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    Cruzada Prateada

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    Cruzada Prateada Empty Cruzada Prateada

    Mensagem por Wordspinner Ter Jul 25, 2023 4:14 pm



    Os três grupos da caçada se juntam sobre a neve inesperada que enchia o chão em todas as direções. A estrada era um fio inconstante de luz em um mar de escuridão. A lua não aparecia no céu. As respirações formavam nevoas congeladas no ar. Os pés esmagavam os cristais de gelo frescos que afundavam muito. Os pés gelados mesmo dentro de botas boas. O ronco dos trovões distantes. As luzes de Dover a distância. O Mar longe demais para ser ouvido, mas o vento que vinha dele trazia o seu cheiro mesmo no frio congelante.

    Os carros tinham ficado para trás cheios de tudo que alguém pudesse imaginar que fosse útil. Parentes tinham ficado para trás dentro deles. Alguns urathas os assistiam enquanto os grupos iam até os forasteiros. Quatro dos que caçam nas sombras já tinham o ritual preparado, um deles entoava palavras na primeira língua. Os outros três ensinam rapidamente o que cada uratha devia fazer. Era da natureza daqueles reunidos serem parte dos rituais.

    A escuridão em volta deles fervia com terror. Os espaços entre os pensamentos eram tão escuros quanto o espaço entre as estrelas seriam. Dúvidas se espremiam entre as inseguranças. "Quantos vão morrer?" O irmão ao seu lado parecia procurar a mesma coisa. "Quem vai voltar?" Cada face ali queria retornar para aqueles que amavam. "Quem vai vencer?" Será que os outros tinham se planejado para a derrota deles? Iriam ficar? Fugir? "Quantas coisas iriam lutar junto com os puros?" As imagens de horrores sem nomes se formavam um atrás do outro. Dúvidas.

    Além do que os olhos podiam ver era escuridão e medo.

    Cruzada Prateada N10






    As alcateias tem os últimos momentos para se despedir dos seus guerreiros enquanto cada um deles toma seu lugar no ritual. Cada abraço pode ser o ultimo. Cada separação permanente. O vento uivava entre eles espalhando frio. Úmido e congelante. Lagrimas e sorrisos queimavam rostos hesitantes ou completamente entregues. As emoções cordas retesadas entre eles vibrando com emoções grande demais para um corpo só.

    O uivo dos lobos corta a noite e os urathas correm deixando marcas na neve. O espaço distorcido entre cada passo que levantava gelo. Um risco que todos tomavam juntos. Uma fila de carne e fúria levantando neve até os guias se separarem. Os grupos se separarem. Os músculos queimam com o esforço. As pedras escorregadias escondem quedas fatais. Quedas capazes de moer ossos e separas espinhas como uma criança descuidada despedaça um peixe bem cozido.

    As luzes de Sparhall estão a frente dos olhos. A cidade distante com suas luzes fortes de aparência quente. Mais uma mentira daquela noite cheia de véus. Espelho e fumaça. Sombras longas e profundas. O outro lado agitado em uma guerra de proporções inesperadas. Caos estremecia a Sombra. Antecipação do que ainda estava por vir no mundo da carne.

    Cruzada Prateada V10




    Os lobos param. As patas firmes. O corpo quente e suado esfriando depressa.

    "É tarde demais para entender isso." Era Nestor. Ele sabia que todos estavam esperando. Todos queriam falar também. "Aqui é onde a gente começa." Antes mesmo de dispensarem o que Caça nas Sombras ele já não estava em nenhum lugar.

    "Vocês vão começar sem mim." Ele caminha enquanto fala, cada passo deliberado. Lento. Fazia a fera inflamada no coração dos outros tremer de raiva. As luzes da cidade brilhando nos olhos. "Eu vou fazer minha parte aqui. Vocês sabem a onde ir." Sabiam mesmo, tinham discutido isso antes mais do que  qualquer um deles queria.

    Rail e Shawn correm na frente. Eles tinham sabiam o caminho o tanto quanto poderiam. Amy e Connor esperam contando as respirações. Jenna aguardava atrás da sua alfa com as garras furando o chão de novo e de novo. Dentes expostos em um rosnado baixo. Ash andava de um lado para o outro. Cada passo uma batida de uma música que só ela ouvia. Era hora. Eles correm. Nestor fica para trás e é fácil saber o porque. O céu se ilumina com relâmpagos minutos depois. Nas ruas a névoa fica ainda mais densa. A chuva começa antes mesmo de eles alcançarem a fronteira com os puros. Dois grupos correndo para o mesmo lugar.

    Todos podiam ouvir o helicóptero de resgate lutando contra a fúria do vento, a promessa de uma tempestade. Contra todas as expectativas a lua tinha arranjado um espaço no céu pra brilhar como fogo prateado nos olhos dos urdagas. A presença de Agdamos era inebriante. Era quente e encorajadora. Fazia as sombras assustadoras nada mais que inconvenientes. Fazia dos Anshega algo tão esperado quanto o enlace de amantes.

    A civilização estava perto demais. Debaixo das patas podiam sentir que o concreto tomava o espaço da grama congelada. Era hora de mudar de estratégia. Era onde o perigo realmente começava. A fabrica de sapatos era cheia dos vigias deles. Podiam derrubá-los e ter certeza de mais alguns minutos fora do radar. Podiam ignorá-los ou até dar a volta para tentar continuar incógnitos. Eram um contratempo, não mais que isso. Uma pedra no caminho deles.

    "Acho que dá pra passar sem ser visto." Shaw dizia como um lobo faria.

    "Melhor nos livrarmos deles agora do que dar as costas para treinarem tiro ao alvo." Ash queimava de raiva.

    Connor tinha ficado com decisão. Eles discordavam, uma balança parada esperando qualquer toque para se mover.

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    Mensagem por Ankou Ter Jul 25, 2023 10:43 pm


    Naquele momento tudo passa na cabeça, as crianças e Sam, a alcateia, minha mãe logo ali do lado, Puros eram um inferno, uma praga que eu não podia matar e que eram tão fortes quanto eu, se moviam igual, caçavam igual, todo dia era a angústia de que eles podiam entrar na sua casa roubar as crianças e levar elas pra algum lugar que eu nunca mais conseguisse saber ou alcançar.

    Queria uma cama quente com Tuya, queria educar as crianças pra serem boas e trabalhadoras, queria levar a minha alcateia pra um momento de paz, um respiro que fosse, eu tinha sido escolhido pela lua e em nem um dia aqueles desgraçados não foram uma sombra sobre mim.

    Eu abraço cada um deles sem hesitar, da alcateia aos primos, qualquer um querido, se aquele fosse meu dia eu queria levar comigo a memória deles e não ir pro outro lado sujo e cheio de ódio, a memória do que meu avô tinha se tornado me assusta, me assombra até.

    Eu tomo parte no ritual e faço parte como me é requerido, é um estalar de dedos até que a gente esteja longe, o terreno que levaria horas eram minutos, a gente tinha surgido incógnito na beira do parquinho deles, aquilo era uma vantagem.

    A única coisa que eu falava com os Caça nas Trevas - Se a gente perder, digam pra Ossuda não voltar. - odiava a hipótese, mas eu precisava ser realista, pensar nas crianças, eu tinha me certificado de que eles tinham ouvido, ainda que no momento seguinte eles não estivessem lá mais.

    Dali pra frente eu só era um cachorro grande seguindo no encalço dos demais, não tinha roupa confortável nenhuma que ia aplacar aquele monte de frio, não que fosse um problema muito grande, já tava acostumado mesmo, era mais leve e mais ágil, menos problemático na neve.

    O Siskur-Dah era diferente daquela vez, não havia empolgação habitual, a sede de sangue e a fúria estavam lá, mas Adagmos era tão poderoso que o entrelace com ele chegava a ser apaziguador, diante de toda aquela adversidade eu me sentia implacável, os puros pareciam pequenos e óbvios. - Merda. - a palavra sai do meu lábio sem eu conseguir me conter, era como o Caminhante só que dezenas de vezes pior.

    Eu fiquei parado no mesmo lugar, só um espasmo estranho eventual nos lábios e a língua que teimava em se mover sozinha, tinha um monte de medos, mais pelos outros do que por mim mesmo, a ansiedade incontrolável.

    - Crester Cartwell, a face na pele que levou o vô. - As palavras são pra Nestor pouco antes da gente sair sem ele. Eu não ia me vingar, não podia, ainda assim não ia impedir ele de fazê-lo, não ia impedir nem a minha mãe, aquela caçada não era pela minha vontade, nem por glória, era pelo certo, era o decreto da lua, era provavelmente a maior provação que eu ia passar na vida, não conseguia discernir se Nestor tinha sorte ou azar de participar daquilo uma segunda vez, de ter sido escolhido uma segunda vez.

    A névoa era certamente um trabalho dele, uma estratégia manter o segredo o melhor que podia, pra atrapalhar os Cartwell e seus rifles de caça também.

    - Dá pra passar. - Eu concordava plenamente com Shaw e olha que eu era a maior peça daquele xadrez e eu não me referia a maior como valor. - Mas ela tem razão. A gente não vai ficar muito tempo incógnito, eles vão saber assim que a gente botar o pé pra dentro, a Chloe sabia, eles sabem, a nossa vantagem é que eles esperam que as peças estejam todas no lugar, só que a gente não tá. - Pelo menos não no lugar que a gente deveria ser esperado.

    Eles descobririam nossa posição pela dor, eu não devia matar ninguém ali, mas em nenhum lugar do juramento estava escrito que eu não podia arrancar pedaços, um homem sem braço não pode mais atirar, mas provavelmente viveria - Vamo fazer isso rápido e rasteiro. - Eu olho pra Amy esperando algum tipo de confirmação.

    Connor Mcleary
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    Mensagem por Wordspinner Seg Jul 31, 2023 3:51 pm



    O senhor das tempestades assente com a cabeça, mas não revela nada. Nenhuma emoção é traída pelas linhas no rosto.

    --

    A água que cai das nuvens furiosas é fria. Muito fria. Ela congela ao tocar o chão. Congela ao tocar a pele e os pelos. Amy estava branca, quase tão branca quando Imaculada.

    "A gente resolve eles. Não podemos todos ficar parados aqui. Eu vou ser discreta até estarmos prontos. Vocês três vão na frente." Ela se vira para a fabrica e imediatamente é difícil de ver. Imaculada já era menos que uma sombra. Jenna rosna uma reclamação sobre o frio. Mas todos sabiam que ela estava grata pela chance de sair da chuva.

    Um caminhão grande, com rodas enormes, sai de uma das garagens com seus faróis fortes demais partindo a escuridão. "Não da pra ver porra nenhuma!" A reclamação gritada não é mais que um sussurro sob o vento forte.

    "Mandaram levar agora! Agora porra! Some da minha frente!" Um homem grita já fechando o portão. Connor sente quando os três urathas passam para dentro.

    "Quer pegar uma carona?" Era Shaw. "Certeza que esse cara tá levando algo pra alguém que tá dando no pé ou guardando algo de valor. Os alvos podem ter mudado." Ele deixava o final sem dizer, se o alvo mudou o plano mudou.

    "A gente abre essa lata daqui a uns dois quarteirões. Rei Vermelho conversa com o homem e descobre pra onde. Vamos?"

    Os três se movem em conjunto. Três partes de uma só maquina. Ninguém diz nada, mas o irraka corre na frente. A cahalith para antes da hora, então o som do motor muda. Os pistões param de bater. O motorista tenta reviver a maquina, mas ela continua andando somente por inercia. O irraka pula na trazeira mudando de forma, ele precisava de dedos e polegares para o que ia fazer em seguida.

    Ninguém precisa mandar. Ele vê o espaço e o ocupa. Connor aproveita que velocidade diminuiu e pula na porta do motorista com facilidade, ele era alto o suficiente. A janela parece feita de açúcar. O homem nem tem tempo de gritar, estava comemorando que o motor tinha voltado a funcionar. Estava, agora sonhava alguma coisa escura e fria no banco do carona. O rahu segue dirigindo até a esquina. Aquele troço era difícil demais para guiar e ele fica feliz de poder parar assim que faz a curva.

    Shaw aparece na janela interna. "Térmite. Tá escrito nas caixas." Ele bate um passaporte no vidro e uma caixa de munições sem rótulo. "Um monte desses também."

    "É o suficiente para derrubar um prédio." Ash diz aparecendo na porta. O vento uivava sacodindo o vidro quebrado.

    "A gente atravessa isso pra sombra e o Totem deles é história." Shaw tinha riso cruel no rosto enquanto os pensamentos dele vazavam para a cabeça dos dois.

    "Isso pode destruir um Loci rápido trancar eles de um lado." Ash tinha reprovação na voz. "Não é algo que deva atravessar."

    De qualquer forma era um veículo. Não iam precisar ser lobos correndo em asfalto escorregadio se não quisessem.


    Ash assume a direção a confiança que ela tinha de que dirigiria melhor que os outros era seu melhor argumento. Eles aceleram, ela acelera, pelas ruas cheias de água e gelo. A sensação de nervosismo paranoico de invadir o território dos puros só é menor que o êxtase de invadir o território dos puros. Cada apreensão coberta cuidadosamente com entusiasmo e gritante. Mais rápido. O prédio finalmente entra no campo visual. Lá estava o Loci a duas quadras do hotel, poderiam ir de um para o outro num piscar de olhos.

    Num piscar de olhos as rodas param e alguma coisa pesada de metal raspa no chão. A gravidade perde sentido por um momento. Connor arranca a mãe da cabine a tempo de ver o caminhão desgovernado acertar com tudo o Pub mais tradicional da cidade. O Irraka se arrasta para fora enquanto os outros dois ainda lutam para se orientar. Tinha vidro na pele do lua cheia. Tinha metal dentro da carne da mãe. O coração batendo tão alto que parecia bater fora do peito. Shawn não pode mudar de forma na frente de todas aquelas pessoas. Ash não parece entender o que estava acontecendo, ela fica com os olhos fixos no céu. "Não fui eu" ela repete tentando sair da rua. indo para longe do irraka.

    A luz transforma a noite chuvosa e nevoenta em dia, depois inferno. Ele sente o calor queimar os pelos, rasgar a pele. A chuva aumenta como se tivesse esperando aquele momento. Os olhos do uratha regeneram a força, ele não podia esperar cego. Shaw. A forma da guerra. O desespero quase irracional transborda a ligação entre eles queimando o corpo do rahu pela segunda vez nessa noite. Dificilmente a ultima. A cidade parece morta, mas não indiferente, enquanto assiste a dor horrenda do irraka. Alguns levam as mãos ao rosto e gritam. Alguns fecham os olhos cegos de horror. Outros queimam. Outras gritam. Muitos rezam. Nenhum telefone. Nenhuma luz elétrica, só o fogo que teimava em queimar derretendo facilmente carne, metal e asfalto. O lua cheia não sabia dizer se ele tinha apagado as luzes. Não conseguia lembrar.

    A cidade inteira parecia no escuro. Uma noite profunda e fria que tentava apagar o incêndio que furiosamente a desafiava. A água já estava nos calcanhares quando ele alcança o irraka. O lua nova destruía sistematicamente um carro virado pela explosão. A dor que deveria sentir espalhada por quarteirões. Connor o segura e sente os dedos queimarem mesmo vendo que o fogo já tinha apagado. A chuva e a nevoa deixava impossível as pessoas verem e saberem o que estavam vendo, mas eles viam claramente.O barulho era o pior. Dezenas de alarmes de carro. A chuva forte batendo em paredes, carros, toldos. O vento uivando em prédios e escadas. O fogo rugindo. Cada grito ocupando um espaço mais fundo na cabeça dele. Vidro tremendo e vibrando com a chuva. Carros engasgados tentando funcionar. Buzinas desesperadas tentando abrir caminhos que não existem.

    "Cuidado!" Ash grita. Ele sabe de onde, ele sente o aviso antes mesmo de ouvir. O barulho alto de batidas que ele achava que era seu coração na hora da explosão era um helicóptero perto demais. Voando baixo por conta do tempo. Caindo entre os prédios agora que as luzes estavam apagadas, caindo em direção a eles. Connor tenta correr carregando Shaw, a maquina acerta a traseira em chamas do caminhão jogando fogo pra todo lado com as hélices. A dor é uma surpresa, mas o peso e o momento que o joga longe é ainda mais assustador.

    Todos os planos pareciam estar indo por água abaixo. "Eles estão aqui" Era o Irraka queimado como a morte. O rahu vê uma das enormes pás de metal sendo levantada, um relâmpago faz a silhueta enorme do Anshega ficar clara na noite. Também deixa claro os outros dois lá no fundo lutando contra Ash. Amy, Jenna e Rail estavam vindo. Separados agora que corriam a toda.

    "Sem lua! Você matou o meu pai!" As palavras urradas na primeira língua. De alguma forma aquele Anshega tinha arrancado e empunhava a pá de um helicóptero como um bastão de beisebal. "Vão morrer aqui, todos vocês! Todos vocês!!" A transformação é rápida e fluida como o passo de um corredor. A forma da guerra em um salto. A decisão do lua cheia impossível de evitar. Lutar com Shaw ou com a mãe?

    Qual dos dois sobreviveria até reforços chegarem? Qual reforço chegaria primeiro? Urdaga ou Anshega?

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    Cruzada Prateada Empty Re: Cruzada Prateada

    Mensagem por Ankou Seg Jul 31, 2023 10:02 pm



    Eu não protesto pela decisão de Amy, sabia que ela era perfeitamente capaz de resolver aquilo, só meneio em positivo e sigo em frente com os demais.

    Ouvia os caras da fábrica que estavam sem saber o terror que se abateria sobre eles muito em breve. - Aham. - minha resposta era rápida e objetiva, aquele treco com certeza tinha algum valor.

    A ação do caminhão é rápida e precisa, tinha sido muito fácil até colocar as mãos naquele volante, havia de admitir que nunca tinha dirigido uma coisa tão grande como aquela.

    - Acho que foi essa merda que queimou minha cara quando eu topei com eles. - eu não sei direito, mas provavelmente era, munição também era um problema grande. - Merda, essa coisa não pode chegar até eles. - eu já tinha sentido literalmente o gosto de chumbo quente.

    A ideia de Shaw era ótima se funcionasse, ia deixar todo Caça Nas Trevas e Sombra Descarnada emputecidos com ele por uma geração inteira, a reprovação na voz da minha mãe era só o prenúncio daquela merda.

    - Caguei mano, isso só não pode chegar na mão deles ou tá todo mundo fodido, uma sorte do caralho a gente ter topado com isso, é a porra do estoque de armas deles. - meu entusiasmo melhora, um golpe profundo e urathas amolecidos que só sabia lutar com aquilo enquanto as garras e presas eram de fato as únicas armas fiéis.

    - Concordo que não devia atravessar, mas feijoada… - Não tinha como não tentar aquilo, qualquer outra decisão terminava com alguém preso ou arriscava o caminhão cair de volta nas mãos deles. - A gente bate primeiro e pede desculpas depois… - Eu dou espaço pra a mãe tomar a direção, só revisto o motorista e tomo pra mim qualquer coisa que me seja útil, dinheiro, cartões, principalmente o crachá se houvesse algo magnético nele, podia ser chave pra alguma coisa interessante, no momento seguinte eu desovo ele na sarjeta assim que posso, levar ele pra aquilo resultaria numa morte desnecessária.



    Quando é que tinha dado merda? Eu nem sabia o que tinha acontecido, tudo havia sido rápido demais, eu não podia deixar Shaw naquele estado contra aquele cara, ele era forte, talvez tanto quanto eu, empunhar uma porra de pá de hélice de helicóptero não era pra qualquer um.

    Eu vejo o cara assumir a forma de guerra, era cedo demais pra mim fazer aquilo, o vidro na pele nem me incomodava, não queria Shaw ali e não queria Ash sozinha contra dois - Dá a volta no quarteirão, eu quero você com a Ash, eu cuido do bunda mole aqui, rápido! - eu olho pro helicóptero e pro cara, sabia que ia dar merda, sabia que aquela porra ia explodir, eu precisava me retirar até a esquina.

    Eu tomo minha forma de urshul no momento seguinte, na minha humilde opinião a pele mais confortável e poderosa, soava quase como um convite pro sujeito. - Perjurado, é bom ir se despedindo dos seus braços, você não vai ter eles por muito tempo… - Era só questão de ele pular de lá, tudo que eu precisava era arrancar uma das pernas…

    Connor Mcleary
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    Mensagem por Wordspinner Ter Ago 08, 2023 11:11 am

    Connor escreveu:Caguei mano, isso só não pode chegar na mão deles ou tá todo mundo fodido, uma sorte do caralho a gente ter topado com isso, é a porra do estoque de armas deles

    Connor não sente só o seu entusiasmo crescendo. A energia e empolgação é dividida por todos e isso a faz muito maior. Até a chuva e o frio são motivos para comemorar.

    --

    Connor escreveu: Dá a volta no quarteirão, eu quero você com a Ash, eu cuido do bunda mole aqui, rápido!

    O irraka não precisa nem assentir para Connor saber que ele estava pronto pra seguir o plano.

    Já o lobo com o enorme pedaço de ferro não parecia ouvi-lo.

    O monstro de fogo que teimava em lutar contra a água e o frio fez a silhueta parecer desaparecer quando ele se move. Rápido além de qualquer expectativa. De alguma forma Shaw reage correndo antes mesmo de Connor conseguir terminar sua provocação. A enorme pá de metal acerta o lugar onde o irraka estava e o segue soltando faíscas e jogando concreto para cima.

    Connor vê os dois se afastando com um misto de horror e satisfação. Quando a pá de metal afunda a coluna de Shaw no meio do asfalto. O som do metal furando o chão um grito que arranha os ossos do lua cheia. Ele não tem tempo de pensar sobre mudar de ideia. Ele se move. Rápido com as patas afundando na água fria. A luz tremula do fogo ficando para trás. O gosto de carne e sangue uratha na boca. O som de ossos partindo sob os dentes.

    As garras afundam no pescoço de Connor rápidas como um relâmpago, fortes o suficiente para soltar ossos de músculo e tendão enquanto puxam sua clavícula para fora do corpo. O Anshega não sentia dor, a pele da guerra nunca sente. Já o lua sente seu corpo implorando por alívio. Implorando por ser liberto da dor. Connor tinha outra perna para destruir, mas dessa vez é muito mais difícil. Ele sabe que o irraka não está em nenhum lugar por perto. Ele sabe que está sozinho com o Anshega e agora tem sua atenção e rancor. Para o puro a morte de Connor é mais que bem vinda e vai ser tomada de perto.

    Sangue, tudo tem gosto e cheiro de sangue. Cor de sangue. Sangue vermelho prateado que faz tudo o resto escorrer para longe. O frio. A água. O tempo. Nada além do abraço apaixonado e letal em que os dois estavam presos. O som do coração batendo alto em cada parte do corpo.

    "Você vai perder. Ele é mais forte. Mais rápido. Já matou mais urathas do que você teve lutas de verdade." A voz calma no meio da loucura desesperada que era aquele momento. A voz cheirava a ozônio e morte.

    "Não hoje. Não agora. Não foi pra isso que eu perdi tudo." Se rancor tinha um som, era aquele. Cada pelo do corpo de Connor de pé com eletricidade.

    "Não é o seu lugar!" Discordância. Frio. Connor sentia frio e fraqueza. Os membros faltando e só a fúria assassina como alternativa. A forma da guerra se veste sozinha. Mãos feitas de aço escuro agarram a alma do Rei Vermelho em seu momento de desespero. Uma tempestade barulhenta urrava lá fora com voz de Trovão.

    A escuridão incomoda não importa mais. Ele vê as marcas do Anshega claras como o dia. Portas para o seu espírito. Suas garras se movem como se não fossem suas, mais rápidas do que nunca. Rastros elétricos queimados na retina do lua cheia. "A luta é sua." A primeira voz. "A morte deveria ser também." A luta continua com ele como um passageiro. Seu corpo sendo usado como uma ferramenta inclemente de guerra, de morte.

    A fumaça como uma nuvem de tempestade cobre cada espaço da sua visão. O som do trovão enche o mundo até se tornar a única coisa na existência. Alguma hora a chuva o trás de volta. Olhos se abrem para as consequências de uma enorme explosão. Alarmes gritando sem luz. Pessoas gritando com medo em suas casas. Um Anshega sangrando e quebrado. Vulnerável. Vivo. Feridas abertas no corpo humano. Chuva invadindo buracos que nunca deveriam existir. Não era o velho.

    A ligação com o grupo chega como um banho quente. Ash e Shaw lutando pelas suas vidas. A dor vem logo depois. A própria carne aberta em aberrações contra a sua anatomia. Água gelada levando seu sangue para se perder na nevoa que cobre todos eles.

    As vozes lutando sua própria batalha distante, quase inaudível atrás de um véu prateado.
    --

    Os números mudam subitamente. Quando Connor finalmente alcança a outra luta o Anshega que sobra foge. Eram dois. Um deles está separado em pedaços pequenos demais para estarem vivos. Ash não mostra qualquer disposição para uma perseguição, ela segura o próprio braço contra o ombro. Já Shaw luta para manter seus órgãos dentro do corpo. Tripas emboladas nas pernas. Pulmão aparecendo a cada respiração agonizante. Carne puxando e esticando tentando refazer o que foi destruído.

    Amy é a primeira a chegar descendo de um prédio em pulos que certamente doeram até na lua cheia. Ele sabia. Ele sentia. "A gente é mais rápido." Não era uma pergunta. Ele sabia onde ela queria chegar. Ele também via os brilhos laranjas nas nuvens de tempestade. Fogo em outros lugares. Ele queria descansar. Seu corpo pedia pontos e essência. "Vocês precisam ficar, Rail vai ajudar vocês a seguir para a retaguarda." Ela fica em silêncio porque Nestor enviava um aviso. Um alvo. Um relâmpago como qualquer outro, mas não para os olhos do grupo de guerra. Para eles era uma lança prateada perfurando o céu noturno. Amy não espera. Jenna, ele sabia, estava logo atrás em algum veiculo. Rail vinha correndo com pelos congelados. Ele não podia vê-la. Mas sabia.




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    Cruzada Prateada Empty Re: Cruzada Prateada

    Mensagem por Ankou Dom Ago 13, 2023 10:47 pm


    Minhas roupas estão ensopadas, agarradas ao corpo, água da chuva e sangue, meu sangue, sangue dele, era a primeira vez que eu lutava com outro uratha, a vida por um fio, meu corpo treme de excitação e medo, medo pela minha vida, medo pela vida dele, uma sensação terrivelmente estranha, eu cuspo no chão, saliva e sangue, não era meu sangue… O desgraçado era forte, mais forte do que eu podia imaginar.

    Meu corpo treme com a possibilidade de que ele pode levantar a qualquer hora, mesmo todo fodido no chão daquele jeito, matar não era o caminho, no fundo eu ficava feliz dele estar vivo, orgulhoso que o meu juramento tava intacto, não sabia se teria alguma chance  lutando sozinho, mas não me importava, o vô e a mulher estavam lá o tempo todo, meu coração ainda batia como se estivesse em uma marcha de guerra, ainda assim o sujeito respirando era mérito todo meu, aqueles dentro da minha cabeça estavam mortos, eles não tinham mais nada pra respeitar do juramento, eu tinha.

    - Você luta bem… - eu tinha que dar o braço a torcer nisso. - Pelos motivos errados... A lua não quer você morto, só quer que você vá pra casa, e repense nas suas escolhas sem lua… - A primeira língua sai rouca da minha garganta. Eu sabia que aquilo provavelmente não adiantaria de nada, ele eventualmente teria todas as tripas no lugar e continuaria sendo manipulado por um espírito alienígena e filho da puta que nem ele era capaz de compreender.

    Eu olho em volta e tem pedaços que já fora meus, outros já foram deles também, metade do meu rosto franze em dor, não minha, mas vindas do outro lado do quarteirão, a minha mão vai imediatamente pra frente do rosto antes daquele combustível todo explodir, mesmo que eu estivesse do lado oposto daquela merda protegido pela distância e por mais de um par de prédios, era pura ligação da aldcateia. - Merda! - A coisa todo tinha virado uma zona, aquilo fazia qualquer caçada parecer fichinha. - Espero não te ver mais nessas circunstâncias, da próxima vez eu posso decidir que vou desobedecer a mãe. - eu sinto meus dentes batendo um nos outros, presa contra presa, era uma ameaça e aviso bem claros, é claro que eu adoraria descontar toda a minha frustração nele, mas era tão errado e aquela merda não traria nenhum deles de volta, nenhum dos meus irmãos, mas minha paciência tinha limite, mesmo a lua em toda sua misericórdia tinha, a minha era definitivamente menor e eu sabia disso.

    Eu corro em direção a minha mãe e aos meus companheiros, o corpo ainda obedece bem apesar de toda a luta, a pele de guerreiro era mais dura, dura demais pra ser destruída no primeiro embate.

    Eu olho pro cara em pedaços e aquilo me emputece mais do que eu gostaria, mas não tinha volta, e eu não podia esperar que ninguém ali seguisse meus passos, ou que eles dessem sorte, era uma porra de uma guerra, era claro que ia morrer gente do povo.

    - Teu amigo vai ficar de molho pelo menos um mês, a má notícia que você também vai. - a notícia pior é que eu não fazia ideia nem de por onde começar a ajudar o Shaw a não ser correr pra tia Elise e implorar pra ela dar jeito, a verdade é que se não fosse eu não teria mais Shaw e eu ficava feliz por isso pelo menos.

    Eu sinto alívio quando elas se aproximam, eu sei exatamente o que Amy quer. - Não, o carinha tá apavorado e correndo em direção ao velho Crester, o melhor guerreiro deles já tá lona, seja lá pra onde ele for vai ter Devon em terreno alto pronto pra enfiar um monte de bala na gente, eu não quero ir até ele, quero que ele venha até mim. - o relâmpago toma minha atenção - Bem… Merda… - Era hora de engolir o orgulho, eu podia invadir o loci deles atrás de essência, mas o risco era maior que a recompensa, eu tiro a coroa do bolso interno da jaqueta, aquela merda sempre tinha sido pequena demais pra minha cabeça, indigna de mim e eu indigno dela, uma mordida e eu podia sentir minha reserva de essência se recuperar, seja o que havia lá dentro não existiria mais, uma fungada e um arroto logo depois e eu só precisava de de alguns pontos agora e ia estar tudo bem, eu só não tinha tempo.

    Amy claro tomou a dianteira, eu deixo ela ir na frente, sabia que podia alcançá-la - Sem interferências, sua glória está intacta e bem merecida espero que minha espinha fique intacta. - as palavras pra minha mãe eram como a de um negociante que acabava de fechar sua parte do acordo, mas ela sabia melhor do que ninguém que era puro nervosismo, eu sempre começava a defletir as coisas pro humor quando tava nervoso, mas o que se segue é o beijo mais doce que eu consigo dar na face dela. - Eu preciso de vocês com a tia Elise agora. - Shaw naquele estado ia servir só pra ser comida de Anshega, minha mãe não estava em condições de lutar com um braço a menos. - Agora sou definitivamente um rei sem coroa, hilário. - ironia pura, não havia nada de hilário naquilo, mas era um sacrifício aceitável. - Vambora Jenna, é hora do pau! - Rail sabia se cuidar, sabia do esconderijo onde a tia tava posta por Nestor, ninguém ia perseguir urathas se retirando de batalha enquanto tinham outros seguindo em direção dela, no momento seguinte minhas pernas são pura explosão e corrida, talvez meus únicos dois talentos, correr e machucar pessoas.

    Eu sabia que estava correndo em direção a um banho de sangue provavelmente lá era onde tudo terminaria, eu só queria sair vivo dessa merda, já ficaria satisfeito se Nestor não me usasse de boi de piranha.

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    Cruzada Prateada Empty Re: Cruzada Prateada

    Mensagem por Wordspinner Seg Ago 21, 2023 2:20 pm

    Ele sem cansaço. O frio era quase revigorante. Shaw ficava para trás assim como Rail. O telefone dele toca, mas nem passa pela cabeça dele atender. Os reflexos de incêndios na cidade coloriam nuvens e vidraças. O escuro brigava com a chuva e o vento e a nevoa pelo premio de quem deixava tudo impossível de ver. Ele viu o carro parado com tempo para esquivar, a confiança fez ele esquivar no ultimo momento. Mais um. Outro. O cruzamento estava abarrotado de carros batidos e apertados uns contra os outros.

    Uma voz sem emoção alguma soa na cabeça dele. Dona. "As sombras de Londres. É vida ou morte pra eles."

    Os faróis explodem em luz branca brilhante na cara do lua cheia. Tiros vazem vidro voar entre as gotas da chuva. A água no joelho deixa tudo mais difícil.

    "Não!" Jenna dizia como uma ordem.

    A batida forte de algo pesado afundando a lataria do carro. Metal gritando. Ossos partindo. Mais tiros.

    Jenna morde o braço de Connor o puxando para frente. Um momento e ela já ignora tudo aquilo. Se movendo para o objetivo.

    Connor vê o urshul vermelho e preto virando o carro e afundando os gritos dos ocupantes em água congelante. Água demais para uma chuva casual. Uma tempestade que chegou sem nenhum aviso. Amy pula de cima do carro e segue Jenna sem hesitação.

    --

    O lugar não parecia o que deveria. Uma praça elevada feita em volta das ruinas de alguma igreja. De lá a cidade era feita de caos. Se Connor fechasse os olhos poderia imaginar as crianças correndo e jogando bola. O que ele via de olhos abertos eram corpos lavados pela chuva. Gelo cobrindo as pedras. Luzes elétricas de geradores lutando por espaço com o brilho laranja das chamas. Mas o cheiro de sangue uratha era um insulto delicioso.

    O cadáver mais próximo estava sentado em uma cadeira de pedra como se observasse os pássaros. A cabeça sem expressão caída no colo. O pescoço uma ferida aberta. A camisa aberta e os músculos expostos onde a pele faltava, arrancada. Ele não parecia ter lutado. A mulher deitada a dois metros ainda tinha o cigarro na mão um coração quase cinza ao seu lado. Um homem sentado com em coreto com um terno impecável não mostrava nenhum ferimento, mas estava cercado pelo próprio sangue.

    "Desse lado" Era a voz assustadora do Caminhante Noturno. O som horrendo do dromo partindo, quando ele fazia era como abrutes abrindo carniça. "Sua guerra." A porta aberta para o caos do outro lado.

    Duas forças puxam Connor ao mesmo tempo. Ele vê a coroa de fogo negro. Ele vê os cristais transparentes do castelo em Dover. Ele vê os Lobos atacando a bela perfeição de Agdamos que não se defende enquanto se revolta com a dor e alguma confusão que queima dentro do lua cheia como loucura e fúria em um abraço apaixonado. Um abraço com gosto de morte. O rei dos puros. O rei Anshega, um lobo esguio e cinza coberto com o sangue prateado do luno uiva sentindo o sabor da vitória, o brilho dos cristais nos seus olhos. A sua volta cortes guerreiam, totens lutam e a realidade se convulsiona. Medo. Fogo. Sombras. Frio. Relâmpagos. Morte. Concreto. Vidro. Lunos. Lunos mortos. Anshega e Urdaga lutando. Nestor cortando caminho por uma alcateia de puros para alcansar o velho Cresler Cartwell que segue para apoiar o Rei dos puros.

    O uivo da mãe. Não luna. Ash corta a noite em outro sentido. Jenna e Amy juntas. Juntas as duas são engolidas por chamas que pouco se importam com a chuva. Os puros correm para as duas. Dalus aproveitando a distância para esvaziar as suas automáticas e jogar granadas. Ash corria para eles. As jaquetas de couro e as camisas de banda encharcadas. Eles continuavam saindo do caminhão de mudança. Uma mulher loira atirava com calma e paciência de um rifle longo e modificado. Devon ao seu lado fumava um charuto com um sorriso satisfeito no rosto simpático. Os olhos não estavam nas duas luas cheias e sim na cahalith.

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    Cruzada Prateada Empty Re: Cruzada Prateada

    Mensagem por Ankou Qui Ago 24, 2023 11:22 pm


    Se havia alguma descrição do inferno seria com certeza aquela, aquelas pessoas não tinham feito nada pra virarem almôndega dentro do carro, talvez só tivessem visto demais, talvez só estivessem no meio do caminho de quem atirava na porra do cruzamento, não importava mais, Jenna já tinha cuidado do problema mais rápido do que eu podia sequer raciocinar.

    A porra da ligação ainda ecoava na cabeça, quem seria? Só podiam ser duas coisas, alguém da alcateia ou o Vigia-Branco, Emily não era uma preocupação agora, não podia ser.

    Eu não fazia ideia do que ela havia visto, mas eu sei que não tinha visto, meu Dalu encapuzado no meio daquele monte de névoa e chuva era só algo que viraria uma lenda urbana depois, o pé grande de Sparhall, hilário se não fosse trágico, assim como Amy eu as sigo sem pensar duas vezes, tempo era de suma importância.



    Instantes atrás eu estava errado, inferno era o que eu estava vendo agora, como aquilo ia ser explicado, como fariam aquela porra toda sumir no dia seguinte, quem ia engolir a história de que uma tempestade tinha matado aquele monte de gente, daquele jeito.

    O Caminhante abrir espaço me assustava mais ainda, ele devia estar ali? Quando ele tinha vindo?

    - Mantém eles próximos. - eu não precisava apontar pra mãe saber, ela sabia quem eram os bons atiradores. - Fogo no caminhão, agora! - tudo que eu podia fazer era usar minha força, o mais bruta que tinha, uma árvore, um carro, um pedaço de estrutura do prédio o que eu podia fazer pra voar em direção a linha de tiro da mulher, ela com Devon junto, tirar a vantagem deles, no momento seguinte eu corro em direção ao caminhão, meu corpo como um aríete pra virar o veículo com todos eles lá dentro pra coisa virar um mar de chamas, térmite não ia deixar sobrar nada deles, mas aquela não era minha luta, não era o que eu devia fazer, ver Adagmos se destroçado daquele jeito era muito pior, imperdoável.

    Pareciam uma porra de um enxame. - Ok vô, agora é a hora. - era só um murmúrio, eu sabia o que faria, eu sabia que o Kuruth viria muito em breve e me odiava por aquilo. - Me ajuda a fazer eles sangrarem, chorarem, serem humilhados, mas não fode a porra do meu juramento! - eu tava pronto pra apagar de novo, mais uma vez, talvez ter a minha perna destroçada por mim mesmo com um pisão no chão que ela não era capaz de suportar, ter meus olhos cegados por uma velocidade que eu não era capaz de acompanhar, eu só sabia que se Adagmos fosse destruído nós estávamos perdido, eu sentia isso, eu sabia o que deveria fazer, eu já estava fazendo antes mesmo de pensar, estava correndo em direção a aquilo como um turbilhão de destruição e morte.

    A primeira trombada não são das minhas garras é Sokta cortando e mordendo com as garras afiadas e mandíbulas poderosas, segurando tudo que podia na juba grossa e pele dura, mas eu sabia que a onda seguinte era só o aspecto do pai lobo que podia conter.

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    Mensagem por Wordspinner Qua Ago 30, 2023 4:20 pm

    Connor fala o que pode fazer antes de atravessar a passagem que o Caminhante abriu para o outro lado. Tiros, metal rasgando, ossos quebrando atravessavam a chuva até ele. Atravessavam o dromo até o Caminhante fechar o que tinha aberto.

    Não podia mais ajudá-las, só podia avançar e tentar não morrer. Nada ali fazia ele se sentir o herói das lendas que o povo conta. Medo cercava tudo com uma escuridão feita de não olhar. As nuvens de tempestade estavam furiosas, cuspindo relâmpagos de fogo e prata. Línguas de chamas intensas e vivas corriam, deleitando-se no caos. Concreto e asfalto tentavam prender e separar os urathas. Separar e enterrar para sempre o mais fundo que conseguissem. Nada era confiável, nem o ar que ele respirava. Às vezes fugia dele, às vezes cortava seus inimigos. Espíritos estranhos que ele não conseguia reconhecer com um olhar também lutavam de um lado ou de outro, apostando na vitória Urdaga, Anshega ou sendo obrigados de alguma forma por trato, ou autoridade implacável.

    Não era fácil ignorar Canção no Vento cortando o céu com brasas nas mãos, movendo fogo como uma onda. Coração de Prata uivava e a sombra respondia como um lago no qual se joga uma pedra; ele avança sobre um espírito grande como um prédio e uma alcateia inteira abandona a luta para interceptá-lo.

    Ele não sabe como chegaram ali antes dele. Mas é impossível negar que seja bom ser resgatado da própria investida que foi um sucesso saboroso por quinze segundos. Depois disso ele descobriu por que ninguém estava ajudando Agdamos como ele queria. Uma lentidão sem qualquer razão se apoderava dele e qualquer outro perto o bastante da beleza escaldante de Agdamos. Ele demorou um instante para reconhecer a líder da Irmandade Ardente.

    "Não ainda. Algo que não é uratha. Estamos caçando. Proteja ele com seus dons até a hora." Ela fala rápido. A lentidão era menor nos Anshega. Era nula no luno que parecia não ver o rei e sua alcateia, mas em sua fúria cega ainda era capaz de ferir a eles e tudo ao seu redor. Postes, prédios, chão, ar. Tudo perto do luno recuava com sua retribuição. Exceto os cristais. Era impossível saber agora como eles tinham feito aquela passagem, mas Connor sabia o que estava do outro lado. Sabia por que o Luno lutava com tanto ardor, mesmo sendo despedaçado de novo e de novo.

    Ele tinha a força do espírito felino e o poder do Luno correndo nas veias. Enquanto isso, alguns dos seus inimigos eram espíritos escravos e outros urathas novos demais, verdes. Fracos. Pequenos. Ou fracos e pequenos comparados a ele. Mesmo sentindo a revolta dos espíritos na carne, ele ainda retalhava os puros com garras e presas. Uma dança selvagem que só ele tinha a coreografia.

    O som do trovão é só mais um barulho em uma cacofonia infernal. Nestor aparece de uma hora para outra na frente do Luno. Lento como uma mosca no mel. Sozinho, espremido entre a fúria do Luno e ambição do rei dos puros e sua coroa de fogo negro.

    O primeiro impulso de Connor é correr para ele, mesmo sabendo que seria um alvo fácil. Mas seus pés estão travados no chão e seu corpo se vira para outra direção, no canto de sua visão podia ver Cresler avançar. Todo o resto perde o foco. Perde a importância. O som. Primeiro o trovão lento e esfumaçado. "Foi ele."

    Então a voz com gosto de ferro e corrente elétrica fazendo os ossos trincarem. "Foi você que não me ouviu."

    No momento seguinte, Connor não está em lugar nenhum. Ele se lembra da esperança que sentia, da antecipação e do medo de seu plano. Não eram memórias dele. Sentimentos dele. Estava chovendo e ele ainda sentia o gosto de sangue uratha na boca. Urdaga. Era um preço que ele precisava pagar. Dover precisava lutar e Trovão não ouvia. Não queria sair de onde estava e ajudar seus irmãos. Preferia deixar os puros avançarem e tomar todas as cidades uma a uma. O plano do menino era bom, mas ia falhar e eles iam morrer. Ele cospe o gosto do sangue do garoto de novo.

    Ele olha Ariel. Abominação. Mas ele sabia como salvá-la. Não seria fácil, mas tinha um jeito. Ele precisava se livrar dos Anshega. Ele era um Anshega agora, quase. Precisava se livrar deles mesmo assim e precisava de ajuda para isso. Pelo menos Dover estava lutando também. Daniel estava lutando. Ele ouve o trovão distante e seu coração se aperta, ele não vinha do céu fechado.

    A fumaça faz tudo ficar escuro e então ele é novamente um passageiro. Sebastian brandindo uma lâmina de fogo contra os Anshega, eles precisavam recuar. Ele precisava dar a ordem para isso. As palavras saem da garganta dele com desgosto. Suas mãos eram negras, cinzas, molhadas de sangue. Eles recuam, mas só o bastante. Tiros, mas não contra eles. Sorte? Nada era sorte. Sempre tinha um preço. Sempre era outra coisa. Os Anshega avançam de novo, dessa vez com Ariel e sua magia profana. A visão dela quebra uma barragem e as memórias são doces e cruéis. O desejo. O ciúme. O amor. O cheiro do irmão.

    Ele avança. Não precisava de mais ninguém para aquela luta. Uma dança que tinham dançado muitas vezes antes. Agora seria a última. Ele não queria ouvir o que o traidor tinha a dizer. Mas não se mata o próprio irmão sem olhar nos olhos dele. Lá estava Billy. William Mcleary. O pequeno e Bill. Era onde estaria, onde pudesse vê-la. Ali a realidade parecia derreter. A sombra estava perto demais, o dromo era só uma lembrança.

    "Eu preciso de mais tempo. Um dia." Ele não implorava. Exigia.

    "Acabou Billy." Aquelas palavras doíam mais do que imaginava.

    "Você não entende, não é o que você tá vendo. Eu vou salvar ela."

    "Tarde demais, Billy, ela não tem salvação. Você também não." Ele sente o lobo do inverno e o frio queima os ossos. A luta passa em um flash. Momentos de intenso horror de uma forma ou de outra.

    Ele olha nos olhos do irmão e sente os olhos arderem com lágrimas que ele nunca iria derramar. O corpo inerte do traidor. Os gritos da feiticeira. A dor que ele sentia cortar o coração. Cresler não se importa. O enorme lobo branco como a neve é um monstro diferente. É quase bem-vindo.

    Cresler não corria, ele andava na direção do Rei dos Puros. Na direção de Nestor. Connor consegue sentir a lentidão se apossando dele conforme suas pernas se moviam sozinhas. O mundo acelerava. As vozes gritavam na sua cabeça e seu corpo continuava se movendo cheio de uma energia que não era dele. Impulsionado por ódio e rancor. Dever e vingança. Ele tentava lutar, mas algumas partes dele ressoavam aquelas emoções e contra a vontade ele avança. Sem pensar, as garras cortam a garganta de um lobo que tentava impedi-lo e ele não consegue olhar para ver o resultado. A velocidade emprestada pelos mortos ainda o deixava na frente. Mas ele via o estrago que a eletricidade fazia no seu pelo, sentia o estrago que ela fazia abaixo dele.

    Um passo lento e sofrido atrás do outro. Um passo mais lento que o outro. Ainda assim, ele alcança o outro uratha. Ele corria e era mais rápido do que os outros esperavam. Mais forte também. O Anshega velho e branco era ainda mais rápido. Ainda mais forte. Ele se movia com precisão eficiente, mas descartava Connor. Mesmo enquanto o Lua cheia o mordia com brutalidade, o uratha mais velho, em dalu, se desvencilha, derruba-o, fazendo suas costelas partirem, e o joga para longe. A luz do Luno machucava o velho e quase todos os puros próximos. Só a alcateia do Rei parecia imune. Connor, por sua vez, sente-se mais forte, mais poderoso. Assim como os espíritos que pegavam carona.

    Um estalo sem som e tudo muda. Ele é rápido como um raio novamente. O velho era o seu alvo e o caos ao seu redor era sua permissão. Todos os Urdaga presentes atacam. Todos os espíritos do seu lado também. Uma onda inesperada feita de fúria represada. Ele sente os dentes furarem a carne do velho antes mesmo de perceber que cruzou o espaço entre os dois.

    Ele não parece surpreso. O pescoço do Lua cheia se parte com um monte de estalos e o gauru branco como a neve salta em direção ao rei. Os olhos de Connor pegam Nestor de relance e se fixam nele. O corpo não responde. Nestor, assolado pela fúria cega do Luno e acossado pela alcateia do Rei dos Puros, permanece firme e leal até as últimas consequências. Cresler estava perto demais e a dor que o Lua cheia sentia não podia ser só dele; o arrependimento e a angústia não podiam vir de um só coração. O momento excruciante ocorre quando o gauru levanta as mãos e suas garras longas e afiadas se tornam vermelhas como o sangue antes de descerem em um golpe preciso que parte carne, osso e espírito de uma só vez.

    A forma da guerra não espera. Não hesita. Em um momento, os três se movem como um. O branco e o vermelho se misturam antes da luz cegante dos relâmpagos queimarem mais do que a pele. Antes do som do trovão lançar tudo para longe. Antes da fúria de Agdamos ecoar na dele. Cada terminação nervosa queima, e ele nunca vai conseguir se lembrar da intensidade. Ele tem um braço enfiado na barriga e sente os dedos presos em volta da sua espinha. No lugar do ombro branco conectado a um Anshega assustador, só uma queimadura fumegante.

    Os uivos de sofrimento ao seu lado soam diferentes do que ele esperava. Era uma dor de quem perde muito mais do que um líder. Era daqueles que perdem a si mesmos. A alcateia do Rei dos Puros está quebrada ao seu redor. Não, em volta do corpo sem coração do seu rei.

    Silêncio, não no mundo que ainda luta, mas dentro dele. Ali dentro, ele só ouve a fúria prateada do Luno, mais intensa do que qualquer voz. Mais eloquente do que qualquer palavra. A alcateia do Rei se volta contra Cresler, que está caído, e Connor nunca saberá se ele estava vivo antes dos sete lobos o despedaçarem em pedaços pequenos demais para ser uma pessoa. Para ser um uratha.

    --

    Cada passo é uma agonia fria, molhada e feia. Nestor está explicando como eles fizeram aquela passagem, e isso tem a ver com cabeças decepadas e loucura doente. É bom ouvir a sua voz, mesmo que seja difícil acreditar no que ele diz; tudo parece mentira após ele dizer que Cresler matou o rei dos puros. Mais mentira ainda ao olhar o corpo dela. Delicado. Pequeno. Pouco mais do que uma adolescente. Sua coroa não está em lugar algum à vista. Os puros que restaram se retiraram, e aqueles com pernas que obedecem os empurraram o mais longe possível. Connor consegue ouvir Coração de Prata se gabando sobre os totens que ele matou com sua voz feita de vidro moído. É quase um alívio quando ele muda o assunto, mas é um lamento profundo quando o corpo de Atiçador aparece. Outros urathas de Dover estão ali. Alguns ajudam os feridos, outros procuram Anshegas ou aliados para lhes dar fim ou justiça.

    Os grupos de caça se desfizeram, e a ausência de Agdamos faz ele se sentir fraco. Queimado. Consumido como um fósforo usado. O Luno atravessou o portal e o fechou atrás dele. Até esse momento, o triunfo e a satisfação eram incomparáveis. No próximo momento, ele está esgotado. Não consegue se imaginar indo para casa. Nem mesmo consegue se imaginar prestando atenção às palavras cansadas e chatas do tio.

    --

    Um uivo de advertência. Um uivo longo e penetrante que parece vir das nuvens. Um Anshega velho, mas não branco; desgastado, corroído pelo tempo. Ele se move lentamente até onde o momento final da batalha ocorreu. "Não é hora de descansar." As mãos dele são negras como sangue e cinzas. "É hora de se levantar e cumprir o seu dever." Ele levanta as mãos em sinal de paz, mas isso também é uma ameaça.

    Ninguém se move. Connor sente a mão de Nestor no seu ombro. Mais forte do que esperava. "Marcado a Prata. Eu já perdi o suficiente. Não."

    "Eu não vim para lutar ou ficar. Se não me derem problemas, eu nunca mais coloco meus pés nessa ilha maldita." Nestor assente com a cabeça.

    Connor fica aliviado por não ver Amy, Jenna ou mesmo Anne em qualquer lugar. Ele sente um arrepio ao ver que Coração de Prata nem sequer se move. O que segue, no entanto, é muito mais perturbador. Ossos, carne e sangue se movem do chão, unindo-se em uma amálgama profana que torce e se quebra, gritando de agonia até se tornar o velho Cresler novamente. A coroa de fogo negro queima no seu pescoço. Não, ele não é um Rei agora, mas um escravo da mesma coroa.

    "É hora, irmão. Você já perdeu a sua luta. Vou dizer o que você deve fazer e desejar sorte. Mas longe daqui." Ele não espera concordância. Marcado a Prata recua, voltando para as sombras de onde veio.

    Cresler lança um olhar furioso ao Lua cheia, mas sai sem uma palavra.

    --

    O Corvo abre o caminho para o mundo da carne. O Lua cheia já sabe que verá caos e destruição. Sangue e morte. Mais do que isso. Sabe que terá seu coração partido novamente. Jenna parece um manequim descartado, pálida demais com o frio, mas viva. Amy é uma ruína queimada, com buracos de bala, caminhando furiosa entre os Anshegas derrotados, desafiando-os a tentar novamente. É Ash que não se move, seu rosto quebrado além de qualquer reconhecimento. A adaga cor de marfim ainda segura em seus dedos brancos.

    É ela. Nestor não chora. Não mostra sua dor, mas Connor esteve ligado a ele por tempo suficiente para saber. Sabe que nunca ouvirá sua voz novamente.
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    Mensagem por Ankou Qua Ago 30, 2023 6:17 pm


    Nenhum Uratha devia passar por isso, lutar contra o próprio povo, eram os puros em sua desobediência a mãe que causavam essas disputas estúpidas, enlouquecidos pela ambição de seus mestres… Daí faziam os Garras Sangrentas um mal necessário, e depois quando o inimigo está no chão? Vão dizer que não pode dar o golpe final? Comer sua carne? Pois não é o ápice da caçada o abate? E se não isso, o que é um Uratha? Se não uma miserável pilha de segredos…



    Connor mal olha pro lado depois de sair daquela cena que parecia ter saído das mais bem orquestradas fantasias de ação e terror, ele havia lutado com aqueles que vieram antes, todos juntos, como Atravessa-Portais havia falado.

    A expressão cansada logo toma vida de novo quando ele vê o corpo da mãe, dá pra ver tudo passando pelo rosto dele, desespero que logo é substituído por raiva, o corpo muda involuntariamente, o dalu gigantesco sobre ela com as garras cravadas no chão, rosnado baixo na garganta, se segurando até a última gota de sanidade entre os dedos, um monte de coisas passando pela cabeça, mas o horror devia terminar, precisava terminar.

    As lágrimas vertem de forma descontrolada pelos olhos - Não tem glória na morte mãe, mas vocês são teimosos demais pra aprenderem isso. - A voz embargada não dizia nada além da própria verdade, naquele estado incapaz de compreender que essa era a natureza deles, cumprindo um destino, um mandamento muito maior que o amor egoísta que ele sentia.

    Ele tira a adaga dela e coloca no próprio coldre da faca que usava, faca essa que ele nem sabia mais onde havia ido parar e a toma gentil em volta dos braços e se levanta abraçado com o corpo inerte dela, o pescoço mole deixando o que havia sobrado da cabeça descansando sobre o próprio ombro.

    - Saiam da porra da minha ilha! - a voz soava na primeira língua, não havia embargo ou traço disso dessa vez - Vocês me custaram tudo! Saiam pra nunca mais voltar porque se voltarem eu vou estraçalhar seus corpos e comer o coração de cada um de vocês. - não era um aviso, era muito pior, era uma promessa cheia de ódio.

    Segurar o corpo dela não parecia empecilho algum, ele estava cansado, visivelmente cansado e ferido, mas ele sabia também que precisava ir até o fim, ele se abaixa e toma um boné do chão que vai parar sobre a cabeça do corpo de Ash.

    No momento seguinte ele volta pra forma humana, ele sai andando ainda abraçado ao corpo da mãe. - Agora cê vai lutar junto comigo também. - ele sussurra pro próprio cadáver, uma loucura sem fim já que só ele sabia do que tava falando.

    Os olhos correm de um lado pro outro procurando um carro fora da parte alagada, talvez um dos próprios puros com sorte um com a chave na ignição ainda, não importava, fazer a ligação não era problema nenhum, sem medo de ser pego ou visto já que polícia e bombeiro deviam estar preocupado com problemas muito maiores com aquele caos todo que a cidade havia se tornado.

    Ele não queria ajuda, só queria tempo, mas eventualmente ele chegaria na “base” da tia Elise.
    Connor Mcleary
    -Essência: 7/11
    -Dano: 0/13






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