Encontro (Kohaku de Kamoshika)

O sinal de Quen foi ativado no último momento, antes da espada entrar em contato com Kohaku. E dessa forma, o brilho dourado provocado pelo sinal se chocou com a lâmina de baixa qualidade do bandido, causando uma explosão mágica e lançando pequenos estilhaços dourados por todos os lados, estes foram caindo um a um e desaparecendo. O impacto no bandido, foi que ele fora lançado para trás e sua espada, que já havia dentições e marcações, partiu-se ao meio, ele ficou no chão, segurando a arma partida. Arrastou-se um pouco para trás e mais uma flecha voou na direção do homem, acertando o chão, próximo dele. Hiroaki, mais uma vez - não dava pra saber se a mira do garoto era ruim, ou se ele não queria ferir os homens.

- Você vai pagar por isso!

Levantou-se aos tropeços e correu dali, cruzando o portão, sem olhar para trás.

- Impressionante, srta. Kohaku!!

Hiroaki surgiu ao seu lado, montado em seu Serow e, claro, acompanhando dos outros dez que faziam parte da missão.

- Sim, srta. Kohaku!

Afirmou com a cabeça rapidamente e deu um rápido assovio. Com isso, os outros Serows deram a volta e passaram a seguí-lo pelo portão de madeira recém liberado pelos dois. Passando por ali, viram que aquele portão estava em más condições - se os bandidos não voltassem mais ou ninguém desse qualquer tipo de manutenção, a ação do tempo derrubaria aquela barreira em breve. De qualquer forma, era certo de que o Império passaria por ali em algum momento do ano e poria um fim em ações criminosas que tiravam dinheiro das pessoas.

Dava pra ver que os animais, tirando os de Kohaku e o próprio animal de Hiroaki, estavam estressados. Não era difícil de lidar com eles, mas era possível ver a alteração, comparativamente com como tinham saído da fortaleza de Kamoshika.

Depois de todo o ocorrido, dava pra ver também que Hiroaki tinha adquirido um pouco mais de confiança. Havia certo brilho em seu olhar. Ele teve sorte. A primeira experiência de combate pode definir algumas coisas - para ele, não foi de fato um combate, apesar de haver risco - mas sair vitorioso com a ajuda de Kohaku lhe concedeu essa confiança. Era bom por um lado, mas essa confiança poderia lhe render falta de preparo em algumas situações, também. Kohaku tomou cuidado de explicar a Hiroaki a respeito dessa confiança e de que deveria tomar cuidado, não importando a situação, mas era possível que tudo aquilo tenha passado batido se comparado com o reforço das imagens do se sucederam.

O resto da viagem, contudo, foi tranquilo. Já perto da capital, havia um cavalariço do império dos esperando, para receber os Serows.

- Sim, srta... Erm... Kohaku! Desculpe.

Hiroaki ouviu as palavras com atenção, mas ainda assim - os efeitos e adrenalina do combate - mesmo que ele não tenha participado de forma ativa ou trocado golpes, ainda eram mais fortes em sua mente. O sentimento era comum e talvez só fosse embora com sua primeira derrota, isso geralmente era corrigido nos primeiros treinos, quando estivesse duelando com um outro Magi logo após ter passado pelo ritual das gramíneas. Por fim, assentiu com a cabeça freneticamente quando houve a sugestão de que pudessem treinar juntos.

-

Na recepção do estábulo, o cavalariçou ouviu as palavras de Kohaku e esticou a cabeça, olhando os Serows. Não prestou tanta atenção, parecia apenas conferir e olhar se a quantidade estava correta. Voltou a olhar para Kohaku e respondeu:

- Ótimo. Demorou um pouco... Os soldados estão esperando no salão do estábulo. Já fazem algumas horas, então estão comendo alguma coisa. Fiquem à vontade. Vou preparar os Serows, dar água e comida. Devem partir em breve.

A entrada do estábulo era comum, feno espalhado por todo o lado e velas presas dentro de lanternas de vidro envoltas em recipientes de água. Faziam com que a luz se propagasse e também, impediam acidentes com chamas num local que era todo inflamável. Passando um pouco pelo local e mais ao fundo, estava o salão. A iluminação ali era mais forte - e haviam 10 homens, o número exato para os Serows. Um a ponta, com mais listras em seu uniforme devia ser o capitão daquele destacamento. Havia bastante comida na mesa, vinho de arroz, água... Tudo simples, mas em fartura. Quando o capitão viu os dois entrando, ele ergueu o braço.

- Magi! Aqui!

E apontou duas cadeiras próximas.

- Ah... Vagabundos. Sempre é assim depois do inverno. Não conseguimos patrulhar toda a região e sempre aparecem alguns aproveitadores. Você fez bem, Magi. Coma, coma... Vamos partir ao amanhecer.

O capitão tinha a cabeça raspada e uma cicatriz antiga na lateral do rosto, tinha uma expressão dura - mas um rosto jovem e calmo. O tipo de feição que passava confiança - não era 100% do que um líder precisava, mas com certeza ajudava bastante. Ele deu mais um gole longo na caneca que segurava e colocou-a sobre a mesa logo em seguida.

- Os Serows que trouxe vão ser bastante úteis, depois da missão que temos para realizar, continuaremos com animais fortes que irão ajudar a patrulhar regiões mais distantes do palácio. Os cavalos que temos usado não aguentam com o solo de Hagakure, servem bem para as estradas asfaltadas de pedras, mas as montanhas e os campos disformes os cansam rápido demais.

Tinha a maçã do rosto já avermelhada, de quem já tinha bebido um pouco além do que precisava. Mas mantinha a postura, apenas parecia falar demais.

- E o garoto? Vocês tem Magi tão jovens agora?

- Huh, quem diria. Talvez ele desista. Sei que vocês não levam uma vida fácil.

Em resposta ao que tinha falado sobre Hiroaki. Podia ser que sim. Mas eram tempos difíceis, embora a vida de um Magi fosse bastante difícil, não era tão mais fácil para alguém que não tivesse as mesmas habilidades - na verdade, podia ser ainda mais difícil para um cidadão comum, que é o que Hiroaki seria caso de fato desistisse de ser um Magi. De qualquer forma, não era uma preocupação para Kohaku, a menos que o jovem ficasse sobre sua guarda ao regressarem para Kamoshika, o que, também, era uma possibilidade. Toda a missão podia ser uma espécie de preparação, ver se os dois se adaptavam bem. Isaho não gostava da liderança, mas sabia como liderar e tinha um pensamento tático em todas as ações.

Hiroaki, por sua vez. Matinha-se em silêncio enquanto os dois conversavam, comia e mastigava com calma.

- Nada bem.

Agora, sobre sua pergunta em relação ao estado das coisas na terras. O capitão do rosto gentil respondeu, mas com certo pesar em suas palavras e rosto - parecia bastante incomodado com a situação atual das ilhas de Hagakure.

- Nada bem. Você viu... Vagabundos caminhando pela terra e roubando o povo. Eu sei que o Império está preocupado com isso e logo eles devem dar uma solução. Talvez seja por isso que tantos Magis a mais foram convocados nessa primavera. Quer dizer... Nunca nenhum Magi nos acompanhou nesse tipo de missão, então dá pra ver que eles estão levando as coisas a sério.