ON - Cacos de Vidro no Caminho

Não recirdava-me do cavaleiro em meus sonhos. Então, logo deduzi que deveria ser alguém importante ou mesmo alguém para supervisionar o grupo. Mas, ainda precisava averiguar os fatos antes de qualquer conclusão.

Mas logo minha atenção voltava-se para a montaria do cavaleiro. Talvez fosse interessante criar algo semelhante ou mesmo fazer um upgrade no Whoo. Enquanto concatenaza, o cavaleiro voltou-se nós.

- Milorde Beaufort. - Levantei a viseira retribuindo o sorriso em meio a uma mesura.

Contudo, logo a abaixei novamente. Mal o rapaz chegava e a fada já estava a achincalhar.

A parceira do cavaleiro também demonstrava experiência o que mais uma vez fazia-me crer que eles estava ali para algo mais. Não me surpreenderia se a princesa delegasse o comando ao cavaleiro.

Volto minha atenção para Nauthrien e, discretamente, dou uma segunda olhada pelo seu equipamento, em especial, sua armadura completa. Uma vez que a armadura é a especialidade da família Beaufort, reconheço, de cara, a qualidade daquela peça, ainda que não tenha sido forjado em Adamante, o que é uma regra inflexível para sua família. Ver uma colega igualmente armadurada me causa um conforto e uma identificação com o grupo e com a própria elfa que a veste. Enfim, novamente entrego um genuíno sorriso em meio a fala.

- Não há necessidade de me tratar com cortesia. Cara elfa, apenas "Harvey" já basta para chamar minha atenção.

Mesmo me vendo voltada para ele, o cavaleiro mediu-me dos pés a cabeça. Mesmo que ele tentasse ser discreto não havia como eu não notar. Por mais nobre que parecesse ser, no fundo homens são apenas homens...

- Se assim desejas. - Minha voz soava abafada devido ao elmo. - Assim será, Harvey! - Completei.

Após as palavras da princesa, apenas voltei-me a ela e assenti com a cabeça.

Com a fala da princesa, sinto que fui causador de petulância e me abalo, por um momento. Após uma breve hesitação, me recomponho e digo, em bom som.

- Perdoe-me, Reina, tentarei não ser mais petulante para com a senhora.

Não percebi nenhum tipo de juízo de valores vindo de Nauthrien, entretanto, Karin, dona de uma intuição sobrenatural, analisou as reações dos convocados e, enquanto montava em Aithyia e ajustava sua cela, sinalizou, delicadamente, para Victor, o escudeiro, se aproximar e lhe sussurrou.

- Tome conta de seu mestre, Victor. Você o conhece, sabe que não vai conseguir causar uma boa impressão em ambiente informal. Preciso que você tome frente e não deixe Harvey manchar sua reputação. Conto com você.

- Sim, senhora. - Respondeu o garoto, devolvendo o sussurro para sua querida orientadora.

Karin, após um suspiro receoso, subiu voo e se afastou no horizonte, tomando sua posição como batedora.

A druidesa botava panos quentes sobre os atos da pequenina. E em um primeiro momento acreditava que sairíamos como uma comitiva, mas além da amiga de Harvey, agora a fada se candidatava para seguir na frente. Dei um passo a frente quando...

- "Best Friends For Ever" como dizem os elfos?! - Indaguei balançando a cabeça negativamente.

Contudo, deixei aquilo de lado e assim que Harvey concluía suas desculpas, dirigi-me a princesa.

- Reina, se precisar diminuir o número de pessoas para maior descrição, podemos segui-los a distância e dar cobertura. - Aponto para meus companheiros atrás de mim. - Garanto-lhe que nossos disparos são certeiros e mortais.

Aguardo a resposta da princesa.

Todo aquele cenário despertava um sentimento confuso em Harvey. Ainda que, outrora, ele vivia por entre distúrbios populares e profanações aos bons modos, como quando saia mundo afora em missões com seus colegas aventureiros ou quando foi chamado para invadir as linhas puristas, na guerra, sua postura como conde o afetava muito, sentimentalmente, vendo aqueles cidadãos. Nos 4 anos, desde que fundou o condado de Pallas, nunca se viu insatisfações populares ou desarmonia neste ponto, tudo em suas terras eram resolvidos em tribunas e debates. Tudo aquilo lhe parecia uma loucura sem fim, o cavaleiro tentava não pensar na possibilidade de ser culpa de uma má gestão dos governante pois isso lhe parecia uma ofensa direta àquela que o convocou.

Após um momento controlando sua mente através da respiração, o Conde tomou sua postura firme e se dirigiu à princesa e ao grupo, como um todo.

- De fato, estes estão em seu direito de manifestar um protesto, ainda, pacífico. Portanto, não é preciso ir muito longe para assumir que sua postura se trata de um discurso de ódio direto a este templo e a quem, nele, frequenta. - Então, apontou para alguns manifestantes com armas improvisadas nas mãos - Vejam, aqueles ali só aguardam um estopim para começar um conflito, digamos... Cuja a diplomacia não poderá mais ser usada. Reconheço minhas prioridades e meu compromisso para com este grupo que, por sua vez, deseja seguir um percurso furtivo, mas, como Conde, não consigo deixar de lado os civis que, desorientados, tomam decisões idiotas. Posso tomar posição, e tentar mediar esse conflito, se acharem aceitável. Posso impedir um, vil, derramamento de sangue com consequências impensáveis. Mas não posso decidir isto sozinho, o que acham que devo fazer?

Suspirei aborrecida ao ver toda aquela gente que atravancava nosso caminho. Ainda não conseguia compreender, por mais que ponderasse sobre tal assunto, mas algo ali estava a incomodar meu ser.

Ocorreu-me usar o holoprojetor para assumir a identidade de alguma autoridade e dispersar a multidão. Porém, enquanto eu considerava qual personalidade poderia servir para tal ato diante daquela situação, Harvey tomou a frente.

Levantei a viseira e o encarei por alguns segundos antes de abrir um largo sorriso.

- Se diz que pode evitar um confronto desnecessário apenas com palavras, Harvey, eu lhe dou meu voto de confiança. - Conclui com uma piscadela.

Não sabia ao certo de onde vinha toda a confiança do cavaleiro, mas certamente eu queria ver até onde isso poderia chegar.

Mal terminava minhas palavras e a fada mais uma vez se antecipava ao grupo e tentava uma de suas brincadeira. Em sua simplicidade, a ideia da pequenina se demonstrava grande engenhosidade. No entanto, sua execução não fora das melhores. Questionava-me se ela tinha algum conhecimento sobre psicologia e comportamento ou se agiu por instinto.

Sem mais, aguardei até que os demais se manifestassem.

Harvey se curva, levemente, à seus companheiros em agradecimento quanto a aprovar que aquela cena violenta fosse apaziguada, mesmo que isto significasse por a missão do grupo em risco. Então, Suspirou fundo... Como quem necessitasse de um controle de postura digno de um rei. Iniciou seu passo de forma delicada, porém decidida. Subiu seu braço direito aos céus fazendo um sinal que sua parceira de longa data, que o avistava de longe, reconhecia, imediatamente, como o pedido de auxílio em ganhar respeito para com este povo.

O conde, indolente, passou em meio ao povo, abrindo seu próprio caminho em direção a visão de todos os plebeus. Em sincronia à sua chegada a um terreno pouco elevado, qual o serviria de palco, Aithyia esbravejou de um piar ensurdecedor, anunciando que o homem que tomava frente possuía uma poderosa aliada, caso fosse necessário qualquer tipo de coerção. Por fim o Cavaleiro firmou seus pés em seu altar, tomando uma postura aristocrática que colocaria temor até nos mais nobres membros da realeza, enquanto, em conjuntura, Karin, logo atrás de Harvey, pousou o grifo em uma mistura de violência e graciosidade, fazendo com que o som do choque da batida das patas de Aithyia com o chão ecoassem por toda praça.

Auron efetuou 1 lançamento(s) de dados (d20.) :

15

- Bárbaros! Profanadores! Infâmes! - Gritou o Conde aos membros da manifestação - Vocês andam como bípedes, falam as línguas forjadas pelos sábios do passado e se expalham na grande cidade da Deusa Líder de todo o Panteão. Como, ainda assim, insistem em agir de forma tão irracional? Como insistem em deturbar os valores da racionalidade e da comunidade entre raças? Como ousam se acharem melhores que um determinado grupo se, quando o confrontam, oferecem a agressividade e o fervor do ódio ao invés de buscar se mediar suas diferenças através da complacência de um debate civilizado?

Ao pontuar seu parágrafo inicial, suspirou fundo em tom que mistura uma decepção das antigas ações deste povo e esperança para que evoluissem e não mais agissem assim. Então, sem ferir sua postura firme, tomou um semblante mais afável e rodeou olhar pelos manifestantes procurando alguém que lhe parecesse propício a representar a vontade daquele grupo. Ao encontrar alguém que o satisfizesse, o indicou, com sua mão esquerda, e entoou: - Você, caro civil. Diga-me, pelo que seu grupo luta? Para que todo esse fervor e ódio? O que os motiva? - Então, em uma breve pausa, soltou um olhar para os minotauros militares que adornavam a cidade e devolveu os olhos para o representante - Diga-me, e, então, prometo usar de minha posição como Cavaleiro Líder do Condado de Pallas para mediar a situação de uma forma em que nenhum dos lados se sinta ameaçado ou injustiçado pelo outro.

Embora que Karin e Aithyia, a princípio, sentiram-se completamente ofendidas com a reação dos manifestantes, o semblante inalterado do Conde fez com que ambas contivessem suas emoções e não saíssem de sua formação, com exceção de um pequeno simbolismo camuflado do descontentamento de Karin quando, ainda por detrás de Harvey, removeu o manto de caçador que, antes, ela havia usado para cobrir sua armadura e seus trajes reais.

O Cavaleiro, escutou e ponderou a posição da jovem de forma majestosa. Então, quando terminou sua fala, esperou, por um instante, a, de praste, aquietação da multidão de quem diz "Eaí, vai fazer o que agora?". Assim, voltou-se para os minotauros e, como já havia feito, procurou alguém que pudesse tomar a fala por todo o grupo.

- Você - Disse, apontando à um dos militares - Diga-me, quem são? Por que estão nestas terras? Para que construir um templo de Taurom justo aqui, frente à esta área tão delicada e específica?