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    Liam - O Príncipe de Los Angeles

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    Liam - O Príncipe de Los Angeles Empty Liam - O Príncipe de Los Angeles

    Mensagem por Dovahkiin Sáb Jul 09, 2022 5:07 pm



            Era mais um dia qualquer de trabalho para Liam. Ele adentrava o palco, a música tocava no fundo, os aplausos, o auditório cheio como sempre, e novamente, ele apresentava quem seria seu convidado.
           

    Liam - O Príncipe de Los Angeles MV5BOWRhYTFmOTEtN2Q4MC00MzlkLTkyMTYtZjhjMjQwZjQ2MDQ2XkEyXkFqcGdeQVRoaXJkUGFydHlJbmdlc3Rpb25Xb3JrZmxvdw@@._V1_QL75_UX500_CR0,0,500,281_


            Joe Kare (ou melhor, o "Bufão", como ele próprio havia pedido para ser chamado no camarim, quando ambos conversaram, Joe disse que era fã do programa de Liam e o anjo lhe instruiu sobre as regras, sem palavras ofensivas, sem vulgaridades, o de praxe a todo convidado). Como sempre, Liam havia feito uma pesquisa sobre o indivíduo antes do show começar. Não era uma pessoa famosa, pelo contrário, a "fama" de Joe veio após inúmeros vídeos de alguns de seus stand ups fracassados caíram na net. Os vídeos viralizaram, e o tal Bufão de tornou meio que uma sub celebridade da noite para o dia. Porém, paralelamente a isso, parecia estar havendo uma espécie de "revolução" na cidade, onde diversas pessoas fantasiadas como palhaços saíam para protestar contra a taxa de desemprego, baixas condições de trabalho, entre diversas outras. O problema é que alguns desses protestos terminaram em violência, e muitos temiam que algo de proporções maiores acontecesse em breve.

            Joe fazia uma entrada e tanto quando a música tocava. Ele entrava vestido de palhaço, e Liam esperava que isso não pegasse mal para seu programa. Ele sentava-se e olhava para a plateia como que em um estado de transe. Liam percebia que precisaria chamar a atenção de Joe para que o show continuasse...


    OFF: Apesar da cena começar exatamente igual a de certo filme bastante conhecido, dependendo do caminho da conversa, é possível que hajam... surpresas! Liam - O Príncipe de Los Angeles 1f608
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    Liam - O Príncipe de Los Angeles Empty Re: Liam - O Príncipe de Los Angeles

    Mensagem por Zireael Qua Ago 10, 2022 9:46 am

    Liam se divertia e gostava dos aplausos e de interagir com a plateia. Entrava no palco e cada evz que fazia isso, era como se fosse a primeira vez. O coração batendo rápido, a adrenalina correndo pelo corpo, o suo que insistia em escorrer pela testa (que ele rapidamente limpava). O primeiro passo em direção ao palco era sempre extasiante. Era sempre delicioso.

    Enquanto erguia seus braços e dava seu sorriso largo, sentindo o calor do holofote na sua pele, pensava que não deveria ter tanto prazer com aquela sensação. Sabia que não deveria ter. Sabia que sua carcaça era apenas um instrumento para sua missão na terra e para um bem maior, mas... Por Deus, como não amar o fato das pessoas o amarem e estarem lá por ele?

    - Não sabem como fico feliz em ter vocês aqui comigo hoje.

    E era verdade. Ele estava realmente feliz. Liam esperou que as pessoas terminassem os aplausos e iniciou o show:

    - Eu poderia começar esse programa com qualquer comentário engraçado dizendo que tinha medo de palhaços quando eu era criança ou que eu sempre escutei uma piadinha ou outra sobre o assunto.

    Ele esperava a plateia reagir ao comentário.

    - Mas na realidade, eu não tenho medo de palhaços e sinceramente, acho piadas sobre o assunto um pouco tristes. É sempre ele se dando mal e aqui a gente não gosta muito disso. Até porque esse palhaço que vai entrar já teve sua dose de piadas estilo Pagliacci. Sem mais delongas, trago pra vocês a sensação da internet: nosso amigo, o Bufão!

    E deixou Bufão entrar no palco e receber o carinho e aplausos do público. Liam acompanhava os trejeitos do homem com curiosidade e, disfarçadamente, certo cuidado. Queria ler o que estava realmente abaixo daquela maquiagem alegre que o homem trazia. O anjo aproximou-se lentamente do palhaço e estendeu a mão para que o cumprimentar:

    - Como prefere ser chamado? Bufão, seu nome artístico, ou como Joe?

    Ele apontou a poltrona e sentou-se ao lado do convidado, arrumando seu terno.

    - Aliás, agradecemos sua presença aqui conosco. Depois de seus vídeos viralizarem, foi difícil conseguir sequer falar com você! Me diga, como andam as coisas depois dessa mudança na sua vida? Esperava por isso? Queremos saber desde o começo!



    (Eu amei! Adoro esse estilo de narrativa! Espero ser esperta pra passar por ela o_o hahahaha)
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    Liam - O Príncipe de Los Angeles Empty Re: Liam - O Príncipe de Los Angeles

    Mensagem por Dovahkiin Sáb Ago 13, 2022 2:19 pm




    Quando entrava no palco, Liam podia sentir um pequeno gosto do que os Grigory sentiam ao serem adorados como deuses pelos mortais. O anjo sabia que deveria tomar cuidado com as sensações que a vida mortal lhe proporcionava, mas o amor dos mortais era algo tão vivo que ele não podia deixar de senti-lo, e explicitava isso á plateia que reagia com ainda mais aplausos.

    - Mas na realidade, eu não tenho medo de palhaços e sinceramente, acho piadas sobre o assunto um pouco tristes. É sempre ele se dando mal e aqui a gente não gosta muito disso. Até porque esse palhaço que vai entrar já teve sua dose de piadas estilo Pagliacci. Sem mais delongas, trago pra vocês a sensação da internet: nosso amigo, o Bufão!


            O tempo inteiro, Liam não deixava de prestar atenção no homem. Havia algo de diferente nele, mas o anjo ainda não havia conseguido decifrar.

    - Como prefere ser chamado? Bufão, seu nome artístico, ou como Joe? Aliás, agradecemos sua presença aqui conosco. Depois de seus vídeos viralizarem, foi difícil conseguir sequer falar com você! Me diga, como andam as coisas depois dessa mudança na sua vida? Esperava por isso? Queremos saber desde o começo!


            O Bufão parecia sair do torpor em que estava (com os olhos vidrados na plateia) e volta-se para Liam.

    - Ah, me desculpe, é que sempre sonhei com este momento. Pode me chamar de Bufão, pois é isso o que fui em minha vida inteira, um tolo, um indivíduo anormal, e finalmente decidi assumir este título ao invés de ficar fingindo ser o que eu não sou.

            O público parecia dividido naquele momento. Alguns aplaudiam, acreditando que fazia parte das piadas do bufão. Já outros, ficavam em silêncio, como que comovidos ou até mesmo surpresos com a fala do indivíduo.

    - Sim, sim, aceitar o que eu realmente sou mudou toda a minha vida. Quando eu disse para minha mãe (que Deus a tenha) que queria ser comediante, ela apenas me respondeu: "mas, filho, comediantes não deveriam ser engraçados?!". Sim, e o que mais faz as pessoas rirem que a desgraça alheia?! O que mais faz as pessoas se sentirem melhor consigo mesmas do que descobrirem que existe alguém rastejando mais no fundo do poço do que elas? Isso é o que mantém o público com a TV ligada, isso é o que faz com que os jornais noticiem crimes violentos o tempo inteiro em TV aberta, isso é o que faz com que jovens acessem a deep web em busca de crimes bizarros ou creepy pastas com conteúdos totalmente perturbadores. Eles desejam ver o fracasso alheio, para provarem a si mesmos que eles não são os maiores perdedores do mundo, e eu sou o homem mais desgraçado de todos, por isso, eles desejam me ver, e assim eu ganho meu sustento. É uma troca justa, não acha, senhor Liam?!


           Após a última fala do palhaço, agora a maioria do público ficava em silêncio.
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    Liam - O Príncipe de Los Angeles Empty Re: Liam - O Príncipe de Los Angeles

    Mensagem por Zireael Seg Set 12, 2022 5:37 pm

    (mestre, me desculpe a ignorância, é que eu sou bem poia em regras, então, vou descrever o que quero usar e se for pertinente, okay, senão, só ignora hahahaha)

    Liam lutou para não usar seus dons divinos para aumentar aquela salva de palmas que era destinado a ele. Seu sorriso bonito devia brilhar mais ainda sob os holofotes, o anjo pensava. Era fácil perder-se no torpor, naquela sensação de peito cheio que o amor – mesmo um amor puramente baseado em uma idealização – poderia trazer. A plateia o amava, e Liam sabia disso.

    Entretanto....

    Liam conteve-se e sentiu, logo em seguida, o peito afundar. Pecava contra a humildade que jurara preservar e fazer com que humanos tivessem. Respirando fundo, ele emendou seu discurso e prestava atenção em Bufão. Com os olhos treinados, sabia que o homem, em sua pequeneza, sentia o mesmo que ele. E Liam sentiu uma pontada de orgulho: como um anjo poderia sentir a mesma coisa que um mortal? Era quase como.... Rebaixar-se.

    Mas o show deveria continuar. Ele deixou Bufão falar, sempre com um sorriso no rosto. Liam reconhecia muito bem aquele sentimento. Lutou para manter-se focado.

    - Não perdermos nada quando somos nós mesmos. É isso que esperam de nós.

    E ele focou em “esperam”, querendo dizer que quem esperava isso era ninguém mais, ninguém menos que Deus e seu infinito amor.

    E novamente, Bufão continuou seu discurso. Enquanto ele falava Liam observava sua plateia de canto de olhos, mas sua atenção estava ainda em Bufão. Sabia que a vaidade dos homens era uma cobra que apertava seu coração e os faria dar o bote se se sentissem desprezados.

    - Hmmm...São pontos interessantes a serem levantados.

    Liam recostou-se na cadeira, pensando no que Bufão acabara de dizer. Levou um dedo até o lábio e, sem deixar-se intimidar pelas palavras de Bufão, continuou.

    - Acredito sim que existam, infelizmente, pessoas como o senhor descreveu: que gostam de sentir que outros estão na pior. Que gostam de ver que não são os únicos que parecem perecer sob um destino tão cruel que pensam não haver alguém olhando por elas.

    Ele sorriu para Bufão.

    - Mas acredite, senhor Bufão, há sempre alguém olhando por elas, por mais injusto que possa parecer. O problema é que, ás vezes, escolhemos nos prender aos detalhes que nos fazem sofrer. Enquanto outros tentam fazer o melhor jogo com as cartas que têm nas mãos.

    E ele olhou para a plateia, como se estivesse dando um conselho.

    - Veja o senhor agora. Está aqui, vivendo um “sonho”, como o senhor mesmo disse. Por que não mostrar aos outros que, por piores que as circunstâncias sejam, há como realizarmos um sonho?

    E as palavras de Liam pareciam retorcer a música celeste, como se entrasse na cabeça de Bufão entoando notas musicais que eram fáceis de decorar e difíceis de esquecer. (Não sei se é válido, mas estou usando aqui o encanto, versão etérea.)

    Liam suspirou, continuando.

    - Uma vez li uma frase que me marcou, senhor Bufão. A maior vingança que damos aos nossos inimigos é não ser como eles. Apesar de não gostar dessa palavra, vingança, acho que é uma lição boa. O que acha?

    Liam buscava fazer o homem ver o outro lado da situação. Sabia que existia a imundice no mundo, mas erguer-se dela era questão e escolha. E Bufão tinha essa escolha. Ele apenas precisava enxergar isso.
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    Mensagem por Dovahkiin Sáb Set 17, 2022 2:26 pm

    OFF: ótimos argumentos!






    - Não perdermos nada quando somos nós mesmos. É isso que esperam de nós.


           Ao ouvir esta frase, um largo sorriso se abria no rosto do Bufão, mas não um sorriso de deleite ou concordando com o que Liam dizia, era um sorriso carregado de um certo deboche não contido, e Liam podia ter certeza que de alguma forma, o Bufão havia compreendido que ele se referia a Deus.
           O restante da plateia aplaudia em aprovação ao comentário de Liam, e ele continuava.


    - Acredito sim que existam, infelizmente, pessoas como o senhor descreveu: que gostam de sentir que outros estão na pior. Que gostam de ver que não são os únicos que parecem perecer sob um destino tão cruel que pensam não haver alguém olhando por elas. Mas acredite, senhor Bufão, há sempre alguém olhando por elas, por mais injusto que possa parecer. O problema é que, ás vezes, escolhemos nos prender aos detalhes que nos fazem sofrer. Enquanto outros tentam fazer o melhor jogo com as cartas que têm nas mãos.


           Novamente, a plateia aplaudia, e isso parecia incomodar Joe, que apenas continuava ouvindo, agora com seu sorriso desfeito. E Liam continuava:

    - Veja o senhor agora. Está aqui, vivendo um “sonho”, como o senhor mesmo disse. Por que não mostrar aos outros que, por piores que as circunstâncias sejam, há como realizarmos um sonho? Uma vez li uma frase que me marcou, senhor Bufão. A maior vingança que damos aos nossos inimigos é não ser como eles. Apesar de não gostar dessa palavra, vingança, acho que é uma lição boa. O que acha?



           O Bufão parecia a Liam uma pessoa profundamente ressentida com a vida, e parece que palavras animadoras não o ajudariam com o sujeito, então Liam tentava uma abordagem diferente, utilizar suas habilidades com a Sinfonia para deslumbrar Joe, de forma que suas palavras surtam um maior efeito no indivíduo. Porém, algo estranho acontecia. Liam sentia como se estivesse tentando adentrar a mente do Bufão, mas uma parede invisível extremamente forte bloqueasse seu caminho, cortando o efeito da Canção. O anjo podia perceber que afinal, Joe não era apenas um humano comum.

           Após um bom tempo apenas escutando, o Bufão finalmente voltava a falar:

    - Você perguntou o que eu acho, Liam? Acho que não existe ninguém olhando por mim ou por qualquer pessoa nesta plateia e além dela. Esse tal "indivíduo" que você cita de forma implícita, não está interessado em nossos problemas, do contrário, por quê permitiria que alguém fosse alvo de violência física e moral da própria mãe adotiva esquizofrênica e seu padrasto pedófilo? Por quê permitiria que pessoas ricas pudessem humilhar um indivíduo com problemas mentais em um metrô, e o mesmo não pudesse nem ao menos tirar a vida deles em troca?


           Novamente, a plateia ficava em silêncio. A última frase do Bufão fazia com que Liam se lembrasse de um ocorrido recente, onde três sobrinhos de um famoso empresário da cidade foram mortos a tiros por um homem vestido de palhaço em um metrô, o que inspirou uma onda de indivíduos vestidos de palhaços causando diversos vandalismos na cidade desde então. A tensão era palpável e um clima bastante desconfortável começava a se formar, e isso parecia alegrar o Bufão, que continuava:

    - Você também diz que nossa melhor vingança é não sermos como nossos inimigos? Então posso lhe dizer com certeza que estou fazendo exatamente isso, pois Aquele a quem inúmeros tolos insistem em rezar achando que Ele irá resolver seus problemas, é meu maior inimigo. A propósito, você mencionou algo sobre fazermos o melhor com as cartas que temos?! Isso me lembrou de uma piada sobre cartas:

    "Um maluco entra na sala de estar do hospício e depara com outro doente mental sentado a uma mesa, manuseando um baralho de cartas.
    Pergunta ele:
    - Estás a fazer algum jogo?

    O outro:
    - Não, estou a apartar só as cartas de espadas.

    O primeiro:
    - Já sei! Vais fazer uma paciência!

    O outro:
    - Não! Vou te degolar. - Então ele retira uma espada que escondia debaixo da mesa e golpeava a jugular do maluco distraído."



    Aquele não era o tipo de piada que costumavam contar naquele programa, e o silêncio da plateia inconformada se tornava cada vez mais tenso.
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