As ruas que levam até o lugar estão cheias de entulhos pesados suspeitamente abandonados no caminho. Ainda mais esquecido pelas autoridades que o resto do bairro. Toda região tem um ar pesado e implacável para aqueles que podem sentir. Nem as gangues estão por ali. As marcas da Legião de Sangue são as únicas nas paredes descuidadas. O abandono e esquecimento do lugar parece se alimentar da ausência das pessoas. Ao olhas o segundo mundo se pode encontrar toda sorte de moradores assustadores. Violência. Ódio. Fúria. Morte. Concreto. Aço. Ferrugem. Decadência. Destruição.
O cheiro dos pequenos animais que vivem ali é o mais instigante. Os outros cheiros da cidade passam com dificuldade entre os prédios velhos. O cheiro de todas aquelas pessoas pobres. Suas vidas e seus dejetos. O som da música já ficou para trás a varias quadras. As casas noturnas e raves ilegais são o ultimo bastião da civilização. Agora, andam sobre seus ossos expostos e despidos de carne. O vento corre barulhento, uivando entre as janelas e carregando os cheiros conflitantes das poucas plantas que sobrevivem ali sem cuidado. Insetos e pequenos pássaros enchem o fim de tarde de um jeito que deveria ser proibido.
Os jogos começaram com o raiar do sol. Corrida. Obstáculos. Combate corpo a corpo. Facas. Presas. Escalada. Estrategia. E agora que a luz do Sol morria no horizonte o prato principal. O teste verdadeiro. Caçar um Uratha no Hisil. Um lobisomem no segundo mundo. Deram armas para sua escolha. Mas somente isso. O ambiente inóspito os aproximou. Os dois precisariam um do outro para ganhar. Talvez até para sobreviver. Em pouco tempo se viram sendo caçados pela loba que deveriam vencer. Ela conhecia o lugar. Ela sabia lutar. Ela vestia a guerra como uma segunda pele. Ela os assusta e persegue. Os rastro de sangue que deixam é uma preocupação constante. A loba exigia rendição. Exigia que desistissem. O som da perna partindo é impossível de ignorar. O instinto grita para fugir e abandonar.
Quando a história for contada esse será o momento crucial. Não havia outra forma de lutar. Não havia nenhuma vantagem para se conseguir escondida em algum canto, em algum momento do futuro. Nenhuma arma que fosse melhor do que as que a Lua Guardiã os deu. Na história que será contada os dois lobos lutam juntos contra o inimigo superior. Contra a força brutal e eficiente do maior predador dos dois mundo. Coragem, confiança, ferocidade e pensamento rápido. Essas foram as armas que arrancaram a vitória das tão reais e sólidas presas da derrota. Cobertos de sangue e quebrados. Quando a história for contada talvez eles deixem lado que caça continuou viva e que sua rendição foi uma surpresa para os dois aspirantes pendurados entre a vida e a morte.
A salva de tiros das armas automáticas iniciava a festa. Sim. Uma festa. A legião de Sangue e seus parentes eram os únicos presentes. Barris de cerveja. Alvos pendurados em frente a uma mesa com machados e facas. Atiçador apostava na queda de braço com Uivo Longo se vão chamar strippers ou prostitutas. Um Jeep com aparelhos de som foi levado até ai de alguma forma. A dor da carne aberta era suprimida pelos curativos e bandagens. Chaya, Morte Cinza, ficava entre os dois. Menos de uma hora atrás era ela cavando fundo nos dois. Agora, ela ri os aperta orgulhosa. Feliz como a noiva de um soldado que vê o futuro marido voltar da guerra. Nem mesmo o sangue dos dois em sua roupa diminui a felicidade que ela sente. Na verdade, todos, sem exceção estão felizes e animados. Os Uratha, muito mais.