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    [ON] Frederick: Fé e ciência

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    Mensagem por Caelestia Seg Jun 28, 2021 11:36 pm

    [ON] Frederick: Fé e ciência  Mars118


    Ano terrestre 2213
    Nave espacial Argo 2
    Destino: Marte, planeta vermelho
    Duração da viagem até o momento: 252 dias
    Tripulação preparada para acordar após 187 dias de hibernação criogênica


    -----------


    Diego estava sentado na sua enorme e confortável poltrona na sala de engenharia. A frente dele monitores diversos mostravam gráficos analíticos sobre o funcionamento de cada parte da nave, gerando de tempos em tempos relatórios precisos sobre o estado geral do bioma e conservação dos sistemas de suporte a vida, navegação e segurança.

    Athena podia ser o coração da nave, a inteligência artificial que permitia que tudo funcionasse em perfeita sincronia. Mas se ela era o coração, ele era o médico que garantia seu funcionamento.

    Naquele momento era o único engenheiro da nave que já havia despertado do hiper sono. Havia pelo menos mais um engenheiro, mas este ainda passaria pelo despertar nos próximos dias, e tendo Athena ficado tantos meses sem um acompanhamento de seus sistemas, Diego passava horas revisando relatórios e providenciando os ajustes e reparos necessários apontados pelos gráficos.

    Ele estava debruçado sobre um dos relatórios que tratava justamente do bioma do laboratório, elaborando um novo projeto para corrigir alguns problemas encontrados, quando uma movimentação em um dos monitores a sua frente chama atenção.

    Diego levanta os olhos e observa. Um dos monitores que antes exibia um dos relatórios, agora mostrava a imagem dos corredores dos alojamentos.

    Ergue uma sobrancelha achando aquilo estranho, pois não havia tocado em nada para que as imagens de segurança fossem acessadas. Olha a tela por alguns instantes e, sem ver nada de estranho, toca no monitor que volta a exibir o relatório.

    Diego rabisca mais algumas anotações sobre o novo projeto quando percebe uma nova alteração no monitor, que exibia o corredor do alojamento, desta vez sendo possível ver a porta de sua cabine.

    Ele olha por alguns instantes quando algo chama sua atenção.

    A porta de sua cabine se move, abrindo lentamente até que uma pequena brecha permite um vislumbre do interior escuro do quarto.

    Diego franze a testa. Sabia que a cabine estava vazia e tinha certeza de ter trancado a porta quando saiu, então como ela poderia estar abrindo?

    Puxa a cadeira para a frente e aproxima mais o rosto da tela, olhando atentamente para a imagem da porta entreaberta, quando pode jurar ver um vulto aparecer rapidamente pela brecha da porta, como se alguém estivesse dentro da sua cabine.

    Ele joga o corpo para trás com o susto.

    Pela imagem da câmera vê que segundos depois as luzes principais do corredor se apagam, deixando o corredor mergulhado em uma penumbra ao ser fracamente iluminado pelas luzes azuis de segurança.

    Instantaneamente os olhos procuram pelo monitor que mostrava o funcionamento da parte elétrica da nave, constatando que nenhum problema era sinalizado. Fosse o que fosse, aquela falha no abastecimento não estava sendo detectada pelos sensores.

    Uma nova movimentação na imagem faz com que Diego aproxime o corpo novamente do monitor. Forçando os olhos, apesar da penumbra que dificultava o entendimento do que era mostrado, ele pode ver que a porta de sua cabine agora estava totalmente aberta.

    Segundos depois alguém sai de lá de dentro. A escuridão dificultava, mas podia jurar se tratar de uma mulher e parecia que ela vestia uma roupa larga no corpo, talvez um vestido ou uma camisola.

    A mulher anda alguns metros e para protegida por um local mais escuro. Ela se vira lentamente e parece levantar o rosto, olhando em direção a câmera. Os olhos dela se destacando mesmo no escuro, como se brilhassem.
    Sente um calafrio percorrer sua espinha e sua respiração acelera. Além de ser uma situação estranha, algo naquela mulher era estranhamente familiar. Algo no jeito como ela se movia, o cabelo... Algo o fazia se lembrar de sua falecida esposa.

    O engenheiro se sente tentado a ir verificar, mas a questão é que ele não fazia ideia de quem poderia ser e essa função não era dele e sim dos seguranças da nave. Mas então a mulher volta a se mover, caminhando pelos corredores e Diego esquece a ideia enquanto observava a mulher avançando pelo escuro.

    Ela dobra a direita em um dos corredores e ele prende a respiração ao perceber que ela havia acessado o corredor onde ele estava.

    A mulher caminha protegida pela penumbra e para, ficando de frente para uma das portas.

    Ao perceber pelas imagens que ela havia parado em frente a porta da sala de engenharia, Diego endireita o corpo e lentamente vira a cabeça olhando na direção da porta. O coração batendo rápido a ponto de conseguir ouvi-lo em seus ouvidos.

    Olha novamente pata o monitor. A mulher ainda estava lá, parada.

    Franze a testa e caminha até a porta, tentando não fazer barulho. Aproxima o corpo e encosta o ouvido contra a porta.

    - “Diego” – Ouve o sussurro de uma voz feminina. – “Por que você deixou nossas filhas sozinhas?” – Era a voz de sua falecida esposa.

    Assustado, se afasta dando alguns passos para trás sem desgrudar os olhos da porta, até que o corpo esbarra na cadeira. Se vira rápido, olhando para a imagem no monitor. O corredor ainda mergulhado na penumbra, mas a mulher havia sumido. Não estava mais na porta.

    Toca freneticamente no monitor, acessando outras câmeras, tentando encontrar a mulher. Puxa a cadeira e se senta enquanto procura, mas não encontra nada. Como poderia ser?

    Relaxa o corpo e as costas de apoiam no encosto da cadeira enquanto observava um dos corredores escuros, quando a imagem muda sozinha.

    Agora a imagem mostrada pelo monitor era da sala de engenharia. Ele se via sentado de frente para os monitores. Atras dele, uma mulher trajando uma camisola hospitalar, estava parada com a cabeça levemente abaixada, como se olhasse para ele.

    Ao perceber o que via, sente o corpo travar enquanto um novo frio percorria sua espinha. A mulher levanta a mão e parecia que ia tocar seu ombro.

    Agoniado ele sente o corpo ser inundado pela adrenalina. A vontade de fugir tomando conta de cada célula de seu corpo que ameaça se agitar.

    Ele pode sentir a respiração atrás de si e quando a mão da mulher toca seu ombro, ele fecha os olhos e dá um pulo da cadeira emitindo um som abafado, que lembrava um grito de susto.

    - Diego! Desculpa, você está bem? Não queria te assustar... – Era a voz da capitã Elisa que entrava na sala. – Tudo bem?

    Abre os olhos e constata ser realmente a capitã. Pela porta aberta atrás dela podia ver que as luzes do corredor estavam acessas. Olha em volta e não vê nada de diferente. Os olhos vão até o monitor que exibia o relatório que lembrava que estava analisando antes. A mulher havia sumido, assim como os corredores escuros.

    - Você parece assustado demais... Aconteceu alguma coisa? – A capitã cruza os braços e ergue uma sobrancelha, parecendo curiosa.

    - Estou bem... Estou bem... Apenas... Acho que estou trabalhando demais. Devo ter pegado no sono... Estava tendo um sonho estranho... Só isso – Ele sorri sem graça. – Bem, em que posso ajudá-la, capitã? – Pergunta dando uma última olhada em direção ao monitor.


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    Câmara criogênica

    Sente uma pressão em seu peito e o corpo parece sacudir.

    Com algum esforço consegue abrir os olhos e embora a visão estivesse embaçada, consegue perceber que alguém estava debruçado sobre ele.

    - Vamos, cara! Vamos! Seja bem-vindo de volta! Hora de acordar! – O som parecia abafado e percebe que alguém apoiava a mão em seu peito e o sacudia.

    Mexe a cabeça de um lado para o outro, se forçando a despertar. Faz força para suspender o corpo, mas os ossos de sua coluna não colaboram e não consegue concluir o movimento.

    Sente que a mão que sacudia se peito agora agarrava um de seus braços, fazendo força e o ajuda a se sentar.

    A visão clareia um pouco e ao olhar em volta reconhece a sala criogênica da Argo.

    O corpo inteiro estava dolorido e tremia involuntariamente pelo frio que sentia. Quando força o corpo a ficar de pé, sente tudo girar a sua volta e perde o equilíbrio, caindo sentado.

    O mal-estar piora, intensificando os calafrios, e o estomago revira, mas não consegue vomitar.

    Alguém passa e coloca uma espécie de manta sobre as suas costas e o ajuda a ficar de pé.

    Não se lembrava direito como havia chegado ali, mas agora estava em sua cabine sendo ajudado a deitar em sua cama que parecia quente e confortável demais se comparada ao frio e dureza dos casulos criogênicos.

    Frederick é deixado sozinho. Olhando em volta consegue reconhecer seus pertences. Parecia que tudo estava exatamente como havia deixado a seis meses atras.

    Talvez não quisesse dormir, mas o conforto da cama e os olhos pesados dificultavam para ele se manter acordado. Não conseguindo resistir ele finalmente fecha os olhos caindo em um sono profundo.


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    Mensagem por Luiz Eduardo Ter Jun 29, 2021 11:47 am

    Eu não me lembro de muita coisa durante meu despertar, eu estava lá mas as mesmo tempo não estava, talvez pelo tempo "dormindo" eu tinha um pouco de dificuldade para voltar para o "mundo real", não sabia se estava sonhando ou não, eu me lembro de meu ouvido estar zumbindo um pouco e de fundo uma voz falando comigo, nem mesmo consigo saber se a voz era feminina ou masculina de tão desnorteado que estava, a única coisa que lembro com precisão é o frio que sentia, parece que eu estava dentro de um bloco de gelo mesmo fora da criogenia, mal senti a manta que colocaram sobre mim, só percebi que ela estava lá quando uma parte dela cobriu meus ombros, meu estomago parecia um navio em alto mar durante uma tempestade, se eu tivesse algo lá com certeza "devolveria".
    Assim que me colocam na minha cama eu simplesmente desmaiei, quando acordei minutos ou horas depois, na verdade eu não tinha a mínima noção de tempo naquele instante, mas por sorte meus sentidos começaram a voltar, já conseguia ver melhor, não tinha mais um zumbido em meus ouvidos e o frio havia diminuído ao ponto de minha sensibilidade voltar.
    Sentei na cama e coloquei os pés no chão, senti frio, mas estava mais aliviado pois dessa vez era o frio no aço debaixo de meus pés, era um bom sinal, pois agora sabia que já estava me recuperando, inclinei a cabeça para baixo e comecei a passar a mão direita pela nuca, depois ergui o pescoço e vi que estava na minha cabine, eu já sabia disso antes, mas pelo meu estado fiquei aliviado em saber que não era um delírio, uma pequena dor começou a passar pela minha cabeça.

    -Minha nossa! Alguém anotou a placa do caminhão?... Falei sozinho na cabine e depois dei uma leve risada

    Olhei novamente para minha cabine e tudo estava como eu havia deixado, minha cama encostada nas paredes esquerda e superiora, o armário na parede ao Sul da cama, a mesa de trabalho logo ao lado do armário, a entrada para o banheiro na mesma parede superiora, após alguns instantes olhando minha cabine resolvi me levantar e ir até a pia, inclinei sobre ela e joguei um pouco de agua sobre o rosto e passei a me olhar no espelho, principalmente meu cabelo e minha barba, depois procurei em meu armário minhas roupas, me troquei e fui até minha mesa de trabalho, abri a primeira das gavetas e peguei minha Bíblia e meu Rosário que estava enrolado na Bíblia, coloquei ele sobre meu pescoço e depois sentei na mesa, liguei uma pequena luminária acima da mesa e abri o livro, acabei me deparando com o Salmos 118:21-26 e o li em boa voz.

    -"Dou-te graças, porque me respondeste e foste a minha salvação. Isso vem do Senhor, e é algo maravilhoso para nós. Este é o dia em que o Senhor agiu; alegremo-nos e exultemos neste dia. Bendito é o que vem em nome do Senhor."

    Então deixei minha Bíblia aberta e desliguei a luz acima da mesa, terminei de me aprontar, penteando o cabelo e trabalhando na barba, cortando e aparando um ou outro fio mais rebelde ou longo e depois sai da minha cabine, indo em direção ao refeitório com minha barriga avisando que depois desse tempo todo ela quer algo mais tangível.


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    Mensagem por Caelestia Ter Jun 29, 2021 3:16 pm

    [ON] Frederick: Fé e ciência  Corr110


    Finalmente sentindo que era dono das próprias vontades e que seu corpo as obedecia, Frederick sai da sua cabine. Seu estômago reclamando depois de meses sem ingerir nada substancialmente sólido.

    Seu objetivo era ir até a sala de convívio, que também poderia ser considerada como refeitório da nave, onde esperava encontrar algo para comer.

    A porta da cabine se abre e se vê nos corredores do alojamento, percebendo que sua cabine se localizava mais ao fim do corredor. Por si próprio ainda não conseguia lembrar qual a numeração da sua cabine, mas se olhasse para cima veria o número 18 em uma placa sobre a porta.

    Caminhando, ele vira a esquerda e finalmente vê as portas de acesso as outras áreas da nave, constatando que estava mais próximo da porta que dava acesso a parte de trás onde ficavam a área de manutenção, suporte e pesquisa da Argo.

    Como o refeitório ficava para o outro lado, dá alguns passos, se afastando, quando o barulho da porta de acesso abrindo logo atras dele chama a sua atenção.

    Se parasse para olhar não veria ninguém. Como se a porte houvesse aberto sozinha, o que era estranho, pois no geral era necessário acionar um controle para permitir a passagem. Será que havia sido Athena a abrir a porta?

    A porta não fecha e um outro barulho chama sua atenção.

    Era outra porta se abrindo e de onde estava pode ver que se tratava justamente da porta do laboratório onde ele trabalhava, que ficava no outro corredor.

    Como estava do lado oposto, viu que o laboratório se encontrava praticamente escuro. Apenas uma difusa luz azul parecia vir de algum ponto lá dentro.

    - “Não tenha medo do que você está prestes a sofrer. O Diabo lançará alguns de vocês na prisão para prová-los, e vocês sofrerão perseguição durante dez dias. Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida.” - Ouve uma voz sussurrada e reconhece aquela como sendo uma das passagens da bíblia, mais precisamente Apocalipse 2:10.

    A voz parecia vir de algum ponto do outro corredor e ele vê quando um vulto passa dentro do laboratório, bloqueando a luz azulada lá dentro enquanto por rápidos segundos uma sombra estranha é projetada no chão do corredor em frente a porta.

    Outro barulho chama sua atenção, desta vez logo a sua frente. Uma das portas das cabines se abre e ele vê um dos tripulantes aparecer. Percebendo a presença do doutor o homem sorri animado.

    - Doutor Frederick! Que bom ver o senhor! – O rapaz diz em tom animado

    Forçando um pouco a memória conseguiria se lembrar que aquele era Camilo, o assistente de laboratório que trabalhava ajudando nas pesquisas dele e da doutora Naomi, a outra exobióloga da expedição.

    - Não esperava encontrar o senhor tão cedo... Sei que despertou a pouco tempo, imaginei que fosse demorar mais para se recuperar do hiper sono... – O rapaz se aproxima e estende a mão – De toda a forma, seja bem-vindo de volta doutor! Eu tenho cuidado do laboratório nos últimos dias e as pesquisas evoluíram muito bem durante esse tempo – Ele diz animado.

    Laboratório...

    Se olhasse novamente na direção da porta de acesso a parte de trás da nave veria que ela estava fechada, mas estranhamente não ouviu nenhum barulho da porta fechando. Pela escotilha podia ver a porta do laboratório. Também estava fechada.

    - Doutor? – Era a voz de Camilo – Tudo bem? – Ele repara a porta que dava acesso a área do laboratório – O que o senhor estava indo fazer? Quer dar uma olhada no laboratório? Posso ir com o senhor...


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    Mensagem por Luiz Eduardo Ter Jun 29, 2021 7:27 pm

    Até o momento tudo parecia normal para mim, o tempo fora me deixou um tanto desnorteado mas consegui me localizar sem muitos sofrimentos, mas quanto escutei a porta se abrindo, virei rápido e com certo animo, afinal seria a primeira pessoa que eu veria depois de tanto tempo em sono profundo, porem ninguém saiu e aquilo me causou certo estranhamento, talvez fosse algum bug ou problema com Athena, parei e fiquei observando por um tempo, esperando que alguém saísse de lá, quando a porta do meu laboratório se abriu e uma luz veio de dentro, mesmo que fraca, eu fique aliviado pois tinha certeza que era alguém, mas quando aquela voz chegou até mim e vi aquela sombra dentro do laboratório, como um reflexo, fiz o sinal da cruz sobre mim e segurei meu rosário no pescoço, comecei a olhar para todos os lados, procurando mais alguém, mas foi inútil.

    Quando o rapaz saiu por outra porta, estranhamente aquilo me deixou mais preocupado, não sabia ao certo se era realmente alguém ou outra coisa, mesmo quando o reconheci ainda demorei um pouco para soltar meu rosário e apertar a mão do rapaz, tentei olhar de maneira disfarçada para aonde tinha tido aquela "visão" mas meu estado me entregou.

    -Não era nada... Balancei cabeça levemente, pisquei algumas vezes e depois olhei para o rapaz, soltei sua mão e dei dois leves tapas em seu ombro direito, foi minha maneira de constatar se ele era real e ao mesmo tempo parabeniza-lo.

    -Também fico feliz em vê-lo Camilo! Eu não vou mentir e dizer que foi fácil vir aqui, na verdade, quando acordei na minha cama, achei que tivesse sido atropelado disse de maneira cômica  -mas de resto estou bem sim e quanto a ti? Venha! Vamos comer algo e você aproveita para me contar o que ocorreu nesse meio tempo, depois quero dar uma olhada nas pesquisas e no laboratório, prefiro fazer isso depois de ter me recuperado totalmente.

    Antes de ir em direção ao refeitório olhei mais uma vez para a porta, me virei e segui o caminho.

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    Mensagem por Caelestia Qua Jun 30, 2021 11:45 am

    Camilo havia reparado sua hesitação ao olhar para a porta de acesso ao corredor inferior, mas pela forma como parecia estar ansioso para acompanhá-lo até o laboratório, provavelmente para mostrar o bom trabalho feito enquanto os exobiólogos não despertavam, que ignorou completamente o desconforto e preocupação de demonstrava ao olhar para aquele local

    Deixando os ombros caírem levemente Camilo parece um pouco desapontado por não ir ao laboratório, mas logo recupera a postura altiva e estica um braço, apoiando a mão no ombro do exobiólogo enquanto sorria em compreensão.

    - Acredite, doutor... O senhor teve sorte. O senhor diz que sentiu como se houvesse sido atropelado... Eu me senti como se tivesse ressuscitado do mundo dos mortos – O rapaz diz em um tom de voz descontraído enquanto sinaliza em direção a parte da frente do corredor – Como aqueles zumbis bem podres que mal aguentam levantar da cova. – Eles caminham. Os passos ecoando entre as paredes metálicas dos corredores, até que eles finalmente acessam a porta que os levaria até a área onde ficava a sala de convívio. – Pro senhor ver... O senhor está com fome, eu demorei três dias até conseguir comer algo descente.

    A porta se abre e eles avançam pelo corredor seguinte. A direita podia ver a sala criogênica. Um espesso vidro na parede permitia a visão das câmaras de hibernação lá dentro. Estavam vazias. Todos já haviam despertado.

    A sala a esquerda do corredor era a que ele buscava no momento, a da área de convivência. Com certeza um dos locais mais movimentados da nave, pelo menos era.

    Eles entram. Sabia que fazia tempo, meses, que não entrava naquele lugar, mas o reconheceu instantaneamente quase como se o tempo ali não tivesse passado.

    Como quase tudo na nave o tom metálico era predominante no local. Havia uma grande mesa oval com algumas cadeiras. Poltronas brancas estavam espalhadas pelos cantos da sala. Um balcão com cafeteira, micro-ondas e sanduicheira ficava ao lado de uma ampla geladeira. Em um dos cantos havia uma estação de comunicação com uma tela interativa ao lado de uma prateleira com alguns livros e canto oposto uma pequena área concentrava alguns jogos eletrônicos.

    Ao entrar percebe a presença de outros tripulantes. Três deles estavam em um dos cantos da sala, reunidos em torno da central de comunicação. Pela expressão em seus rostos pareciam preocupados com algo.

    - Vai lá, doutor. Sente-se! Eu pego um lanche para o senhor – A voz de Camilo quebra o silêncio entre os dois.

    Frederick poderia seguir a sugestão do jovem ou permanecer de pé e providenciar o próprio lanche, mas de toda forma, ainda reparando nos outros três tripulantes na sala, aos poucos conseguiria lembrar de pelo dois deles.

    O homem mais moreno e alto era Zayn, um dos seguranças da missão. O outro, como poderia esquecer, se chamava Kevin e era o videomaker, que por muitas vezes antes do período de hibernação gravou as pesquisas que ele e a Dra Naomi preparavam.

    Zayn e Kevin:

    Mulher:

    Mas a mulher que estava com eles era quem talvez mais chamasse a atenção. Ela parecia extremamente nervosa enquanto apertava uma mão na outra, até o ponto que a viu abraçar o próprio corpo tentando conter o nervosismo e então ser amparada por Zayn. Ele sabia que ela era uma pesquisadora embora, no momento, não lembrasse do que ou quem ela era.

    Já acomodado em uma mesa com a refeição a sua frente, Frederick vê os outros três tripulantes saírem da sala e ao passar próximo de onde estava consegue ouvir para do que o segurança falava para a mulher.

    - ... gravação de segurança. Fique calma, se essa mulher está aqui nós vamos encontrá-la. Não vamos deixar que ela atrapalhe a missão.  

    Os três saem no mesmo instante em que Camilo puxa uma cadeira sentando-se ao seu lado.

    - A doutora Naomi também já despertou, mas ainda não a encontrei – Camilo da de ombros enquanto morde um bom pedaço do lanche que havia feito para si. – Sei que ela passou mal no despertar e precisou ser trazida para a enfermaria, mas sumiu. – Ele olha para o doutor. – Fui até a cabine dela, mas ela não estava. Acho que ninguém a viu ainda.


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    Mensagem por Luiz Eduardo Qua Jun 30, 2021 8:01 pm

    Conforme caminhava ao lado de Camilo eu alternava meu olhar entre ele, o caminho que seguíamos e os demais caminhos, procurava mais rostos conhecidos ou novos, os comentários cômicos do rapaz, conseguiram arrancar algumas risadas mais leves de mim, mas o que eu tinha visto antes ainda continuava remexer em minha cabeça, teria sido um sinal do Altíssimo para mim? O que me tirou desse pensamento foram as câmaras criogênicas, conforme passávamos por elas, procurei mais pessoas dentro, mas no final não achei ninguém, talvez eu tivesse sido o ultimo a despertar.

    Quando chegamos na Área de Conveniência uma forte nostalgia percorreu por meu corpo, não havia mudado praticamente nada desde a ultima vez que pisei ali, conforme passeava meus olhos por toda a sala, fui instintivamente puxado para a cafeteira, o cheiro do café foi mais que suficiente para me fazer pegar duas canecas, ouvi o que Camilo me disse e concordei indo em direção a mesa, coloquei uma caneca na mesa logo a frente da minha e mantive meu olhar no trio ao fundo, infelizmente nem tudo parecia estar bem, pensei em ir cumprimentar Zayn e Kevin, assim como me apresentar para a moça, mas suas expressões pareciam me alertar de que aquele não era um bom momento, na verdade isso me serviu como um tipo de resposta mas sem ter uma pergunta, como se alguém tivesse me dado o resultado de uma conta sem eu nem mesmo saber qual era a equação, primeiro aquela estranha visão e uma voz me citando um trecho de Apocalipse e agora isso? Não era coincidência!.

    Assim que Camilo se sentou a minha frente eu apenas correspondi e me sentei também, embora a curiosidade começasse a me atormentar para saber o que estava acontecendo, na verdade o que eu sentia era um misto de curiosidade e preocupação, tendo em vista o estranho comportamento da garota.

    -"gravação de segurança. Fique calma, se essa mulher está aqui nós vamos encontrá-la. Não vamos deixar que ela atrapalhe a missão." Aquela frase ficou permeando em meus pensamentos.

    -Tomei a liberdade de pegar um pouco de café para você! Espero não ter exagerado na dose Disse de maneira cômica -mas continue Camilo, a Dra. Naomi simplesmente sumiu? Ainda não checaram as câmeras? Ela não pode ter simplesmente evaporado... Mordi um bom pedaço do meu lanche e após engolir, levei a caneca até minha boca -viu esse trio que acabou de sair? O Zayn e o Kevin eu reconheci de imediato, mas a garota não me lembrei, embora a situação dela indique que não teve bons momentos recentemente  Tomei mais um gole do café, coloquei a caneca na mesa e olhei para Camilo -não sei porque estou com uma sensação ruim! Claro que pode ser algum efeito da criogenia, mas peço que por favor seja sincero comigo Camilo, tem acontecido ou aconteceu algo estranho na nave nesse tempo que estive fora?

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    Mensagem por Caelestia Qui Jul 01, 2021 8:03 pm

    Devidamente acomodado e apreciando seu lanche, Camilo acena em agradecimento pela caneca de café, dando a entender que a quantidade do líquido na xícara estava ótima.

    - Ah, sim! O senhor deve estar falando da Alya de Las Flores, ela é uma das criptólogas da expedição. Não sei se é porque estava entretido pegando o nosso lanche, mas não percebi nada de errado com ela – Agora o rapaz parecia intrigado – O que ela estava fazendo de estranho?

    Um barulho na porta pode ser ouvido e eles veem Kevin entrar mais uma vez na sala, mas desta vez ele estava acompanhado por outra mulher. Observando melhor consegue lembrar que a mulher de cabelos levemente acobreados é a doutora Anne, a psicóloga da missão.

    Dr Anne:

    Eles entram e cumprimentam Frederick e Camilo. Anne se senta em uma poltrona próxima a enfermaria, enquanto Kevin mais uma vez vai até a central de comunicação.

    - Sensação ruim? Mas por quê? Não me diga que o senhor é supersticioso? -  A voz de Camilo é ouvida mais uma vez retomando a conversa entre os dois – Não vou negar que as coisas andam meio diferentes, mas acho que é mais por causa do despertar – Camilo aponta com a cabeça em direção a Dra Anne – Ela está tendo bastante trabalho... Parece que tem pessoas agindo estranho desde que acordaram... - Ele volta a encarar o exobiólogo, enquanto inclina levemente o corpo sobre a mesa para se aproximar do outro e diz em uma voz mais baixa - Muitos tiveram alucinações ao acordar... Como alguns já estão despertos a mais dias, tem gente dizendo que isso que andam vendo é mais que alucinação simples... Que seria a "escuridão" do espaço tentando nos impedir de completar a missão... Como aconteceu a Argo 1... Mas eu não acredito nessas coisas

    O assistente volta a se recostar na cadeira e dá de ombros enquanto mordia mais um bom pedaço de seu lanche.

    - Hum... Não sei se... Ela sumiu... sumiu – Ele diz terminando de mastigar e enfatizando a palavra sumir – Só ainda não encontrei... ninguém que a... tenha visto – Finalmente terminando de engolir ele toma um bom gole do seu café – Não pensei em olhar as câmeras, porque não achei necessário. O senhor acha que seria o caso de irmos verificar? – Ele faz uma careta.
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    Mensagem por Luiz Eduardo Qui Jul 01, 2021 10:01 pm

    Conforme Camilo falava eu olhava para o pouco de café que ainda havia dentro da minha caneca, minha expressão se mantinha pensativa, talvez fosse loucura da minha cabeça, mas algo dentro de mim dizia que não era, tinha alguma coisa estranha ocorrendo, o que me tirou desse pensamento foi a entrada repentina da Dra. Anne e do Kevin, correspondi aos cumprimentos erguendo um pouco a caneca de café e dando um sorriso, olhei para o Camilo e voltei a pensar em cada coisa que ele disse e como aquilo se ligava ao que tinha visto e acontecido.

    -Não sei se supersticioso seria a palavra certa! Mas como bem sabes Camilo, sou Cristão, então para mim não seria loucura acreditar nesse tipo de coisa, claro que não consigo imaginar que haveria um tipo de demônio na nave querendo atrapalhar nossa missão, embora as histórias que permeiam a Argo 1 são deveras estranhas, de qualquer forma essas supostas alucinações podem ser apenas devaneios sem grande importância ou algum efeito colateral da criogenia, afinal de contas, ficar meses dormindo e sendo alimentado a base de soro com nutrientes tinha que ter alguma penalidade, então não entranhe se eu começar a falar com as paredes Camilo Disse em tom cômico e depois ri -De qualquer forma acredito que Deus esteja conosco e nenhum mal nos afetará, mas vamos terminar de comer e distrair a mente com um pouco de trabalho, agora que sinto minhas forças renovadas, acho que seria um ótimo momento para darmos uma olhada no laboratório.
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    Mensagem por Caelestia Dom Jul 04, 2021 4:19 pm

    O jovem assistente ergue uma sobrancelha e torce a boca ao ouvir que, pelas crenças que possuía, Frederick não duvidava de todo que algo mais sobrenatural existisse, mas acaba caindo na gargalhada quando este comenta sobre não estranhar em vê-lo falando com as paredes.

    - Hahaha. Gosto de seu senso de humor, doutor – Rindo com o comentário, Camilo faz uma careta divertida. – Pode deixar que se eu ver algo do tipo lhe aviso para o senhor saber que na verdade a bela moça a quem estará passando uma cantada é na verdade o cabideiro dos jalecos. – Dando um último gole, ele finalmente termina com o café em sua caneca. – Esse efeito colateral da criogenia, como o senhor chamou, as vezes cobre um preço bem chatinho de ser pago – Embora a postura ainda fosse descontraída, algo na voz de Camilo denotava seu desconforto - Aliás, peço o mesmo por mim, caso me veja falando, ou melhor, fugindo das paredes... Quando coisas assim acontecem comigo, tenho a sensação ruim de estar sendo vigiado e perseguido, além de ver vultos e também portas se abrindo e fechando sozinhas... Principalmente a do laboratório, mas acho que é porque trabalho lá, então tem uma ligação com o local, sabe... – O rapaz dá de ombros.

    Nesse momento eles veem o videomaker se aproximar da doutora Anne e se sentar ao lado dela, enquanto podiam ouvir uma movimentação vinda de dentro da enfermaria, cuja porta ficava mais ao fundo da sala.

    Com o término do lanche, Camilo volta a ficar animado quando o exobiólogo menciona que gostaria de ir ao laboratório verificar as pesquisas.

    Afastando a cadeira ele bate com as mãos nos joelhos e se levanta.

    - Claro, doutor. Vamos lá! – Ele parece pensativo por uns instantes. – Se incomoda de antes darmos uma passadinha na sala criogênica? Estive por lá ajudando o Diego com algumas coisas e acabei deixando uma das pastas das pesquisas, lá...

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    Mensagem por Luiz Eduardo Ter Jul 06, 2021 11:49 pm

    Não resisti e também ri quando o rapaz descreveu uma situação cômica envolvendo minhas alucinações, mas a graça passou quando escutei ele contando algo que me parecia experiência própria, e algumas das coisas que Camilo havia mencionado se encaixaram com oque havia acontecido comigo, então não era apenas eu que estava sendo perturbado, a confirmação do rapaz que esses estranhos fenômenos aconteceram no laboratório apenas me deu a confirmação que realmente havia algo estranho naquela nave, porem não era a primeira vez que eu me deparava com uma provação e não seria a última, tenho fé em meu Deus e sei que ele me protegerá, então tomei um semblante mais calmo e disse de maneira mais tranquila para o rapaz.

    -Fique sossegado Camilo! São apenas efeitos, muitos ruins mas apenas isso, quando encerrarmos a missão tudo se resolverá, e não me importo nem um pouco, na verdade vai ser bom irmos para a criogenia, talvez encontremos mais rostos conhecidos!

    Após falar me levantei e comecei a recolher tanto os meus utensílios sujos, quantos os dele.
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    Mensagem por Caelestia Qui Jul 08, 2021 8:11 pm

    Camilo ajuda o doutor a recolher e limpar o que utilizaram durante a breve refeição que partilharam.

    Antes de saírem, um barulho vindo da outra extremidade da sala lhes chama a atenção. Ao olharem veriam que se tratava da porta da enfermaria que se abriu, dando passagem a um homem alto, de pele negra que Frederick reconheceu como sendo um dos médicos da expedição. O doutor Benipe.

    Dr Benipe:

    Novamente nos corredores ambos caminham em direção a porta de acesso a sala de criogenia que ficava mais ao fundo do corredor.

    Ao passarem em frente ao visor na parede Camilo se detém, olhando lá para dentro.

    - Que estranho. Por medida de segurança as luzes da sala de criogenia nunca ficam apagadas... – Comenta ao ver que a sala estava praticamente mergulhada na escuridão. As únicas luzes acessas eram algumas de cor azulada que ficavam pelo lado de fora dos casulos criogênicos e deixavam uma suave penumbra na sala. – Será que estamos com algum problema no sistema de energia? – Olha para o doutor e fala em voz alta, se dirigindo a inteligência artificial da nave – Athena, por favor, relatar problemas de energia na criogenia. Informe Diego Ortiz.

    Olhando mais uma vez para dentro da sala, o jovem assistente dá um passo se aproximando do vidro, enquanto aguardava a resposta de Athena. Não conseguiam ver quase nada lá dentro devido a penumbra. O reflexo dos dois homens nítidos no vidro.

    A luz do corredor pisca uma vez e se apaga lançando os dois na escuridão, o que deixa a o interior da sala de criogenia mais visível, mesmo na penumbra azul da fraca luz, devido a diferença de iluminação.

    - Athena? Athena! Informa problemas de energia nos corredores? – Camilo dá um longo passo para trás, talvez quase esbarrando no doutor.


    “Estejam sempre atentos e orem para que vocês possam escapar de tudo o que está para acontecer e estar em pé diante do Filho do homem"


    Ouvem a voz metálica de Athena responder. Frederick consegue reconhecer a citação como uma passagem da bíblia referente a Lucas, 21:36

    - Athena? Mas o que significa isso? – Camilo indaga, mas não ouvem resposta.

    Algumas luzes vermelhas de segurança se acendem de forma espaçada no piso do corredor, iluminando os homens de baixo para cima, lançando sombras estranhas em seus rostos.

    Um barulho mais ao fundo é ouvido e eles conseguiriam ver que a porta da sala de criogenia estava aberta, um pequeno filete de luz azul escapando de lá de dentro



    [ON] Frederick: Fé e ciência  Luz-de11



    Mais um passo para trás e Camilo consegue alcançar o doutor, a mão fria e levemente suada agarrando o braço do homem, como um pedido de ajuda. A respiração ruidosa do rapaz e a expressão de preocupação se tornando estranhamente medonha pela iluminação vermelha do corredor.

    Um novo barulho e ouvido. Percebem que vem de dentro da sala de criogenia. Se olhassem por alguns segundos em determinado momento veriam um vulto, que parecia pequeno e disforme, passar correndo ao fundo no interior da sala.

    - Doutor? – Pelo tom de voz, Camilo parecia assustado.


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    Mensagem por Luiz Eduardo Sáb Jul 10, 2021 12:13 pm

    Conforme eu terminava de recolher a louça, minha atenção foi chamada pelo homem que saiu da enfermaria, foi bom ver que o Dr. Benipe estava bem, após isso comecei a caminhar ao lado de Camilo até a Criogenia, até o momento tudo parecia comum, o que me deteve foi a parada brusca de Camilo, admito que não havia reparado nas luzes apagadas da sala, me aproximei do vidro e coloquei a mão direita sobre ele, apertei os olhos e comecei a tentar enxergar algo lá dentro mas foi inútil, eu apenas conseguia enxergar a mim mesmo, de certa forma aquilo começou a me parecer estranho, quando Camilo se dirigiu a Athena mas não houve resposta eu também não me motivei a tentar o mesmo, o que me deixou ainda mais preocupado foi quando a escuridão tomou conta do corredor.
    Por instinto tirei a mão do vidro e recuei dois passos, porem mantive minha atenção para o vidro, talvez porque até o momento a única luz que tínhamos era oriundo daquela sala, quando Athena recitou Lucas 21:36, senti meu corpo congelar, minha respiração ficou mais pesada e disse em tom baixo.

    -Não pode ser coincidência! Não há como ser...

    As luzes de emergência não serviram para muito a não ser dar mais pânico, na verdade ver todo o corredor imerso em um vermelho sepulcral que bailava com a escuridão e de fundo uma luz azul vindo da sala de criogenia apenas deixava o ambiente ainda mais aterrorizante, ao ver de novo um vulto percebi que não haveria como correr, segurei a medalha de São Miguel que estava em meu rosário no pescoço e com a outra mão segurei Camilo logo acima do pulso.

    -Vamos ver o que é isso! Com toda a certeza é algum problema com a energia ou alguém da equipe de Engenharia querendo brincar conosco, não vamos dar esse gostinho a eles não é mesmo? Se não vão ficar nos atormentando até voltarmos para a Terra. Disse de maneira um tanto cômica justamente para tentar confortar o rapaz, trazendo a situação para algo mais real entretanto comecei a sussurrar enquanto caminha em direção a porta -São Miguel Arcanjo, protegei-nos no combate. Cubra-nos com vosso escudo e nos livre dos embustes e ciladas do Maligno.
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    Mensagem por Caelestia Ter Jul 13, 2021 10:52 am

    A mão fria e suada de Camilo solta o braço do doutor quando o exobiólogo agarra seu braço e o puxa para caminharem em direção a porta de entrada da sala de criogenia.

    O jovem rapaz olha mais uma vez o vidro, parecendo procurar enxergar algo lá dentro, antes de se voltar ao doutor e balançar a cabeça em sinal positivo e mover os pés em relutância deixando que o mais velho lhe guiasse.

    A tensão era nítida na postura de Camilo, mas mesmo na iluminação fantasmagórica que tomava conta do corredor, Frederick podia jurar ver uma postada de esperança nos olhos do outro, talvez em uma tentativa de concordar com a lógica que havia apresentado sobre a possibilidade de ser apenas algum dos tripulantes tentando pregar uma peça em ambos.

    - Pensei que o senhor acreditasse ser uma brincadeira – O rapaz retesa o corpo e finca os pés firmemente ao chão, parando de avançar pelo corredor – Por que está rogando por São Miguel?

    Nesse instante o corredor parece ficar um pouco mais escuro e se olhassem ao redor perceberiam que se dava ao fato da fraca luz azulada que vinha de dentro da sala de criogenia ter se apagado.

    Bam... Bam... .... Bam

    O som distante de batidas secas pôde ser ouvido pelos dois homens. Não dava para ter certeza, mas parecia que escapava pela porta entreaberta da sala, o que poderia indicar que vinha de algo que não conseguiam ver pelo fato de a sala estar na mais completa escuridão.

    “Então saiu fogo de diante do Senhor e os consumiu; e morreram perante o Senhor.”

    Mais uma vez ouvem a voz metálica de Athena. Frederick reconhece como sendo mais uma citação de um versículo bíblico. Desta vez referente a Levítico 10:2

    - Athena! ATHENA! – Camilo grita – MAS QUE MERDA É ESSA? SE ISSO É ALGUM TRIPULANTE QUERENDO BRINCAR COM A GENTE, EU PEÇO QUE PARE. CÓDIGO Z60

    De repente um flash de luz pode ser visto dentro da sala. Se olhassem veriam que apenas uma única luz havia se acendido. A luz de dentro de um dos casulos de criogenia, o último deles mais ao fundo da sala.
    Não viam nada além do reflexo deles no vidro e por isso, devido a escuridão no interior da sala, não era possível dizer se havia alguém ali dentro.

    A luz do casulo muda de um tom azulado para um vermelho que piscava sem parar, como que emitindo um sinal de alerta. Talvez tenha sido apenas questão de segundos, mas logo poderiam perceber que uma tímida fumaça parecia escapar por entre as frestas do compartimento metálico.


    [ON] Frederick: Fé e ciência  Fogo10


    Bam... Bam... Bam...

    A mão de Camilo agarra a do doutor em seu braço. A luz vermelha do corredor dava um aspecto demoníaco ao jovem que tinha os olhos arregalados, vidrados e agora parecia inquieto, como alguém que quisesse fugir de algo.

    - Isso não tá certo... Isso não tá certo...

    Mais uma vez as batidas distantes. Mais uma vez parecia vir de dentro da sala escura. Será que havia alguém dentro do casulo?

    Desta vez ouvem um barulho próximo a eles. Olhando para o corredor veriam que a porta da sala de criogenia havia se fechado.


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    Mensagem por Luiz Eduardo Qua Jul 14, 2021 11:19 pm

    Eu queria apenas confortar Camilo, mas eu mesmo não conseguia fazer isso comigo, quem dirá com ele, a situação era mais tensa do que eu imaginava, não havia defeito algum ou mesmo uma brincadeira ali, era outra coisa, uma coisa que estava atrás de nós, um ser demoníaco talvez? Mas aqui? No meio do espaço? Minha fé era forte, mas minha carne era fraca e o medo começou a crescer assim como crescia a escuridão no local.

    -Eu estou rezando porque estou com medo! É um costume que tenho! Olha esse cenário, parece que estamos no meio de um filme de terror, eu não ficaria surpreso se o Jigsaw aparecesse no final do corredor com um triciclo e perguntasse se queríamos jogar um jogo, Jesus me ensinou a não usar da violência mas é bom que eu não encontre o responsável por isso, caso contrário vou cometer o pecado da ira... Tentei falar de maneira mais descontraída, mas era inútil, minha voz tremia e gaguejava, minha respiração ofegante se misturava as palavras e nem mesmo sabia se Camilo havia entendido tudo.

    O que interrompeu minha fala foi os barulhos das batidas vindo de fundo, virei a cabeça procurando a origem, mas não achei uma resposta concreta, antes que eu pudesse dizer algo, outra citação foi dada por Athena, a mera menção da palavra "fogo" me arrepiou e minha garganta secou, não havia mais como continuar, há tempos de orar e de agir, aquele sem duvida era tempo de agir, a luz da capsula mudando para um vermelho e a fumaça escapando por seu interior me deu um pressentimento, um péssimo pressentimento, segurei forte o pulso de Camilo e comecei a puxar para trás.

    -Camilo aquelas capsulas estavam vazias! Vamos voltar para o refeitório! Comecei a voltar pelo caminho de onde viemos, andava a passos largos e rápidos, foquei meu olhar por onde viemos e comecei a recitar em voz alta -Pai Nosso que estais nos Céus, santificado seja o vosso Nome, venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do Mal, amém, Pai Altíssimo, teus filhos necessitam de tua proteção, ajudai-nos e livrai-nos do manto das trevas que se estende sobre nós.
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    Mensagem por Luiz Eduardo Qua Jul 14, 2021 11:21 pm

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    Mensagem por Caelestia Sáb Jul 17, 2021 10:14 am

    A mão de Camilo se fecha com força em torno da mão do exobiólogo que tentava arrastá-lo de volta para a sala de convivência.

    Mantinha os olhos arregalados, praticamente não piscava, e embora ainda demonstrasse estar inquieto os pés de Camilo pareciam grudados ao chão. Talvez ele relutasse seguir a orientação do doutor ou apenas estivesse paralisado pelo medo.

    - Eu odeio sentir medo! Eu odeio sentir medo! Eu odeio sentir medo! – O jovem rapaz fala repetidamente. como se a única informação que ele tivesse absorvido fosse a de que Frederick sentia medo.

    As esparsas luzes vermelhas no piso do corredor começam a piscar de forma rítmica deixando o lugar mergulhado em uma atmosfera ainda mais estranha, talvez assustadora.

    Camilo começa a olhar freneticamente em volta, parecendo cada vez mais assustado, enquanto começa a mover as pernas finalmente permitindo seguir o homem mais velho que tentava os tirar dali enquanto rezava o Pai Nosso, rogando ajuda a Deus.

    Bam... Bam... Bam...

    Novas batidas são ouvidas e podiam ver que, dentro da sala de criogenia, o casulo que também piscava em vermelho agora soltava grossos rolos de fumaça escura.

    Podia ser impressão, mas o exobiólogo podia sentir o cheiro da fumaça, mesmo a porta da sala de criogenia estando fechada. - “Frederick” – Ele ouviu seu nome, mas naquele momento não sabia dizer se era algo real ou uma voz em sua mente.

    - Mas... Mas... Nós só olhamos de fora... – Camilo parecia hiperventilar enquanto falava – Se houver alguém? – Camilo conclui no mesmo instante em que Frederick termina sua prece.

    “Eu clamo a ti, ó Deus, pois tu me respondes; inclina para mim os teus ouvidos e ouve a minha oração. Mostra a maravilha do teu amor, tu, que com a tua mão direita salvas os que em ti buscam proteção contra aqueles que os ameaçam. Protege-me como à menina dos teus olhos; esconde-me à sombra das tuas asas, dos ímpios que me atacam com violência, dos inimigos mortais que me cercam.”

    Mais uma vez eles ouvem a voz de Athena recitando uma passagem da bíblia, desta vez Salmos 17:6-9, enquanto as luzes se apagam, inclusive a luz vermelha do casulo na outra sala, e o corredor é lançado em uma profunda escuridão e silêncio, onde ambos não conseguiam divisar nada o que estava a sua frente e o único som era o zumbido de suas respirações.

    - DOUTOR! – Ouve Camilo gritar. O tom de pânico nítido na voz do rapaz enquanto ele praticamente esmagava sua mão pelo medo.

    Sem conseguir precisar quanto tempo ficaram naquela situação, tão de repente quanto as luzes apagaram, as luzes normais do corredor voltam a se acender, bem como seus ouvidos são atingidos pelo som habitual da nave. O local parecia perfeitamente normal, nada de estranho podendo ser visto ou ouvido.

    Bam... Bam... Bam...

    Novamente as batidas, mas dessa vez com as luzes acesas se olhassem em volta e vissem o vidro da sala de criogenia conseguiriam identificar a figura conhecida de uma jovem mulher que batia no vidro, provavelmente tentando chamar a atenção deles. Atras dela os casulos estavam vazios e não havia nenhuma luz vermelha piscando, muito menos sinal de fumaça.

    Sem esforço algum Frederick consegue se lembrar dela. O nome era Megan e ela era uma das criptólogas da expedição, junto com Alya, que via na sala de convívio.

    Megan:

    A jovem para de bater ao ver que foi notada. Tinha uma expressão preocupada, talvez até assustada em seu rosto. Megan sinaliza para os homens e se afasta do vidro indo até a porta da sala de criogenia.

    A porta se abre e ela coloca parte do corpo para fora.

    - Gente... Vocês estão bem? Vocês pareciam assustados... Camilo estava gritando com Athena que respondia, mas vocês pareciam que não estavam entendo o que ela dizia... – Ela dá um passo a frente, mas ainda se mantém junto a porta. – Estava assustada... Tô batendo no vidro a um tempão tentando chamar a atenção de vocês, mas parece que vocês não estavam me vendo... – O olhar dela ainda era de preocupação. - Está tudo bem? O que houve?

    Camilo para e olha para o doutor. Não disse uma palavra, mas o questionamento do rapaz estava nítido na expressão de seu rosto.


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    Mensagem por Luiz Eduardo Dom Jul 18, 2021 10:07 pm

    O medo no momento era o que estava me consumindo, eu estava conseguindo me mover e orar, mas o tremor em minhas mãos, o suor frio que escorria de meu rosto, a minha respiração pesada e meu coração que parecia que a qualquer momento simplesmente sairia do meu peito denunciavam meu estado, enquanto tentava fugir eu poderia jurar que senti cheiro de fumaça, mas não ficaria surpreso se tivesse sido mais uma ilusão, Camilo havia me dirigido a palavra no momento, mas nem mesmo consegui responde-lo, a emoção não me permitia, sem mencionar que toda a situação tornava praticamente improvável ter alguém dentro daquele casulo, era mais provável que fosse algo, a única fala cujo qual reparei foi mais uma citação, dessa vez sendo Salmos 17:6-9, teria sido uma resposta a minha oração? Ou talvez a coisa que estivesse fazendo tudo aquilo, tivesse dito aquilo como ato de provocação e escarnio? Eu não sei, mas graças a Deus todo aquele tormento simplesmente sumiu.
    Mesmo quando tudo parecia bem eu ainda continuei segurando minha medalha de São Miguel e olhando para os lados, Camilo apertava forte minha mão, na verdade apertava com tanta força que nem mesmo sentia alguns dedos, o rosto conhecido da criptologia Megan me ajudou a trazer para a realidade, na verdade todo o cenário ajudou, mas principalmente um rosto conhecido, quando Camilo me olhou eu pude entender tudo que seu rosto dizia, mas não havia respostas, demorei um pouco para me concentrar e olhar para a Sra. Megan, na verdade mesmo quando olhei ainda sim não sabia nem o que dizer e nem se tudo aquilo era real, quando consegui me recompor eu disse com a voz um tanto tremula.

    -Per... perdão Sra. Megan, eu não queria assusta-la, eu acordei a pouco tempo então ainda estou um tanto zonzo, acho que acabei assustando o Camilo e por consequência assustei a ti, não... não foi minha intenção, na verdade eu vim aquilo junto de Camilo pois ele que tinha um objetivo, não é mesmo rapaz? Dei um leve tapa nas costas dele para tentar "traze-lo para a realidade

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    Mensagem por Caelestia Seg Jul 19, 2021 10:34 pm

    O tapa estala nas costas de Camilo que finalmente pisca os olhos e solta a mão do doutor.

    O rapaz olha em volta e fica alguns instantes olhando para Megan antes de dar alguns passos para trás, se recostando a parede metálica do corredor e permite o corpo escorregar até sentar-se no chão.

    Segurando a cabeça com ambas as mãos, Camilo começa a balançar a cabeça negativamente enquanto balbucia.

    - Não era alucinação. Não pode ser... – Ele olha para Frederick – Aquilo não foi uma alucinação! Como? Como eu e o senhor poderíamos ter a mesma visão se não fosse real? – A voz parecia estrangulada – COMO?

    Percebendo a situação Megan se aproxima e agacha ao lado do jovem assistente.

    - Calma, está tudo bem... – A mulher olha para o mais velho – Vocês tiveram uma alucinação? A mesma alucinação, para vocês dois?– Ela parecia surpresa. – Alucinações tem feito parte do despertar, infelizmente, e o senhor disse que acabou de acordar... Mas ainda não tinha ouvido falar de alucinação coletiva...

    - O senhor viu a mesma coisa que eu vi, não viu? – Camilo parecia angustiado. – Eu não estou louco... Tinha as luzes e Athena falando aquelas coisas estranhas... Fogo, fumaça...

    Megan olha de Camilo para Frederick erguendo as sobrancelhas.

    - Venha, vamos até a sala de criogenia, já que estavam indo para lá... – Ela segura um dos braços de Camilo. – Doutor, pode me ajudar? – Megan pergunta enquanto ajuda Camilo a se levantar e vai com o rapaz para a sala de criogenia.

    Assim que eles entram podem perceber que a temperatura na sala era um pouco mais baixa.

    Tudo na sala era de um metal de cor mais escura. Os casulos criogênicos estavam dispostos em duas fileiras e estavam apagados, denotando que estavam vazios. Uma grande central computadorizada de suporte de vida, que tinha conexão direta com Athena, estava em um dos cantos da sala e alimentava e monitorava cada casulo.

    Uma central de suporte ficava do outro lado e sobre ela Frederick pode ver uma pasta. Sabia que Camilo estava atras de algumas anotações que havia esquecido ali, mas pelo menos aquela pasta que ele viu era uma das suas, referente a pesquisa que estava sendo desenvolvida antes do processo de hibernação.

    Se abrisse a pasta veria que algumas anotações foram apagadas e outras sobrescritas.


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    Mensagem por Luiz Eduardo Ter Jul 20, 2021 11:36 pm

    Tudo aquilo foi demais para Camilo, mas eu não o culpo, culpo a mim mesmo! Pois tentei ignorar algo que já estava mais do que nítido para a minha pessoa e essa minha negligência pois outras pessoas em risco, de algum modo eu sentia que aquilo que estava nos atormentando e que queria consumir nossas mentes e depois nossos corpos, na verdade estava atrás de mim a principio, afinal não haveria motivos para citar as escrituras para Camilo, para ele tais palavras não fariam sentido, não como faziam para mim, mas eu ainda tenho minha fé e não irei ceder, mesmo que eu perca a esperança, mesmo que não haja luz para mim e mesmo que o medo me consuma eu ainda continuarei tendo minha fé, quando a Sra. Megan mencionou que aquela era a primeira vez que ela tinha ouvido falar de uma alucinação coletiva, aquilo me deixou mais intrigado e pregou mais um prego na afirmação que eu tinha feito de que realmente havia algo atrás de nós, mas primeiro eu a ajudei a levar Camilo para a sala de criogenia, em seguida fui até ela para me desculpar e explicar.

    ]b]-Peço desculpas por antes Sra. Megan, o que Camilo disse era verdade, quando nos demos conta o corredor estava quase imerso na escuridão, os únicos focos de luz vinham das luzes de emergência no chão e de uma luz azulada que vinha dessa sala, a porta estava com uma brecha aberta e podemos ver um vulto passando aqui dentro, em seguida ouvimos batidas e parecia que dentro de uma das capsulas havia alguém ou algo que estava prestes a sair, as falas estranhas que Camilo mencionou vieram de Athena, ele falava com ela, mas Athena não respondia, ela mencionou três passagens bíblicas, por isso ele a estranhou, eu só não queria preocupa-la, principalmente agora que parece que somos o primeiro caso em que "dividimos" uma ilusão, de qualquer modo eu vou tentar distrair um pouco a mente com um pouco de trabalho. [/b]

    Após conversar com a Sra. Megan, fui até minhas pasta e comecei a retomar os passos da minha pesquisa, como estávamos indo em direção a um planeta extremamente ermo e critico em termos biológicos nós não podíamos nos dar ao luxo de ficar sem insumos e drogas medicinais, sem mencionar que o transporte desses insumos e drogas levaria tempo demais, com base nisso comecei a desenvolver uma droga que servia para as plantas, essa droga serviria para intensificar seu(s) princípio(s) ativo(s), de modo a torna-la mais eficaz seja na sua aplicação direta ou processamento em pré-aplicação, após algum tempo consegui desenvolver um soro que carinhosamente apelidei de Eden1, porem que ainda estava em fase de testes, então ele poderia matar as plantas, fazer o efeito que eu queria ou até não fazer nada, mas se eu não tentasse eu nunca saberia.
    Para isso peguei ao total 4 pequenos vasos e formei 1 grupo com 4 vasos, esses vasos continham terra normal porem com adubo orgânico, então eu plantei 4 mudas de Solidago Chilensis Meyen, popularmente conhecida como Arnica Brasileira, eu numerei os vasos como A1, A2, A3 e A4, no A1 eu injetei 5ml diretamente na terra e permiti que crescesse normalmente, no A2 eu pulverizei a mesma quantidade na planta ao longo de 5 dias, no A3 eu apliquei diretamente no caule por meio de uma seringa a mesma quantidade ao longo de 5 dias e no A4 eu apenas plantei e deixei que crescesse sem a aplicação do Eden1, submeti as mudas as mesmas condições de temperatura, luz e agua, as coloquei na estufa e as mantive uma afastada da outra e afastas das outras plantas para que não houvesse a intervenção de terceiros, após isso entrei em criogenia e agora estava na hora de ver como estavam as minhas crianças.

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    Mensagem por Caelestia Qui Jul 29, 2021 8:30 pm

    Camilo se acomoda em uma das poltronas da central de suporte, apoiando os cotovelos sobre os joelhos e escondendo o rosto nas mãos enquanto tentava se acalmar.

    Megan olha com simpatia e pesar para o jovem assistente antes de se voltar para o exobiólogo.

    - Realmente não sei o que dizer. – Ela olha em volta se detendo por alguns instantes ao observar as câmaras criogênicas mencionadas por ele. – Só que imagino como deva ter sido assustador... E estranho. Se já é difícil lidar com alucinações que parecem tão reais, imagino que vocês terem visto algo juntos... Terem partilhado da mesma visão tenha sido algo que torna tudo em proporções bem mais assustadoras.

    A moça sorri e toca o ombro do doutor, lançando mais um olhar para Camilo que permanecia na mesma posição, antes de se afastar e pegar algumas coisas na sala.

    - Realmente não havia ouvido falar ainda sobre alucinações compartilhadas... – Ela para pôr uns instantes parecendo pensativa. – Será que existe algo no processo criogênico que vai além da nossa mente? – Ela dá de ombros e volta a recolher suas coisas, caminhando até a porta. – A doutora Anne mencionou que está identificando um padrão nessas alucinações, enfim... Não precisa se desculpar, doutor. Fico feliz que eu tenha conseguido chamar a atenção de vocês e ajudá-los a sair daquele estado... Mas agora preciso ir. Já terminei por aqui e estou precisando comer algo. Sinto que serei derrubada por meu estomago a qualquer momento – Ela sorri sem graça e acena antes de sair, fechando a porta, deixando os dois homens a sós na sala de criogenia.

    Se acompanhassem os movimentos da moça atraves do vidro na parede, veriam que ela atravessa o corredor e entra na sala de convívio.

    Folheando sua pasta Frederick percebe que os dados que havia conseguido analisar dos testes iniciais da pesquisa que estava desenvolvendo haviam sido apagados. Por mais que se esforçasse não conseguia lembrar de ter sido ele a ter feito aquilo. Será que fora Camilo ou a doutora Naomi que mudaram os registros?

    Mas ele se lembrava que a doutora desenvolvia um tipo diferente de pesquisa, então por que ela mexeria em suas anotações?

    Se as anotações foram apagadas, o que será que havia acontecido as amostras de plantas?

    O laboratório ficava mais ao fundo da nave, a dois corredores de distância, onde horas atras também havia visto coisas estranhas acontecerem. Mas se ele quisesse saber como as amostras haviam se desenvolvido precisava ir até lá, não havia outro jeito.

    Antes que pudesse fazer algo a respeito uma música ambiente, tocada por uma orquestra, passa a ser ouvida por toda a nave.


    A música toca por alguns instantes quando um sutil solavanco na nave pode ser sentido, balançando suavemente os tubos de oxigênio ligados as câmaras criogênicas.

    “Órbita alcançada com sucesso. Argo 2 pronta para iniciar missão”

    Era a voz feminina e metálica de Athena quem passava a informação.

    Camilo ergue a cabeça

    - Marte... Alcançamos marte... – O jovem sussurra.

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