Assim que tivesse um tempo livre, Aisha ia abordar Thea em particular.
- Thea, se importa de explicar por que escolheu esse nome para a nossa matilha? Qual o significado dele? O que ele deveria dizer sobre nós para os outros garous da seita?
Mote: Faça o que desejar, sem a ninguém prejudicar!
Itens Carregados: Smartphone, Vírus de Hardware, bolsa, óculos, kit de maquiagem (primer, pó facial, blush, delineador, mascara de cílios, batom e gloss), caderno de anotações, caneta, notebook, máquina fotográfica, pendrives, HDs externos, cartões de memória, cabos USB, mochila, algumas mudas de roupas.
Vestimentas: Top cropped manga curta cinza, short fitness cinza com estampa branca, meias ⅞ cinzas com listras brancas, acessórios.
Estava espreguiçando na cadeira quando fui abordada pela japa. E ri sem jeito diante de seus questionamentos.
- Na verdade fui pega de surpresa naquela hora. Mas, confesso que não foi minha primeira escolha. Eu queria Patinhas Carinhosas. Só que achei que não nos levariam a serio. Então tive que pensar rápido. - Recosto na cadeira suspirando. - Nattens Vævere. - Olho para Aisha. - Em dinamarquês soa mais legal.
Levanto-me da cadeira e pego minha caneca e sigo em direção a pia.
- Por ora não é para dizer nada aos outros garous. - Digo enquanto lavo a caneca. - Mas como o nome sugere e como Rudá deixou bem claro. somos aqueles que na calada da noite tecerão o futuro do Japi. - Volto-me para Aisha secando a caneca. - Você vai ver, japinha. Quando salvarmos a porra toda, seremos a próxima matilha a ir para Amazônia.
Guardo a caneca no armário e sigo até Aisha enlaçando-a com meu braço.
- Que tal a senhorita me treinar? Não sou muito boa em corridas. - Sorrio gentilmente para Aisha. - Sei que seu lance é o espiritual e talz. Mas, quem sabe uma dica ou duas? Já praticou yoga? Yoga tem tudo a ver com você. O que acha?
Aisha ouvia as explicações de Thea com uma face humilde e impassível.
O abraço dela pegou a theurge de surpresa, e Aisha tentou retribuir desajeitadamente, já que era bem mais baixa que a dinamarquesa.
Recuperando sua postura, Aisha respondeu:
- Sim, eu pratico muito yoga, e também meditação, duas coisas que aprendi na Índia para manter a mente serena. Posso te ensinar sobre isso. Mas corrida é apenas treino físico, que você mesma pode fazer sozinha; correr na forma de lobo não é um hábito muito comum entre a sua tribo, mas um andarilho do asfalto que reforce sua ligação com seu lado lupino ganharia uma grande vantagem...
Aisha também gostava de chá, e no Japão tinha até feito várias vezes a Cerimônia do Chá, mas naquele momento queria manter sua mente concentrada.
- Sobre o nome da nossa matilha, espero que sua inspiraçãao se prove verdadeira. Embora seja nosso dever proteger Gaia, talvez seja mais difícil salvaguardar o Castelo das Águas, e nossa ida para a Amazônia pode demorar mais do que você imagina... ou talvez a gente nunca vá para lá. Há muito a fazer em todos os lugares.
Aisha sabia que estava na Umbra, em algum ponto da Penumbra sob o bangalô da divisa do caer Castelo das Águas, mas não se lembrava de como chegara ali.
Com sua vivência no Oriente, ela aprendera a unir sensação e racionalização, pois as percepções dos sentidos eram apenas mais informações que deviam ser corretamente analisadas para indicar o Caminho correto.
Estrela Fantasma observava as paisagens umbrais, tentando determinar porque chegara àquele lugar, pois todas as coisas tinham propósito, mesmo as que ocorriam aleatoriamente. A natureza preservada da divisa era espelhada na Penumbra, e ela conseguia trilhar sendas para vários pontos do caern.
Inserida na jornada umbral ou onírica, pois ela mesma ainda não determinara a verdadeira natureza da vivência que experimentava, a theurge seguiu instintivamente para o centro do caern, onde se dera a reunião com os outros membros da seita. Ela tinha uma boa noção de navegação espacial, e localizar-se naquele ambiente selvagem, fosse selvagem ou sonhático, não era um desafio além das capacidades da portadora da luz interior.
Num ponto específico não-definido no tempo e espaço, Aisha Akemi Shü-Lán Mizuno Zhang avistou um unicórnio. Ao primeiro movimento e som produzidos pelo cavalo mágico de um chifre só, Estrela Fantasma sabia que ele era um espírito, então soube que estava na Umbra.
- Saudações, honorável espírito-Unicórnio! A Mãe Gaia guiou-me até você com um propósito. Sabe qual é?
A voz espiritual do equino espiritual soou em resposta à ela, com palavras na língua dos espíritos na qual ela era fluente:
- Você não é uma theurge com as qualificações que a missão que você assumiu exige. Sabe quais são?
Aisha adotou uma postura meditativa diante do Unicórnio, ponderando sobre o enigma proposto pelo Unicórnio. O espírito ficou diante dela aguardando que ela encontrasse a resposta da questão.
Finalmente, ela abriu seus olhos e disse:
- Eu devo ser capaz de identificar os sinais da Corruptora para poder combatê-la. O dom Sentir a Wyrm seria um presente de Gaia que eu muito estimaria.
A resposta do Unicórnio veio numa nova pergunta:
- Os lobos que correm solitários conseguem alguma vitória?
Aisha foi pega de surpresa e respondeu rapidamente:
- Não...
Ela se pôs a pensar novamente, meditando na solução do enigma proposto pelo Unicórnio.
Finalmente, ela falou lentamente:
- Eu agora tenho uma matilha. Não os conheço bem, nem sei do que são capazes... mas preciso pensar em formas de ajudá-los como me for possível... Eles parecem guerreiros poderosos e aguerridos, mas mesmo que lutem melhor do que eu... tem de haver algo que eu possa fazer para ajudá-los...
O raciocínio dela se desenvolvia enquanto o Unicórnio a observava. Aisha continuou rumo à iluminação:
- Um guerreiro pode vencer se mantiver sua vida por mais tempo do que a de seu inimigo... Para garantir que eles consigam, eu preciso ser capaz de manter a vida deles durante as batalhas... É por isso que Gaia me guiou até um Unicórnio, não é? Só os espíritos Unicórnio podem ensinar o dom Toque da Mãe, capaz de curar qualquer ferimento que eles sofram.
O Unicórnio relinchou no que pareceu um sorriso de aprovação. Aisha curvou-se com os joelhos e mãos no chão, numa postura de súplica, e então disse:
- Por favor, honorável Unicórnio, me ensine o que necessito saber!
O espírito equino curvou sua cabeça e Aisha entendeu instintivamente o que ele queria.
Com um movimento fluído, ela montou no dorso do animal, que empinou-se com ela abraçada em seu pescoço e disparou numa cavalgada rápida e suave, como se deslizasse sobre o chão. Naqueles momentos, Aisha estava unida ao espírito do Unicórnio, e os conhecimentos místicos dele eram compartilhados com ela, transmitindo-lhe as diretrizes necessárias para dominar o uso dos dons que ela desejava aprender.
Quando ele chegou ao bangalô, Aisha desmontou e fez uma saudação saikeirei para o espírito, agradecendo-lhe sem palavras.
Em despedida, o Unicórnio disse:
- Logo chegará a hora em que você deverá decidir sua aliança com um totem, theurge. Escolha sabiamente.
Enquanto o Unicórnio sumia na distância, Aisha deslizava involuntariamente para fora do sonho umbral, deitada babando sobre o peito da andarilha do asfalto, acordando com o movimento de Thea na cama do bangalô.