Ano terrestre 2213
Nave espacial Argo 2
Destino: Marte, planeta vermelho
Duração da viagem até o momento: 252 dias
Tripulação preparada para acordar após 187 dias de hibernação criogênica
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Camilo para na porta, antes de sair, dando uma última conferida no laboratório.
Havia passado as últimas horas ali dentro, deixado tudo organizado e pronto para que, depois de meses, aquele lugar voltasse a receber pesquisas e estudos.
O último grupo de tripulantes estava acordando de seu processo de hibernação criogênica, dentre eles estava a Dra Naomi, uma conhecida exobióloga e a responsável por aquele laboratório.
Saindo do local ele fecha a porta atras de si e caminha em direção aos corredores do alojamento, quando sente um arrepio percorrer seu corpo.
Ele para pôr uns instantes e olha para o corredor atras dele. Estava vazio.
Balançando a cabeça ele volta a seguir seu caminho. Estava a poucos passos da porta que separava os corredores quando mais uma vez teve a impressão de que havia alguém ali com ele e dessa vez ouviu um barulho que parecia vir de uma das portas da usina de eletricidade.
Camilo se vira rápido, mas novamente não vê ninguém
- Athena, corredor do laboratório... Tem alguém na usina de energia? – Em voz alta ele pergunta para a inteligência artificial da nave. Uma vez que ela era responsável por manter a nave em funcionamento, com certeza se houvesse mais alguém ali Athena saberia
“Negativo”
Foi a resposta seca e objetiva de Athena.
Franzindo a testa e fazendo uma careta ele continua seu caminho até os alojamentos. Não via a hora de chegar a sua cabine e poder descansar.
A porta finalmente se abre dando acesso ao corredor que levava a sua cabine. Antes de atravessar o portal, ainda sentindo uma sensação desconfortável ele olha para trás. Sentia como se alguém o seguisse. O observasse.
De onde estava conseguia ver que a porta do laboratório estava aberta.
Camilo acha aquilo estranho e a sensação ruim se intensifica. Começava a sentir o coração bater rápido e com isso a respiração ficar ofegante. Era um sinal vermelho. Estava começando a sentir medo e saber disso era apavorante para ele.
Tinha medo de sentir tanto medo a ponto de paralisar. Precisava acalmar. Precisava respirar. Precisava verificar a porta do laboratório. Precisava?
Juntando as duas palmas da mão em frente ao rosto, involuntariamente seu corpo começa a balançar para frente e para trás, na tentativa de se acalmar. Tentava andar, ir em direção ao laboratório, mas seu corpo estava todo arrepiado.
Camilo olha em volta, se certificando se realmente não havia ninguém com ele nos corredores, que pareciam muito mais compridos e mal iluminados do que ele se lembrava.
- Athena... Pode fechar a porta do laboratório, por favor? – Ele consegue se lembrar que Athena podia ajudá-lo
“Impossível atender o pedido. A porta do laboratório já se encontra fechada”
Fechada? Mas como? Ele estava vendo aberta, não estava?
Ele abaixa as mãos e aperta os punhos ao lado do corpo, reunindo toda coragem que conseguia ele da alguns passos de volta a sala de laboratório.
Dez passos no máximo e ele tem um sobressalto quando a porta do laboratório se fecha ao mesmo tempo que a porta do corredor do alojamento.
Naquele momento o mundo era uma mistura do som de sua respiração ofegante com o som das batidas de seu coração.
Sem mais o que fazer, Camilo se vira voltando para o corredor dos alojamentos, dessa vez passando pela porta ele a espera fechar e observa o corredor pela escotilha. As luzes piscam algumas vezes e a porta do laboratório volta a se abrir
Uma nova sensação ruim percorre seu corpo e ele olha em direção a sua cabine. Mais uma vez aquela sensação de que alguém o observava. Isso o estava acompanhando e ele começa a sentir um pânico diante da possibilidade de estar com medo daquela sensação.
Apoiando uma das mãos na parede ele segue com passos hesitantes em direção a sua cabine. A mão treme quando destrava a porta. Finalmente ele entra em sua cabine.
Ele se senta em sua cama, tentando se acalmar. Passa a mãos pelos cabelos, bagunçando os fios. Deveria se sentir melhor, seguro, mas não estava. Ainda se sentia observado. Agora pela sua própria imagem refletida no espelho, que, loucura ou não, sorria para ele.
Camilo se levanta indo até o espelho sobre a pia. Arrancando o objeto da parede, ele o joga dentro da pia, o espatifando em vários pedaços.
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Câmara criogênica
Tentava abrir os olhos, mas não conseguia. Toda vez que tentava sentia tudo girar.
A cabeça estava pesada e o estômago revirava de forma violenta. Quando mãos a colocaram sentada não conseguiu se conter e vomitou.
Estava com frio, mesmo assim sentia como se suas costas suassem. Um calor começava a tomar conta de sua nuca. O coração batia dolorido em seu peito.
- A pressão dela está muito alterada. Levem-na para a enfermaria, agora! – Ela conseguiu ouvir uma voz abafada e distante.
Talvez tenha desmaiado, não tinha certeza.
Conseguiu ter alguma consciência de si novamente quando uma forte luz branca atingiu um de seus olhos. Viu um rosto conhecido debruçado sobre ela enquanto examinavam sua pupila.
Forçando um pouco sua mente a colaborar consegue lembrar que aquele era o Dr Benipe, o médico da expedição.
Expedição? Verdade, agora lembrava. Estava na Argo 2. Uma nave a caminho de marte.
- Bem-vinda de volta, minha querida. Fique tranquila e descanse. Logo você se sentirá melhor. – O médico diz quando ela olha para ele.
Mas naquele momento Naomi não mais via o doutor, pois seus olhos só conseguiam focar na pequena criança parada atrás dele, próxima a parede. Era sua filha.
Ela queria falar algo, mas não conseguiu. Sentia como se a língua embolasse em sua boca.
Doutor Benipe espeta seu braço com uma agulha e, por reflexo, ela olha para o que ele fazia, vendo que havia sido feito um acesso para que soro fosse administrado.
Naomi olha novamente para onde havia visto sua filha, mas ela não estava mais lá.
Ela sentia a cabeça pesada, seus olhos queriam fechar enquanto o médico terminava de examiná-la.
- Estou aqui mamãe – A vozinha infantil chama sua atenção e Naomi se esforça para abrir os olhos e virar a cabeça.
Benipes já havia se afastado e ao lado de sua maca, sentada em uma cadeira, sua filha lhe sorria enquanto segurava um livro infantil.
- Estou aqui mamãe! Eu e o papai estaremos para sempre com você. Nunca mais a deixaremos. Descanse, minha vez de ler para você. – Naomi vê sua filha dar um amplo e estranho sorriso enquanto abria o livro e começava a ler.– Era uma vez uma mamãe muito má que deixou sua família morrer...
Sem conseguir falar ou se mover e sendo tomada por uma enorme vontade de fechar os olhos, Naomi cedeu ao mal-estar e se entregou, caindo em sono profundo logo em seguida
- OFF:
Tudo começa com o despertar da Naomi na enfermaria
Macas, poltronas, mesa que provavelmente pertence aos médicos, equipamentos e agulhas é o que ela irá ver ao despertar. Mas sinta-se a vontade para descrever melhor o ambiente, caso deseje
Ela pode permanecer na enfermaria ou ir atras de ajuda. Fique a vontade ^^
Ah, ela estará sozinha quando acordar