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    Mensagem por einherji Dom Abr 24, 2022 12:00 am

    "Se houvesse algo que eu pudesse fazer... Me ajude, por favor."

    Com os olhos fixos na estátua do chacal, sentiu tontura e enjôo inicialmente, por alguns segundos.

    Não durou muito, os dois sentimentos foram interrompidos por uma dor excruciante em seu peito - uma pontada forte em seu coração. Seu cérebro começou a desligar, poderia tentar se agarrar em alguma coisa a sua frente, mas nada mais em seu corpo parecia responder. Douglas era um homem estudado e mesmo assim, não conseguia encontrar uma explicação clara para o que estava sentindo, era como se a essência de sua existência, os conceitos cruciais de sua psique sangrassem dele. Conceitos como honra, honestidade, coragem, integridade, humildade - coisas que as pessoas internalizam e vivem suas vidas pensando a respeitoe tentam mostrar isso para outros ao seu redor, se tornam cada vez mais difíceis de encontrar. Não significavam nada, abandonaria tudo isso para se agarrar a vida.

    Ao mesmo tempo, foi golpeado com a realidade mais dura e gélida que se pode imaginar. Ele não sabia o motivo: estava morto, se sentia morto. Tudo o que trabalhou em sua vida, tudo o que sonhou, toda a dor, todo o esforço, as dificuldades, as recompensas, a vitória, tudo. Até mesmo os pedidos de ajuda para qualquer um que pudesse ajudar a recuperar a vida de sua mãe, até mesmo o arrependimento que sentira momentos antes. Isso tudo não significava mais nada.

    O passado não significava mais nada, nem seus desejos para o futuro, assim como o presente e essa nova realidade patética e minúscula comparada com o behemoth que se aproximava. A perspectiva forçada o empurrou do abismo. A falta de chão o fez voltar a sentir.

    Em queda, tudo voltou. Sentiu-se vivo novamente. Não estava, mas estava.

    E caiu.

    Bateu com o rosto e parte da frente do corpo em algo macio, areia. Estava em um deserto sem fim, para qualquer lugar que olhasse, não havia ponto para que seus olhos pudessem encontrar uma direção ou caminho - o horizonte e o céu eram infinitos, era escuro e o céu repleto de estrelas, nesse deserto, se encontrava em ruínas, nada do que já havia estudado, nada do que já havia visto antes. A noite tinha cores que nem mesmo auroras boreais poderiam reproduzir.

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    As estrelas se aproximavam e se afastavam, como se piscassem e percebeu que uma delas continuava se aproximando, até se tornar uma figura colossal em sua frente, ao mesmo tempo em estava em sua frente, também estava ao seu redor, a sua volta e também dentro, uma gigantesca cabeça preta como a noite, o chacal dos mortos. Translúcido e tão real como se podia imaginar, sua essência pingava poeira de estrelas e misturava-se com a areia do deserto que parecia brilhar.

    Nada disse, mas uma mão negra, com garras afiadas e adornada em ouro saiu de seu centro e foi na direção de Douglas - gigante, foi encolhendo até obter um tamanho comum e atravessou seu peito, voltou da mesma forma que veio, mas dessa vez, tinha o coração pulsante do homem nas mãos. A mão etérea apenas virou sua posição e deixou o coração cair, que foi apanhando por uma cama de plumas - as plumas tensionaram e cederam, o coração de Douglas caiu no chão, inerte.

    Do topo das ruínas, viu uma figura se formando - um crocodilo de juba e pelagem castanha pelo corpo, tão imponente quanto a cabeça de chacal que aparecera momentos antes, mas tinha forma física, não se apresentava como um corpo etéreo, Douglas sentia que podia tocar aquela criatura, mas ao invés disso a criatura o tocou e o segurou pelos braços e pernas, como se o esticasse e com isso mais uma vez sentia-se esvair-se, como se pedaço a pedaço fosse consumido. Sua essência era guiada para a boca da criatura crocodilo.

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    “Ele é meu.”

    Depois de todo esse tempo, ouviu algum som naquele profundo silêncio, a voz vinha da imensidão das estrelas. E o crocodilo o largou. E tão rápido como apareceu, sumiu. A mão etérea de antes, pegou o coração de Douglas do chão e levou novamente a seu peito. Como se fosse uma peça em um mecanismo, foi colocado novamente no lugar.

    Uma nova dor o invadiu e então tudo era luz, um zumbido elétrico invadiu seus oouvidos, estava no chão, no quarto de hospital onde estava sua mãe. Ela respirava ofegante e os aparelhos médicos apitavam e faziam barulho initerruptos. A mulher segurava o peito com força, arfando e buscando por ar, uma equipe médica adentrou o quarto as pressas e passaram a atender a senhora.
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    Mensagem por Caelestia Seg Abr 25, 2022 2:00 pm

    Em toda sua existência nunca sentira nada semelhante aquilo.

    A dor excruciante, a queda, o vazio. – “Estou morrendo.” – Foi o que pensou. Só poderia estar morrendo. Aquela dor deveria ser a dor da morte. Mas por quê?

    Não podia! Não podia morrer! Não quando sua mãe ainda precisava dele. Não queria deixa-la sozinha mais uma vez. Se nada poderia ser feito queria ao menos poder estar lá, ao lado dela, segurando sua mão.

    De certa forma tudo deixara de existir e importar, exceto aquilo, a vontade de permanecer ao lado de sua mãe. Mas mesmo isso parecia extracorpóreo, muito além de um simples pensamento ou sentimento.

    Não sabia por quanto tempo caiu, mas sentia como se mergulhasse cada vez mais na escuridão de um frio vazio existencial até que um baque inesperado o despertou.

    Não sabia onde estava, mas ainda se lembrava da dor e da queda. Afinal, deveria mesmo estar morto.

    Quando o chacal egípcio surgiu no que se assemelhava com um céu estrelado, Douglas estranhou. Talvez esperasse ser recebido por algum demônio pronto para torturar sua alma pecadora pela eternidade, como tantas vezes ouviu pessoas religiosas afirmarem.

    Entre o céu e o purgatório, Douglas não acreditava que iria para o céu. Na verdade ele nem sequer acreditava muitos nesses conceitos, mas ali, frente a frente com aquela grande cabeça do antigo Deus da morte ele se deparou com a realidade do pós vida.

    Queria se ajoelhar, talvez implorar misericórdia, mas não conseguiu se mover.

    A mão do Chacal atravessa seu corpo e talvez deveria ter ficado horrorizado ao ver seu coração arrancado de seu corpo, mas será que ainda tinha realmente um corpo?

    - Serei julgado – Os olhos acompanhavam a queda de seu coração que não foi sustentado pelas plumas. – Falhei! – O olhar desolado vendo seu coração, morto, sobre as areias daquele local.

    Os olhos só se moveram novamente quando uma nova criatura surgiu. Ammit, a comedora de almas. – É isso... Serei devorado... Sinto muito, mãe.

    Mas a voz do deus da morte ecoou e da mesma forma que surgiu a criatura se foi.

    Mais uma vez quis ajoelhar, mas não teve tempo, pois seu coração foi devolvido pela grande mão do chacal e uma nova dor rasgou o peito já morto.

    Uma luz chegou aos seus olhos e então o céu estrelado não estava mais lá. Deitado no chão, Douglas olhava para o teto de uma sala. - O que foi isso? Será que eu desmaiei? – O homem move o corpo e se levanta. Acreditava que estava de volta ao seu antigo quarto, mas não estava.

    Seja lá o que fosse aquilo que acontecia com ele, pesadelo ou não, parece que ainda não havia acabado.

    A sua frente, fazendo um esforço enorme para conseguir respirar, estava sua mãe que logo foi socorrida. Não estava de volta ao seu quarto. Parecia que agora estava no hospital assistindo sua mãe sofrer.

    - Então é isso? Esse é o meu castigo? Esse é o meu purgatório? Seria melhor que Ammit tivesse me devorado. Se não sou digno por que ainda sou punido? – Morto ou pesadelo, não importava, nada do que fizesse ajudaria a mulher. Tudo o que podia fazer era assistir. A dolorosa agonia de se sentir incapaz... – Eu ainda gostaria de poder fazer algo... Ajude-me! – Douglas se ajoelha por fim, sem mais poder assistir ao sofrimento de sua mãe.
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    Mensagem por einherji Qua Abr 27, 2022 9:37 pm

    Médicos e enfermeiros entraram correndo na sala a medida que os aparelhos começaram a apitar, quando estavam iniciando os procedimentos de ressuscitação, a senhora que apertava os trajes na altura do coração caiu para trás e as máquinas seguiram com um som agudo e contínuo. Típico. É o som da morte em hospitais. A mente estava acostumada com isso sendo usado em tantos filmes e produtos de mídia, que quando ouvido pessoalmente, parecia muito mais alto, ensurdecedor.

    E logo em seguida - os equipamentos retormaram seu funcionamento, com normalidade. Um enfermeiro ajudava Douglas a se erguer, enquanto os médicos e demais equipe se entreolhavam curiosos com o ocorrido. Tudo parecia bem.

    -

    Algumas horas depois, quando as coisas acalmaram. Estavam a mãe e Douglas no quarto, e um médico entrou com uma planilha em mãos. Era um senhor baixo, de óculos fundos. Tinha as mangas do jaleco enroladas na altura do cotovelo, tinha um olhar sério - mas tranquilo. Médicos não sabiam mentir, tendo que sempre dar notícias ruins, quando tinham uma boa, era bastante óbvio, e a cara daquele homem era de boas notícias.

    - Senhor Carter, senhora Carter... Bem, eu realmente não sei como explicar. Mas tenho os exames antigos aqui e os exames novos. Você realmente tinha um carcinoma nas células basais e estava bastante profundo em seu ouvido, tendo feito metástase em cérebro. Mas verificando os exames novos, é como se simplesmente tivesse sumido... Nós vamos marcar uma cirurgia simples para recolher algumas amostrar e confirmar com certeza, mas refizemos esse exame algumas vezes, eu nunca vi nada parecido em todo esse tempo. Por agora, preciso que você descanse.

    Deu um breve sorriso. E virou os olhos para Douglas.

    - Ah... Tem uma pessoa do lado de fora que quer falar com você. Dada a situação, não podemos autorizar a entrada de ninguém que não seja familiar no quarto, mas ele está do lado de fora de aguardando.

    Ao sair, viu um homem de pele negra - olhos fundos e pretos. Usava trajes incomuns, como se estivesse participando de um desfile, o tecido era nobre e haviam detalhes dourados que não pareciam ser necessidade parte do pano, mas algo que brilhava ali.

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    - Lhe devolvi seu coração, Douglas Carter. Você tem uma nova chance para balancear o peso dele com as plumas de Maat e não ficar preso para sempre no Duat. Ande comigo.

    E caminhou, em direção a saída do hospital. Douglas não conhecia aquele homem, mas o que ele falava parecia lhe fazer sentido e ao mesmo tempo, sentia um ímpeto difícil de resistir para seguí-lo.
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    Mensagem por Caelestia Qui Abr 28, 2022 10:53 pm

    Sem coragem para assistir aquele sofrimento, Douglas permanece de joelhos e quando o apito ensurdecedor da máquina ligada à sua mãe chegou aos seus ouvidos, ele instintivamente os tapou com as mãos.

    Não importava se era real ou a ilusão de um pesadelo ou de um purgatório. Fosse o que fosse, de todas as formas, era doloroso demais. A culpa, o arrependimento pelo tempo desperdiçado que não voltaria jamais assolava todo o seu ser de forma que se sentia rasgado mais uma vez.

    Então, mesmo naquela agonia, um novo som alcançou Douglas. O mundo lhe pareceu “oco” a sua volta. A movimentação, a voz dos médicos, tudo estava oco, em segundo plano. Apenas aquele bip bip era nítido, quase como que se acompanhasse sua respiração.

    Ele sente uma mão toca-lo. Essa mesma mão o ajuda a se levantar.

    Douglas olha da maca para os aparelhos. Os sinais vitais estavam ali, sua mãe não estava morta.

    Douglas não era religioso e só frequentou a igreja enquanto aquilo lhe era imposto por sua mãe, durante a infância e inicio da adolescência. Não que ele não acreditasse em uma força maior, mas apenas não acreditava nas religiões pelo simples fato de terem sido elaborada por seres humanos para controlar outros seres humanos, assim ele pensava.

    Além disso Douglas, particularmente, nunca havia sentido o “agir divino” em sua vida... Pelo menos até aquele momento.

    Se identificando como um homem racional, ligado a história e analise de fatos e evidências, naquele momento Douglas se permitiu ser diferente. Ele se permitiu acreditar e ter esperança.

    Tudo parecia tão normal, afinal... O lugar onde estava era exatamente o hospital onde sua mãe estava, os médicos, enfermeiros, os exames... Talvez ele realmente estivesse sonhado, não com aquele momento no hospital, mas sim com o fato de estar em casa olhando aquela estatueta de Anubis.

    Isso! Deveria ser isso, aquilo foi o sonho. Olhar a estatueta, morrer e encontrar o Deus Egípcio. Isso sim foi o sonho e não aquilo que ele estava vivendo, e provavelmente deve ter caído da poltrona onde estava quando acordou pela agitação de sua mãe.

    Nada parecia errado, exceto pelo fato de que sua mãe estava bem. Mas nem mesmo isso estava errado. Não para ele. Não naquele momento.

    Porque assim que as maquinas apitaram e os sinais de sua mãe retornaram, a mulher acordou, e horas depois novos exames constataram que o câncer havia sumido. Ele deveria achar estranho, mas se ele mesmo era um homem de fatos, que fato mais incontestável seria o de vários exames darem o mesmo resultado?

    Sua mãe estava curada! Ou talvez nunca estivera realmente doente, pelo menos não com câncer... Isso chegou a passar por sua mente, mas iria se preocupar com isso depois. Estava feliz demais. Leve demais, despido de sua culpa e remorso. Só queria aproveitar.

    Quando o médico falou da visita que o aguardava, ele estranhou, mas foi verificar.

    Olhar para aquele homem fez Douglas prender a respiração. Tudo nele era estranhamente fora do comum e a forma como as vestes dele pareciam brilhar em dourado, quase que de forma etérea, e as palavras ditas por ele, o fizeram franzir a testa.

    “Duat? O reino dos mortos? Então isso tudo é uma mentira. Tudo um maldito sonho?” – Douglas pensa com raiva.

    O homem aperta a mandíbula e fecha os punhos com força. Sentia o ímpeto de segui-lo, mas não iria fazer.

    - Não vou! – Douglas responde com firmeza. – Por que iria? O que é isso, meu purgatório? Eu caí, eu morri e agora estou preso em uma falsa realidade? – Ele dá um passo a frente, ainda mantendo os pulsos fechados. – Você devolveu meu coração, pra que? Por que? Por que iria querer um homem cujo coração falhou em seu teste andando ao seu lado... – A respiração estava pesada, mas Douglas era cético o suficiente para se arriscar. Afinal se estivesse morto o que de pior iria lhe acontecer? E se fosse um pesadelo, bem, tirando os filmes hollywood, nada de fato iria lhe acontecer. – Anubis... – O último nome saiu espremido em sua garganta.


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    Mensagem por einherji Dom maio 01, 2022 5:23 pm

    - Existem muitos porquês, Doulgas Carter. Mas a maior razão é que, assim como usei o pouco que sobrou da minha influência nesse mundo para remover o carcinoma de sua mãe, tenho a mesma quantidade de influência separada para devolvê-lo. O seu coração é um detalhe. Servir um deus, como seu avatar, pode equilibrar a balança e atravessar os portões quando encontrar-se com o destino inevitável dos mortais. Não teste minha paciência, Douglas Carter. Ande comigo.

    Douglas ainda tinha uma escolha - a vontade daquele homem, que deduziu ser Anubis, não era completa sobre ele, embora a força da sugestão fosse firme e difícil de resistir. Ele deu alguns passos, mas ainda assim esperou para que Douglas o seguisse. Suas palavras não tinham hesitação e desfazer o que tinha feito talvez não fosse um grande trabalho. Contudo, talvez Douglas precisasse de maior convencimento e ter certeza de que suas ameaças não eram vazias, fossem a medida certa do que precisava ser feito.

    - Os últimos 5000 anos não tem sido fáceis, os mortais estupefaciados não conseguem compreender o poder das palavras. A mensagem sempre é importante, mas se ela não é entendida, de nada adianta.

    O homem passou a mão pela parede e a mesma tornou-se translúcida, sendo possível ver a mãe de Douglas deitada na cama do quarto. Tinha uma expressão serena, tranquila. Depois de tudo o que tinha passado, aquela calma era extremanente bem vinda. Sem a pressão que o carcinoma em sua cavidade auditiva fazia em seu cérebro. Com aquela imagem, Douglas pareceu ter tomado um choque - viu o rosto de sua mãe se contorcer de desespero, ela tapou sua boca e deu um grito abafado. Talvez não quisesse tirar aquela boa notícia da mente de seu filho, mas estava claro que toda a dor e sofrimento que recaíram sobre ela nos últimos anos pareciam ter voltado, tão rápido como saíram.

    O homem do lado de fora do quarto fechou a mão e sua mãe fechou os olhos. Estava viva, mas esgotada, e dormiu.

    - Não desfiz a cura, apenas emulei na mente de sua progenitora como seria ter tudo isso de volta. Peço-lhe a última vez, ande comigo.

    Virou as costas e começou a caminhar para fora do hospital.

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    Mensagem por Caelestia Ter maio 03, 2022 1:47 pm

    Douglas permanece parado enquanto ouve aquele homem estranho falar.

    Chamava a atenção o fato de que em nenhum momento ele o havia corrigido, negando ou questionando o fato de ter sido chamado de Anubis.

    - Avatar... – Douglas balbucia enquanto franze a sobrancelha e faz uma careta de incredulidade perante as palavras daquele homem estranho. – “Esse cara está louco ou o que? Avatar? Do que ele está falando?” – Ele pensa e com certeza estaria rindo da situação se o estranho homem não estivesse firme em sua postura.

    Cada palavra pronunciada entrava pelos ouvidos de Douglas como uma espécie de feitiço, em um convite para ceder e seguir caminho junto com aquele estranho homem,  mas voltando a apertar os pulsos o professor de história se mantém firme, não se movendo, resistindo ao impulso e se negando a abandonar tão facilmente sua postura contestadora.

    “Influência? Que influência um deus antigo que quase ninguém mais cultua pode ter? Que mensagem ele quer que eu entenda afinal?” – Douglas refletia e se questionava sobre o que era dito e estava pronto para contestar aquelas palavras quando percebe o movimento do outro e seus  olhos o veem tocar a parede do lado de fora do quarto onde sua mãe descansava.

    A expressão em seu rosto relaxa e finalmente Douglas afrouxa o aperto de suas mãos quando diante dos seus olhos a parede se torna transparente, como que se o material tivesse sido substituído por um vidro que permitia a visão de sua mãe que descansava lá dentro.

    - Mas como? – Ele mal teve tempo de balbuciar quando de repente a mulher começa a se contorcer, parecendo novamente com dor. – Mãe! – Douglas exclama dando um passo em direção ao que via. A respiração parece presa em seus pulmões e ele não consegue se mover quando ela abafa um grito.

    Quando o homem fecha as mãos e a mulher volta a relaxar, Douglas solta de uma única vez o ar preso em seus pulmões, virando-se novamente para o homem negro que o observava.

    A respiração acelera com as palavras dele. Chegou a pensar em não seguir, mas a visão de sua mãe em sofrimento era perturbadora demais.

    Tudo poderia não passar de um sonho, um ilusão... O delírio de uma mente culpada por ter menosprezado por tanto tempo o carinho e a presença de uma pessoa tão importante, mas sentia que, pelo menos naquele momento, não estava nem em condições e nem tinha forças para resistir.

    - Eu irei! – Douglas dá o primeiro passo ainda relutante, mas por fim segue o homem. – Mas, por que eu? Em que exatamente eu poderia lhe ser útil? - Ele pergunta se lembrando da palavra "avatar" e sem ter certeza se queria mesmo saber a resposta.
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    Mensagem por einherji Qua maio 11, 2022 7:29 am

    - Dadas as devidas ferramentas, todos têm sua utilidade, Douglas Carter. Embora não me traga nenhum prazer, sua mãe foi uma ferramenta para que você pudesse ser convencido. Você receberá as devidas ferramentas e será a flecha dos nove arcos. Mas antes...

    Perto da saída do hospital, cruzou a portal giratória e estavam a céu aberto. O amplo estacionamento completamente vazio dava uma percepção diferente das coisas, eram um ponto minúsculo no universo. E embora quando saíram o sol forte da tarde queimava o topo de suas cabeças, o homem que conversava com Douglas estendeu os braços e olhou para o Sol e manteve os braços abertos po ruma fração de segundos. Douglas sabia bem sobre os movimentos de rotação e translação da Terra, mas nesse momento ele sentiu a Terra girar nos dois sentidos e poucos segundos depois, era noite. O manto que o homem usava desprendeu-se de seu corpo de forma etérea e avançou contra Douglas e como se o golpeasse, envolveu seu corpo, desfazendo-se em tiras de preto e dourado. Envolto e coberto como um traje. Até mesmo seu rosto estava coberto por aquele estranho traje agora. E quando isso aconteceu, dores, cansaço ou qualquer tipo de efeito negativo que estava sentindo antes, perdeu-se. Sentia-se mais forte, seus olhos viam além e a noite tinha um tom diferente, que fazia com que pudesse ver com ainda mais clareza, mais distância e com um contraste dourado que identificava formas com extrema facilidade.

    OFF:

    - Essa é a ferramente que ofereço, Douglas Carter. Em troca do favor que lhe fiz ao resgatar sua mãe dos portões do submundo, você será meu caçador.

    Cruzou os braços e virou-se então para Douglas. Os olhos profundos e amarelados o encaravam agora. A aparência humana parecia diferente, vendo através do traje, via uma cabeça de chacal sobreposta no homem, quase que como um capacete de luzes. Ele parecia maior e deixava um rastro quando se movia.

    - Você será o chacal da noite, irá caçar os servos da Deusa Esquecida e com forças iguais, acabar com Aqueles Que não Pertencem à Luz do dia.

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    Mensagem por Caelestia Dom maio 15, 2022 7:26 pm

    Douglas não era religioso, nunca fora, mas acreditava sim em “uma força maior” mesmo que não exatamente da forma com descrita em muitos textos sagrados. Contudo como historiador se sentia fascinado pela forma como as civilizações antigas se estruturaram, muitas delas em torno de uma religião politeísta como os egípcios que validavam o poder do faraó, as cheias do Nilo e amenizavam o medo da morte garantindo a existência de um pós vida através dessas muitas divindades.

    Era interessante aprender como tais crenças em divindades e mitos surgiram e o quanto elas afetavam o cotidiano das pessoas milênios atrás. Divindades essas que através de contos mostravam uma faceta muitas vezes cruel ao manipular os mortais.

    Crenças, mitos e contos... Histórias criadas para explicar o que não era passível de explicação a milênios atrás... Crenças para validar poderes que subjugavam reinos aos caprichos de um rei... Mitos sobre a criação do mundo...

    Pelo menos era o que Douglas acreditava até aquele momento e por isso mesmo cada minuto ao lado daquele homem fazia Douglas desconfiar da própria sanidade quando, naquele estacionamento vazio, ouviu ele falar sobre sua mãe ser uma mera ferramenta usada de acordo com sua necessidade e que, em breve, ele próprio também seria uma.

    Não teve tento de sentir raiva ou revolta pelas palavras. Obedecendo o movimento do homem o dia transformou-se em noite e Douglas ficou imóvel olhando para o céu escuro quando um novo movimento chamou sua atenção.

    As vestes se desprenderam do corpo do homem negro e avançaram sobre Douglas, que instintivamente fechou os olhos. O pensamento tomado pela forma estranha das vestes que, para ele, realmente não pareciam combinar com o que esperava para uma divindade antiga como Anubis.

    Sentindo-se envolvido pelo tecido que parecia aderir a sua pele, Douglas se sente diferente. Mais disposto, mais forte, ele finalmente abre os olhos e tudo a volta parece mais nítido, mas não só isso, para que tudo está mais aguçado.

    Ao olhar para si mesmo percebe que suas roupas foram substituídas por outras. Não as que o homem usava, quem sabe seguindo seus pensamentos e crenças ou talvez por algo que era esperado dele.

    Traje:

    Todo seu corpo estava enfaixado por bandagens, por cima dessas bandagens um sobretudo preto estava aberto na parte da frente do corpo deixando visível as bandagens do peito e dos braços. Uma scheti também feita por bandagens estava em torno da cintura e tinha uma ank dourada presa ao cinto, recobrindo tecido e botas pretas em suas pernas. Sobre os ombros havia um ornamento que parecia feito de ouro com uma pedra vermelha encrustada. Na mão um cetro Was cuja ponta tinha o feitio da cabeça do chacal da morte.

    Podia ver o chacal além do homem a sua frente, mas não sentiu medo. – Se isto não é uma ilusão e se a cura de minha mãe é sua oferta, eu aceito pagar o preço. Aceito ser seu caçador. – Douglas curva a cabeça em honra ao deus a sua frente. De alguma forma ele já não se sentia mais tão humano... Talvez os sentidos que pareciam aguçados já o convidassem a caçar. – Eu serei o chacal, me diga onde estão e o que preciso fazer. – Ele olha para o homem chacal a sua frente.

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    Mensagem por einherji Dom maio 15, 2022 8:50 pm

    Douglas sentia o traje vibrar em seu corpo, ansioso, quase que forçando seus movimentos. Não sabia explicar, mas era como um carro pedindo para que uma marcha mais veloz fosse passada. Talvez precisasse adequar as expectativas com suas novas habilidades.

    - Sempre é de uma forma diferente, fazem muitos anos que não tenho um avatar, mas o traje parece ter 'gostado' de você. É bom quando é alguém de mais conhecimento - ótimo toque, com o Was.

    A forma translúcida do chacal ainda envolvia o homem que havia se apresentado anteriomente. Ao mesmo tempo em que o traje um disfarce para Douglas entre Deuses, aquela carapaça era o disfarce de Anubis entre os mortais. Ele caminhou ao redor de Douglas, observando como as vestes tinham se alojado no mesmo. Por fim, estalou os dedos. A noite deixou seu rastro e o sol quente do dia tomou lugar no céu novamente. O homem perderá a forma de chacal que o envolvia e o traje de Douglas, também o deixou.

    - Isso é uma bênção, Douglas Carter. É uma centelha do meu poder. E com ele, você irá conquistar meus inimigos. Mas eu escolho um avatar por preciso dos dois lados - você terá que exercer sua influência como mortal, em alguns aspectos em que não possuo controle. Você deve ir para Meidum, ao sul de Mênfis. Na margem oeste do Nilo, a região nos dias de hoje se chama Faium. Não vamos perder tempo, você precisa entrar na pirâmide de Meidum e encerrar o ciclo da Deusa Esquecida.

    Ele estendeu a mão e do puro ar, algumas moedas de ouro caíram de sua mão, no chão.

    - Imagino que precise pegar um avisão. Isso deve pagar.

    Ouviu certo, a pronúncia foi errada, mesmo. E tão logo e tão rápido como ele apareceu, ele sumiu.
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    Mensagem por Caelestia Ter maio 17, 2022 7:34 pm

    Não era só a força ou os sentidos aguçados, havia algo a mais. Desde que disse aceitar ser o chacal sentia-se abraçado pela necessidade de ir além, de sair e caçar.

    “O chacal da noite, irá caçar os servos da Deusa Esquecida... Acabar com aqueles que não pertencem a luz do dia”.

    As palavras do homem Anúbis ecoavam em sua mente e pareciam vibrar pelo seu corpo, como se o traje sussurrasse seu propósito o impelindo a caçar todos aqueles que profanavam o sagrado descanso dos mortos, assim como os chacais do Antigo Egito guardavam as tumbas, assim como Anúbis guiava as almas, assim como agora sentia que seria ele a fazer.  

    Douglas de alguma forma sabia que algo havia mudado profundamente em si. Determinação e orgulho o preenchiam enquanto mantinha uma postura altiva conforme o Antigo Deus o rodeava aprovando o traje.

    Então, da mesma forma que se fez noite ela se foi levando consigo o traje e trazendo de volta o sol e o “vazio” da mortalidade.

    Respirando profundamente algumas vezes a fim de se recuperar da falta da sensação de poder do traje, Douglas prestava atenção as orientações do homem que o mandava ir até a pirâmide de Meidum... Na verdade Meidum não era somente uma pirâmide, mas um complexo funerário que parece ter precedido conceitos que posteriormente se tornaram comuns nas pirâmides e complexos que hoje são os mais conhecidos e visitados por turistas.

    Douglas já havia visitado o Egito algumas vezes por conta do doutorado em mitologia egípcia. Conhecia Meidum, mas não se lembrava de nenhuma Deusa Esquecida, por mais que esse nome fosse sugestivo o suficiente.

    - Eu irei mas, espera! Por que Meidum, não ha nada lá... Como irei saber o que procurar? - Douglas gostaria de perguntar mais, mas não teve tempo.  - Preciso ficar um pouco com a minha mãe... - Tão rápido quanto fez o dia substituir a noite, o homem que se apresentou como Anúbis se foi deixando um punhado de moedas de ouro ao orientar que pegasse um avião.

    Douglas era professor de história em uma renomada Universidade, não teria grandes problemas em pagar sua passagem para o Egito, embora não negasse que toda ajuda era bem vinda... Mas moedas de ouro? Sério isso? Bom, ele teria algum trabalho para conseguir um lugar que pagasse por elas o valor devido e justo, mas nada que fosse impossível de se fazer.

    Colocando as moedas no bolso Douglas suspira ao olhar de volta para o hospital.
    Sua mãe estava bem, mas em breve ele teria que deixa-la para seguir as vontades de Anubis.

    Não teria sido essa a questão que gerou toda aquela culpa? O fato de nunca estar com sua velha mãe... E agora ia ele para longe dela novamente... Respirando fundo ele aperta os punhos e volta para junto de sua mãe... Desde que ela ficasse bem, tentaria administrar da melhor forma o preço a ser pago.

    Isso e o vício causado pela falta. Falta de que? Do traje! Do poder e da força... Do ímpeto de caçar... Da forte sensação que o impelia a ir atrás daqueles que profanavam as tumbas.

    Sim, Douglas havia usado o traje apenas uma vez, mas ele queria mais. Douglas temia estar deixando de ser ele mesmo.
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    Mensagem por einherji Dom maio 22, 2022 8:49 pm

    Sua mãe parecia bem, ainda estava dormindo após a ilusão que Anúbis aplicara em sua mente. Além de claro, todo o esforço e cansaço dos últimos dias. Haviam ainda equipamentos presos à ela que faziam medições constantes, quase como se os médicos não acreditassem na recuperação milagrosa que teve e de fato, não havia lógica nisso, para eles - mas a doença existia em uma momento, e depois - não existia mais, simplesmente. Além do fato dela própria se sentir melhor, quando lhe restava apenas alguns dias de vida. De fato, a promessa e a troca tinham sido cumpridas, ela estava bem e talvez ficasse assim pelo resto de sua vida natural. Estudado, sabia que os deuses em todas as histórias tinham seus caprichos, mas até o momento, as coisas pareciam alinhadas.

    - Sr. Carter.

    Um dos enfermeiros entrou no quarto e se dirigiu ao mesmo.

    - Sua mãe está bem, mas ela precisa descansar. Aconselho que vá pra casa e descanse também. Você pode voltar amanhã, do jeito que as coisas estão indo acredito que amanhã mesmo ela já terá alta para sair com você.

    Afirmou, vendo que Douuglas estava claramente preocupado - de certo, o enfermeiro não sabia do que se tratava a preocupação de Douglas - certo que também de sua mãe, mas havia todo o encontro anterior com um Deus antigo, um traje que lhe concedia poderes, moedas de ouro e uma missão que lhe dava apenas um ponto de partida, sem detalhas.

    O enfermeiro então parou - com o olhar fixo em Douglas. Seus olhos ficaram amarelados e então tomaram uma cor âmbar.

    "Não demore, Douglas Carter."

    Sua boca se mexeu, mas não era o homem gentil que lhe falou sobre sua mãe momentos antes - conhecia o som daquela voz e era o Deus que lhe deu instruções momentos antes. Os olhos do homem voltaram ao normal e ele saiu do quarto, logo em seguida.
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    Mensagem por Caelestia Sáb maio 28, 2022 9:44 am

    Douglas estava de volta ao quarto hospitalar de sua mãe. Sentado em uma poltrona ao lado dela, as pernas um pouco abertas, os cotovelos apoiados nas coxas, enquanto mantinha as mãos cruzadas a frente do corpo que estava inclinado ele olhava a mulher dormir tranquilamente após tudo o que havia acontecido.

    Já não tinha certeza de que aconteceria, mas não podia negar que sua mente racional ainda espera de alguma forma que despertasse e descobrisse que tudo não havia passado de um sonho.

    A entrada do enfermeiro no quarto o tira de seus pensamentos e ele se levanta olha para a mãe.

    - Farei isso! – Foi a resposta seca e objetiva de Douglas a orientação de que fosse para casa descansar um pouco.

    Tudo parecia bem até que ouviu aquela voz novamente, dessa vez não através do homem negro de roupas estranhas, mas através do próprio enfermeiro parado a sua frente, o que fez com que Douglas desviasse os olhos de sua mãe para o homem apenas para encontrar nele os mesmos olhos cor de âmbar que havia visto antes.

    Quando o homem sai do quarto Douglas abre um pequeno sorriso irônico enquanto bufa. – Vou providenciar tudo para partirmos para Meidum o quanto antes. – Ele diz em voz alta imaginando que Anubis poderia ouvi-lo.

    “- Partirmos” – Terceira pessoa do plural, o que denotava mais de uma pessoa. Alguma coisa fazia Douglas crer que não faria mais nada sozinho.

    - Primeiro vamos para casa. Preciso resolver o que fazer com essas moedas e comprar a passagem. – Mais uma vez ele fala em voz alta e dizendo isso sai do quarto, indo até a recepção o andar onde sua mãe estava e pedindo que os enfermeiros a avisassem assim que acordasse que ela não precisava se preocupar, que ele estaria de volta amanhã para busca-la.

    Conforme andava, Douglas sentia o peso das moedas de ouro em seu bolso. Sim, isso era algo que precisaria resolver, mas achava relativamente fácil uma vez que haviam casas que compravam essas moedas e outros artefatos antigos, mas sobretudo ele queria voltar para casa e para o seu quarto.

    Seu quarto e sua velha estatueta de Anubis onde todo esse sonho louco começou.
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    Mensagem por einherji Seg Jun 27, 2022 10:07 pm

    O peso das moedas em seu bolso, balançando com seu caminhar eram um lembrete de tudo o que tinha acontecido naquelas útltimas horas. Era fácil aceitar de que tudo poderia ser uma alucinação, mas aquele punhado de moedas pesadas martelava sua cabeça e comprovava o que tinha acontecido, pior ainda - o fazia sentir pequeno de alguma forma, fazia-o pensar na imensidão do universo e o que era ele ali, diante de tudo o que havia de explicado e inexplicado. Ao mesmo tempo, o fazia se sentir acolhido, como quando criança - com diversas moedas no bolso e o barulho das mesmas tilintando no bolso a cada passo, pensando em como seriam gastas.

    Fora o pensamento da grandeza do universo, nada mais de 'anormal' surgiu em seu caminho até chegar em sua casa. Sua quarto estava do mesmo jeito de antes, da forma que havia deixado - contudo, a estátua estava enfaixada em gaze envelhecida e com a face voltada para a parede, diferente do posicionamento no qual havia deixado.

    De cabeça, Douglas conseguia pensar em alguns lugares que trocariam as moedas - alguns renomados, mas que iriam exigir certificados, passariam por um processo de validação e isso poderia levar alguns dias, ou semanas. Mas também, sabia de locais que normalmente não passaria perto - colecionadores. Poderiam pagar até mais pelo o que as moedas valiam de fato. Ou ainda, poderia usar a internet e anunciar e qualquer classificado. Poderia escolher um caminho para fazer aquela troca.
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    Mensagem por Caelestia Qui Set 08, 2022 9:43 pm

    Douglas para a porta do quarto observando todo o lugar. Nada parecia fora de ordem a exceção da sua estatueta de Anúbis.

    - Hun... Por que será? - Ele diz de forma irônica ao torcer a boca e finalmente entrar no quarto, caminhando até a mesa de estudos.

    Ele suspira fundo e coloca uma das mãos nos bolsos, pegando as moedas que aperta com força antes de puxa-las para fora do bolso e coloca-las sobre a mesa. Ele observa o metal dourado e pega uma das moedas, aproximando de seu rosto, admirando os detalhes.

    -Sem dúvida deve valer o suficiente para custear a viagem, mas não acha que seria mais prático oferecer a moeda corrente desta época? – Douglas diz em voz alta, de certa forma ainda se achando louco por estar falando com um antigo Deus dos Mortos.

    Nesse momento ele balança a cabeça, olhando para as prateleiras dispostas a meia altura sobre a mesa de estudo e seu olhar para a estatueta de Anúbis. – O coração em contrapeso a pena... Tudo indica que eu falhei no meu primeiro teste, então entenda que estou cético em conseguir trocar estas moedas da forma mais lícita... Contudo estou disposto a tentar. – Ele continua falando não só consigo mesmo, mas com a força invisível que ele “acreditava” que o observava.

    Se acomodando em frente a mesa de estudos ele liga o computador e faz uma rápida procura por casas de penhores que trabalhavam com antiquários, selecionando uma de maior porte por imaginar que naquela haveriam mais recursos disponíveis para pagá-lo, já traçando um plano do que e como teria que fazer para concluir a venda das peças da forma mais segura e rápida possível.

    - Bem, espero que essa seja uma forma fácil de resolvermos isso. – Mais uma vez levantando os olhos para a estatueta, franzindo a testa, Douglas estica a mão com alguma relutância. – Não entendo por que disso. Mas espero não estar fazendo nada de errado. – Pegando a estatueta Douglas a vira de frente, na posição em que estava originalmente, mas sem retirar as bandagens. – Que se cumpra o Karma e que ele esteja a nosso favor. – Ele faz uma breve reverencia a estatueta.
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