Gosto de começar as aventuras com uma seção zero, um momento antes do jogo para falarmos do cenário e jogadores. Vou começar com um resumo, que coloquei antes mas vou ver se detalho mais para quem não estava na última mesa, ou mesmo para quem estava, pois íamos terminar com uma missão que não aconteceu e agora recomeçaremos depois desta missão que era a recuperação do porto.
Depois vou deixar cada um falar um pouco do personagem e qual importância teve esta recuperação do porto para o personagem.
Isto pode ser legal até para quem ainda está pensando no personagem, pois pode dar ideias sobre o mundo que normalmente faltam nos resumos mais técnicos, e tem jogador que gosta desta proposta só pela curiosidade ou mesmo pela chance da zoeira.
As 4 primeiras perguntas os jogadores podem fazer sobre a cidade, se todos curtirem a proposta faremos outra rodada com perguntas sobre o continente, sobre deuses, e assim vai. Então quem quiser ir lá conferir, é só ver o tópico "4 COISAS SOBRE".
Nosso planeta chama-se AKAŜA, e muita coisa já foi bem diferente do que é hoje. Alguns eventos só conhecemos nos livros, outros, apesar de terem acontecido antes de nascermos, ainda estão nos influenciando.
Tudo começa com duas deusas: JARA e ANĜELINA (a pronúcia é: Iára e Andjelina, em Akaŝa muitos nomes com J se pronuncia I e o Ĝ pronuncia-se sempre DJ)
Ninguém sabe quais as motivações levaram as deusas a criar vida em Akaŝa, embora existam arrogantes com esta pretensão, de conhecer até as motivações dos deuses, mas fato é que, antes de haver vida aqui, as deusas existiam, eram irmãs gêmeas, e um dia, começaram a criar vida no planeta.
Anĝelina começou pelas aves, Jara pelas criaturas aquáticas, cada uma criou uma série de plantas e animais diversos e o planeta foi criando forma.
As duas deusas-mães são sempre retratadas não apenas com uma beleza desmedida, mas também com uma personalidade doce, alegre, maternal, etc. Mas mesmo as deusas tem seus dias ruins, e nem sempre as deusas-mães concordavam com o que a irmã fazia. E quando uma deusa tem um dia ruim, todos têm um dia ruim.
Depois de criar vários tipos de bestas, sabe-se que Jara criou os sirenos (que muito frequentemente nos referimos como "as sereias" pois a deusa das águas refere às suas criaturas no feminino, e também porque o número de tritões é dez vezes inferior ao número de sereias), não foi nem sua primeira, nem última criação, mas certamente foi a sua preferida.
Por muito tempo, sereias e centauros eram as únicas raças superiores de Akaŝa. Não sabemos qual das duas deusas-mães criou os centauros, e nem se foram criados antes ou depois das sereias, mas sabemos que são as raças superiores mais antigas.
Nesta época não existiam continentes como os que temos agora, e mesmo a física do planeta era diferente, permitindo que navios pudessem voar, rios corressem montanha acima... Com o tempo, os humanos também apareceram, e novamente não sabemos qual das duas deusas foi responsável pela criação desta raça superior.
Vez ou outra o Plano Material era "perturbado" por uma ameaça intrusa, algo que certamente não foi criado nem por Jara e nem por Anĝelina. Algo que ninguém sabe como ou porque existe, e nem se a primeira aparição se deu antes ou depois dos humanos. Esta "coisa" eram os demônios.
Os demônios são seres espirituais, ou seja: são formados mais de fluídos espirituais do que materiais, diferente dos humanos, centauros e sereias. Dos relatos mais antigos que temos sobre demônios, inicialmente eram vistos apenas como incômodos, aberrações da existência que não deveriam existir e que deveriam simplesmente ser devolvidos do lugar onde vieram. Mesmo sendo formados principalmente de fluídos espirituais, uma vez no Plano Material, demônios passam a sofrer as mesmas leis físicas de qualquer criatura, e podem ser mortos por qualquer meio que destrua seus corpos ou desligue seus fios-prateados: queimados, enforcados, afogados, envenenados... e uma vez morto no Plano Material, o espírito do demônio volta para os Infernos, de onde veio.
Os primeiros demônios eram fracos, e não foi difícil para as demais raças superiores acabarem com eles, e por milênios eles apareciam e eram caçados sem trazer maiores problemas para o Plano Material. Mas sabe-se que muitos humanos foram tentados a ajudar os demônios, em troca de poder mágico ou espiritual. Com o passar dos milênios cada vez mais demônios permaneciam neste Plano por um tempo maior, embora ainda fossem caçados e mortos, o tempo que ficavam aqui iam corrompendo os humanos e trazendo para o mundo uma aberração mágica: a mana negra. Quanto mais corrompido o ambiente ficava, mais fácil era para demônios invadir Akaŝa e corromper ainda mais.
Então, depois de alguns milênios sem se importar muito com o incômodo da aberração que aparecia em Akaŝa, um dia Anĝelina resolveu tomar uma atitude e, baseada nos humanos, criou uma nova criatura, muito melhor, com fluídos espirituais mais puros que se contrapusesse os seres espirituais de fluídos densos, e assim surgiram os anjos. A criação preferida de Anĝelina.
Os anjos caçavam os demônios com muito mais eficiência, mas sua função não era apenas esta, era também influenciar positivamente as demais raças para voltarem ao bom caminho.
Muitos humanos sentiram inveja dos anjos, por terem sido criados como algo melhor do que eles próprios, e se recusavam a aceitar a Sagrada Conduta, mas a maioria aceitou-os como representantes da vontade divina da deusa. Centauros também se davam relativamente bem com os anjos, só as sereias, cuja personalidade parecia muito mais com Jara, não davam tanta importância para o que os anjos pregavam, embora também não se colocassem como suas inimigas.
Acelerando no tempo, certo dia encontraremos Anĝelina resolvendo não apenas criar, mas gerar ela mesma um filho. Novamente não vou especular sobre motivações das deusas.
Anĝelina engravidou a si mesma e gerou Piro. Com o nascimento deste novo deus, toda Akaŝa se modificou: uma nova constelação (Aranha) surgiu no céu, a temperatura aumentou e terras emergiram criando um continente (até então Akaŝa era formada apenas por ilhas), e pelos próximos anos várias outras ilhas se juntariam para formar um segundo continente (Ajros).
Prevendo que este evento poderia comprometer o equilíbrio do mundo, Jara também resolveu gerar um filho: Tamuz.
Novamente o planeta se modificou, o continente Gaja (a pronúncia é Gaia) emergiu dos mares, o ano passou ter estações definidas, etc.
À medida que os deuses iam crescendo, divergências iam surgindo. À medida que divergências entre os deuses surgiam, hostilidades entre seus devotos iam aumentando. Para evitar grandes guerras, devotos de cada deus procuravam viver no continente onde seu deus era mais adorado.
De todos os deuses, Piro sempre foi o mais polêmico (para dizer o mínimo). Estas polêmicas causam problemas até para os seus sacerdotes, que se veem obrigados a explicar ações paradoxais de seu deus.
Por volta do ano 600 jP a doutrina de Piro já se afastava perigosamente da doutrina de sua mãe, A Sagrada Conduta. A Escola Atemense, que reunia devotos de Anĝelina e Piro e foi a mais importante do mundo, dava indícios de desgaste.
Num dia do mês do Lagarto deste mesmo ano, Piro estava questionando seus sacerdotes, algo que ele faz de tempo em tempos. Segundo boatos, A Primeira Mulher teria instigado seu esposo sobre como fazer justiça aos demônios que não paravam de escapar para o Plano Material, mesmo sendo sempre mandados de volta aos infernos.
Neste dia os maiores especialistas, sábios e/ou religiosos foram reunidos e se deu algo que não sei se classifico como julgamento ou desafio, mas a questão é que, pela primeira vez na história de Akaŝa, Piro permitia que alguém (no caso a Primeira Mulher) falasse em nome dos demônios para um grande conselho.
Que os demônios representam o que há de pior no mundo: ódio, inveja, luxúria, sede de sangue e poder, nunca foi algo questionado por ser óbvio, mas a questão que deixou o conselho desconcertado foi: "não têm os humanos, e mesmo outras raças superiores, os mesmos defeitos?"
Como Piro não recebeu uma resposta que considerasse digna, ele fez algo até então impensável: pegou um papel laranja e lavrou um termo de cidadania para um demônio. Segundo o documento, se o demônio em questão fosse capaz de agir igual um humano na sociedade, ele teria o mesmo direito de um humano na sociedade.
Isto desagradou a muitos, principalmente aos anjos e devotos mais fervorosos de Anĝelina que já não estavam "satisfeitos" com as atitudes demonstradas pelo filho de Deusa Virgem. Devotos de Jara também ficaram escandalizados, mas nem eles conseguiram responder à pergunta espinhosa que Piro tinha lançado nem aos argumentos usados pela Primeira Mulher. Os devotos de Tamuz já odiavam Piro mesmo, então para eles não mudou muito, era só mais uma prova que Piro era louco.
Porém ainda tiveram muitos que viram certa racionalidade no desafio. O demônio ainda poderia falhar miseravelmente e mostrar aos sábios o argumento que eles não viram na hora.
Porém, desde então um número cada vez maior de demônios que conseguiram escapar dos infernos rogava pela chance de ter os papeis laranja da cidadania, e embora muitos tenham se mostrado indignos e devolvidos aos Infernos, até hoje nenhum conselho conseguiu invalidar a cidadania para todos os demônios, e eles acabaram começando a fazer parte da sociedade de Fajr-Regno.
E, para piorar, pois sempre se pode piorar, não demorou para que o próprio Piro começasse manter relacionamentos íntimos com algumas demônios. Alguns humanos, que sempre faziam isto da forma mais velada possível também foram aos poucos "aceitando" o relacionamento entre as raças.
Adiantando novamente no tempo para pular eventos secundários. Piro está agora com 1307 anos, estamos no fatídico dia 7 do mês do Rato, que será conhecido como o Ragnarök, A Grande Destruição.
Os detalhes deixarei para outro historiador, mas o que costumam dizer é que Piro não tinha intenção de destruir o mundo, mas devido uma irresponsabilidade sua, quase o fez. Estando no meio de Dolĉamaro (a pronúncia é Dol-tcha-má-ro, um dos grandes oceanos de Akaŝa) Piro liberou sua energia mágica sobre as águas. O problema e que a energia mágica de um deus é muita energia.
Por mais que Piro quisesse interferir apenas numa pequena e desabitada parte do oceano, isto gerou uma reação em cadeia que nem mesmo ele foi capaz de deter, e os outros deuses tiveram dificuldade de conter.
Deslocando as águas, tsunamis foram propagados, mas o deslocamento das águas gerou deslocamento do ar, que gerou furacões, a energia abalou os mares que por sua vez abalou os continentes, causando terremotos. Vendo a besteira que fez, um segundo depois de expandir sua energia mágica ao limite, Piro tento implodir esta energia, mas ela já lhe escapava ao controle. Os movimentos mágicos de expansão e implosão geraram movimentos análogos em toda matéria a volta, fazendo com que um enorme "rasgo" acontecesse nos dois planos, este rasgo é visto ainda hoje pela sinuosidade do Rio da Serpente, na Ilha dos Exilados, que é onde aconteceu o epicentro do Ragnarök.
Cidades em todos os continentes foram destruídas, os cataclismos, sejam tsunamis, furacões, terremotos ou outros se tornaram frequentes por anos, e além deles surgiram as aberrações mágicas como rupturas e disrupturas de mana, que destruíam e modificavam toda a natureza em volta.
Portais planares começaram aparecer como nunca antes, permitindo que algumas hordas de demônios invadissem o Plano Material, por décadas o mundo inteiro se transformou numa terra sem lei.
No ano 1328 jP começaram as Guerras de Reconquista, onde cada país tentou reconquistar as terras que possuía antes do dia da destruição. Estas guerras se estenderam por cem anos.
UFA, chegamos aos dias atuais! O ano é 1428 jP e vocês estão em Heséd, uma cidade de Fajr-Regno.
Por décadas Heséd é ocupada pelo exército de Gaja, maiores inimigos dos fajrenses. Mas a pobreza e cansaço da guerra atinge todos, invadidos e invasores. Todos os exércitos estão exaustos e anseiam pelo fim da guerra, embora nenhum pense em desistir.
Ao lado do exército de Gaja se encontram também pessoas de Ajros que, devido o ódio contra Piro, que traiu Anĝelina, deu direitos aos demônios e quase destruiu Akaŝa, se aliaram ao inimigo para destruir os devotos de Piro. Entre estes ajrenses estão inclusive grupos de anjos, raça muito rara de se ver no continente de Fajr-Regno, que pregavam que a destruição de Fajr-Regno era justa, para pagar os crimes de Piro.
O exército de Fajr-Regno se juntou à Cour des Miracles (escola de magia negra e magia do fogo) e com a Escola Izete (grupo que é devoto das deusa Jara e de Piro) para retomar a cidade. O ponto mais emblemático foi a reconquista do porto, pois era o ponto mais afastado da cidade, e, com ele, Heséd volta a ser de Fajr-Regno.
Vocês estavam presentes neste dia, e foi um dia atípico de tudo que pensarem. Da guerra já estavam acostumados, afinal ela começou antes mesmo de vocês nascerem (ou a maioria, pelo menos), mas era a primeira vez que viam anjos envolvidos na guerra. Mais estranho ainda é que uma delas estava do lado de vocês, e ainda mais estranho que isto é que a anjo lutava ao lado de demônios.
Hoje estamos no ano de 1429 jP, poucos meses depois da retomada de Heséd. Vocês ficaram sabendo que, ao mesmo tempo que recuperavam Heséd, Burnabad (capital de Fajr-Regno) também era reconquistada. Ao que parece TODAS as Guerras de Reconquista tinham terminado. Um sonho que muitos nasceram e morreram sem ver, mas talvez se tornasse realidade para vocês (alguns ainda estavam incrédulos quanto ao fim das Guerras de Reconquista).
Segundo boato, até Piro deu o sangue para que esta guerra terminasse. Não no sentido figurado, mas foi oferecido a importantes personalidades de Gaja, inimigos ferrenhos de Fajr-Regno, alguns artefatos que supostamente continham alguns litros de sangue de Piro e de seus filhos a título de reparação pela guerra. Se poucas gotas do sangue de um deus já fazem um artefato ser extremamente cobiçado, alguns litros não teriam preço calculável. Mas como disse, já apenas boatos...
Faz alguns meses que vocês vivem esta nova realidade, um período de paz aparente, e o inverno está chegando. Não que isto seja ruim, pois em Fajr-Regno o ano é insuportavelmente quente a maior parte do tempo e Heséd é uma cidade fundada ao lado de um deserto.
Pois bem, agora cada um pode falar um pouco do personagem, como foi a retomada do porto de Heséd, como tem vivido estes meses tranquilos, etc.