por Zireael Seg Set 12, 2022 5:37 pm
(mestre, me desculpe a ignorância, é que eu sou bem poia em regras, então, vou descrever o que quero usar e se for pertinente, okay, senão, só ignora hahahaha)
Liam lutou para não usar seus dons divinos para aumentar aquela salva de palmas que era destinado a ele. Seu sorriso bonito devia brilhar mais ainda sob os holofotes, o anjo pensava. Era fácil perder-se no torpor, naquela sensação de peito cheio que o amor – mesmo um amor puramente baseado em uma idealização – poderia trazer. A plateia o amava, e Liam sabia disso.
Entretanto....
Liam conteve-se e sentiu, logo em seguida, o peito afundar. Pecava contra a humildade que jurara preservar e fazer com que humanos tivessem. Respirando fundo, ele emendou seu discurso e prestava atenção em Bufão. Com os olhos treinados, sabia que o homem, em sua pequeneza, sentia o mesmo que ele. E Liam sentiu uma pontada de orgulho: como um anjo poderia sentir a mesma coisa que um mortal? Era quase como.... Rebaixar-se.
Mas o show deveria continuar. Ele deixou Bufão falar, sempre com um sorriso no rosto. Liam reconhecia muito bem aquele sentimento. Lutou para manter-se focado.
- Não perdermos nada quando somos nós mesmos. É isso que esperam de nós.
E ele focou em “esperam”, querendo dizer que quem esperava isso era ninguém mais, ninguém menos que Deus e seu infinito amor.
E novamente, Bufão continuou seu discurso. Enquanto ele falava Liam observava sua plateia de canto de olhos, mas sua atenção estava ainda em Bufão. Sabia que a vaidade dos homens era uma cobra que apertava seu coração e os faria dar o bote se se sentissem desprezados.
- Hmmm...São pontos interessantes a serem levantados.
Liam recostou-se na cadeira, pensando no que Bufão acabara de dizer. Levou um dedo até o lábio e, sem deixar-se intimidar pelas palavras de Bufão, continuou.
- Acredito sim que existam, infelizmente, pessoas como o senhor descreveu: que gostam de sentir que outros estão na pior. Que gostam de ver que não são os únicos que parecem perecer sob um destino tão cruel que pensam não haver alguém olhando por elas.
Ele sorriu para Bufão.
- Mas acredite, senhor Bufão, há sempre alguém olhando por elas, por mais injusto que possa parecer. O problema é que, ás vezes, escolhemos nos prender aos detalhes que nos fazem sofrer. Enquanto outros tentam fazer o melhor jogo com as cartas que têm nas mãos.
E ele olhou para a plateia, como se estivesse dando um conselho.
- Veja o senhor agora. Está aqui, vivendo um “sonho”, como o senhor mesmo disse. Por que não mostrar aos outros que, por piores que as circunstâncias sejam, há como realizarmos um sonho?
E as palavras de Liam pareciam retorcer a música celeste, como se entrasse na cabeça de Bufão entoando notas musicais que eram fáceis de decorar e difíceis de esquecer. (Não sei se é válido, mas estou usando aqui o encanto, versão etérea.)
Liam suspirou, continuando.
- Uma vez li uma frase que me marcou, senhor Bufão. A maior vingança que damos aos nossos inimigos é não ser como eles. Apesar de não gostar dessa palavra, vingança, acho que é uma lição boa. O que acha?
Liam buscava fazer o homem ver o outro lado da situação. Sabia que existia a imundice no mundo, mas erguer-se dela era questão e escolha. E Bufão tinha essa escolha. Ele apenas precisava enxergar isso.