Negócios Inacabados

Por um instante assustador, Darius percebe que havia cometido um erro. O sistema de teleporte havia sido desenvolvido para uso pessoal e ele nunca havia tentado transportar outra pessoa. Seria uma questão de massa? O stress de ser atacado interferiu? Talvez e eram hipóteses que ele simularia assim que possível, para tentar compensar qualquer futuro problema, mas de imediato, ele permitiu que o co-processador do sistema do teleporte realocasse parte da carga de trabalho em seu subconsciente para completar a tarefa e um instante depois o teleporte se ativa e ele se vê pairando sobre o deserto, com Namor começando a cair logo depois.

Aproveitando a vantagem, ele ativa a endo-estrutura da armadura novamente, dessa vez montando o "plasma caster" como havia apelidado e dispara contra Namor uma rajada de plasma branco-azulada, que explodiria ao impacto. Apenas uma forma de mostrar ao vândalo submarino sua apreciação pela tentativa de assassinato anterior.

Off: Devido sua falha você pode agredir ainda mais o Namor e ganhar um ponto heróico devido sua complicação nesse turno se você quiser.

Apesar de nunca ter estudado psicologia de forma metódica, Darius, como todo mundo já havia ouvido falar sobre as reações da mente (e do corpo) à raiva extrema: gritos e urros, mãos trêmulas, suor, enxergar tudo em tons de vermelho... Ele já havia se perguntado se seria capaz de sentir isso - essas reações mais animalescas que humanas. E agora ele tinha a resposta: não.

Ele não exibia nenhuma dessas reações. Ao invés disso, o que ele sente, a parte mais racional de sua mente - agora em segundo plano - percebe, é uma necessidade de retribuição. Um ímpeto de dar àquele hooligan um pouco da violência descerebrada que ele se sentia tão à vontade em espalhar. E essa parte racional não conseguia encontrar um argumento para negar esses impulsos, muito pelo contrário, trabalhava ativamente para oferecer a solução de disparo mais eficiente para aquela situação: outro disparo de plasma.

E, já estando com a arma pronta, Sentinela não tem maiores problemas em tentar o disparo, enquanto Darius se mantém absolutamente calado.

Off: Estou aceitando o ponto extra (e torcendo pra não me arrepender muito disso depois...).

Ver Namor naquela situação faz Darius se impor mais algum tempo de reflexão, enquanto desce até estar mais próximo de seu inimigo.

O que ele estava prestes a fazer era o certo? E, em caso positivo, era o melhor, não para ele - que a essa altura tinha confiança de que poderia se preparar melhor da próxima vez e estar pronto para o Lobo do Mar - mas para o mundo, como um todo?

Quando estava a poucos metros do chão, ele já tinha uma resposta. E seu lado mais emocional, que ele novamente permite começar a aflorar, embora lentamente, concordava.

Quando estava perto o bastante para ser ouvido, ele finalmente fala com Namor:

- Eu não sei se você consegue me ouvir - ou se isso faz diferença agora. Seja como for, eu quero que você saiba que eu não sinto prazer nisso, mas a verdade é que quanto mais eu penso nas consequências de deixar você vivo, mais fica claro que o mundo vai acabar sendo mais prejudicado que beneficiado pela sua existência. Se servir de consolo, não pretendo te fazer sofrer mais. Você realmente deveria ter aproveitado a chance que eu te dei.

Descrição de violência/execução.:

Ele então olha para Namor mais uma vez e enquanto pensa no que fazer a partir daí, não consegue deixar de sentir culpa pelo que tinha feito - mesmo que racionalmente pudesse defender suas ações.

PS.: Não sei se seria necessário ou não esconder a descrição da execução do Namor - não tem gore nem nada do tipo, mas ainda é um ataque contra um inimigo indefeso.

Conforme a raiva se esvai, Darius se pega contemplando o corpo de Namor e o que ele havia feito.

Apesar de não ser religioso, nem sentir qualquer apego ao mercenário que matara, ele não conseguia tolerar a ideia de deixá-lo abandonado naquele deserto. Também não sabia se Namor tinha alguma família para quem pudesse devolver o corpo, então decide que ele mesmo faria uma cerimônia fúnebre, de certa maneira. E o primeiro passo era manipular a massa de areia vitrificada ainda derretida, formando uma espécie de caixão selado hermeticamente - o que ele faz utilizando novamente sua telecinese.

Depois de ter feito isso, carrega o caixão, ainda improvisado para uma área vazia, longe de onde a luta havia ocorrido e o enterra provisoriamente ali, para que o vidro pudesse esfriar lentamente e assim manter sua forma, sem trincar ou se deformar - e principalmente, sem pistas, para que ninguém o descobrisse e profanasse. Mais tarde ele faria os cálculos apropriados sobre qual o tempo necessário para o resfriamento completo até que ele pudesse manipular o caixão e esculpi-lo em sua forma final. Por hora, só deixa um ping com a geolocalização exata, para que pudesse recuperá-lo mais tarde.

Uma vez terminado o sepultamento provisório de Namor, ainda com sua decisão pesando sobre ele, como uma pedra acorrentada em seu pescoço, Darius permaneceu por algum tempo em pé, como se estivesse velando seu inimigo, mas então se lembra que ainda havia trabalho a ser feito.

Vanko e seja lá quem fosse aquele homem usando o nome de Scherck - sem falar de toda aquela situação com a Ace, que nem de longe era tão simples quanto parecia, num primeiro olhar.

Era hora de deixar seus sentimentos de lado e começar a trabalhar. Ele se seu mais um momento, antes de comandar sentinela a voar em direção ao litoral e então voltar para a Ace, voando o mais baixo possível. Queria chegar lá o quanto antes, mas não pretendia forçar o sistema de teleporte desnecessariamente antes de poder testá-lo.

Off:

Apesar do tempo precioso gasto em vôo, o risco de sobrecarregar um sistema integrado a seu corpo não parecia não valer a pena. E ele ter a chance de se acalmar, criar um senso de distanciamento entre a luta contra Namor e a tarefa à frente, então o meio de transporte mais lento não poderia ser considerado como um desperdício.

Além disso, no mínimo Zero estava usando bem o tempo na busca por informações a respeito de Schreck. A inteligência artificial logo deveria ter os dados prontos para serem acessados e, junto com as informações que ele já tinha - e a pressão que ele mesmo poderia exercer em sua identidade pública - Darius previa que Shreck (ou seu sósia) estava para ter dias bem pouco divertidos no futuro próximo.

Na Ace, a situação era tensa, mas numa leitura rápida feita na chegada, não parecia haver risco imediato de violência.

Depois de pairar por alguns segundos, avaliando a situação, ele se interpõe entre os policiais que pareciam querer entrar e a porta, pairando a alguns centímetros do chão e diz, disfarçando sua voz com um sintetizador:

- Recomendo que vocês não entrem sem equipamento de proteção. Houve ao menos uma explosão do lado de dentro, não pude avaliar quais substâncias poderiam ter vazado.

Em seguida, ainda pairando, passa pela porta, sem mais explicações, de forma que ficasse claro que apesar da recomendação, não pretendia tentar impedir a entrada deles, segue o mais rápido que pudesse para dentro da Ace.