Sigrun, a bigorna ou o martelo

Sigrun,

       A cabana era quente e seus colegas ainda estavam preocupados com os eventos relacionados à estranha mulher que viram na catacumba. A manhã seguinte parecia preguiçosa até constatarem que a nevasca parou. O frio ainda era intenso do lado de fora e a neve lisa, intocada parecia uma imagem de pureza inabalável. No entanto a pureza da neve esconde um terrível problema, não saberiam quando ou por onde seus inimigos passaram. Poderiam partir para qualquer direção naquele momento, o grande risco era escolher um caminho com o qual haveria um teste de coragem ou bravura.
       No entanto o que é um sinal de coragem e bravura? Lutar contra um urso pode ser um teste de coragem ou seria mais bravo fazer uma escolha difícil que conteste sua imagem perante aos outros membros do grupo? Sigrun lembra do ato feito pelos adultos da vila no qual lutaram contra os escravagistas para dar tempo aos jovens fugirem. Seria bravura ter lutado com eles ou seria bravura fugir para honrar seus nomes?

       Sigrun estava determinada a sobreviver. A ideia de seguir para as montanhas parecia muito boa para Brighid. Osten por sua vez queria seguir para o Oeste pois considerava o terreno difícil e haveria mais comida do que ir para o sul na direção das montanhas. Aelleth ainda pensava em seguir para o leste na direção dos escravagistas. De certa forma o grupo parecia dividido e cabia a Sigrun escolher sua forma de sobreviver. Haveria uma forma de unir o grupo ou seria mais uma separação? No fundo Sigrun sabia que cada um seguirá seu caminho, mas seria um ato de coragem seguir seus instintos ou seria mais bravo o ato de segurar seus impulsos para obter uma solução racional? Brighid tentava unir o grupo com as ideias de liderança.

       A comida do dia anterior ainda estava lá, boa e o suficiente para alguns dias. Aquilo certamente poderia ajudar a todos com suas escolhas. O calor da cabana ainda era uma boa opção e a proteção de uma caba isolada no meio do nada era algo reconfortante. Porém os escravagistas estavam lá fora em algum lugar. Eles poderiam passar sem perceber o local, mas se encontrarem certamente será o fim. Por outro lado todos poderiam sobreviver na natureza, mas sem a ajuda de alguém a vida será muito difícil e quando acontecer algum problema a morte será certa pois faltam as habilidades para cura, manutenção e progresso. Precisavam de uma cidade ou mesmo uma pequena vila para conseguir mais coisas para sobreviverem.

       Qual seria a relação de dever e lealdade de Osten com sua irmã? Sigrun poderia unir os dois? Talvez até chamar Aelleth para seguir com ela? Ou Sigrun deveria escolher seu próprio caminho já que sua sobrevivência estava em jogo.

OFF:

Sigrun,

O grupo estava dividido, no entanto o mapa na mesa indicava as grandes cidades mais próximas: Korvela e Venarium. As cidades são grandes o suficiente para aparecerem em mapas, então poderia ir naquela direção e encontrar alguma coisa. As vilas menores muitas vezes são feitas de nômades. Há vilas, mas onde estão exatamente é o tipo de coisa que não fica em um mapa. Poderiam haver até vilas ali em Vanaheim, mas onde era a grande pergunta.
Sigrun não era lá uma grande oradora sobre como unir os grupos e Osten poderia ficar junto de sua irmã. Talvez se Sigrun escolher um lado ou tentar argumentar poderia juntar alguns deles. Em sua mente era provável que: se escolher o Oeste teria mais chances de sobreviver, mas iria apenas com Osten, o sul com as montanhas poderia levar Brighid com Osten, ao Leste seguiria com Aelleth. Mas se ficar quieta, cada um pode seguir em uma direção deixando Sigrun para trás.

Sigrun,

Brighid escuta Sigrun falar sobre Venarium na Cimmeria e diz:
- Fica ao sul, através das montanhas, vamos pra lá então. Brighid tinha em mente este destino ao sul.
Osten olhava para as duas e ficava meio indeciso.
- Ainda acho a viagem pelas montanhas muito perigosa, mas podemos tentar ir por ali. Parece que apenas Aelleth que seguiria para o leste.
- Vocês sabem falar Cimmerio? Vou seguir para o Leste. Aelleth tinha um ponto. A língua era uma barreira grande.
Naquele ponto os irmãos seguiriam para o Sul com Sigrun, Aelleth não tinha esperanças em um momento com a barreira da língua. A língua deles era do Norte, então tinham que seguir no Norte para falar com outros habitantes.

Sigrun,

      Brighid olha para Osten e faz que vai dar um tapa no irmão, parece que não sabiam falar Cimmerio.
      Aelleth responde para Sigrun:
      - Não falo o idioma de Pictus. Para o leste está meu destino, mas está muito longe. Aelleth passa a mão pelo mapa procurando um caminho, uma direção para o leste.
      Brighid e Osten olham um pouco antes dela falar:
      - Não falamos cimmerio, mas talvez seguir para o Sul seja a melhor opção para nós. Não quero virar escrava daquelas pessoas. Uma pitada de soberta e orgulho passam por Brighid. Aelleth tinha mais um tom de dever para com o povo do Norte, um dever que ele não sabia como cumprir.
      - Ninguém quer irmã, mas sem falar a língua deles ao sul a viagem pode ser pior do que pensamos. Osten argumentava com Brighid.

      Após alguns minutos todos resolvem partir juntos para o Leste, mas Aelleth que tinha a ideia, não sabia por onde seguir nem para onde seguir. As maiores cidades estavam bem longe, poderiam tentar seguir para o leste, mas como poderão desviar dos escravagistas? Seguir apenas direto par ao Leste os levaria para as mãos dos escravagistas. Precisavam de ideias.
      - Vamos para o sul, perto das montanhas. Não tão perto que possa ser um local para buscarem por pessoas ou até pela parte elevada, mas sem subir muito. Dizia Brighid, ainda tentando mostrar que suas ideia de ir para o Sul parecia melhor.

imagem ilustrativa:

Sigrun,

       Quando Sigrun comenta sobre levar lenha, ela comenta sobre um Travois.
       - Você pode usar um Travois para levar mais coisas. Pode ficar um rastro no solo, mas se for importante para você levar mais lenha, podemos fazer assim. Brighib mostra a peça para Sigrun que pode montar uma em poucos minutos.

       Pouco depois de combinarem como seguirão para o leste, todos ficam prontos. A partida da casa é tranquila e um pouco de neve fresca está do lado de fora. Após duas horas de caminhada a neve começava a derreter e desapareceria em pouco tempo. Por sorte ou talvez falta de informações, todos seguiram mais para o sul antes de ir para o Leste mesmo.
       Quando estão caminhando nos morros do sul para seguir a rota sugerida por Brighid na metade do segundo dia, todos podem ver uma roda da dor. Era um tipo de escavação com poucos guardas e poucos escravos. O local já parecia em operação fazia muito tempo por conta da quantidade de terreno movida ali. O buraco da roda parecia fundo. Enquanto ainda estão caminhando e olhando ao longe, o homem no cavalo segue para o norte. Era pouco provável que os tenham visto pois uma vegetação local serve de cobertura para o local em que estão e de longe as pessoas verão apenas as plantas.

Travois:

Roda da dor:

Sigrun,

Todos decidem não avançar sobre a roda da dor ou tentar libertar os escravos que sobraram ali. A sobrevivência do grupo parecia mais importante do que sua coragem, seu dever e lealdade com o indivíduo eram maiores do que com o coletivo naquele momento. Ou aquilo era apenas medo? O instinto de sobrevivência dizendo que eram fracos e covardes, logo devem correr. O cheiro de covardia parecia tomar o ar ao redor do grupo ou aquilo era apenas suor com sujeira?
A cadeia de montanhas estava perto ao sul e parte das planícies geladas estavam ao norte. Depois de mais dois dias de viagem Sigrun estava com o travois vazio e queimava os galhos do mesmo em uma fogueira evitando fumaça. A comida era pouca e logo precisarão caçar ou coletar algo no caminho para o leste. A cadeia de montanhas que separava Vanaheim de Asgard estava no horizonte. Ainda estava a vinte dias de viagem, mas era um objetivo mais palpável.
Para onde iriam todos? Uma vila nômade em Vanaheim? Ou talvez buscarão Asgard?

Sigrun,

       Os rastros de uma vila nômade são difíceis de encontrar. São muitos deles, mas são pessoas habituadas a se esconder no meio do frio. Quando observam o perigo basta deixar o local em que estão e partir para longe sem chamar a atenção. Os rituais de passagem das vilas nômades são diferentes e eles não tem a grande fogueira para queimar os mortos, em alguns lugares os mortos também são comida.
       Sem libertar os escravos e os deixando ao seu próprio destino o grupo segue viagem com poucos suprimentos. O local em que as vilas deveriam estar está vazio, certamente os escravagistas passaram por ali e eles fizeram o óbvio, mudaram. Para os que deram azar, foram capturados. No entanto com dois dias de viagem o grupo encontrou os rastros de uma vila. A vila nômade estava escondida entre algumas árvores da região e usavam cores de peles mistas que eram difíceis de identificar nas casas ou tendas.
       Um dos batedores vê os jovens e reconhece Sigrun como filha do ferreiro de uma das aldeias, ele mesmo não sabia qual. Por sua vez Sigrun já viu aquela face estranha com dentes tortos para comprar coisas de seu pai. Era um cliente difícil mas tinha uma certa regularidade. Ele levava peles de baixa qualidade para trocar por peças para armadilhas. Seu pai dizia que troca coisa ruim por coisa ruim, mas ainda assim era uma troca e quando o nômade dava sorte por aparecer com algo melhor, era sorte de seu pai também.
       Quando chegam entre as árvores o Jarl da vila diz:
       - Olá, sou Jarl Grimnir. Vejo que escaparam das mãos de Atali enquanto muitos caíram pelos punhos negros. O Jarl bate o punho fechado no peito e indaga: Vocês resolveram abraçar a vida dos fortes e deixar sua cidade parada? Os escravagistas são uma ameaça para todos. Com olhos de um caçador o Jarl olha para todos os presentes.

OFF: