O grupo estava parando, pelo que conhecia da região - estavam próximos da cidade de Várzea de Una e seria um próximo alvo, de certo. Um dos cabras que já acompanhava Carcará por algum tempo, se aproximou e puxou conversa.
- Olhe, sabe que não sou frouxo, capitão.
Mesmo estando sob a liderança de outro, o cabra ainda mantinha o respeito com Galdino, o chamando de capitão.
- Se precisar atirar, eu atiro, seja em que for. Mas não gosto de atirar em gente pobre, não. E tô sabendo que vai sair desgraça da cabeça de Chico Osso.
Outros cangaceiros amarravam burros e mulas, outros começavam a preparam pequenas tendas e encostavam seus papos amarelos no chão. Alguns iam se preparando para deitar e deixar o dia inteiro passar dos pés e da caminhada até ali, demorou nada nada, Chico Osso começou a falar. Antes, deu dois tiros pro alto - chamando a atenção de todos os presentes de uma maneira que sabia que prestariam atenção. Bala.
- Se tu pode andar, não corre - se correr, num corre mais!
Deu uma forçada e escandalosa risada, mostrando os dentes amarelados e dando um destaque para o branco do olho esquerdo - todo branco, como osso de gado morto no sertão. O que lhe dava o apelido. Diziam que conseguia ver bem daquele olho, mesmo com a cor de leite cobrindo toda a íris, mas não se sabe. Errava um tiro ou outro de vez em quando, mas não tem como saber se era bom demais com um olho só ou se tava justo com os dois.
- Estamos no cangote de Várzea de Una e tá pra fechar um soldo do correio em três dias, vamo rodiá a região e um dia antes dos macaco vim buscar o dinheiro, ficamo é com todos contos de réis. Fiquem ligêro e descansem bem!