-"Vocês estão muito longe do buraco que saíram! Não tenho tempo para vocês! Partam imediatamente deste lugar!"Com seu tridente em riste, At-Lan aparecia de forma imponente por cima de uma formação rochosa tomada por corais. Sua armadura refletia os raios do sol que chegavam naquela profundeza. Os homarids olhavam perplexos, ofuscados pelo brilho majestoso do paladino do coral. At-lan não queria um confronto agora, ele precisava entrar nestas grutas para procurar seu irmão o mais rápido possível.
CLAC! CLAC!, soavam os cliques das garras destas criaturas em resposta. Ou eram ignorantes ou muito corajosas, pois eles avançaram na direção do paladino farejando uma presa nada fácil.
O primeiro homarid avançou com uma lança rústica a toda velocidade, perfurando a água como um peixe-espada, mas At-Lan se moveu para o lado saindo da sua direção e ajustou seu curso com uma pancada leve do cabo do seu tridente, fazendo a lança do homarid encontrar o coral e ali ficar presa. Antes que pudesse fazer algo, o segundo homarid já se aproximava e o agarrava, segurando-o fortemente, confiante de sua força. Ledo engano, pois At-Lan deu um impulso para cima, levando-o junto, e como ele não se soltava, At-Lan mergulhou e nadou rente aos corais, esfregando o corpo do homarid que sofreu muitos cortes e arranhões até que soltasse o paladino.
O primeiro homarid abandova sua lança e partia ao auxílio do parceiro, mas At-Lan foi mais rápido e fez uso do seu tridente atingindo-o fortemente na cabeça com a ponta romba. O homarid cambaleou e caiu sentado na areia do fundo do mar enquanto seu companheiro se aproximava boiando até seu lado. Ambos levaram uma boa surra e At-Lan poderia finalizar suas vidas neste momento, mas o paladino do coral tinha outras urgências.
-"Vão! Não voltem mais! E digam a todos que At-Lan, o paladino do coral retor..." CROC!As palavras de At-Lan foram interrompidas com um golpe potente de uma clava rústica causada por um terceiro homarid. Na sua arrogância, At-Lan se descuidou. O potente golpe tirou sua consciência por alguns instantes. Aos poucos sua visão ainda turva ia voltando para presenciar os três homarids estavam discutindo a melhor forma de estripá-lo. A forte dor na nuca o fez perder a orientação, os sentidos e a força dos músculos, caindo a cada tentativa de se levandar, para alegria dos homarids.
CLAC! CLAC! CROC! eles se aproximavam.
At-Lan olhava para o vazio neste momento, para a fraca luz que entrava no mar, para os corais multicoloridos, via apenas as sombras e silhuetas dos seus inimigos.
CLAC! CLAC! CROC! os cliques ficavam mais altos.
Seu corpo não respondia. Sua mente entrava em desespero. Entendeu que ia morrer e precisava aceitar isto. Aos poucos afastou os pensamentos de desespero e arrependimento. Estava prestes a aceitar a morte. Apenas um arrependimento permaneceu.
CLAC! CLAC! CROC!Freyalise! Sua deusa e a quem era mais devoto! A razão de ter se tornado um paladino! Todas as dádivas que sua deusa lhe deu e todo amor que devotou a ela! E At-Lan a traiu!
Por 10 longos anos permaneceu lutando a guerra contra os Berrowen, em outros mundos, em outros planos. Naqueles mundos aprendeu e conheceu muitas coisas. E naqueles mundos ele esqueceu sua deusa, sua verdadeira razão de seguir. E isso o correou fortemente neste momento.
CLAC! CLAC! CROC! era seu fim...
Algo na água turva fracamente iluminada se aproximava. At-Lan erguia a mão na direção da silhueta, da luz, onde via o forma de Freyalise, uma sereia da mais pura beleza e coberta de corais e conchas brilhantes. Em toda sua majestade, a deusa da natureza se aproximava de At-Lan, para buscar seu paladino e levá-lo aos seus salões na outra vida. Com o coração cheio de paz, At-Lan podia finalmente morrer. Mas por um instante At-Lan afasta a mão e fecha o punho! Não era o momento de partir! Ele precisava ajudar seu irmão e encontrar sua irmã desaparecida! Precisava trazer paz para seu pai! Se recusava a morrer.
Então o silhueta de Freyalise se dissolve, e dela surge uma criatura marinha urrando enquanto avança sobre o tritão caído, tocanco com sua barriga a mão ainda erguida do paladino. Era um arraia gigante...
...
At-Lan não sabe quanto tempo ficara desacordado. Estava vivo. Os homarids estavam mortos, boiando ao seu lado. Se perguntava o que aconteceu. E então, enterrada na areia, algo começou a se mover e de lá uma arraia-gigante surgia. Ela se aproximou de At-Lan e se esfregou no tritão. Parecia confortável ao seu lado. At-Lan notou inúmeras marcas de queimaduras pela grossa pele da criatura e sua memória viajou dez anos no passado.
Dez anos atrás para At-Lan, mas apenas três anos para o povo de Dominus, At-Lan começou sua missão pessoal de livrar este e outros mundos da invasão Berrowen junto da Incal, mas na mesma semana em que deixou sua tribo natal, encontrou um filhote de arraia preso entre centenas de águas-vivas. O pobre filhote não ia suportar por muito tempo e, com dó no coração, At-Lan decidiu ajudar o pobre filhote. Este mesmo filhote é esta enorme arraia de hoje. E, seja pela piedade de Freyalise ou pela necessidade, a arraia quitou sua dívida com At-Lan.
Agradecido, o paladino do coral pega seu tridente e avança na direção da gruta, mas a arraia o segue. At-Lan permite, pois percebe que agora, pela graça de Freyalise e a divina providência, ambos adquirem um elo telepático, algo que nunca os seperará. At-Lan aceita Koralise, a arraia gigante, como sua montaria sagrada.
- OFF:
É o que tem para hoje!