos Maia + Alice Kruendorff - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Não foi difícil para Carlos Maia seguir Alice pelas ruas da noturna Bela Vista, desde a Zhotique até o Centro. Prédios altos e muitos carros, becos escuros e fachadas de comércio - cafeterias, restaurantes e padarias abertas se misturando a casas lotéricas, açougues e lojas de R$ 1,99 fechadas. No verão, o comércio funcionava até às 19h, mas em meados de Agosto a escuridão chegava cedo - e as pessoas de bem corriam para suas casas tão logo o sol tocava o horizonte.
A Harley Davidson Softail que a loira guiava pelas ruas parou diante de um prédio peculiar, de esquina, com detalhes art dèco. Carlos nunca havia estado em um hotel sofisticado antes (o local de trabalho da mãe tinha muitos quartos, mas mal se qualificava para uma comparação), mas não deveria ser nada tão difícil: ele tinha visto filmes.
Ao cruzar as portas de vidro do Delmonico, Maia se viu em um saguão de luxo discreto, em mármore Carrara e madeira de lei. Algumas das poltronas ao longo das paredes estavam ocupadas por possíveis clientes, conversando. Uma mulher negra de corpo escultural passou por ele em um vestido amarelo elegante e sensual, ao lado de um sujeito alto com tipo de skinhead que dava o braço à beldade, só sorrisos e planos para a noite. A cena talvez tivesse chamado mais atenção se Carlos tivesse tempo a perder. Mas a mulher que havia seguido até ali não estava em qualquer lugar onde pudesse ser vista.
Atrás do maciço balcão de madeira escura, um atendente com traços orientais e usando um blazer de cashmere muito bem cortado sorriu profissionalmente para o Caçador:
- Boa noite, senhor. Infelizmente o hotel está lotado. Gostaria de fazer uma reserva para outra data? Ou desfrutar de nosso bar?